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Na mesa temos Bia Martins, Leopoldo Lusquino Filho, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Neste episódio, conversamos sobre soberania digital.
A revolução digital foi o grande tópico das últimas décadas. Embora discutida enquanto conceito nos círculos técnicos e acadêmicos, a promessa de um mundo conectado e sem fronteiras se espalhou para o senso comum e marcou época. Contudo, desde o pico do seu otimismo, ela já causava controvérsias. De um lado, visionários celebravam o surgimento de uma nova esfera pública global. De outro, críticos alertavam para o surgimento de novas formas de controle e dependência.
Embora pareça, a princípio, prometer um mundo sem fronteiras, o espaço digital é marcado por concentração de poder e recursos, como todo espaço social. As chamadas “big techs” – Google e Amazon, por exemplo – concentram recursos de infraestrutura, dados e tecnologias, crescendo em poder e afetando diretamente sistemas políticos e a vida social ao largo. Diante disso, o debate sobre soberania digital ganha espaço. Sucintamente, podemos entender soberania digital como controle sobre ativos digitais, incluindo dados e estrutura operacional (datacenters e hardware no geral). Evocando o conceito de soberania das nações, o qual se refere ao governo autônomo de uma nação sobre seu próprio povo e território, a busca da soberania digital se consolida tanto em movimentos sociais que se opõem ao controle de grandes empresas de tecnologia, quanto em governos nacionalistas. Em comum está um olhar cético à dependência, velha companheira da sociedade brasileira, em relação a poderosos atores corporativos.
Hoje falaremos sobre a soberania digital no Brasil. Qual é nossa situação atual? Estamos caminhando em direção a uma soberania digital sustentável e firme? Ou estamos cada vez mais suscetíveis às influências externas?
Tópicos: Soberania Digital; Dependência; Tecnologia; Geopolítica.
Youtube: https://youtu.be/MnbnyyCQwVM
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Na mesa temos Felipe Freller, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre liberalismo.
O liberalismo não saiu da agenda política ou acadêmica desde sua gênese. Nas ciências sociais, permanece seja como pano de fundo implícito ou como objeto explícito de reflexão. Já foi criticado, rejeitado, reabilitado e criticado novamente. O atual contexto geopolítico fomenta a retomada do termo por alguns motivos: a ascensão da extrema direita ao redor do mundo, em particular sua combinação com pautas econômicas autodenominadas liberais ou denominadas por seus detratores e críticos como “neoliberais”; a guerra entre Rússia e Ucrânia, agravada após invasão russa no território ucraniano em 2022; o conflito no Oriente Médio entre Israel e o HAMAS; a reeleição do presidente Donald Trump nos Estados Unidos e suas medidas protetivas nacionalistas que contrariam a longa tradição de abertura econômica do país, um signo do liberalismo no século XX.
Na história do pensamento político, o liberalismo tem raízes nos séculos XVII e XVIII, com pensadores como Locke, Montesquieu e Adam Smith. Os iluministas escoceses, franceses e ingleses desafiaram a monarquia absolutista e o Antigo Regime em nome de uma ordem fundada nos direitos naturais do indivíduo humano, fundamentados racionalmente. No lugar da tradicional divisão de trabalho baseada em linhagem, parentesco e subsistência, o livre mercado das transações entre produtores e consumidores. No lugar da ordem política sacramentada por Deus e pela hereditariedade, um arranjo de indivíduos racionais que entram em acordo acerca dos modos de reger sua vida em comum. Durante a Guerra Fria, o liberalismo volta ao palco como a opção associada ao capitalismo e oposta ao socialismo. Na perspectiva de países do bloco ocidental, ser “liberal” significava o oposto de governos autoritários como o recém derrotado regime nazista e o ameaçador espectro comunista da União Soviética.
Tal narrativa é inevitavelmente simplista. Dentro do liberalismo há variações: o liberalismo social-democrata keynesiano está distante do liberalismo da escola austríaca de Hayek, e não é igual ao “liberalismo utópico” clássico, para parafrasear Pierre Rosanvallon. O adjetivo “liberal” é usado em conexão a vários substantivos – o feminismo liberal, por exemplo, diferencia-se do radical e do marxista – e adquire sentido diferente a depender do contexto nacional. Ser liberal nos Estados Unidos não é a mesma coisa que ser liberal no Brasil. Ante tal riqueza de significados, muitos dos quais se contradizem, e ante o momento atual em que grupos e nações outrora proximamente identificados com a tradição liberal parecem estar se comportando de maneira peculiarmente errática, como falamos de liberalismo? Antes ainda, por que falar dele? Estaríamos assistindo o ocaso dessa vertente, sinalizado pelos ataques às suas instituições características, como a imprensa e o Estado democrático de direito? O que podemos aprender com um novo olhar sobre o liberalismo hoje?
Tópicos: Liberalismo; Política; Teoria política.
Youtube: https://youtu.be/3G_lLpdj8js
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Na mesa temos Paulo Henrique Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre a desglobalização.
A globalização foi o grande tópico da década de 1990. Embora discutida enquanto teoria nos círculos acadêmicos, a noção se espalhou para o senso comum e marcou época. Contudo, desde o pico da sua popularidade ela já causava controvérsias. Em 1999, o sociólogo britânico Anthony Giddens defendeu o conceito e falou de seus “céticos” e “críticos”. Enquanto alguns duvidam que o mundo tenha mudado a ponto de precisarmos de um novo conceito, outros criticam a globalização tanto como projeto político quanto como fato consumado.
