Gertrude Vanderbilt Whitney foi uma escultora, mecenas e colecionadora de artes norte-americana. Fundou o Whitney Museum, um dos mais famosos museus de Nova Iorque. Na epoca em que Gertrude Vanderbilt nasceu em 1875, seu sobrenome era diretamente ligado a uma das maiores fortunas dos EU. Interessada por artes plásticas desde a infância, G. estudou tanto em Paris como em NY para aperfeiçoar seu ofício. Ao decidir seguir uma carreira como escultora, Gertrude foi ridicularizada pela família e pelo marido. GV iniciou sua carreira profissional sob pseudônimos. A primeira exposição usando seu próprio nome foi em 1910, após diversas críticas positivas e quase uma década de carreira. Durante a Primeira Guerra Mundial, Gertrude dedicou muito de seu tempo e dinheiro à caridade, fundando e administrando um hospital para feridos em Paris. Diiversas esculturas e gravuras de soldados foram produzidas por Gertrude nessa época. Sua fortuna lhe permitia ajudar artistas em cujo talento acreditava, adquirindo suas obras e usando de sua influência para alavancar suas carreiras. Como muitos de seus protegidos eram artistas modernistas ousados, era raro que galerias e museus quisessem expor suas obras. Por isso, em 1914, GV fundou o Whitney Studio: um espaço de exibição para obras modernistas. Em 1929, Gertrude ofereceu mais de 500 obras de seu acervo como uma doação para o Metropolitan Museum; a administração conservadora do museu recusou o presente. No ano seguinte, GV inaugurou sua própria instituição: o Whitney Museum. Iniciado com o acervo de artistas rejeitados pelos grandes museus e galerias, ignorados pelos acadêmicos e desprezados pelos críticos, hoje o Whitney Museum é um dos mais populares de Nova Iorque e do mundo. GV também lutou por avanços na carreira de mulheres, promovendo exposições individuais para artistas e incluindo-as sempre no catálogo de exposições coletivas. Gertrude Vanderbilt faleceu em 1942, aos 67 anos, e seu museu segue firme, forte e próspero.
Janaína Torres Rueda é uma brasileira, eleita a melhor chef do mundo em 2024. Seu restaurante mais famoso é A Casa do Porco, diversas vezes nas mais importantes listas de melhores restaurantes do mundo – e frequentemente sendo o único representante brasileiro nelas. Janaína Torres nasceu em 1975, em um cortiço do Brás, em São Paulo. De família humilde, começou a trabalhar cedo na infância, e na oitava série, aos 14 anos, teve que abandonar a escola para trabalhar em tempo integral. Janaina se encontrou no universo gastronômico. Em 2008, ela abriu o Bar da Dona Onça no edifício Copan, no coração de SP. Seu principal empreendimento, no entanto, é a Casa do Porco, também no Centro, inaugurado em 2015; lá, Janaína faz preparações sofisticadas com porco, e com todos seus pedaços: do rabo ao focinho, de cru a frito, tudo do porco é aproveitado e servido de forma magnífica. Em 2024 JT foi eleita a melhor chef do planeta pela renomada World’s 50 Best Restaurants, tido como o Oscar da gastronomia. JT também é ativista social. Em 2015, ela deu início ao projeto Cozinheiros pela Educação, através do qual reformulou o cardápio da merenda escolar de escolas públicas, substituindo os alimentos ultraprocessados como nuggets e salsichas por comidas frescas, inspiradas nas tradições alimentares e na diversidade vegetal brasileira. Janaína ficou encarregada não só da mudança do cardápio, mas treinou cerca de 1800 cozinheiras do estado, e o projeto foi estendido para mais de 3200 escolas, contemplando quase 3 milhões de alunos. Quatro anos depois, após a mudança do governo, o projeto foi descontinuado, e as crianças voltaram a comer comida enlatada e ultraprocessada diariamente. Para impedir mais retrocessos desse tipo, JTR usa de seu prestígio como cozinheira e não se cala, ciente de que comida de qualidade é um direto de todos.
