Começamos por um mito que há séculos atormenta turistas e caloiros: A Cabra não é a Torre e o resto é ignorância institucionalizada.
Seguimos para o Castelo de Coimbra, ou melhor, o ex-castelo. Sim, houve um castelo, demolido para se construir um observatório que… nunca foi construído. Um clássico português: destruir o velho antes de perceber se o novo vai acontecer.
Depois, o perfume da cidade — o lendário cheiro a bagaço de azeitona. Esse bouquet aromático que desperta memórias olfativas entre o Mondego e Alcarraques.
Fechamos com cultura viva: Super Bock Super Nova no Salão Brazil. Uma noite de nova música portuguesa, do pop psicadélico ao grunge portuense, porque Coimbra pode cheirar a bagaço, mas ainda soa a futuro.
Neste episódio do Make Celas Great Again, começamos no Mercado D. Pedro V, essa catedral do peixe e da hortaliça que nasceu da fusão de três mercados e sobreviveu à mítica Revolta do Grelo — sim, Coimbra já fez barricadas por causa de um imposto sobre as vendedeiras.
Depois, discutimos qual é o bairro mais bairrista de Coimbra? Celas, Olivais, Baixa, Norton de Matos? O Ingote entra na corrida — mas só se o Outgote aparecer também.
No Momento da Semana, lembramos a gloriosa Corrida das Bandejas, tradição em que empregados de café testavam o equilíbrio, a dignidade e os tornozelos.
E fechamos com o Caldeiras Comedy Club, onde o humor ferve e o público sai mais leve (ou mais bêbedo). A Praxis também mantém o riso vivo, com as suas noites de stand-up — porque se há coisa que Coimbra precisa, é aprender a rir de si própria.
No episódio #5, da temporada 2, do Make Celas Great Again, mergulhamos no Exploratório de Coimbra, onde os pais fingem interesse nas placas interativas só à espera duma finada na esplanada.
Depois, falamos do inevitável Bissaya Barreto — o doutor dos doutores, o homem sem o qual a cidade existiria duma forma muito diferente. Fundou hospitais, maternidades e sanatórios, e ainda teve tempo para miniaturizar o país inteiro no Portugal dos Pequenitos. Um visionário — ou simplesmente alguém com TOC por construir coisas.
No Momento da Semana, celebramos o verbo mais coimbrão de todos: cabritar. Porque aqui ninguém “vomita” — em Coimbra cabrita-se, com honra e cadência académica. Um património (i)material digno da UNESCO e dos copos de quinta à noite.
E a recomendação da semana vai para o MATE Festival, esse evento onde música, arte, tecnologia e educação se juntam. Entre workshops, painéis e realidade virtual, há espaço para tudo.
Esta semana, descemos do pedestal e fomos dar uma volta à Solum — outrora descampado e deserto, hoje abastado reduto. Embarcamos, depois, no Basófias, onde o glamour de 1993 ainda resiste. No momento da semana, atacamos a Empalhada onde amendoins e tremoços partilham o mesmo espaço, numa petisqueira promiscuidade. E para fechar com chave de ouro, a Recomendação MCGA: Sting vai à Figueira! Finalmente, uma boa razão para Coimbra esvaziar em peso.
Temos hoje connosco, para o dealbar desta nova rubrica que batizámos, à laia das Grandes Entrevistas, a Entrevista-de-tamanho-agradavelmente-considerável, acerca das pessoas que fazem a cidade, independentemente do seu mediatismo. Procuramos aqui trazer aqueles que se distinguem pelo seu trajeto e no reconhecimento que têm pelas gentes em geral, que compõem Coimbra. Gente extraordinária para gente ordinária.
Para isso, escolhemos como primeiríssimo convidado: Joel Pedrosa.