Em outras palavras, a globalização produz seus descontentes. Movimentos de alter-globalização, por exemplo, condenam os efeitos nocivos da globalização em seu aspecto econômico, especialmente no quesito ambiental e na proteção de modos de vida locais ameaçados pela expansão do mercado capitalista. Não obstante, valorizam a cooperação e interação global em prol de um mundo melhor. Movimentos étnicos e nacionalistas, até mesmo supremacistas, emergem com uma retórica anti-globalista, vista em Olavo de Carvalho e no atual presidente Donald Trump, por exemplo. Para estes, os grandes males da sociedade contemporânea resultam ora de um suposto concerto de organizações e elites políticas nefastas que operam para além das fronteiras nacionais, ora do enorme influxo de imigrantes, refugiados e bens que fluem do “terceiro mundo” para o “primeiro mundo”. Partilham de uma visão cética em relação às emergências climáticas e ambientais, rejeitando então a percepção correlata de um mundo interconectado e interdependente. A solução seria desglobalizar e reforçar as barreiras étnico-nacionais.
Estaríamos diante de um momento de desglobalização? O mundo globalizado terminou? Ou estaria esgotada a força política e relevância cultural da noção de globalização?
Tópicos: Globalização; Anti-globalismo; Alter-globalização.
Youtube: https://youtu.be/g-nJwUIChNc
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Na mesa temos Paulo Henrique Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre a leitura no mundo de hoje.
Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil de 2024, o percentual de leitores caiu em todas as regiões do Brasil no período de 2019 a 2024. Por exemplo, na região Sudeste caiu de 51% para 46% e na região Norte, de 63% para 48%. Dados do American Times Use Survey de 2021 mostram que, nos Estados Unidos, o tempo médio dedicado à leitura por dia para adultos é de apenas 17 minutos. No mundo das telas e do conteúdo rápido, temos acesso a um enorme volume de informação em formatos e entonações variadas. É bem possível afirmar que lemos uma grande quantidade de coisas em nossos celulares, notebooks e tablets. Diante disso, podemos perguntar: estaríamos lendo menos ou nossa relação com a informação, incluindo o modo de ler, mudou?
Na década de 1960, o estudioso das mídias Marshall McLuhan argumentou que o advento da televisão mudaria radicalmente o jeito que pensamos. Não somente porque, para ecoar sua célebre frase, a mídia é a mensagem, mas também porque os meios de veiculação da informação têm efeitos profundos no nosso modo de apreensão. Segundo McLuhan, a cultura letrada, associada à prensa, engendra uma ênfase visual baseada na continuidade, na uniformidade e na sequência, como as linhas de um texto. A televisão, por sua vez, não funciona por lógica linear ou sequencial e exige um envolvimento sensorial maior dos usuários, apresentando-os um conjunto de imagens e sensações simultaneamente.
Atualmente, lemos cada vez mais informações fragmentadas, recortadas em pequenos segmentos e em mídias que carregam em si uma variedade de outros estímulos. A imagem do leitor com seu livro não parece mais ser predominante. O que isso significa para nós? Quais efeitos isso acarreta nosso modo de processar o conhecimento? Estaria a leitura acabada ou profundamente transformada? Se mudou, qual é seu lugar no mundo de hoje?
Fontes:
Retratos da Leitura: https://www.prolivro.org.br/pesquisas-retratos-da-leitura/as-pesquisas-2/
American Times Use Survey: https://www.cnbc.com/2019/01/29/24-percent-of-american-adults-havent-read-a-book-in-the-past-year--heres-why-.html
Tópicos: Leitura; Conhecimento; Informação.
Youtube: https://youtu.be/r702-sfbt5Y
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Damos continuidade à segunda temporada do programa Semeando Futuros. Esta temporada será realizada em parceria com a pós-graduação em Economia Solidária, Inovação e Gestão Social (ESIGS), uma realização da Universidade do Cariri e do Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM), que tem o Ateliê de Humanidades como instituição parceria associada.O segundo episódio da temporada tem por tema "Agroecologia, segurança e soberania alimentar: Centro de Formação e Cultura Nação Zumbi (São Sebastião, Brasília).Bia Martins conversa com Rafaela Moraes, agricultora assentada pela Reforma Agrária, formada em Agroecologia pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) e atualmente cursa a especialização em Economia Solidária, Inovação e Gestão Social pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Rafaela é fundadora do coletivo APURUÍ – Integração Sustentável, que atua com educação ambiental e desenhos agroecológicos em residências e organizações e uma das coordenadoras do Centro de Formação e Cultura Nação Zumbi.
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Na mesa temos Bia Martins, Paulo Henrique Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre as mudanças no mundo do trabalho.
O trabalho é pedra de toque da nossa sociedade. Para muitos, nele reside a essência da espécie humana, aquilo que nos destaca dos demais seres vivos com os quais partilhamos o planeta. É fonte de identidade, motivo de conflito, princípio da organização social. Não é por acaso que mudanças no trabalho sinalizem ou mesmo provoquem mudanças significativas em todos os aspectos da vida social.
Ao longo das décadas de 1970 e 1980, o paradigma do desenvolvimento nacional industrial pareceu encontrar seus limites, não por fatores exógenos, mas pelos efeitos de sua internacionalização e expansão. As palavras de ordem são: financeirização das práticas econômicas, cada vez mais sob o imperativo da especulação financeira em bolsas de valores e sob o comando de acionistas; progressiva dispersão territorial das cadeias produtivas sem alterar a direção do lucro, sob a bandeira ambígua da “globalização”; transformação nos acordos coletivos, isto é, direitos e contratos, em nome da “flexibilização”; adoção de novas tecnologias digitais em uma nova onda de automação do trabalho, não mais por via das máquinas pesadas, mas pelas inteligências artificiais, tecnologias informáticas e algoritmos. Diante de um suposto teto para o crescimento econômico nos moldes definidos no pós-Segunda Guerra, a “única alternativa” se apresenta na forma do Consenso de Washington.