Amal Alamuddin Clooney é uma advogada de direito internacional público e direito penal internacional. Amal Alamuddin nasceu em Beirute, no Líbano, em 1978. Filha de um professor universitário com uma premiada jornalista política, mudou-se para a Inglaterra com sua família por causa da eclosão daGuerra Civil do Líbano, em 1982. Virou cidadã britânica e se formou com distinção em direito na Universidade de Oxford. Mudou-se para os Estados Unidos e se tornou mestre em Direito e especialista em direitos humanos pela NYU. Ativa desde o início dos anos 2000, AA já defendeu casos notáveis como o de Julian Assange, criador do Wikileaks, e os de duas vencedoras do Nobel da Paz: o da jornalista Maria Ressa, e o da ativista Nadia Murad (#mulherdefibra) contra os comandantes do ISIS. A própria Amal já entrou na lista de candidatas ao prêmio. Conhecida por representar vítimas de atrocidades em massa, incluindo genocídio, tráfico humano e violência sexual, AA diz que gosta de escolher seus casos por seu “efeito dominó”: um julgamento que benificie não apenas seu cliente, mas todo um grupo em situação de vulnerabilidade. Um de seus casos mais notáveis foi conseguir a primeira condenação no mundo de um membro do ISIS pelo genocídio dos yazidis. Em 2014, Amal Alamuddin casou-se com o ator George Clooney, com quem teve gêmeos. Em 2016, o casal fundou a Clooney Foundation for Justice, uma organização que visa “advogar pela justiça por meio da responsabilização pelos abusos dos direitos humanos em todo o mundo”. Sobre a fama conquistada ao ter casado com um astro de Hollywood, Amal Clooney diz: “ainda estou fazendo o mesmo trabalho que fazia antes, então, se há mais atenção, por algum motivo, eu acho que é bom”.
Corazón Aquino foi a primeira mulher presidente das Filipinas, e primeira chefe de estado de um país asiático. Ela foi a líder do movimento que derrubou uma ditadura em seu país, e é uma heroína filipina. Corazón Cojuangco nasceu em Tarlac em 1933, em uma família rica e proeminente politicamente. Ingressou em uma universidade em Nova Iorque, e abandonou os estudos em 1955 para se casar com Benigno Simeon Aquino Jr., um jovem político. Corazón acompanhou o crescimento profissional do marido enquanto criava seus cinco filhos. Benigno era senador, e um dos principais opositores ao ditador Ferdinand Marcos; por conta de seus posicionamentos políticos, Benigno passou oito anos preso, e três anos exilado nos Estados Unidos, acompanhado por Corazón. No retorno do exílio, Benigno foi assassinado no aeroporto com um tiro na cabeça. O assassinato de Benigno incendiou a oposição à ditadura de Ferdinand Marcos, e Corazón de Aquino se tornou heroína e líder do movimento para tirá-lo do poder. Entre 22 e 25 de fevereiro de 1986, mais de dois milhões de filipinos se reuniram em manifestações que, com o apoio dos militares e da igreja católica, conseguiram encerrar os mais de 20 anos do regime autoritário de Ferdinand Marcos, que fugiu para o Havaí. Após a revolução, sua líder, CA, foi empossada como presidente legítima das Filipinas. No mesmo ano, ela foi indicada para o Nobel da Paz. Nos primeiros meses de seu mandato, escreveu uma nova constituição para o país, diminuindo os poderes presidenciais, e transformou todo o Congresso, dissolvendo o que restava do poder de Ferdinand Marcos. Durante seu período como presidente, CA sofreu pelo menos sete tentativas de golpe, mas conseguiu concluir seu mandato. Ao deixar a presidência, Aquino continuou desfrutando de grande influência nas Filipinas e no mundo, apoiando candidatos em que acreditava, inclusive seu próprio filho, Benigno Aquino III, que presidiu o país entre 2010 e 2016. Corazón Aquino faleceu em 2009, após um ano lutando contra o câncer.
