O poema "O invólucro", escrito por Elizabeth Gontijo, foi publicado no livro "De um segredo" (1999). Voz e interpretação de Rebecca Monteiro.
O invólucro
Da palavra
o verso.
Do vinho
o cálice.
Do Sonho
uma fronha.
Faça abraço
o leito.
Do gesto
o corpo.
Da busca
o tempo.
Do tempo
nossa alma
in contida.
.................................................. ......
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Apresentação: Fernanda Valim
Coordenação Geral: Fernanda Valim
Vice-Coordenação: Gustavo Rückert
Arte: Rebecca Monteiro
Apoio: Cristina Forli, Rebecca Monteiro, Carolina Ansani, Léia Pierucci, Laís Olivato, Lilian Godoy, Ana Paula Nogueira Nunes, Yasmin Moreira, Ana Clara Marques, Lara Rodrigues, Victor Benfica, Cleonice Lopes, Taíza da Silva, Jáliton Ferreira, Caroline Azevedo .
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Produção: LAC - Grupo de Pesquisa em Literatura, Arte e Cultura (CNPq / UFVJM)
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O poema "Casamento", escrito por Adélia Prado, integra o livro "Terra de Santa Cruz" (1981). Voz e interpretação de Maria Gorete.
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos à
primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
.................................................. ......
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O poema "Mãos", escrito por Ana Martins Marques, foi publicado no livro "Da arte das armadilhas" (2011), pela Editora "Companhia das Letras". Voz e interpretação de Rebecca Monteiro.
Mãos
Separadas
pelo corpo
côncavas
cordatas
ásperas do contato
excessivo
com o mundo
agarram-se às coisas
soltas
agarram-se umas
às outras
*
Vagavam
vazias
vasculhando
vastas superfícies
ou esquecidas
sobre sítios
tristes
Até que chegaram
as suas
*
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O poema "Retrato", escrito por Cecília Meireles, foi publicado no livro "Retrato Natural" (1949). Voz e interpretação de Taiza Silva.
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
........................................................
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O poema "Mulher", escrito por Elizabeth Gontijo, foi publicado no livro "De um segredo" (1999), pela Editora "Sete Letras". Voz e interpretação de Rebecca Monteiro.
Mulher
Não sou presa garantida
nem ave abatida.
.......................................
Beijo o portal do teu corpo
deito em tua palma
e, quando revejo teus olhos,
digo: saudade.
.......................................
Não sou presa garantida
nem ave abatida.
Sou além:
memória de muitos voos.
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O poema "Entre parentes", de Elizabeth Gontijo, foi publicado no livro "De amoras e outras" (1993), pela Editora "Sete Letras". Voz e interpretação neste episódio: Rebecca Monteiro.
Entre parentes
Nomeio:
João mineiro inteiro.
Mariana caule de densas raízes.
Beatriz suporte de cachos dourados.
Joana certeza de água e acenos.
No meio:
Elizabeth meio triste
meio alegre
entre parênteses.
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O poema "A vida na hora", de Wisława Szymborska, foi publicado no livro Poemas. Voz e interpretação de Valéria Pena.
A vida na hora
A vida na hora.
Cena sem ensaio.
Corpo sem medida.
Cabeça sem reflexão.
Não sei o papel que desempenho.
Só sei que é meu, impermutável.
De que trata a peça
devo adivinhar já em cena.
Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismo.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis.
Não dá para retirar as palavras e os reflexos,
inacabada a contagem das estrelas,
o caráter como o casaco às pressas abotoado
eis os efeitos deploráveis desta urgência.
Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira antes
ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez!
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não
conheço.
Isso é justo — pergunto
(com a voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).
É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz.
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O poema "Ontologia", escrito por Dheyne de Souza, foi publicado no livro lâminas (2020), pela editora Martelo Casa Editorial.
ontologia
o que é isso que a vida
tem feito conosco
passam-se os anos
fincam-se as farpas
o que é isso que o tempo
crava na pele
enrugando a coragem
constipando a voz
o que é isso que a gente
tem permitido
jazigos de sonho
esses nossos co
pos
o que é isso amigo
você está longe
aonde foi que embarcamos
ou
o que é isso que há
feito fumos lúcidos
tragamos
o que mais podemos
o que é
escute
não olhe no espelho
em que ponto da rua
nos
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O poema "Ensinamento", de Adélia Prado, integra o livro Bagagem (1976). Voz e interpretação de Maria Gorete.
Ensinamento
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água
quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
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O poema "Na balança de deus", de autoria da poeta moçambicana Sónia Sultuane, foi publicado no livro Roda das encarnações (2016), pela editora Kapulana. Voz e declamação da própria escritora.