Para o trabalhador e a trabalhadora, não basta aprender seu ofício e nele se especializar, é preciso permanecer qualificado, atualizado e flexível, capaz de solucionar individualmente os problemas socioeconômicos que essa configuração parece multiplicar. Assim como os softwares que permeiam toda a cadeia produtiva, o trabalhador deve se manter sempre preparado e atualizado. Não mais sujeito de direitos, deve se enxergar como empreendedor de si e para si, pois, como diz a fórmula mágica, mais direitos só podem levar a menos emprego. No entanto, o trabalho parece mais barato do que nunca, as horas cada vez mais longas, as salvaguardas institucionais raras e ineficazes, e a pressão de um mundo produtivo em rápida transformação parece cair sobre os ombros de cada um e cada uma, sem garantias de alívio. O que significa trabalhar nesses novos tempos? O que é o trabalho no século XXI?
Tópicos: Trabalho; Capitalismo; Precarização.
Youtube: https://youtu.be/A69MrWw42l4
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Na mesa temos Bia Martins, Paulo Henrique Martins e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre a influência dos algoritmos na sociedade.
Numa definição mais simples, um algoritmo é uma sequência de instruções matemáticas usadas para resolver um problema ou performar um cálculo computacional. O que os torna complexos é a possibilidade de processamento de uma grande quantidade de dados. Ao submeter enormes volumes de dados a um processo pré-determinado de sequenciamento, é possível, por exemplo, sugerir um filme em um serviço de streaming com base no comportamento pregresso do usuário. As informações passadas, quando processadas automaticamente, se tornam uma base possível para prever estados de coisa futuros. Por outro lado, algoritmos podem ser usados simplesmente como substitutos para tarefas não complexas outrora realizadas por seres humanos, sem ter qualquer valor preditivo, ou como ferramentas para tarefas complexas que envolvem um grande volume de informação impossível de ser processado por pessoas.
Ao longo das últimas duas décadas, esses processos de cálculo e computação automatizados passarem a permear diversos aspectos da vida social. Dos serviços de streaming e aplicativos em nossos celulares até governos e multinacionais, o algoritmo tornou-se uma ferramenta poderosa.
O peso dos algoritmos levou alguns como Fourcade e Aneesh Aneesh a se perguntarem: estaríamos vivendo em uma “sociedade dos algoritmos” ou numa “algocracia”? O diagnóstico ecoa em alguns aspectos a “sociedade de controle” conceituada por Deleuze na década de 1990. Na sociedade de controle, os diferentes modos de controle compõem um sistema de geometria variável composto de estados metaestáveis e coexistentes de uma mesma modulação. Em contraste com a sociedade disciplinar, baseada no confinamento, na individualização e na distribuição no espaço, a sociedade de controle é centrada nas cifras, isto é, em senhas que marcam o acesso ou rejeição à informação, e composta de indivíduos “dividuais”, fragmentados em volumes de dados e redes que estão sujeitos ao monitoramento contínuo de suas mais sutis ondulações.
Por um lado, a potência das soluções tecnológicas é inegável. Algoritmos e IAs podem ser usados no mapeamento de redes de transporte público, no tratamento de doenças e na facilitação de tarefas que exijam o processamento de enormes volumes de informação. Por outro lado, a automação de processos decisórios e o uso preditivo dessas tecnologias coloca dilemas importantes do ponto de vista de uma sociedade democrática e transparente. É preciso abrir o emaranhado das conexões humano-máquina que já compõem as atuais configurações socio-técnicas em que vivemos para que não sejam opacas ou aparentemente automáticas, mas suscetíveis a deliberações coletivas e bem orientadas.
No segundo bloco, exclusivo para sócio-apoiadores, conversamos sobre a visita de Fernando Haddad às big techs e data centers nos EUA e sobre seu plano de atração de investimentos dessas empresas.
Tópicos: Algoritmos; Tecnologia; Internet; Soberania Digital.
Youtube:
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Damos início à segunda temporada do programa Semeando Futuros. Esta temporada será realizada em parceria com a pós-graduação em Economia Solidária, Inovação e Gestão Social (ESIGS), uma realização da Universidade do Cariri e do Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM), que tem o Ateliê de Humanidades como instituição parceria associada.O primeiro episódio da temporada tem por tema "Mumbuca Futuro: Empreendedorismo em Economia Solidária em Maricá (RJ)""".Bia Martins conversa com Rayanne Gonçalves, pós-Graduanda da ESIGS e doutoranda em Economia Populares y Transformadoras pela Universidad del Buen Vivir em parceira com o CLACSO. Atualmente está como Gerente-Geral da Incubadora de Inovação Social Mumbuca Futuro.
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Na mesa temos André Ricardo de Souza (UFScar), Claudio de Oliveira Ribeiro (UFJF), André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre o legado de Papa Francisco.
Dom Jorge Mário Cardeal Bergoglio foi eleito papa no dia 13 de março de 2013 e veio a falecer no dia 21 de abril de 2025. Seu papado inspira diversas reações, mas é indiscutível a sua importância na Igreja Católica do século XXI. A escolha do nome deu o tom e estabeleceu expectativas para o papado: inspirado em São Francisco de Assis, o frade católico fundador da ordem mendicante, padroeiro dos animais e da ecologia e dedicado aos pobres, Papa Francisco buscou fazer jus ao nome. Alegria, simplicidade e inclusão foram algumas das palavras que definem seus 12 anos de papado. Nomeou bispos e cardeais de regiões distantes de roma, nomeou santos de países pobres e percorreu o que ele mesmo chamou de “margens” do mundo.