Justine Triet é a cineasta francesa que, com o filme “Anatomia de uma Queda”, se tornou a primeira mulher francesa a ser indicada ao Oscar de melhor direção, e a vencer o de melhor roteiro original. Nascida em 1975, em Fécamp, Triet teve sua formação acadêmica na Escola Nacional de Belas-Artes em Paris. Desde sua estreia como diretora de longas-metragens, com o filme “La Bataille de Solférino” (ou “Age of Panic”, sem tradução para o português), em 2013, Triet recebeu uma atenção positiva da crítica francesa. Seu segundo longa, “Na Cama com Victoria”, foi indicado às categorias de melhor filme e melhor roteiro original no César, a premiação mais importante do cinema nacional francês. Em 2019, Triet estreou “Sibyl” em Cannes, concorrendo à Palma de Ouro. Quatro anos depois, em 2023, ela se consagraria como apenas a terceira mulher a receber esse prêmio na história, por “Anatomia de uma Queda”, filme que também lhe rendeu dois Globos de Ouro (de melhor roteiro e melhor filme estrangeiro). A obra também a consagrou como a primeira francesa a ser indicada ao Oscar de melhor direção, além de outras cinco indicações, inclusive a de melhor filme. Na premiação, Triet levou apenas a estatueta de melhor roteiro original. Isso levantou questionamentos de qual teria sido o motivo para o comitê francês não ter indicado “Anatomia de Uma Queda”, e sim “O Sabor da Vida”, como o filme representante da França na competição. Com sua aclamadíssima obra, Triet poderia ter dado o primeiro Oscar de melhor filme estrangeiro em mais de 30 anos. Há quem diga que a não indicação foi uma punição por suas críticas ao presidente francês Emmanuel Macron durante seu discurso de agradecimento na conquista da Palma de Ouro, onde ela atribuiu à política neo-liberal de Macron a perda da autenticidade da cultura francesa, que cada vez mais incentiva filmes comerciais, e não a verdadeira arte
Jeannie Epper é uma dublê norte-americana. Ela é uma das primeiras mulheres nesse ramo, tendo trabalhado em muitos dos maiores sucessos de bilheteria de Hollywood. Nascida em 1941, Jeannie Epper nasceu em uma família de dublês: seus pais eram imigrantes suíços que tinham uma escola de equitação e que, na Califórnia, abriram uma firma especializada em dublês para cenas com cavalos. Por conta da profissão de seus pais, Jeannie virou a primeira dublê infantil de Hollywood, aos nove anos! Durante toda a primeira metade do século 20, eram homens que trabalhavam como dublês de atrizes em cenas de ação, então inicialmente foi difícil para Jeannie Epper conseguir trabalhos como adulta. Durante a década de 1970, no entanto, a indústria cinematográfica começou a rever seus padrões ultrapassados, e abriu as portas para dublês femininas, sendo Epper a grande pioneira do ramo. Sua estabilidade profissional veio ao ser contratada como dublê de Lynda Carter em “A Mulher Maravilha”. Ela também trabalhou em grandes sucessos como “Kill Bill”, “Velozes e Furiosos”, “Prenda-me Se For Capaz”, dentre muitos outros. Apesar de lidar com cenas de grande risco e alta velocidade em carros e cavalos, Jeannie Epper fala que a única cena que a deixou realmente nervosa em sua carreira foi quando teve que dar um soco no seu ídolo, Paul Newman. Sempre empenhada em melhorar as condições de trabalho suas e de seus colegas, Jeannie Epper é conhecida por ter ensinado toda uma nova geração de dublês sobre como trabalhar bem e com segurança através de mentorias e cursos. Ao longo da carreira, Epper atuou como dublê em mais de 150 filmes e episódios de seriados. Mil vivas a esse trabalho que faz o audiovisual acontecer!
Lili Elbe, artista plástica, foi das primeiras pessoas a passar por uma cirurgia de redesignação de gênero (história contada no filme “A Garota Dinamarquesa”). Nascida em 1882 e batizada como Einar Wegener, Elbe viveu a maior parte da sua vida como homem. Enquanto estudava Belas Artes em Copenhague, conheceu Gerda Gottlieb, também pintora, c quem se casou. De acordo com sua autobiografia, « De homem a mulher: a primeira mudança de gênero”, Elbe percebeu sua verdadeira identidade quando sua esposa pediu que ele se vestisse de mulher para posar em uma de suas telas. A partir daí, Einar Wegener e Lili Elbe passaram a coexistir: a transição de gênero ainda não era definitiva, e a artista saía de casa ora como homem (Wegener), ora como mulher (Elbe). No início da década de 1930, Lili Elbe não tinha mais dúvidas sobre sua identidade definitiva, e procurou Magnus Hirschfeld, médico e sexólogo pioneiro no estudo da transexualidade, para efetuar a transição. LE passou por algumas das que são consideradas as primeiras cirurgias de redesignação de gênero, removendo a genitália masculina e passando por uma vaginoplastia. Após a transição, seu casamento com Gerda Gottlieb foi anulado, e LE foi autorizada pelo rei dinamarquês a mudar de nome, recebendo todos seus documentos com o nome social e o sexo feminino registrados. Elbe entrou em um relacionamento com um homem, e quis ter filhos. Um transplante de útero, resultou em sua morte: seu corpo rejeitou o órgão, e LE morreu alguns meses depois. Pouco antes de morrer, Elbe escreveu a um amigo: “Provei que tenho o direito de viver existindo como Lili durante 14 meses. Podem dizer que 14 meses não são muito, mas para mim é uma vida humana completa e feliz”. Após sua morte, em 1931, sua autobiografia sobre a transição de gênero foi publicada. Em 2015, um filme inspirado na vida de Lili Elbe foi lançado: “A Garota Dinamarquesa”, indicado a muitos dos principais prêmios cinematográficos do mundo.
