
Que gestos fazem os apóstolos?
E haverá porventura gestos capazes de gerar apóstolos?
E que género de narrativa – épica? naturalista? realista? – poderia algum dia fazer justiça a um grupo desconchavado de pescadores e cobradores de impostos a braços com línguas de fogo antes ainda da hora terça?
Descobrimos as delícias de um narrador destro com prólogos e inábil com epílogos; entusiásticas pregações nocturnas que levam jovens a cair do terceiro andar; terramotos e discípulos tirados à sorte, e umas quantas épicas fugas da prisão enquanto se perora sobre a universalidade da salvação. De tudo isto se faz o livro dos Actos dos Apóstolos, e de tudo isto o Paulo Ramos conversa com o pe. Rui Santiago, missionário redentorista da Comunidade da Firmeza, do Porto. Pelo caminho, fala-se também sobre mãos, figueiras que afinal não se cortam já (apenas no ano seguinte, ou então apenas no outro, ou então nunca), sobre El Greco, sobre o facto de a Boa Nova – como qualquer grande história – exigir um extraordinário narrador, e sobre mais uns quantos azulejos fora do sítio.
Um podcast da Capela de Santa Marta (Lisboa), com a assinatura de Paulo Ramos.
Siga-nos no canal WhatsApp e no instagram.
© Pascal Comelade, El Pianista del Antifaz (Because Music, 2013) – Spinoza Was a Soul Garagist.