Na balança de Deus
O meu olfacto reconhece ao longe
as raízes sanguíneas a que pertenço,
todas essas almas que comigo se cruzam
guardam os aromas do tempo
quem me dera que os corpos mortos
num breve sopro, me pudessem
contar que também para lá da morte
todos os momentos que não partilhamos,
todas as coisas que não dissemos
teremos a oportunidade de fazê-lo
com a mesma intensidade com que aqui fizemos
que a carne apodrece mas os sentimentos
esses são eternos,
que a matéria é uma triste ilusão
é a oportunidade de reencarnarmos
mesmo eu não tendo outro sentir, se não este que conheço
afinal toda a vida vale a pena ser vivida,
pois faz parte do nosso karma
para quando regressarmos, sentados na balança de Deus,
o nosso coração seja pesado com as medidas justas,
e possa ficar equilibrado entre o amor e o perdão.
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O poema "A invenção de um modo", de Adélia Prado, foi publicado no livro Bagagem (1993) pela editora Siciliano. Voz e interpertação de Rebecca Monteiro.
A invenção de um modo
Entre paciência e fama quero as duas,
pra envelhecer vergada de motivos.
Imito o andar das velhas de cadeiras duras
e se me surpreendem, explico cheia de verdade:
tô ensaiando. Ninguém acredita
e eu ganho uma hora de juventude.
Quis fazer uma saia longa pra ficar em casa,
a menina disse: "Ora, isso é pras mulheres de São Paulo"
Fico entre montanhas,
entre guarda e vã,
entre branco e branco,
lentes pra proteger de reverberações.
Explicação é para o corpo do morto,
de sua alma eu sei.
Estátua na Igreja e Praça
quero extremada as duas.
Por isso é que eu prevarico e me apanham chorando,
vendo televisão,
ou tirando sorte com quem vou casar.
Porque que tudo que invento já foi dito
nos dois livros que eu li:
as escrituras de Deus,
as escrituras de João.
Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão.
Em busca de um conceito de relação.
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O "Poemas aos homens de nosso tempo" (XVI), de Hilda Hilst, foi publicado na obra Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (1974), pela editora Massao Ohno. Voz e interpretação de Cleonice Lopes
XVI
Poemas aos homens de nosso tempo
Enquanto faço o verso, tu decerto vives.
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
E o poeta te diz: compra o teu tempo.
Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço o verso, tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas".
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto
Não cabe no meu canto.
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O poema "Implosões", de Adrienne Rich, foi publicado no livro Que tempos são estes e outros poemas (2018) pela Edições Jabuticaba, com tradução de Marcelo F. Lotufo. Voz e interpretação de Fernanda Valim.
IMPLOSÕES
O mundo não
é devasso
só vacilante e selvagem
Eu queria escolher palavras pelas quais até você
seria transformada
Tome a palavra
Do meu pulso, amorosa e comum
Transmita seus sinais, hasteie
suas bandeiras escuras e rabiscadas
mas tome
a minha mão
Todas as guerras são inúteis para os mortos
Minhas mãos estão atadas à corda
e não consigo tocar o sino
Estão congeladas na chave
e não consigo invertê-la
O pé está na roda
Quando tudo acabar e estivermos deitadas
nos restos de flores abrasadas
bocas a fitar, olhos boquiabertos
empoeiradas com macerados blues arteriais
Não terei feito nada
nem mesmo para você?
1968
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O poema "Árvore", de Luisa Godoy, integra o livro Corpo Celeste (2017), publicado pela Crivo Editorial. Voz e interpretação de Rebecca Monteiro.
Árvore
Dentre outras coisas, isto:
uma árvore contém:
O tronco, a ramagem.
A fotossíntese, a verticalidade.
A passagem do tempo, impressa
no tom sazonal da folhagem.
A medida de resistência ao vento
e ao machado.
Se a seiva é sangue ou lágrima.
Se abriga ninhos, casulos,
cigarras enterradas.
O quanto entende a sua sombra
(privilegia o boi ou o girassol).
Quanto dura. Se dá flor. Se fruto.
Que floresta é a sua casa.
Mas olham a árvore
e enxergam somente madeira -
para o papel, o móvel ou a fogueira;
ou para nada, lenha imprestável.
Assim está a mulher:
esta que empenha o seu próprio coração,
exibindo-o inutilmente a seus pares -
plateia, em realidade
que apenas enxerga um par de pernas
e se estão abertas ou fechadas.