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Ludovina Pessoa foi uma sacerdotisa afro-brasileira. Homenageada pelo enredo da escola de samba campeã do Carnaval de 2024, fundou templos do Candomblé da Nação Jeje na Bahia. Nascida em meados do século XIX no Daomé, atual República do Benin, Ludovina descendia de uma longa tradição de sacerdotisas guerreiras, dedicadas a proteger o culto a Gbèsèn, a serpente sagrada que detinha o poder sobre a terra. Apesar de seu alto status na terra natal, foi trazida como escravizada para o Brasil e, como tantas outras pessoas afetadas pelo tráfico humano, muito de sua biografia se perdeu. Sabe-se, que alguns dos mais importantes templos do candomblé Jeje Mahi da Bahia foram fundados por ela. como o Terreiro do Bogum e a Roça do Ventura, que em 2014 foi reconhecido como patrimônio histórico nacional. Ao Terreiro Bogum está associado o fortalecimento do movimento abolicionista, e o apoio à Revolta dos Malês. Por volta de 1870, Ludovina foi também responsável pela iniciação de mulheres que mais tarde viriam a ser lideranças importantes do candomblé jeje na Bahia; seu poder e influência é reconhecido até hoje, e atingiu um de seus pontos altos com a vitória da Viradouro neste carnaval. O enredo “Arroboboi, Dangbé” homenageia a sagrada serpente da vida de Daomé e as sacerdotisas guerreiras que protegeram seu culto história adentro, dentre elas a grande Ludovina Pessoa!
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Esther Jones, conhecida pelo nome artístico Baby Esther, foi a cantora que inspirou a criação da personagem de desenho Betty Boop. Esther Jones nasceu por volta de 1918, em Chicago, em um dos bairros negros da cidade. Começou a trabalhar com entretenimento ainda durante a infância, agenciada pelos seus pais, e aos seis anos já era conhecida por seu carisma. Treinada em canta, dança e acrobacias, a menina fez sucesso em inúmeras casas de shows nos Estados Unidos, Europa e América do Sul durante as décadas de 20 e 30, e se tornou a artista infantil mais bem paga do mundo. Seus fãs incluíam membros de famílias reais europeias, e a menina ainda tinha um público fiel no clássico Moulin Rouge de Paris! Em 1930, a cantora Helen Kane processou o Fleischer Studios por terem criado a personagem Betty Boop com base na sua aparência e maneirismos em cena, especialmente sua voz infantilizada e sua assinatura « boop-oop-a-doop » e outras frases musicais sem sentido. Durante o processo, no entanto, foi provado que o próprio show de Helen Kane não passava de uma imitação do trabalho de Baby Esther, que Kane havia assistido com seu agente. Se alguém tinha popularizado os sons “boop-oop-a-doop », “wha-da-da”, entre outros, era a própria Baby Esther! O processo de Helen Kane contra os criadores de Betty Boop foi encerrado , e atualmente é sabido que a verdadeira inspiração a personagem Betty Boop foi uma menininha negra de Chicago, Esther Jones! Mesmo assim, sua história é pouco reconhecida e ela morreu no esquecimento. #estherjones #mulherdefibra #babyesther #bettyboop #helenkane #chicago #moulinrouge
Jessi Combs foi uma piloto de corrida norte-americana. Foi a mulher mais rápida do mundo e quebrou o recorde feminino de velocidade em terra duas vezes. Vá até o fim pra vc Nascida em 1980, na Dakota do Sul, Jessi Combs estudou em um curso técnico de mecânica de carros e manejo de metais logo após a sair do colégio. Durante essa formação profissional, Combs se destacava como a melhor aluna da turma; tanto é que, logo após sua formatura no curso técnico, Combs e outro aluno foram contratados imediatamente pelo departamento de marketing da própria escola técnica para que construíssem um carro do zero em seis meses. Piloto de corrida desde os anos 2000, Jessi Combs era também uma conhecida personalidade televisiva norte-americana, tendo participado de vários episódios da série “Mythbusters: os caçadores de mitos”, e de diversos outros shows em canais como o Discovery Channel. Em 2013, JC quebrou o recorde feminino de velocidade em terra com quatro rodas ao atingir uma velocidade de 709 km/h. Três anos depois, ela conseguiu quebrar o próprio recorde, atingindo a velocidade máxima de 768 km/h. Em 2019, querendo quebrar mais um recorde, dessa vez em um carro movido a jato, Jessi Combs morreu. Uma falha na roda dianteira do veículo fez com que o carro colapsasse na chocante velocidade de 841 km/h, incendiando em seguida. Esse novo recorde de JC foi postumamente reconhecido pelo Livro de Recordes da Guinness em 2020.