Promoveu o diálogo com outras religiões, especificamente com o Islã, permitiu que católicos divorciados e recasados pudessem receber a comunhão e, em um discurso histórico, disse que “não poderia julgar” os homossexuais. Reforçou também a atuação da Igreja Católica na frente ambiental. Por exemplo, no Sínodo da Amazônia em 2019, Francisco afirmou que a igreja deveria reatar as relações com a população da região e não com os seus governantes. Na face menos pública, dedicou-se a reformas administrativas na igreja, submetendo o Banco do Vaticano, prenhe de suspeitas de lavagem de dinheiro, a uma profunda investigação e transformação. Visou a modernização e simplificação da estrutura hierárquica da Igreja, promovendo mudanças na Cúria Romana, a administração central do Vaticano, e incentivando a participação de leigos em cargos importantes. Além disso, formou um conselho de cardeais para aconselhá-lo, um movimento de descentralização incomum na história do papado.
Ao que tudo indica, o Papa Francisco conciliou liderança carismática e técnica de governo. Os impactos dos últimos 12 anos de papado são agora, após sua morte, objeto de interpretação e disputa, assim como o próprio cargo de sumo pontífice. Figuras mais conservadoras como os cardeais Ambongo da República Democrática do Congo e Erdo da Hungria, disputam com progressistas da linha de Francisco como Zuppi e Parolin da Itália, e moderados como Tagle das Filipinas. Qual foi a significância desse papado e de seu legado para a Igreja Católica e para a sociedade contemporânea? O que podemos esperar do Conclave vindouro?
Tópicos: Papa Francisco; Igreja Católica; Religião e Política
Youtube: https://youtu.be/d2YFRsny3rMTorne-se sócio-apoiador do Ateliê Clube!
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Na mesa temos Bia Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre as denúncias na sociedade contemporânea. Parece que todos os dias há uma nova denúncia tomando de assalto as notícias. O mundo das redes sociais é um terreno fértil para whistleblowers, denunciantes e críticos. Movimentos como o #MeToo, a hashtag #meuprimeiroassédio e práticas de cancelamento virtual, que incluem tanto o boicote de produtos ou pessoas até a acusação direta em plataformas digitais, parecem cada vez mais comuns. Comportamentos que outrora permaneciam ocultos ou eram manejados sem serem exposição enfrentam hoje o teste do tribunal público. Tais práticas e suas consequências são alvos de diferentes avaliações. Para alguns, é o resultado justo de anos de violência, privação e silenciamento de grupos vulneráveis e marginalizados que hoje encontram uma forma de fazer suas vozes serem ouvidas. Para outros, é um erro de percurso ou um exagero denunciativo que muitas vezes serve somente para manipular e deslegitimar pessoas em posição de poder e autoridade. É inegável, porém, que uma quantidade imensa e sem precedentes de pessoas pode se fazer valer de plataformas digitais para se queixar, expor suas questões e ser ouvido, ou pelo menos tentar. Quais são as consequências dessa extensão das vias de comunicação?
Dinâmicas de denúncia, acusação ou nomeação não são, porém, uma novidade do mundo digital. No clássico sobre as práticas e crenças de bruxaria entre os Azande, o antropólogo britânico Evans-Pritchard analisa como o delicado e importante circuito de acusações, defesas e justificativas é crucial para a manutenção de fronteiras sociais, a coibição de comportamentos percebidos como nocivos à comunidade e a explicação de desventuras variadas. O sociólogo francês Émile Durkheim viu nos mecanismos de punição e reparação um indício importante do que uma sociedade é. Segundo seu argumento, infrações ao senso de certo e errado, bem e mal, vigentes em sociedades modernas são punidas de maneira racional, impessoal e burocrática. Porém, a vingança e a punição exemplar, típicas de sociedades tradicionais, ainda emergiriam em casos particularmente escandalosos ou em momentos de crise social.
Não obstante a entonação evolucionista do argumento, a questão continua pertinente. O que podemos falar sobre a sociedade numa era de denúncias? O que há de novo e o que é somente a sociedade com seus modos normais de denúncia e reparação? Quais são as consequências? Como proceder em uma esfera pública efervescente com acusações, rapidamente cambiante, polarizada e fragilizada?
No segundo bloco, exclusivo para sócio-apoiadores, falamos da série Adolescência (2025), de Jack Thorne e Stephen Graham, disponível na Netflix. Passamos pelos tópicos discutidos no primeiro bloco e conversamos mais sobre uso de mídias sociais na infância e adolescência, regulação das redes e masculinidade.
Tópicos: Denúncia; Assédio; Redes Sociais; Masculinidade.
Youtube: https://youtu.be/m6R9SubfE7w
Fontes:
Caso Escola Base: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/03/28/caso-escola-base-30-anos.htm
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Na mesa temos Marco Aurélio Nogueira, Elimar Pinheiro Nascimento, Paulo Henrique Martins e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre a atual conjuntura política, inspirados por um texto de Elimar Pinheiro Nascimento (link abaixo). Segundo pesquisa do Datafolha divulgada no dia 14 de fevereiro de 2025, o índice de aprovação do governo Lula desabou para 24%, batendo recorde. Uma pesquisa do instituto Ipsos-Ipec, de 13 de março, aponta que 55% dos brasileiros desaprovam o governo. Apesar de margens de erro e eventuais distorções, não dá para negar a existência de problemas.
Entre os vários desafios, destaca-se o nó na comunicação, manifestado por exemplo no imbróglio acerca da taxação do Pix. Em um ecossistema de informação plural e infestado de notícias falsas e discursos inflamatórios, a capacidade de comunicação de grupos de direita se mostrou muitas vezes superior, senão nociva. No âmbito da política externa, há de se mencionar a contestada reeleição de Maduro na Venezuela que demandou posição firme do atual presidente brasileiro. Ao mesmo tempo, com duas guerras em andamento e a eleição de Donald Trump nos EUA, o Brasil se vê pressionado entre alianças comerciais com a América do Norte e a China e afetado pelas alterações nas cadeias de produção resultantes dos conflitos. Por fim, a economia, sempre um assunto delicado, tem se mostrado mais um aspecto vulnerável. Sim, houve crescimento macroeconômico indicado pelo PIB e queda do desemprego, além de aumento da renda média dos trabalhadores. Todavia, testemunhamos a disparada de preços de alguns bens de consumo como o café, que não resultam somente da desvalorização do real em relação ao dólar, mas também dos problemas climáticos crescentes e correntes. Ajunta-se aqui a difícil tarefa de implementar novas políticas sobre o imposto de renda, que nunca ajudou a aumentar a aprovação de governo algum.