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O poema "A vida na hora", de Wisława Szymborska foi publica no lBrasil na coletânea Poemas (2011) pela Companhia das Letras, tradução de Regina Przybycien. Voz e interpretação de Valéria Pena.
A vida na hora
A vida na hora.
Cena sem ensaio.
Corpo sem medida.
Cabeça sem reflexão.
Não sei o papel que desempenho.
Só sei que é meu, impermutável.
De que se trata a peça
devo adivinhar já em cena.
Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismo.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis.
Não dá para retirar as palavras e os reflexos,
inacabada a contagem das estrelas,
o caráter como o casaco às pressas abotoado –
eis os efeitos deploráveis desta urgência.
Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira antes
ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez!
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não conheço.
Isto é justo – pergunto
(com a voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).
É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz.
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O poema, de autoria e declamação da própria poeta, Dheyne de Souza, foi publicado no livro Lâminas (2020) pela martelo casa editorial.
"tem dias que amanheço lembrando que sou forte, que sou ferro e que, se calhar, sou brasa. tem dias que amanheço com aptidão suficiente para gritar pra quem for que aqui na minha ilha não aceito expropriação. que aqui na minha angústia há guelras e já me disseram que aprendi a respirar. que aqui no meu oco eu espero. tem dias que amanheço de prontidão pra qualquer tipo de revolução. tem dias que amanheço líquida, rosa, gauche. tem dias que amanheço com os olhos não baixos. tem dias que não importa a lâmina. tem dias que não me importo com nada porque tudo é absolutamente relativo. tem dias que as notícias as estatísticas os fatos mais graves não me abalam. não abalam a minha f. tem dias que amanheço de olhos secos, alma enxuta, lençóis calmos. que me lembro de molhar as plantas, tomar banho, comer e todas essas atividades que não têm o menor sentido de dentro do túnel. tem dias que são implacavelmente. que amenizam todo e qualquer pavor paz urro. tem dias que são braços fortes. tem dias que olho o arquipélago como se fosse turista. tem dias que reclamo dos preços mas não perco o sono em silêncio. tem dias que eu consigo sair pelo humor. que amanheço de olhos pra fora. de voz equilibrista. de pé. tem dia que não é necessário repetir. não é necessário calar. não é necessário. tem dias que as palavras não cortam, que os medos suportam, que o ar não tem dificuldade de entrar. tem dias que eu não penso em fascismo em horror em socorro. que não corro. tem dias que não são plumas ao relento. tem dias que são só um filme. que são só calma, que pode não vir o pior. tem dias em que parece mentira que já estamos. que vamos. que. tem dias que amanheço uma flor no asfalto. tem dias que falo. tem dias que não me lembro de calar. tem dias que amanheço pra linha de frente. pro cálice. pra resistir até passar. tem dias valentes. muralha. labirinto. que acordo sem frio, que saio sem rumo, que falo sem pensar. tem dias amenos, atentos, isentos. tem dias que não.
tem dias que
os amigos
que andavam nas ruas
tem dias que
o sangue que era de sangue
tem dias
que
os números são só caracteres
valores não
tem dias que o abraço no aperto
entre o oco e o
bate
tem dias que amanheço
tem dias que não"
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A crônica "Bolinhas" , de Clarice Lispector, foi publicada no Jornal do Brasil (09.12.67) e posteriormente republicada no livro A descoberta do Mundo (1984), pela editora Nova Fronteira. Voz e leitura de Ana Clara Marques.
Bolinhas
Não tomo bolinhas. Quero estar alerta, e por mim mesma. Fui convidada para uma festa onde na certa tomavam bolinha e fumavam maconha. Mas minha alerteza me é mais preciosa. Não fui à festa: disseram que eu não conhecia ninguém, mas que todos queriam me conhecer. Pior para mim. Não sou domínio público. E não quero ser olhada. Eu ia ficar calada. Maria Betânia me telefonou, querendo me conhecer. Conheço ou não? Dizem que é delicada. Vou resolver. Dizem que fala muito de como é. Estou fazendo isso? Não quero. Quero ser anônima e íntima. Quero falar sem falar, se é possível. Maria Betânia me conhece dos livros. O Jornal do Brasil me está tornando popular. Ganho rosas. Um dia paro. Para me tornar tornada. Por que escrevo assim? Mas não sou perigosa. E tenho amigos e amigas. Sem falar de minhas irmãs, das quais me aproximo cada vez mais. Estou muito próxima, de um modo geral. É bom e não é bom. É que sinto falta de um silêncio. Eu era silenciosa. E agora me comunico, mesmo sem falar. Mas falta uma coisa. Eu vou tê-la. É uma espécie de liberdade, sem pedir licença a ninguém.