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Viola é protagonista da comédia “Noite de Reis”de William Shakespeare. Depois de naufragar perto da desconhecida terra de Ilíria, Viola chega a terra firme sozinha, sem saber se os outros tripulantes estão vivos ou mortos. Sua principal tristeza é ter se perdido de seu irmão gêmeo durante o acidente. Conclui que a melhor maneira de sobreviver sem percalços em uma região desconhecida é se disfarçando de homem. Sob o nome falso “Cesário”, Viola se põe aos serviços do Duque Orsino, um dos homens mais poderosos de Ilíria. O duque logo percebe a vocação poética de Cesário, e o envia para cortejar Olívia, a condessa por quem ele está perdidamente apaixonado. Em uma das tramas mais emaranhadas de Shakespeare, Olívia acaba se apaixonando por Cesário (sem saber que ele é uma mulher!), e Viola, por debaixo dos trajes masculinos, se apaixona pelo duque Orsino, que não pode corresponder seu amor por achar que ela é um homem. É a versão shakespeariana do poema “Quadrilha”, do Drummond! Como em toda comédia, “tudo está bem quando termina bem”, e após diversos enganos e confusões, a peça acaba com um final feliz. Viola, assim como as outras principais heroínas shakespearianas, se destaca dos outros personagens por sua integridade e pela sinceridade dos seus sentimentos. Se “Noite de Reis” é uma peça onde um dos temas é a paixão e sua superficialidade, Viola é a única personagem que ama verdadeiramente. Corajosa e altruísta, sustenta seu disfarce masculino por toda a peça, só se revelando em uma das últimas cenas, quando sua mentira se prova incapaz de prejudicar qualquer outra pessoa. Viola foi representada por várias das melhores atrizes do mundo, tanto no teatro como no cinema. Um dos filmes mais famosos, apesar de não ser uma adaptação direta de “Noite de Reis”, é “Shakespeare Apaixonado”, que tem Gwyneth Paltrow vivendo Viola – ela inclusive ganhou o Oscar de melhor atriz por esse papel!
Ellen White foi uma líder religiosa norte-americana, co-fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Nascida em 1827, no Maine, aos nove anos, Ellen foi atingida no rosto por uma pedra. O incidente a deixou inconsciente por três semanas e com o rosto desfigurado. Por muito tempo, ela enfrentou dificuldades de aprendizado e problemas de memória, e teve que interromper seus estudos. Ellen passou a se interessar por religião, e foi batizada em uma Igreja Metodista. Depois, começou a seguir as pregações de profetas adventistas, que acreditavam em um retorno de Jesus Cristo. Em 1844, Ellen teve a primeira de suas mais de 2.000 visões: via Deus em toda a sua glória, e se comunicava com o divino. Ela passou a atrair mais e mais fiéis. Em 1846, Ellen se casou com o Reverendo James White, com quem passou a viajar pelos EU divulgando a fé adventista. Em 1855, os White e um grupo de fiéis estabeleceu uma sede de práticas religiosas em Battle Creek, Michigan, e cinco anos depois adotaram formalmente o nome “Adventistas do Sétimo Dia”. As visões de Ellen White eram a principal força guia da igreja, e muitos de seus ideais de conduta e saúde (especialmente sua abstenção de café, chá e carne) foram incorporadas pelos fiéis. Os adventistas aderiram em peso ao movimento abolicionista antes mesmo da Guerra Civil, e também ao movimento da temperança. Após a morte de seu marido, Ellen White passou três anos na Europa e quase uma década na Austrália, disseminando a fé adventista. White foi tb uma importante divulgadora do vegetarianismo no mundo, tendo adotado a dieta em 1894 e incentivando outros fiéis a fazerem o mesmo. Ellen White faleceu em 1915, aos 87 anos, e foi eleita pela revista científica Smithsonian como um dos “100 americanos mais importantes de todos os tempos”.
