Logo após à implantação da República, ainda no fervor da mudança, o bolo-rei passou a ser chamado de bolo-presidente. Mas o novo nome não pegou, ao contrário do regime. Os presidentes não lhe parecem guardar, no entanto, qualquer rancor: jamais esqueceremos a forma sôfrega como Cavaco Silva comeu meio bolo-rei para evitar responder a perguntas dos jornalistas.
Outrora soberano incontestado da mesa natalícia, o bolo-rei tem caído na hierarquia de preferências, sobretudo entre as novas gerações. Talvez por isso a concorrência esteja a crescer de ano para ano: o bolo-rainha ameaça o seu patriarcado, o panettone é o invasor estrangeiro. Continua, porém, a ter defensores fervorosos, como a @catarinaluismoura, que aqui lhe faz guarda de honra perante os ataques dos seus companheiros de painel: @instagrunho, @kidabril e @bernardoagrela.
Hoje é dia de reis, o último da quadra natalícia – dia de devolver a árvore à arrecadação, de dar descanso aos trabalhadores do presépio e de comer uma fatia do bolo que, desgraçadamente, já não traz fava nem brinde. É, também, o dia do último episódio desta série especial de O Nosso Conceito É a Partilha. Se tudo correr bem, voltaremos com mais temas. Se tudo correr mal, voltaremos para nos queixar. Até lá.
Se começarem a ouvir este episódio às 23:25 de 31 de dezembro de 2023, vão entrar no ano novo a ouvir o jingle que o grande artista @mikeelnite gentil e talentosamente criou para esta temporada especial. Haverá formas melhores de entrar no ano novo? Talvez, mas esta é de borla.
Neste penúltimo episódio da série de ONCEAP – isto dá uma péssima sigla –dedicada às festas, @catarinaluismoura, @instagrunho, @kidabril e @bernardoagrela não revelam o seu best of de comidas em 2023 nem fazem as suas apostas para as tendências gastronómicas do próximo ano. Em vez disso, falam sobre menus de reveillón, tascas, bitoques, trazem à antena uma velha glória do futebol português, autor da receita desempoeirada desta semana, e aproveitam para desejar a todos os ouvintes, até aos que deixam os episódios a meio, um feliz ano novo.
Neste episódio especial desta temporada especial dedicada a esta quadra especial, @catarinaluismoura, @instagrunho, @kidabril e @bernardoagrela partilham opiniões especiais sobre essa ocasião especial de celebração e partilha, à mesa, das especialidades natalícias – a consoada. E fazem-no nesta data especial em forma de presente especial para todos ouvintes especiais deste podcast especial a quem desejam um feliz e especial Natal.
Este episódio contém a seguinte frase: "Lili Caneças antes do peeling era uma rabanada com dois dias. Dourada, mas enrugadinha."
A razão da existência de "O Nosso Conceito é a Partilha" são soundbites deste calibre. A dos exaustores de fogão é, provavelmente, o Natal, esse óleo can eat de sobremesas.
Filhoses, rabanadas, sonhos, bilharacos, coscorões, azevias e borrachos: todos fazem depender a sua existência e reputação de um banho bem quente de imersão na fritadeira.
Nesta época tão exigente para escumadeiras, filtros de exaustor e HDL, o chamado bom colesterol, @catarinaluismoura, @instagrunho, @kidabril e @bernardoagrela sentam-se a uma mesa (infelizmente desprovida de fritos) para discutir o interior dos sonhos, o recheio das azevias ou a ascensão gourmet da rabanada.
Sempre, claro, com a elevação que lhes é internacionalmente reconhecida pelas estatísticas, que acusa ouvintes deste podcast em paragens tão distantes como o Japão, Finlândia e Costa Rica, entre outros membros da OCDE.
Uma mesa de Natal quer-se farta. A fartura traz inúmeras vantagens. A começar pela mais óbvia: opções para todos os gostos, dietas e restrições, numa refeição que está longe de ser um sprint — em muitos casos, é mais 3000 metros obstáculos do que maratona.
Uma mesa farta permite que se coma mais e fale menos, o que é de louvar, tendo em conta as últimas sondagens para as eleições de 10 de março.
Não menos importante: uma mesa farta, repleta, onde mal sobre espaço para pousar os talheres impede que a tia que fez um curso de arranjos florais na Junta de Freguesia possa querer demonstrar o que aprendeu. “Não há espaço, tia. Fica para o ano.”
Portanto, e no espírito da época, em princípio todos os alimentos são bem-vindos à mesa natalícia. Onde é que traçamos o nosso limite? Talvez naquelas sobremesas que ninguém percebe muito bem a razão de serem: o tronco de Natal e a lampreia de ovos.
Neste terceiro episódio desta temporada natalícia, @catarinaluismoura, @kidabril, @bernardoagrela e @instagrunho trocam argumentos contra e a favor destes outsiders da pastelaria de época. No final, ganha o ouvinte. Como sempre.