Qual foi o saldo desses últimos dois anos? Como avaliar o momento atual? Se parece ser evidente que uma mudança é bem-vinda, a questão permanece: mudar como?
Tópicos: Política; Governo Lula; Economia; Democracia.
Youtube: https://youtu.be/F14VZOEx02s
Fontes:
"Mudar, é preciso" por Elimar Pinheiro Nascimento: https://revistasera.info/2025/03/mudar-e-preciso/
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Na mesa temos Cristián Jimenez, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre o mercado editorial na atualidade. Há muitas formas de abordar essa questão. Podemos, por exemplo, consultar alguns números. De acordo com a Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, em 2023, o setor editorial brasileiro registrou um faturamento de R$ 4 bilhões nas vendas ao mercado, um recuo nominal de 0,8% em relação ao ano anterior. Em termos de quantidade de livros, a queda foi de 8%. No mesmo período, o preço médio do livro teve aumento nominal de 7,9%, o que significa que houve queda de faturamento mesmo com o aumento de preços.
No relatório Painel do Varejo de Livros no Brasil, com dados de novembro de 2024, observa-se um crescimento de 11,31% no faturamento se comparado com o ano de 2023. O crescimento no volume de livros vendido foi modesto e o preço médio dos livros continuou a subir. Nos últimos três anos, então, podemos falar de um aumento contínuo no valor do livro e em oscilações no mercado editorial. Ao olharmos para o fechamento de grandes lojas varejistas do setor, como Saraiva e Livraria Cultura, o cenário parece mais complicado. Nesse âmbito, há algumas mudanças nas plataformas de venda, com sites próprios de editoras ganhando mais importância, mas ainda ficando atrás da venda em livrarias virtuais que, além disso, superam as livrarias físicas desde 2022. No lado dos leitores, a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil divulgada no ano passado conclui que a maioria dos brasileiros não leem livros. O levantamento considera livros impressos e digitais sem restrição de gênero literário. Por que estaríamos lendo menos? Isso impacta a maneira que editoras e varejistas se comportam?
Parece que sim, visto que o número de ISBNs ativos caiu 2,78% entre 2023 e 2024, indicando uma redução da diversidade no mercado brasileiro e uma possível concentração em títulos de alta rotatividade. Assim, obras com menos apelo comercial parecem perder espaço. No fim das contas, o cenário é complexo e parece não se prestar a análises totalmente pessimistas ou otimistas. Se de fato lê-se menos livros, isso significa que o hábito de leitura está em declínio ou que os modos de apreender informação estão mudando? As grandes varejistas online como Amazon prejudicam pequenas livrarias e editoras ou podem facilitar a propagação de títulos diversos? Aumento ou queda de faturamento é realmente um indicador confiável para pensar o estado do mercado editorial?
Temas: Mercado Editorial; Publicação; Editoração; Tradução; Livrarias
Vamos conversar?
No Youtube: https://youtu.be/YxdC1pdDgLc
Fontes:
11º Painel do Varejo de Livros no Brasil demonstra crescimento no faturamento e queda nos registros ISBN: https://blog.clubedeautores.com.br/2024/12/11o-painel-do-varejo-de-livros-no-brasil-demonstra-crescimento-no-faturamento-e-queda-nos-registros-isbn.html
Setor editorial brasileiro apresenta recuo nominal de 0,8% em 2023 nas vendas ao mercado: https://www.publishnews.com.br/materias/2024/05/22/setor-editorial-brasileiro-apresenta-recuo-nominal-de-08-em-2023-nas-vendas-ao-mercado
O Brasil que lê menos: pesquisa aponta perda de quase 7 milhões de leitores em 4 anos; veja raio X: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/11/19/o-brasil-que-le-menos-pesquisa-aponta-que-pais-perdeu-quase-7-milhoes-de-leitores-em-4-anos-veja-raio-x.ghtml
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Na mesa temos Leopoldo Lusquino Filho, Bia Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. A Deepseek inc. foi fundada em 2023 na China, mas virou assunto nos últimos meses por se diferenciar dos demais modelos. Com custo menor, transparência e capacidades únicas, o DeepSeek impactou o mercado de investimento em datificação e IAs, além de colocar em questão o atual funcionamento de empresas como a OpenAI, responsável pelo conhecido ChatGPT. A DeepSeek publica seus métodos e disponibiliza seus modelos para pesquisadores, possibilitando sua replicação em menor escala em diversos lugares do mundo. Além disso, seus modelos parecem ser capazes de gerar respostas e resolver problemas complexos, com um processo parecido com o raciocínio humano que envolve um diálogo interno próprio. Isso tudo utilizando um hardware considerado ultrapassado em relação aos seus competidores em países europeus e anglo-saxões.
Conversamos sobre a DeepSeek, mas também sobre o cenário atual das inteligências artificiais. No Brasil, temos avançado na pesquisa em IAs sustentáveis e em tecnologias de detecção de conteúdos produzidos por IA. Todavia, estamos longe de algo parecido com soberania digital. Em contraste, pode-se pensar na China, país no qual o DeepSeek foi desenvolvido, onde há investimento pesado e contínuo na criação de novas tecnologias e técnicas em inteligência artificial. A complexificação das IAs coloca questões políticas e éticas: como lidar com os vieses muitas vezes imprevisíveis dessas tecnologias? Como abrir as “caixas-pretas” dos processos automatizados que parecem estar além dos limites da agência e do conhecimento humano?