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Martha Rocha foi a primeira Miss Brasil, e segunda colocada no concurso de Miss Universo. Foi a musa que ajudou a levantar a autoestima nacional em um dos períodos mais turbulentos do século passado. Nascida em 1932, em Salvador, Maria Martha Hacker Rocha cresceu em uma família de 11 irmãos. Em 1954, a jovem baiana dos olhos azuis foi coroada como Miss Brasil na primeira edição oficial deste concurso por aqui, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis. Martha dizia ter 18 anos à época do concurso, mas tinha 21. Alguns meses depois, no mesmo ano, MR foi aos EU tentar a sorte como Miss Universo. A vitória era tida como certa pelos brasileiros, encantados pela jovem musa. Martha, no entanto, ficou em segundo lugar, perdendo para a americana Miriam Stevenson. Apesar da derrota, Martha continuou sendo tão idolatrada quanto antes pelos brasileiros. Martha Rocha se tornou um ícone nacional na época em que a autoestima brasileira estava abalada pelo suicídio de Getúlio Vargas, e graves derrotas da Seleção Brasileira. Com sua graça, ela se tornou a personalidade favorita do país. Em 1956, Martha Rocha se casou, e teve dois filhos em menos de um ano. Menos de três anos após o casamento, seu marido morreu em um acidente aéreo, e Martha alega ter tido seu patrimônio roubado pelo cunhado. Após a falência, Martha passou ganhar a vida como jurada paga dos concursos de miss que ela própria tanto ajudou a popularizar, e vendendo quadros pintados por ela própria. Em 1961, casou-se novamente e teve mais uma filha. Nos anos 2000, Martha Rocha foi diagnosticada com câncer de mama, e passou a viver uma vida mais reclusa. Em 2020, aos 87 anos, ela faleceu por consequência de uma parada cardiorespiratória.
Yeshe Tsogyal é uma das principais figuras femininas do budismo, adorada por inúmeros praticantes. Nasceu no ano de 777, na região do Karchen, no Tibete. Muito de sua biografia é embelezado com detalhes fantásticos que parecem pouco críveis para quem não é adepto da filosofia Conta-se no entanto, que Yeshe Tsogyal teve um nascimento digno de uma Buda: sua mãe não sofreu ao dar à luz e o som de mantras era ouvido no local. Além disso, um lago próximo dobrou de tamanho quando Yeshe Tsogyal nasceu, daío significado de seu nome “a rainha do lago da sabedoria”. Nascida em uma família proeminente da região, Yeshe Tsogyal era uma princesa muito cobiçada por homens poderosos do Tibete – inclusive o próprio imperador. Afeita às práticas religiosas desde a infância, a princesa nunca quis se casar. Aos 16 anos, ela foi forçada a se casar com o imperador tibetano Tri Songdetsen. Pouco tempo depois do casamento, o grande mestre budista Padmasambhāva chegou da Índia para espalhar o conhecimento budista no Tibete. Como sinal de sua devoção, o imperador ofereceu sua esposa, Yeshe Tsogyal, para o guru. Padmasambhāva aceitou Yeshe Tsogyal como sua consorte e principal aluna. Sob a orientação do guru, Yeshe Tsogyal passou a maior parte de sua vida em retiro, completamente isolada para cultivar a estabilidade meditativa mesmo nas condições mais adversas – desabrigada na neve, por exemplo. Após anos de prática incessante, Yeshe Tsogyal se tornou uma mestre espiritual do mesmo nível de Padmasambhāva ( uma espécie de vice-Buda). Sua disciplina e conduta são consideradas exemplos para todos os praticantes budistas até hoje, e inúmeros milagres são atribuídos a ela. Para os tibetanos e para praticantes budistas de outras nacionalidades, Yeshe Tsogyal é um ser atemporal, continua ativa e eternamente presente, atenta às preces de seus devotos.
Dona Flor a heroína de uma obra-prima de Jorge Amado. Fez sucesso não só na literatura, mas também no cinema, teatro e telenovelas. Florípides Guimarães era uma menina simples, criada para salvar a família da pobreza através de um bom casamento – mas que, antes disso, já precisava contribuir com a renda da casa após sua mãe enviuvar. Professora de culinária na escola “Sabor e Arte” e cozinheira de mão cheia, Dona Flor leva a mãe à loucura ao fugir de casa para se casar com um cafajeste alcoólatra, mulherengo e viciado em jogos de azar – que, além de não sustentá-la roubava seu dinheiro! Apesar de tudo, nunca faltou paixão e volúpia no primeiro casamento de Dona Flor, que durou sete anos, até a morte de Vadinho. Já seu segundo casamento,esse sim, foi com um homem direto, respeitoso e que a idolatrava – mas a quem faltava fogo. Graças à magia da Bahia e à força dos orixás, Dona Flor consegue recuperar Vadinho do mundo dos mortos, e passa a viver feliz e completa com seus dois maridos: inteira, sem abrir mão nem da ternura de um nem da sensualidade perigosa do outro. Tudo isso, é claro, com muito cuidado para não sacrificar sua honra de mulher casada, correta, só se dando para homens com quem casou no cartório e na igreja. “Dona Flor e Seus Dois Maridos” é o suprassumo da literatura nacional, um retrato delicioso de uma Salvador nostálgica e mística, “uma história moral e de amor”, como diz Jorge Amado no subtítulo do próprio livro. O livro começa, aliás, justamente com uma grande folia de carnaval! Caso a leitura não seja sua praia, o filme de Bruno Barreto, estrelado por Sônia Braga e José Wilker é tb um primor.