O Literatura e Feminismos é uma produção do LAC
Apresentação: Fernanda Valim
Coordenação Geral: Fernanda Valim
Vice-Coordenação: Gustavo Rückert
Arte: Rebecca Monteiro
Apoio: Cristina Forli, Rebecca Monteiro, Carolina Ansani, Léia Pierucci, Laís Olivato, Lilian Godoy, Ana Paula Nogueira Nunes, Yasmin Moreira, Ana Clara Marques, Lara Rodrigues, Victor Benfica, Cleonice Lopes, Taíza da Silva, Jáliton Ferreira, Caroline Azevedo.
Identidade Visual: Thiago Moura e Rebecca Monteiro
Edição: Fernanda Valim
Divulgação: Amanda Azevedo e Gilenna de Oliveira.
Produção: LAC - Grupo de Pesquisa em Literatura, Arte e Cultura (CNPq/UFVJM)
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A indicação de leitura do reconto do povo maraguá, "Guaruguá, o peixe-boi dos maraguá", foi escrito por Yaguarê Yamã e Lia Minápoty e integra o livro Nós: uma Antologia de Literatura Indígena (2019), da Editora Companhia das Letrinhas. Voz, interpretação e leitura de Léia Pierucci.
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Poema "O Buriti", de Annie de Carvalho, foi publicado na Coletânea Poemas, Poesias e Outras Rimas (2017) pela Scortecci Editora. Voz e interpretação de Carlos André Alves Santos.
Um Buriti embalava-se em meus sonhos,
trazia os ventos da rosa dos ventos
depois ia pôr-se com o sol do solstício de verão.
O Buriti vinha sombrear meus anseios
e seu fruto salivava a minha boca.
Sou fruto do ventre da árvore gigante.
Venho da raiz desassossegada,
da planta que sombreia o mundo
E se transforma em revoada…
Buriti fazedor das fantasias
tuas mãos nativas libertam
e tatuam epifanias…
Buriti tatuador da poesia!
Cria horizontes escarlates
com as tintas dos paradigmas.
Sou tua nova semente;
fecunda-me... toda
a substância dos teus enigmas.
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Poema "Still I rise", de Maya Angelou, da obra And Still I Rise (1978), editora Random House.
Seguido pela versão em português do poema "Ainda assim, eu me levanto", de Maya Angelou. Tradução de Mauro Catopodis, no blog Vinte Cultura e Sociedade (2014). Disponível em: https://vinteculturaesociedade.wordpress.com/2014/02/15/still-rise-de-maya-angelou-em-duas-traducoes/.
Still I Rise / Ainda Assim Eu Me Levanto
You may write me down in history. / Você pode me inscrever na História
With your bitter, twisted lies, / Com as mentiras amargas que contar,
You may trod me in the very dirt. / Você pode me arrastar no pó
But still, like dust, I’ll rise. / Mas ainda assim, como o pó, eu vou me levantar.
Does my sassiness upset you? / Minha elegância o perturba?
Why are you beset with gloom? / Por que você afunda no pesar?
’Cause I walk like I’ve got oil wells. / Porque eu ando como se eu tivesse poços de petróleo
Pumping in my living room. / Jorrando em minha sala de estar.
Just like moons and like suns, / Assim como lua e o sol,
With the certainty of tides, / Com a certeza das ondas do mar
Just like hopes springing high, / Como se ergue a esperança
Still I’ll rise. / Ainda assim, eu me levanto
Did you want to see me broken? / Você queria me ver abatida?
Bowed head and lowered eyes? / Cabeça baixa, olhar caído?
Shoulders falling down like teardrops, / Ombros curvados com lágrimas
Weakened by my soulful cries? / Com a alma a gritar enfraquecida?
Does my haughtiness offend you? / Minha altivez o ofende?
Don’t you take it awful hard / Não leve isso tão a mal,
’Cause I laugh like I’ve got gold mines / Porque eu rio como se eu tivesse
Diggin’ in my own backyard. / Minas de ouro no meu quintal.
You may shoot me with your words, / Você pode me fuzilar com suas palavras,
You may cut me with your eyes, / E me cortar com o seu olhar
You may kill me with your hatefulness, / Você pode me matar com o seu ódio,
But still, like air, I’ll rise. / Mas assim, como o ar, eu vou me levantar
Does my sexiness upset you?
Does it come as a surprise
That I dance like I’ve got diamonds
At the meeting of my thighs?
Out of the huts of history’s shame
I rise
Up from a past that’s rooted in pain
I rise
I’m a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.
Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that’s wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise.