
As 'categorias', enquanto ferramentas conceptuais que utilizamos para organizar e dar sentido à realidade, fornecem estrutura e clareza ao discurso teológico: reflectem as tentativas humanas para articular o divino, muito embora, em última análise, se revelem insuficientes para apreender completamente o mistério de Deus.
A 'forma' representa os meios por intermédio dos quais as realidades divinas se manifestam e se tornam tangíveis no mundo. A 'forma' litúrgica é disso um bom exemplo: o ritual e o símbolo incorporam o transcendente ao mesmo tempo que convidam à participação no mistério de Deus; permitem um encontro tangível com o divino, mas gesticulam sempre para além de si mesmos, apontando para uma realidade que ultrapassa a compreensão humana. A forma não pode ser, por isso mesmo, estática, mas dinâmica, relacional e transformadora.
O que fazer, porém, quando uma 'forma' se absolutiza e sobrepõe a sua linguagem ao dinamismo da realidade? O que fazer quando a razão mais profunda dos gestos, das palavras, das convenções, das sensibilidades e dos códigos nos é alheia e impede de viver autenticamente o Evangelho?
Não continuaremos nós, a sessenta anos do Vaticano II, a pensar de acordo com a forma tridentina?
Eis uma boa conversa com o pe. José Frazão Correia, sj sobre Categorias e Formas, mudanças e inquietações, sobre a necessidade, enfim, de pensarmos a nossa fé a partir das categorias de quem nos escuta.
Um podcast da Capela de Santa Marta (Lisboa), com a assinatura de Paulo Ramos.
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© Pascal Comelade, El Pianista del Antifaz (Because Music, 2013) – Spinoza Was a Soul Garagist.