Noella Coursaris é uma modelo congolesa, idealizadora de projetos sociais de auxílio a meninas pobres em seu país. Nascida na República do Congo em 25 de dezembro, foi separada de sua família com cinco anos de idade. A morte repentina de seu pai fez com que a mãe de Noelle não tivesse mais dinheiro para criá-la. Para que Noelle pudesse crescer com dignidade, sua mãe a entregou a parentes que viviam na Europa. Durante 13 anos, Noelle se comunicou por cartas com sua família, sem conseguir reencontrá-los. Para ela, o Natal era a data mais triste. Determinada a agir para que nenhuma outra família jamais fosse separada por questões econômicas, Noella usou dos conhecimentos que adquiriu na faculdade de Administração, e do privilégio financeiro conquistado com seu trabalho como modelo para grandes marcas e revistas, para fazer um mundo melhor. Em 2007, ela fundou a Malaika, uma ONG que dá oportunidades a jovens congolesas, oferecendo acesso gratuito a educação e saúde de qualidade. A ONG impacta positivamente a vida de milhares de pessoas: são mais de 400 alunas estudando em tempo integral, além de 5000 pessoas contempladas com bolsas de estudos e treino esportivo; além disso, mais de 30.000 pessoas recebem água potável através da Malaika, que também oferece refeições diárias a seus alunos. Se depender de Noella Coursaris, nenhuma menina jamais passará o Natal sozinha!
Rosa Egipcíaca foi a primeira mulher negra a publicar um livro no Brasil. Religiosa, africana, libertou-se da escravidão e foi considerada uma santa antes de ser aprisionda pela Inquisição. Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz nasceu em 1719, em Ajudá, atual Benim, na África. Com seis anos, foi sequestrada por traficantes de escravos e trazida para o RJ, onde foi vendida. Era ainda uma menina quando seu senhor a “desonestou” (estuprou), e aos 14 anos foi vendida novamente e enviada para Minas Gerais. Durante mais de 15 anos, R.E. foi obrigada a se prostituir, até contrair uma doença misteriosa que inchava todo seu corpo. Passou a ter visões místicas; abandonou o meretrício e doou para os mais pobres todas as poucas riquezas que tinha acumulado nesses anos de serviço. Suas visões, cada vez mais frequentes e intensas, trouxeram problemas permanentes: acusada de feiticeira, R. E. foi tão açoitada até ficar com o lado direito de seu corpo permanentemente paralisado. Fugiu de Minas para o RJ, onde foi acolhida pelos franciscanos, que admiravam a intensidade de sua fé e disciplina: seus prolongados jejuns, a autoflagelação, o empenho em aprender e ler e escrever. Em 1751, R. fundou Recolhimento do Parto, um local destinado a receber ex-prostitutas, e passou a atrair mais e mais fiéis em seus rituais que misturavam o catolicismo com tradições religiosas africanas. Em 1763, após desentendimentos com o clero, R.E. é denunciada e passa a ser considerada uma herege pela Igreja Católica. Aprisionada pela Santa Inquisição e levada a Portugal para julgamento, Rosa jamais renegou ou desmentiu suas visões e experiências místicas. Autora de a “Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas”, R.E. é a primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil. Das suas mais de 250 páginas, poucas sobreviveram: o livro foi queimado por ser considerado heresia. R.E., a santa africana, morreu em 1771, ainda sob o domínio dos inquisidores. Em 2023, a Unidos da Viradouro usou sua trajetória como inspiração para o enredo do carnaval da escola.
Narges Mohammadi é uma defensora dos direitos humanos iraniana premiada com o Nobel da Paz. Nascida em 1972, viveu sua infância durante a Revolução Iraniana, iniciada em 1979. A execução de um tio e um primo marcaram sua juventude, mas foi durante seus anos universitarios que Mohammadi passou a refletir com mais seriedade sobre o tratamento dado a prisioneiros políticos no país. Durante sua graduação em Física, fundou um grupo de debate político para os estudantes, se envolveu fortemente com o ativismo social. Nesta época, conheceu seu marido, com quem teve um casal de filhos gêmeos. Formada e trabalhando como engenheira, N.M. escrevia artigos sobre os direitos humanos e das mulheres para jornais reformistas. Em 2003, se juntou ao Centro de Defensores dos Direitos Humanos, liderado por Shirin Ebadi (#mulherdefibra). Depois, Mohammadi viraria vice-presidente da organização. Ela e Ebadi são as únicas mulheres iranianas a conquistarem um Nobel. Além da luta pelos direitos das mulheres em um país notoriamente conservador, uma de suas principais causas é a defesa dos direitos humanos dos presos políticos do Irã. A ativista já foi presa treze vezes, e atualmente cumpre uma pena de dez anos. Todas suas condenações são relacionadas ao seu trabalho em defesa dos direitos humanos. Somando todos seus processos, ela foi sentenciada a um total de 31 anos de prisão e a 154 chicotadas. Mesmo presa, e pondo a vida em risco, a ativista não para de trabalhar: durante os protestos que tomaram o Irã após a morte da jovem Mahsa Amini (#mulherdefibra), Mohammadi conseguiu entrar em contato com a BBC para denunciar o abuso físico e sexual que estava sendo imposto às detentas. Em outubro de 2023, Narges Mohammadi foi premiada o Nobel da Paz “pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos”; ela celebrou essa conquista dentro de sua cela.