Temas: Inteligência artificial; Tecnologia; Soberania digital; DeepSeek
Vamos conversar?
No Youtube: https://youtu.be/SXOE8X1n4yA
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Na mesa temos Paulo Henrique Martins, Bia Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. No primeiro bloco discutimos a questão: Por que temos que ser úteis?
A pergunta logo evoca outra. O que queremos dizer com “útil”? Essa palavra evoca o fantasma do utilitarismo que, nas palavras de Paulo Henrique Martins, é uma filosofia moral que propõe um individualismo fundado no cálculo interesseiro dos prazeres e dos sofrimentos. Esse modo de pensar teria consequências nefastas, tanto por trazer consigo uma imagem do ser humano como essencialmente egoísta e autointeressado, quanto por negar outros princípios de organização das relações sociais. Por outro lado, podemos pensar em um uso mais coloquial da palavra útil, quando por exemplo dizemos que alguma coisa ou alguém tem utilidade, ou seja, serve para atingir determinado fim. Aqui, o imperativo categórico de Kant nos interpela, pois segundo ele não deveríamos nunca tratar uma pessoa como meramente meio para um fim. Não obstante as reservas éticas, parece que há algo profundamente enraizado na vida em sociedade que nos impele a ser “útil”. Sem um papel social, sem estar imerso em relações de interdependências, onde nos sentimos necessitados e requisitados, o ser humano se sente perdido, desamparado e alienado.
Como exemplo, vale mencionar o livro “Bullshit Jobs” de David Graeber, notório pensador anarquista. Publicado em 2018, o livro teve ampla repercussão para além das esferas acadêmicas. O que tocou as pessoas? Muitos se identificaram com a descrição dos “bullshit Jobs” ou “empregos de mentirinha” que Graeber descreve. Aparentemente, muitas pessoas sentem que estão em empregos sem qualquer utilidade e que não contribuem para a sociedade de maneira significativa, o que causa sentimentos de angústia e vazio existencial. Aqui, o sentimento de ser “útil” pode ser compreendido como manifestação do impulso básico pela socialidade, a necessidade de pertencer em uma teia de relações significativas e compensadoras simbólica e materialmente. Em contraste, autores como Jonathan Crary e Hartmut Rosa argumentam persuasivamente que o mundo contemporâneo é caracterizado pela constante aceleração da vida e pela crescente pressão por performance. Somos incentivados (ou até mesmo forçados) a fazer cada vez mais em menos tempo, a transformar todos os momentos da vida, especialmente o “tempo livre” em “tempo útil”. Assim, gradativamente, o ócio, a contemplação e até mesmo o sono perdem espaço e legitimidade em nosso cotidiano.
Por que temos que ser úteis? De onde vem esse impulso pela atividade constante? Há espaço para a “inutilidade” na vida contemporânea?
No segundo bloco, conversamos sobre Philippe Chanial (in memoriam, 1967-2024), um intelectual importante no Movimento Anti-Utilitarista nas Ciências Sociais (M.A.U.S.S) e querido amigo.
Tópicos discutidos: Utilitarismo; Tempo; Ócio; Dádiva.
Vamos conversar?
No Youtube:https://youtu.be/eMy_qR_fGUc
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Conversa de lançamento do livro "Teoria social reconstrutiva, volume 1: a sociologia como filosofia moral", de Frédéric Vandenberghe.
Participam, junto com o autor, Raquel Weiss, Luís Roberto Cardoso de Oliveira e Lucas Faial Soneghet, com mediação de André Magnelli.
Também disponível no youtube: https://youtu.be/3ixUcO0vjGY
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Na mesa temos Paulo Roberto de Almeida, Paulo Henrique Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Nosso convidado, Paulo Roberto de Almeida, foi diplomata de carreira entre 1977 e 2021, representando o Brasil ao redor do mundo, e é professor no Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.
No episódio de hoje, conversamos sobre o cenário de política internacional, com foco na posição do Brasil entre China e Estados Unidos. A política internacional no ano de 2024 foi, para dizer o mínimo, conturbada. Os conflitos no Oriente Médio entre Israel e o Hamas se estenderam por 15 meses até o cessar-fogo recentemente acordado no dia 19 de janeiro de 2025. Começando em outubro de 2023 quando 1.200 pessoas foram mortas e outras 251 foram tomadas como reféns pelo Hamas, os conflitos transbordaram em ataques ao Irã e ao Líbano, visando atingir o grupo Hezbollah. Gaza, cenário da guerra, atualmente está em ruínas. Mais de 46 mil palestinos foram mortos durante as ações militares, segundo a o ministério da saúde de Gaza, enquanto as forças armadas israelenses contabilizam 17 mil mortes de combatentes palestinos e menos de 1 mil mortos de soldados israelenses. O cessar-fogo recente prevê a libertação gradual de reféns do Hamas e a retirada de tropas israelenses do território palestino.
Em 24 de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, lançou uma invasão militar na Ucrânia, começando um conflito bélico que no mês que vem completará três anos. A guerra arrasou a Ucrânia e criou milhares de refugiados na região. Em resposta à invasão russa, algumas nações ocidentais impuseram sanções contra Moscou que, posteriormente, fechou um de seus principais gasodutos na Europa. Ao longo dos meses, com sanções, posicionamentos e políticas humanitárias, o conflito dividiu nações e opiniões ao redor do mundo e tem sido chamado de o maior e mais mortal desde a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que cerca de 8 milhões de ucranianos deixaram o país, enquanto outros 8 milhões foram deslocados internamente. Atualmente, cerca de 20% do território ucraniano permanece sob ocupação russa.
