As 'categorias', enquanto ferramentas conceptuais que utilizamos para organizar e dar sentido à realidade, fornecem estrutura e clareza ao discurso teológico: reflectem as tentativas humanas para articular o divino, muito embora, em última análise, se revelem insuficientes para apreender completamente o mistério de Deus.
A 'forma' representa os meios por intermédio dos quais as realidades divinas se manifestam e se tornam tangíveis no mundo. A 'forma' litúrgica é disso um bom exemplo: o ritual e o símbolo incorporam o transcendente ao mesmo tempo que convidam à participação no mistério de Deus; permitem um encontro tangível com o divino, mas gesticulam sempre para além de si mesmos, apontando para uma realidade que ultrapassa a compreensão humana. A forma não pode ser, por isso mesmo, estática, mas dinâmica, relacional e transformadora.
O que fazer, porém, quando uma 'forma' se absolutiza e sobrepõe a sua linguagem ao dinamismo da realidade? O que fazer quando a razão mais profunda dos gestos, das palavras, das convenções, das sensibilidades e dos códigos nos é alheia e impede de viver autenticamente o Evangelho?
Não continuaremos nós, a sessenta anos do Vaticano II, a pensar de acordo com a forma tridentina?
Eis uma boa conversa com o pe. José Frazão Correia, sj sobre Categorias e Formas, mudanças e inquietações, sobre a necessidade, enfim, de pensarmos a nossa fé a partir das categorias de quem nos escuta.
Um podcast da Capela de Santa Marta (Lisboa), com a assinatura de Paulo Ramos.
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© Pascal Comelade, El Pianista del Antifaz (Because Music, 2013) – Spinoza Was a Soul Garagist.
Nados e criados à sombra cultural da Coluna de Trajano, esquecemos com facilidade que, nos primeiros séculos, a teologia era selvagem, o storytelling teatral e a sátira mais acutilante do que um gládio romano: foi em grego que as palavras do Evangelho nasceram, fluíram e, procurando uma nova forma de dizer, se estruturaram. Foi muito depois da profética ousadia de Paulo que o Cristianismo se tornou verdadeiramente mediterrâneo. A luz de Damasco é, de facto, muito dura.
Entre hagiografias, paródias e paráfrases, desvelaremos desta vez uma perspetiva única sobre o panorama espiritual e literário do cristianismo dos primeiros séculos.
Bónus? Seremos acompanhados por Fotini Hadjittofi, distinta compatriota de Barnabé.
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© Pascal Comelade, El Pianista del Antifaz (Because Music, 2013) – Spinoza Was a Soul Garagist.
O perdão, na sua essência, é um ato de graça — uma dádiva de reconciliação diante da transgressão: promete libertação, não apenas para o infractor, mas sobretudo para a vítima, vergada pelo peso do ressentimento ou da tristeza. Por trás desta aparente simplicidade, no entanto, palpita um profundo paradoxo, pois o perdão, enquanto acto absoluto e incondicional, parece impossível.
No cerne da impossibilidade do perdão, jaz a irreversibilidade do dano. Perdoar não significa elidir, mas testemunhar aquilo que foi feito — aquele erro que alterou permanentemente a existência. O tempo não cura feridas; cobre-as com sedimentos de memória. A cicatriz permanece e, com ela, o lembrete de que o passado não pode ser desfeito. O perdão, portanto, não absolve; apenas nos permite coexistir com uma realidade imutável.
Como pode, então, alguém perdoar um acto que recompôs totalmente os contornos da sua vida? A própria ideia de perdão parece frágil diante da permanência inflexível de certos danos.
Será o perdão uma vertigem, um salto? Atracção pelo abismo ou mergulho? Atiramo-nos juntos? Deixem as braçadeiras em casa e saltemos, pois, para as águas fundas do perdão... Tentaremos umas braçadas em mar alto, sob o olhar vigilante da Sónia Monteiro, com quem – por entre sandálias e o Pequod, amputações e Jankélévitch – tentaremos perceber, chegando ao areal, a que sabem as alfarrobas dos porcos.
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O perdão, na sua essência, é um ato de graça — uma dádiva de reconciliação diante da transgressão. Promete libertação, não apenas para o infractor, mas sobretudo para a vítima, sobrecarregada pelo peso do ressentimento ou da tristeza. Por trás da sua aparente simplicidade, no entanto, palpita um profundo paradoxo: o perdão, enquanto acto absoluto e incondicional, parece impossível.
No cerne da impossibilidade do perdão palpita a irreversibilidade do dano. Perdoar não significa apagar, mas testemunhar o que foi feito — um erro que altera permanentemente a existência. O tempo não cura feridas; limita-se a cobri-las com sedimentos de memória. A cicatriz permanece, e com ela, o lembrete de que o passado não pode ser desfeito. O perdão, portanto, não absolve; apenas coexiste com uma realidade imutável.
Como pode, então, alguém perdoar um ato que remodelou fundamentalmente os contornos de uma vida? A própria ideia de perdão parece frágil diante da permanência inflexível de certos danos.
Será o perdão uma vertigem ou um salto? Atracção pelo abismo ou um mergulho? Para aprofundar estas questões nada como, no dia 24 de Maio, às 15h, aparecer na Capela de Santa Marta e partilhar a presença da Sónia Monteiro, com quem - por entre sandálias, baleeiros, amputações e regressos - tentaremos perceber a que sabem as alfarrobas dos porcos.
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Que gestos fazem os apóstolos?
E haverá porventura gestos capazes de gerar apóstolos?
E que género de narrativa – épica? naturalista? realista? – poderia algum dia fazer justiça a um grupo desconchavado de pescadores e cobradores de impostos a braços com línguas de fogo antes ainda da hora terça?
Descobrimos as delícias de um narrador destro com prólogos e inábil com epílogos; entusiásticas pregações nocturnas que levam jovens a cair do terceiro andar; terramotos e discípulos tirados à sorte, e umas quantas épicas fugas da prisão enquanto se perora sobre a universalidade da salvação. De tudo isto se faz o livro dos Actos dos Apóstolos, e de tudo isto o Paulo Ramos conversa com o pe. Rui Santiago, missionário redentorista da Comunidade da Firmeza, do Porto. Pelo caminho, fala-se também sobre mãos, figueiras que afinal não se cortam já (apenas no ano seguinte, ou então apenas no outro, ou então nunca), sobre El Greco, sobre o facto de a Boa Nova – como qualquer grande história – exigir um extraordinário narrador, e sobre mais uns quantos azulejos fora do sítio.
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«Brincar diante de Deus» (Romano Guardini)
O que é a liturgia? Um gesto, uma cor, uma prescrição? Um símbolo, uma experiência, um hábito?
Recebemos o padre João Norton, jesuíta, arquitecto e professor de Estética e Espiritualidade, e aproveitámos a sua experiência para descobrir um pouco mais o que é isso de tirar as sandálias diante da sarça, de sermos corpo místico e de realizar determinados gestos em memória de Mim. Conversámos sobre a beleza e a transcendência, sobre a luz e o despojamento e sobre a forma como o espaço pode determinar a oração e a nossa experiência de comunhão e de fé.
O que é afinal a liturgia? Uma tradição? Um destino?
Pelo caminho, falaremos de lume e Guardini, de pórticos e Corita Kent, de altares e de mais uns quantos azulejos fora do sítio.
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