Neste episódio começamos com nostalgia pedagógica: João de Deus, essa fábrica de coimbrinhas de gola engomada e pais em BMW a competir pelo título de ”maior do recreio”. Passamos depois para a Mata de Vale de Canas, onde vive um eucalipto de 73 metros — mais alto do que a paciência necessária para arranjar mesa no Peculiar.
No momento da semana, mergulhamos na Rotunda dos Patos, o único cruzamento em Portugal onde o trânsito é regulado a grasnadas. E porque não pode ser só cerveja e fado desafinado, fechamos com uma proposta detox: a Corrida Entre Parques, 7 km de suplício urbano disfarçado de saúde e step nas Monumentais.
Abrimos a segunda temporada a esmiuçar o bairro mais famoso da cidade — do despejo da Alta a reduto gentrificado com gelados caros e à sombra de samambaias. Passámos pela ESEC TV, esse milagre académico que já dura há mais de 20 anos, e acabámos nas Repúblicas: meio comuna, meio praxe, totalmente Coimbra. Mas serão exclusivas do Mondego? Pelo meio, deixamos recomendações culturais para quem ainda não desistiu de sair de casa.
Naquilo que só podia ser descrito como um prólogo, o Make Celas Great Again decidiu começar a segunda temporada em modo entrevistado. A Coimbra Coolectiva fez-nos a vontade (ou o favor) de ouvir os dois cromos que se escondem por detrás desta saga radiofónica, ainda que continuemos anónimos — como se houvesse multidões ansiosas por saber quem são os responsáveis.
Falámos do porquê de termos inventado esta coisa, do como se monta um programa entre a ironia e a má-língua, e de quem somos — sem nunca dizer quem somos. Ficou claro que o segredo do sucesso é não haver segredo nenhum, apenas dois amigos com demasiado tempo livre e um microfone à frente.
É o “episódio 0”, porque não tinha outra forma de caber em lado nenhum, mas também porque qualquer série precisa de uma introdução. A nossa veio com a Coimbra Coolectiva, servida como aperitivo para a rentrée da temporada 2. Afinal, se a vida não nos dá visibilidade, ao menos que nos dê o estatuto de lenda urbana.
Há verões que nunca acabam. Ou talvez seja a Figueira que não nos deixa sair dele. Voltamos à terra onde o vento aplica a exfoliação natural, a estrada do Enforca-Cães, agora lisinha, continua a cheirar a infância. A Casa dos Cogumelos ainda espreita lá ao longe, tão misteriosa como sempre, como se soubesse segredos que nós só suspeitamos.
Comer pela Figueira é desporto radical. As pizzarias discutem entre si quem tem o pior nome, a pizza mais alta ou a esplanada mais minúscula. As hamburguerias são viagens no tempo: umas nunca fecham, outras nunca sabemos se abrem, e há sempre um cone de batata frita atolado em molho a lembrar-nos que fast food pode ser arte, se tiver história.
Peixe fresco existe – mas é preciso sorte, paciência e ouvidos de ferro para aguentar os impropérios que voam da cozinha. Petiscos também, mas nem sempre sabemos se estamos num restaurante, numa tasca ou numa prova de resistência etílica. E há sítios onde a carta de vinhos vale mais que a ementa, e a carne sabe a redenção.
No fim, é sempre igual: marisco aos molhos, areia na toalha, um vento que parece pessoalmente ofendido connosco… e aquela sensação de que a Figueira é um lugar onde tudo muda para que continue exatamente na mesma – e onde, apesar de tudo, já estamos a pensar quando voltamos.
Neste episódio, apanhamos o velho comboio da memória e descemos até à Figueira, esse santuário estival dos coimbrinhas em calções. Recordamos a romaria sagrada pela Nacional 111 — com paragens obrigatórias em pastéis e queijadas que valem mais que muitos doutoramentos. Entre salões de jogos decadentes, anões mitras, hambúrgueres do Cocktail, revivemos as férias onde se perdia a inocência e a dignidade numa noite só. Tudo isto embrulhado no areal infindável, debaixo da Nortada que esfrega o lombo como lixa nº 40, e com a acidez habitual que só um verdadeiro coimbrinha sabe servir, frio como um Safari-Cola mal misturado do DOX.
