
Já dizia Maria de Lourdes Modesto: “Em Portugal frita-se que é uma maravilha.”
Frita, pois. Mas nem sempre apetece fritar. No nosso caso nunca por razões de saúde, mas antes porque suja e dá trabalho que pode não se justificar. Sobretudo quando o frito em questão não é o actor principal, mas sim o secundário. É o que acontece em “Bacalhau à Brás”, essa obra clássica tão amada, celebrada e servida em mesas de casa e restaurante por esse país fora. O que nos leva à questão fracturante: será que um Bacalhau à Brás continua a ser legítimo se for confeccionado com batatas de pacote? Ou perde, de imediato, toda a sua sensualidade e honestidade? Continua a ser um Bacalhau à Brás? Ou passa a ser um Bacalhau à moda de Brás? Um Bacalhau Abraseado? Acreditamos que a humanidade foi colocada neste lindo planeta, cheio de recursos naturais para os esgotar, criar e discutir questões profundas como estas. É o que faremos.