Pai Natal ou Menino Jesus? Popota ou Leopoldina? Assalto ao Arranha-Céus ou Sozinho em Casa? Polvo ou Bacalhau?
O Natal é uma época de paz e aletria – alegria também, depois do terceiro copo –, mas traz consigo muitos dilemas. Não podendo resolver todos eles de uma vez, vamos hoje debruçar-nos sobre este último: será legítimo para uma família sem raízes nortenhas ou açorianas optar pelo polvo como prato principal da Consoada? Ou será essa uma apropriação cultural indesculpável em 2023?
Fiquem com as opiniões de @catarinaluismoura, @bernardoagrela, @kidabril e @instagrunho sobre este tema quente, como se quer tudo o que vai para a mesa de Natal. Menos o que é suposto ir frio.
Somos pela sazonalidade. Assim, a pedido de muitas famílias e porque esta é a época delas – e da partilha – decidimos voltar.
Em formato calendário do advento, porém semanal porque temos vidas ocupadas, vamos trazer para a mesa os assuntos mais fraturantes de outra mesa, a de Natal.
Neste primeiro episódio, em homenagem a todos aqueles que nos enviam mensagens a pedir sugestões de restaurantes para jantares de grupo natalícios, debruçamo-nos sobre o tema.
Estão preparados para a época do ano em que se tem de aturar muita gente ao mesmo tempo? Comecem por aturar estes quatro.
Um podcast de @catarinaluismoura, @instagrunho, @kidabril e @bernardoagrela.
Uma frase de @_epicidade_
Um jingle de @mikeelnite
Há quem se aflija com os robôs, que vão substituir a mão humana e acabar com empregos. É conversa para atirar areia aos olhos e ocultar a grande ameaça a milhares de postos de trabalho: o bife na pedra. Ele rouba trabalho aos artistas, porque transportar o naco e a sua pedra quente é uma arte. Fecha restaurantes paleo, porque 300g de novilho à frente do freguês é a melhor definição da refeição pré-histórica. Extingue cozinheiros, e nem é preciso explicar porquê. Para os que não deixam o ponto da sua carne nas mãos de outrem e para os que gostam de receber o fumo do grelhado no bigode como quem se vaporiza com o melhor Chanel n°5, hoje tiramos a carne do assador e pomo-la na pedra.
Podemos até amá-lo e respeitá-lo, na fartura de uma montra de sobremesas ou na solidão da terceira prateleira de um combinado Frigelo, mas temos de reconhecê-lo: o seu nome é um embuste, um paradoxo irresolúvel. Falamos do tema do próximo episódio: o doce da casa, que nunca é de uma casa mas antes de todas. Ou quase nunca — as excepções são tão raras que só servem para confirmar a regra. Urge, por isso, encontrar uma explicação onde ela não existe para este batismo tão desapropriado. Propomos duas, escolham a que mais vos aprouver.
- O Doce da Casa nasce em 1953 na Casa de Fados A Parreirinha de Alfama, pela mão de Argentina Santos, fadista, cozinheira e proprietária do estabelecimento. Por ser a última a entrar em palco todas as noites, já no final da refeição dos clientes, Argentina decide inventar uma sobremesa fajuta que não lhe roube o protagonismo. O tiro sai-lhe pela culatra: as colheres a bater nas taças tornam-se ruído de fundo habitual nas suas atuações. Porém, o negócio prospera e outras casas de fado e restaurantes copiam-lhe a receita. O Doce da Casa da Argentina perde o nome da fadista e esta, que não registara a patente, decide que nunca mais fará sobremesas com leite condensado.
- O Doce da Casa nasce em 1953 pela mão de Ramalho Eanes. Acabado de atingir a maioridade, começa a frequentar restaurantes e tascas onde exige sempre, com a sua postura militar, que lhe seja servido o único doce que está disposto a comer, receita da sua casa: leite condensado, natas batidas, bolacha-maria e, em dias de festa, raspas de chocolate. Nos primeiros anos, Eanes vê-se obrigado a saltar a sobremesa, mas conforme vai ganhando o respeito da nação, o seu pedido começa a ser satisfeito. O Doce da Casa do General Eanes transforma-se, primeiro, no Doce da Casa do General e, à medida que Eanes se torna uma figura unânime em todo o país, a receita generaliza-se e abrevia-se no nome: Doce da Casa.
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O croquet é uma invenção de aristocratas entediados que consiste, resumidamente, em golpear pequenos esféricos através de arcos. Podíamos dedicar-lhe um episódio deste podcast? Podíamos, porque possuímos vasto conhecimento sobre todas as matérias, incluindo essa, e, como bem sabeis, o nosso conceito é a partilha. Preferimos, no entanto, abordar o seu parente gastronómico: o croquete. Qual figura pública envelhecida, tem-se sujeitado nos últimos tempos a operações de estética que o arredondaram. De repente, montou-se uma cabala contra o velho e bom croquete em cilindro. Mas será um croquete em esfera realmente um croquete? Ou será apenas e só uma bola de croquet comestível? O mundo precisa de respostas a estas perguntas.