Jina Mahsa Amini foi uma jovem curda, assassinada pela polícia moral iraniana por não usar o traje determinado pelo islã. Sua morte provocou a maior onda de protestos das últimas décadas no Irã. Milhares de mulheres tomaram às ruas para queimar seus véus. Jina Mahsa Amini nasceu em 1999, em uma família curda. “Mahsa” era seu nome persa, usado somente para facilitar a retirada de documentos, já que às vezes nomes curdos não são aceitos; todos a chamavam de Jina. Aos 22 anos, Jina Amini vivia uma vida tão normal quanto possível para uma jovem mulher em um país ultraconservador, e estava prestes a começar a estudar Biologia na universidade. Em 13 de setembro de 2022, no entanto, Jina e duas primas suas foram detidas pela polícia da moralidade iraniana em uma estação de metrô, por estarem usando um “traje não islâmico”. Jina foi a única a ser levada para a prisão, supostamente por ter resistido às ordens dos policiais, e suas primas seguiram a viatura. Duas horas depois, algumas jovens saíram da delegacia gritando “Eles a mataram!”. Antes de morrer, Amini passou dois dias em coma, entubada no hospital. Os exames comprovam que a causa de sua morte foi uma hemorragia cerebral, causada pelas agressões que sofreu na cabeça após ser presa. As autoridades iranianas negaram as acusações. Desde o assassinato de Jina Mahsa Amini, uma onda de protestos tomou as ruas do Irã. Milhares de mulheres foram às ruas, e queimaram seus véus e cortaram os cabelos em público. A repressão, no entanto, foi e segue sendo severa: até agora, mais de 500 pessoas foram assassinadas pelas forças policiais que tentam conter os manifestantes, e a liberdade de imprensa foi cerceada, assim como o acesso à internet. Dezenas de jornalistas que divulgaram o caso seguem presos, alguns podendo ser condenados à prisão perpétua. Os protestos e a repressão, infelizmente, ainda parecem longe de acabar.
Ella Adelia Fletcher foi uma escritora, pensadora e pioneira dos exercícios de respiração e bem-estar no ocidente. Seu livro “The Philosophy of Rest”, (ou “A Filosofia do Descanso”) foi publicado no já acelerado mundo da virada do século XIX para o século XX. Na obra, Ella defende a importância de estar em meio à natureza e de não fazer nada, e atribui a essa pausa um aumento significativo na sua produtividade. Pode-se dizer que ela foi a pioneira do conceito do “ócio criativo”, cunhado pelo sociólogo Domenico De Masi quase cem anos depois da publicação do livro de Fletcher, e do ainda mais recente conceito de “savoring”, este, da psicologia. Outra obra de Ella é um guia de beleza chamado “A Mulher Bonita”, com mais de 500 páginas com conselhos sobre cosméticos, exercícios e outros rituais de beleza. Longe de ser fútil, esse livro exalta um padrão de beleza absolutamente contrário ao imposto no início do século passado, negligenciando o sedentarismo, a palidez e a magreza que estavam na moda na época. Para Ella, a beleza não podia andar separado de hábitos saudáveis! Ella Fletcher já dividia com suas leitoras recomendações de exercícios de respiração. Em 1908, porém, publica um livro inteiro sobre o assunto: “The Law of the Rhythmic Breath”, (ou “A Lei da Respiração Rítmica”). Publicado muitas décadas antes da popularização da Yoga no Ocidente, Fletcher já apresentava ali conceitos centrais da Yoga, com ênfase na respiração. Ella descreve como é possível entrar em harmonia e se sintonizar com os ritmos da natureza e do cosmos através do ritmo da respiração, e ressaltando o quanto nosso vigor e longevidade dependem da maneira como respiramos.