Nas Américas, Donald Trump está de volta após Joe Biden, seu antecessor, decidir não concorrer para reeleição e apoiar a candidatura da democrata Kamala Harris. O processo foi controverso e tenso, redundando em uma vitória marcante para o republicano, que alcançou a maioria dos votos populares e vantagens claras nos principais estados. A campanha contou com apoio direto de Elon Musk, dono da rede social X e atualmente encarregado do Departamento de Eficiência Governamental no governo Trump. No discurso de posse dado no dia 20 de janeiro de 2025, Trump anunciou a revogação de 78 ordens da gestão anterior, a retirada dos EUA do Acordo de Paris, que versa sobre a redução da emissão de gases de efeito estufa, perdão aos invasores do Capitólio em 2021, o fim das políticas de ação afirmativa e diversidade no governo e o fim do uso do termo “gênero” nos documentos e registros oficiais do país, que deverão usar a palavra “sexo” e conter somente as opções “masculino” e “feminino”.
Para o Brasil, a eleição de Trump significa um novo cenário de polarização internacional. A diplomacia brasileira terá de se equilibrar entre a China, destino da maioria das suas exportações e grande investidora na América Latina, e os EUA, que busca retomar sua influência histórica no continente americano.
Tópicos discutidos: Política Internacional; Globalização; Brasil; China; Estados Unido
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No Youtube: https://youtu.be/wze6Rw3rPyE
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Na mesa temos Paulo Henrique Martins, Bia Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Chegamos ao final do ano de 2024. Foram 22 episódios do Conversas de Ateliê com 45 tópicos. Nesse episódio trazemos uma retrospectiva destacando os assuntos e episódios que marcaram nossos integrantes. Em um ano de eleições e guerras, não é de se admirar que a política foi assunto recorrente. Falamos de política externa – as eleições de Maduro na Venezuela, o conflito entre o governo de Israel e o Hamas na Palestina, as eleições na França, a tentativa de golpe na Bolívia e as eleições presidenciais nos EUA – e de política interna – projeto de lei para regulamentação da profissão de motoristas de aplicativo, a PEC das praias, os 20 anos do golpe militar, a demissão do ministro Silvio Almeida mediante acusações de assédio sexual e as eleições municipais de 2024. Alguns assuntos são políticos, mas um pouco mais amplos e não restritos a acontecimentos específicos, como a questão da dependência do Brasil, o status da democracia na ausência de uma sociedade nacional, o debate sobre segurança pública e a qualidade do debate político hoje. A tecnologia se fez presente com debates sobre uso de imagens e vozes de pessoas mortas emuladas por inteligência artificial, arte feita por algoritmos, deep fakes usados em golpes e o embate entre Elon Musk e Alexandre de Moraes sobre o bloqueio de contas na rede social X. Também falamos de ciência e educação, abordando temas como divulgação científica, a greve nas universidades federais, a obrigatoriedade do ensino da língua espanhola no ensino médio e o papel da universidade pública no Brasil. Por fim, abordamos grandes questões sobre o tempo presente: por que andamos tão ansiosos? Para onde vai o nosso tempo? Qual é o lugar do medo e do amor na sociedade hoje?
Nessa retrospectiva, você encontra um apanhado das questões que mais tocaram o pessoal do Conversas. Assim nos despedimos por esse ano e desejamos aos ouvintes boas festas e uma ótima virada. Até 2025 para mais conversas aqui no Ateliê!
Tópicos discutidos: Liberdade de expressão; Marco civil da internet; Democracia; Educação sentimental
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No Youtube: https://youtu.be/muj9DlatiNM
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Na mesa temos Paulo Henrique Martins, Bia Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. No primeiro bloco, aberto ao público, conversamos sobre medo. O medo é uma paixão primordial. Sua ubiquidade parece desafiar diferenças culturais e distâncias temporais. Quem nunca teve medo? Embora não seja privilégio da espécie, o medo caracteriza a existência humana de modo peculiar: se a antropologia filosófica do século XX (Gehlen, Plessner, Merleau-Ponty) e a psicanálise estiverem corretas, somos marcados pela nossa abertura e incompletude em relação ao mundo. Segundo a teoria das instituições de Arnold Gehlen, lidamos com nossa incerteza e impotência – com o medo –, construindo uma segunda natureza, um conjunto de realidades artificiais que nos salvaguardam e dão vazão aos nossos instintos. Aqui, o medo é uma poderosa força motriz na raiz da sociedade como um todo. Na teoria de Hobbes, o medo do outro é o princípio da constituição da política, incorporada no Leviatã. O medo se liga a razão pela via da autopreservação. Na verdade, o medo está no centro, entre as paixões e a razão, pois parte do medo da morte, mas nos direciona para a paz.
Todavia, o mesmo medo que pode levar à construção de leis e instituições, também pode ser nocivo ao laço social. Como argumentou Elena Pulcini, o medo pode ser tornar socialmente improdutivo ou mesmo nocivo. Na era global, em face dos riscos de catástrofe ambiental, com acirramento de conflitos na esfera política, guerras e genocídios, o medo parece estar mais presente, impregnado no tecido do cotidiano. A violência urbana e suas reações, tema comum no Brasil, é testemunha de como o medo pode levar a cisões e fraturas no social. Na sociedade do risco (Beck), um estado geral de insegurança que não emana da “natureza”, mas resulta dos meios surgidos na modernidade para lidar com o medo (tecnologias, instituições e política), nos coloca diante de um paradoxo. Os instrumentos que usávamos para mitigar o temor agora são os mesmos que o produzem, multiplicam e dão uma nova face, difusa e onipresente: a ansiedade.