Desde o século XIII que se discute por causa de maionese.
Franceses e espanhóis discutiram a glória da descoberta. Puristas discutem com batoteiros que a fazem com ovos inteiros na varinha, encurtando toda uma dança laboriosa de varas de arame e uma taça com Parkinson. Famílias discutem se usar maionese de compra é uma heresia sem desculpa ou um atalho perdoado pela correria dos dias de hoje.
Ora, estes quatro marujos também gostam de uma boa discussão. Vai daí, investiram 20 preciosos minutos da sua vida a discutir a legitimidade do uso da marota em pratos quentes. Gratinar maionese deveria ser crime punido por lei? Ou foi um erro que pegou há demasiados anos e que, por isso, citando o célebre juiz Rosa "já prescreveu"? As respostas surgirão no sítio do costume, no dia do costume, à hora do costume.
Já dizia Maria de Lourdes Modesto: “Em Portugal frita-se que é uma maravilha.”
Frita, pois. Mas nem sempre apetece fritar. No nosso caso nunca por razões de saúde, mas antes porque suja e dá trabalho que pode não se justificar. Sobretudo quando o frito em questão não é o actor principal, mas sim o secundário. É o que acontece em “Bacalhau à Brás”, essa obra clássica tão amada, celebrada e servida em mesas de casa e restaurante por esse país fora. O que nos leva à questão fracturante: será que um Bacalhau à Brás continua a ser legítimo se for confeccionado com batatas de pacote? Ou perde, de imediato, toda a sua sensualidade e honestidade? Continua a ser um Bacalhau à Brás? Ou passa a ser um Bacalhau à moda de Brás? Um Bacalhau Abraseado? Acreditamos que a humanidade foi colocada neste lindo planeta, cheio de recursos naturais para os esgotar, criar e discutir questões profundas como estas. É o que faremos.
Nenhum dos intervenientes neste podcast é doutorado em picanha. Mas só porque não lhes foi apresentada essa possibilidade durante os respectivos — e brilhantes, acrescente-se — percursos académicos. Não é preciso, no entanto, um doutoramento, nem tão pouco um mestrado, licenciatura ou sequer um certificado impresso no verso da convocatória para a última reunião do condomínio para encarar com enorme apreensão o crescente hábito de alguns estabelecimentos em cozinhar e servir a picanha já fatiada. Finamente, ainda por cima. A epidemia da picanha-fiambre, chamemos-lhe assim, tem vindo a alastrar-se perigosamente pelas churrasqueiras de Norte a Sul, e contribuiu para o nascimento do neologismo “picanharia”, um tipo de negócio em que alguns enchem o estômago enquanto outros se enchem de vergonha. Quem é quem nesta discussão?
"O drama, o horror..." Reza a lenda que a expressão celebrizada por Artur Albarran em "Imagens Reais" lhe terá ocorrido em plena redação da SIC, quando após uma longa noite de trabalho na preparação da estreia, Albarran propôs pedir pizzas para toda a equipa e alguém sugeriu a de bacon e ananás, vulgo havaiana. "O drama, o horror..." terá exclamado Albarran, um homem vivido, de bom gosto, que trabalhara em Inglaterra, nos Estados Unidos e no Brasil e fora ainda uma das primeiras celebridades nacionais a submeter-se a um implante capilar, ainda que bastante mal-implantado. Passaram, entretanto, 25 anos desse momento. Continuará a fazer sentido usar a célebre expressão albarraniana sempre que se fala em ananás na pizza? Não será mais produtivo punir com pena de morte as pessoas que deixam as bordas no prato?
Um podcast de @instagrunho , @catarinaluismoura , @bernardoagrela e @kidabril
Uma frase de @notfromdeadcombo
Um jingle de @mikeelnite
Uma travessa de cozido é como uma reunião familiar. Um batizado. Vão direitos aos vossos pais, a razão primordial para estarem aqui. Gostam deles, são confiáveis, sempre um afago. Procuram os primos com quem cresceram, que vos fazem gargalhar e contam histórias inesperadas, saborosas — percebem que comparecer não foi um erro. Os vossos avós forram-vos o estômago com carinho, recordando os momentos de quando eram jovens marotos. Também há uma maralha de gente dispensável, que só está aqui para que vocês possam refletir sobre o que é que aquela gente faz aqui. No meio de tudo isto, ao fundo da sala, está um tio, que até pode parecer meio perdido. Nesta travessa de cozido o tio é o nabo. Vocês definem-se pela resposta à pergunta: como vão abordar o Tio Nabo?
Um podcast de @instagrunho , @catarinaluismoura , @bernardoagrela e @kidabril
Uma frase de @notfromdeadcombo
Um jingle de @mikeelnite