Neste episódio, espreitamos os bastidores da Penitenciária de Coimbra – essa instituição centenária que produz candeeiros, móveis de museu e queijadas, tudo com mãos reclusas e precisão suíça. Um verdadeiro IKEA do Estado com grades e supervisão mínima.
Depois, damos uma corrida mental pelo Choupal, essa mata que foi plantada para domar o Mondego e acabou como passadeira de jogging, namoro adolescente e, ocasionalmente, pequenos crimes.
Recordamos ainda o “Boda”, figura lendária do recreio dos anos 90, mistura de obscenidade infantil e tradição oral em verso sujo, muito antes de haver TikTok para educar as massas.
E fechamos com um mergulho nostálgico nas Lojas Históricas de Coimbra, num livro que nos lembra que o comércio local é mais velho e mais resiliente do que muitos cursos da Faculdade de Letras.
Tudo com o habitual equilíbrio entre carinho e crueldade.
A cidade está às moscas — a estudantada já partiu, os festivais ainda não chegaram, e sobra-nos este oásis radiofónico para aguentar o calor e o tédio. Neste episódio, mergulhamos na febre do padel, essa mistura improvável entre Tinder, networking do pobre e ginásio para gente que detesta suar. Com mais campos do que cafés por metro quadrado, Coimbra confirma-se como capital do montanhismo social.
Depois, recuamos no tempo com o quadro de Coimbra do século XVI, onde já se adivinhavam as promessas vãs e os problemas estruturais de sempre, agora com a vantagem de termos Metro e um estádio. Falamos de ilhéus desaparecidos no Mondego, sonhos húmidos de Manhattan coimbrã e visões distópicas de uma Alcatraz em pleno Mondego.
A expressão “pé de ladrão” também vai a dissecar: é regionalismo patusco ou usado nacionalmente? E será que os próprios ladrões a usam… ou riem-se dela enquanto nos levam o quadro do Georg Braun?
Para terminar, recomendação cultural com o regresso do Festival M à Praia Fluvial de Torres do Mondego: dois dias de música indie-chique, natureza domesticada e liberdade supervisionada. Entrada livre, mas com forte risco de avistamento de crocs em estado líquido.
Chegámos à dezena! Quem diria que o nosso Make Celas Great Again iria tão longe? Pois é, 10 episódios a descobrir os recantos, as loucuras, as histórias e as idiossincrasias desta cidade.
Neste episódio, embarcamos numa viagem que começa numa escadaria discreta da Rua Saragoça, onde entre aquecedores de gervásios se encontra o Museu Erótico de Coimbra — sim, leste bem, há vida além cidade conservadora.
Depois, mergulhamos nas ondas sonoras da RUC, que mais do que uma estação é um autêntico património vivo da rádio portuguesa.
Depois, sentamos à mesa com o prato mais consensualmente polémico da gastronomia portuguesa: o cozido à portuguesa. Schiuuu… aqui entre nós: as pessoas não gostam do cozido. Gostam é daquela orgia de enchidos e gorduras cozidas ou não.
E para fechar, a Feira Popular está aí para animar a cidade, com o “King”, o braço radical que promete arrancar gritos até aos mais intrépidos. A 75ª edição traz tudo isso, e mais, com concertos e farturas.
Acompanhem-nos, que a festa está só a começar.
Neste nono episódio, começamos com a Praça de Touros, ou melhor, o Coliseu de Coimbra — uma arena monumental erguida nos anos 20 que durou menos que um curso de Medicina. Relembramos o lendário Martim de Freitas, bouncer do castelo e símbolo de lealdade, com direito a cerco, chaves e drama quase Game of Thrones. Damos uma colherada amarga no arroz doce à moda de Coimbra, que tem a consistência emocional de um empadão de arroz esquecido no frio. E fechamos com o Festival Glu Glu, evento vínico com nome de som onomatopaico de peru, mais uma oportunidade de beber em público com desculpa cultural.
Spoiler: também falamos da Madeira, porque entre vinho e poncha, não resistimos.. Como sempre, sem censura — e com amor-ódio a esta terra de encantos e entulho.
Neste oitavo episódio, entre fogueiras e livros, mas sem censura, desatamos a língua. Começamos por folhear a Feira do Livro, agora espalhada em três largos para parecer que a Baixa tem gente. De seguida, fazemos uma viagem teológica com António, que começou Fernando nos Olivais e acabou em Pádua. No momento da semana, a famosa Rua Direita — que afinal não foi só um bordel a céu aberto, mas sim o coração histórico das vilas medievais (com um toque de comércio carnal). E fechamos com bailaricos e fogueiras, tradição e contemporaneidade . Tudo isto com a acidez habitual e o amor-ódio a Coimbra que só nós sabemos servir.
Celebramos o estrelato internacional deste podcast absolutamente essencial à sobrevivência cultural de Coimbra, com ouvintes da Noruega ao Vietname (a sério, isto está a virar culto).
Revisitamos uma tragédia em plena Praça da República onde os bombeiros confundiram demonstração com imolação, debatemos o verdadeiro escândalo nacional — croquetes com mostarda, sim ou não — e terminamos de copo na mão no Praxis Beer Fest, onde Coimbra tenta recuperar o que perdeu há séculos: o título de capital… da jola.
De caracóis com fino à memória dos carrinhos de choque dos Olivais, passando por rivalidades basquetebolistas e ontologias escolares sobre furos e feriados, este episódio é um tributo ao calor, ao bairro e ao petisco. Falamos de moluscos, revisitamos a lenda das basquetebolistas de Coimbra e teorizamos sobre as subtilezas do horário letivo. Tudo com a classe de sempre e uma pitada de nostalgia açucarada — cortesia das farturas da Tânia.
Neste quinto episódio de Make Celas Great Again, dissecamos o investimento camarário no concerto dos Guns N’ Roses: 450 mil euros que afinal não são 450 mil euros, mas também não são trocos. Falamos ainda do famoso Jardim da Sereia, que deve o nome a um tritão decapitado — uma confusão mitológica bem à moda de Coimbra. Passamos pela delicada arte de usar “à beira” sem acabar na Estrada da Beira, e fechamos com o Rock dos Romanos, o festival que já enfrentou ciclones, pandemias e duetos inesperados — tudo isto em Condeixa, essa grande metrópole.
Neste episódio: a eterna rivalidade entre as praias fluviais de Coimbra — Rebolim, com betos e bar, versus Zorro, com caracóis e alma popular. Recordamos Jorge Humberto, o académico que trocou a República pela Serie A, muito antes de Cristiano Ronaldo pensar em gel. Fazemos leitura semi-crítica do cartaz da Queima (spoiler: Natasha Bedingfield ressuscitou), elogiamos ainda o disco Crocodildo só pelo nome e, por fim, esclarecemos o que só a gramática e a má educação ainda confundem: "anteontem" não é o mesmo que "antes de ontem", seus bárbaros.
Neste terceiro episódio de Make Celas Great Again, Filipe Luís e Carlos Alves trocam bisturis verbais sobre helicópteros de transplantes (voam? não voam?), catacumbas que não são catacumbas, e ursos de relva sintética com mais vidas que um gato. Pelo meio, descobrimos o glorioso passado etimológico do “jacó” (não, não é um primo do Ecoponto) e mergulhamos no salatino espírito de uma Coimbra que ainda sabe de onde vem — mesmo que não saiba bem para onde vai. Um episódio que vale por três túneis, dois fígados e um Tesla em segunda fila.