É possível recuperar a positividade do medo? Em outras palavras, pode o medo ser uma paixão social que leva não ao isolamento do indivíduo nem ao acirramento das diferenças entre “nós” e “eles”, mas que produz laços e cimenta responsabilidades? Se o medo do outro ou do mundo se transformar em medo pelo outro e pelo mundo, talvez seu potencial positivo possa ser recuperado. Trata-se de pensar, então, no medo como uma emoção socializante, isto é, capaz de nos unir na consciência compartilhada de nossa fragilidade.
No segundo bloco, exclusivo para sócio-apoiadores, conversamos sobre eutanásia e suicídio assistido.
Tópicos discutidos: Medo; Política; Emoções; Eutanásia; Suicídio Assistido.
Vamos conversar?
No Youtube: https://youtu.be/lsK8d5UsjpU
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Na mesa temos Alessandra Faria, Elimar Nascimento, Bia Martins e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio especial, conversamos com as eleições municipais de 2024 no Brasil e as eleições presidenciais dos Estados Unidos. As eleições municipais de 2024 no Brasil chegaram ao fim no dia 27/10. Com os resultados do segundo turno, consolida-se a imagem do governo a nível municipal para os próximos quatro anos. Os grandes vencedores, já prenunciados no primeiro turno, são o centrão e a direita, todavia esta segunda merece algumas ressalvas. Na direita, candidatos alinhados a Bolsonaro, que emprestou seu apoio e se fez presente em muitas cidades, e com discurso de direita mais radical conviveram com candidatos mais moderados, vindos do MDB, do PP e do União. Não obstante, PL aumentou em 50% o número de prefeituras conquistadas em relação a 2020 e conquistou o maior número de grandes cidades (com mais de 200 mil eleitores), contabilizando 16 municípios. Do outro lado, o PT foi de 182 para 252 municípios e só conquistou uma capital, Fortaleza, em vitória apertada. No grande centro, o PSD de Gilberto Kassab se destaca com o maior número de municípios, totalizando 887 vitórias.
O que esses resultados significam? Podemos falar de uma consolidação da direita no Brasil? Historicamente, eleições municipais tendem à direita, o que não surpreende dada a história da política municipal brasileira, nem a quantidade enorme de partidos desse lado do espectro político. Todavia, parece haver uma diferença entre candidatos de uma direita moderada ou mais tradicional e candidatos emergentes de uma nova direita, como Cristina Graeml em Curitiba, derrotada no segundo turno, e Pablo Marçal em São Paulo, derrotado no primeiro. Do lado da esquerda, há um aumento de vitórias do PT, mas alguns aventam um prognóstico ruim. Quais são as perspectivas para a esquerda nas próximas eleições federais diante da predominância da direita a nível municipal? Por fim, o centrão continua a manobrar, com Kassab na linha de frente, já em campanha pela presidência da Câmara dos Deputados, atualmente ocupada por Arthur Lira. Diante da atual configuração, o que podemos dizer sobre o Brasil dos próximos dois ou quatro anos? Por outro lado, o que essas eleições nos dizem sobre os últimos quatro anos? Em outras palavras, como chegamos aqui e para onde vamos?
Tópicos discutidos: Eleições municipais; Extrema direita; Democracia; Eleições presidenciais EUA.
Vamos conversar?
No Youtube: https://youtu.be/7Y8twJj9MRw
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Na mesa temos Emmanuel Rapizo, André Magnelli, Bia Martins e Lucas Faial Soneghet. No primeiro bloco, disponível para todo o público, conversamos sobre segurança pública. Em época de eleições, a segurança pública sempre é protagonista. Ela aparece nos clamores por maior presença policial, nas denúncias à conivência de tal ou qual autoridade com o “crime”, nas propostas de reintegração e reforma, no problema da população carcerária, no debate sobre a pena de morte e ligado até mesmo à dignidade do “cidadão honesto”. O consenso por trás do debate parece ser o mesmo: vivemos em um mundo perigoso e a boa segurança pública é um bem escasso ou um ideal longe de ser alcançado. Estrutura também a divisão entre direita e esquerda: convencionalmente identificamos à direita os clamores por maior policiamento e uma atitude “dura” de “tolerância zero” contra o crime, enquanto do lado da esquerda, fala-se de propostas de “reintegração” e “reabilitação”, bem como dos efeitos nocivos que parecem acompanhar a atual configuração das políticas de segurança. No palanque, dados parecem ser pouco importantes. Se é verdade que a taxa de homicídios está em queda desde 2017, também é verdade, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, que quase dois celulares são roubados ou furtados no país por minuto.
De um lado ao outro do espectro político, não parece haver soluções definitivas. Ao passo que houveram iniciativas para redução da atuação do crime organizado no Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, tais organizações criminosas migraram para cidades no Nordeste do país, especialmente na Bahia, atual ponto de interesse para o narcotráfico internacional. Podemos nos perguntar em que medida problemas de segurança são resolvidos ou somente deslocados e terceirizados, à semelhança do que ocorreria em bairros em que grupos ligados ao tráfico ilegal de drogas dão lugar às milícias. É certo que a segurança tem diversas faces. O que significa se sentir seguro? Quando falamos de segurança pública, de que público estamos falando?
No segundo bloco, exclusivo para apoiadores, conversamos sobre o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião presidencial da Cúpula do Brics em Kazan, na Rússia.
Tópicos discutidos: Segurança pública; Crime; Violência; Políticas públicas de segurança; Política externa.
Vamos conversar?
No Youtube: https://youtu.be/hCgwzcmz47E
No Spotify:
Links e dados mencionados:
Discurso de Lula na reunião da cúpula do BRICS: https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/10/23/lula-discurso-brics.ghtm
Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024: https://forumseguranca.org.br/publicacoes/anuario-brasileiro-de-seguranca-publica/
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