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Pergunta Simples
Jorge Correia
100 episodes
4 hours ago
O Pergunta Simples é um podcast sobre comunicação. Sobre os dilemas da comunicação. Subscreva gratuitamente e ouça no seu telemóvel de forma automática: https://perguntasimples.com/subscrever/ Para todos os que querem aprender a comunicar melhor. Para si que quer aprender algo mais sobre quem pratica bem a arte de comunicar. Ouço pessoas falar do nosso mundo. De sociedade, política, economia, saúde e educação.
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O Pergunta Simples é um podcast sobre comunicação. Sobre os dilemas da comunicação. Subscreva gratuitamente e ouça no seu telemóvel de forma automática: https://perguntasimples.com/subscrever/ Para todos os que querem aprender a comunicar melhor. Para si que quer aprender algo mais sobre quem pratica bem a arte de comunicar. Ouço pessoas falar do nosso mundo. De sociedade, política, economia, saúde e educação.
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Episodes (20/100)
Pergunta Simples
Como fazer rir? Gabriela Barros [ESSENCIAL]
4 days ago
46 minutes 33 seconds

Pergunta Simples
O humor pode salvar-nos? Nuno Markl [ESSENCIAL]
1 week ago
57 minutes 38 seconds

Pergunta Simples
Como praticar a arte da escuta? Júlio Machado Vaz [ESSENCIAL]


https://youtu.be/QGvxoyWP_d4?si=gG1ohpp8Iuj5hvqK










Ouvir é o mesmo que escutar? Quantas conversas íntimas falham por falta de verdadeira atenção e empatia? Saberemos nós ouvir quem amamos ou estamos apenas à espera da nossa vez de falar?



Nesta conversa, o médico psiquiatra Júlio Machado Vaz – uma das vozes pioneiras em Portugal a falar abertamente sobre relações e sexualidade – ensina-nos a importância de praticar a escuta ativa e a empatia na comunicação íntima. Com décadas de experiência em consultório e programas de rádio, Júlio partilha histórias e reflexões sobre como o silêncio pode valer mais que mil conselhos, como a empatia constrói confiança e por que ouvir o outro sem julgar é fundamental para relacionamentos saudáveis. Um episódio profundo que nos faz repensar a maneira como comunicamos nas esferas mais pessoais.



Começamos esta série de edições de verão com uma das conversas mais serenas e marcantes que passaram por este podcast.



Uma conversa que merece ser ouvida devagar. Com tempo. E, se possível, com o coração aberto.



Júlio Machado Vaz não precisa de apresentações — mas talvez precise de ser escutado mais vezes.



Porque neste episódio falámos da escuta como quem fala do essencial.



De como ouvir verdadeiramente alguém pode ser um ato de amor.



De como o silêncio, quando bem habitado, pode dizer mais do que mil conselhos.



E de como a presença, a empatia e o não julgamento são ingredientes raros numa sociedade que se habituou a falar muito… e a escutar pouco.



O Júlio tem essa capacidade rara de pensar com calma, de responder com cuidado e de transformar a complexidade em linguagem clara — mas nunca superficial.



Falámos de relações, de comunicação entre pais e filhos, de terapia, de rádio, de silêncio.



E da importância de criar espaço para que o outro se revele — sem medo.



Reeditamos este episódio agora, porque o verão é talvez o momento ideal para o escutar outra vez.



Ou pela primeira vez.



Quando estamos fora do ritmo habitual, quando temos um pouco mais de disponibilidade para parar… e ouvir de verdade.



LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO


Ora, vivam bem vindos à série de verão do pergunta simples, onde revisitamos as conversas gravadas nos últimos 12 meses neste episódio e vamos aprender a praticar a arte da escuta com Júlio Machado Vaz.
Começamos esta série de edições de verão com uma das conversas mais serenas e marcantes que passaram por este podcast, uma conversa que merece ser ouvida devagar, com tempo e, se possível, com o coração aberto.
0:37
Júlio Machado Vaz não precisa de Apresentações, mas talvez precise de ser escutado mais vezes, porque neste episódio falamos da escuta como quem fala do essencial, de como ouvir verdadeiramente alguém pode ser um ato de amor, de como o silêncio, quando bem habitado, pode dizer mais do que 1000 concelhos e de como a presença, a empatia e o não julgamento são ingredientes raros numa sociedade que se habituou a falar muito e a escutar pouco.
1:03
Júlio Machado Vaz tem essa capacidade rara de pensar com calma, de responder com cuidado e de transformar a complexidade em linguagem clara, mas nunca superficial.
Falamos de relações de comunicação entre Pais e filhos, de terapia, de rádio, de silêncio e da importância de criar espaço para que o outro se revele sem medos.
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2 weeks ago
1 hour 8 minutes 10 seconds

Pergunta Simples
Como Decidir Bem Sem Saber Tudo? Alexandre Quintanilha









Como se toma uma boa decisão… sem saber tudo?A política pode viver com dúvidas?A ciência deve hesitar?E nós — cidadãos comuns — conseguimos agir em tempos de incerteza?



Neste episódio do Pergunta Simples, conversamos com Alexandre Quintanilha: cientista, professor, antigo deputado e uma das vozes mais lúcidas e humanas da vida pública portuguesa.



Falamos sobre:



O poder das boas perguntas O que é uma verdade científica A lentidão do conhecimento e a pressão das decisões políticas A coragem de errar e voltar atrás Democracia, confiança e polarização Amor, identidade e envelhecimento E uma pergunta inesperada que mudou tudo: “Porque é que só há dois sexos?”



Este episódio é um convite a pensar devagar, a perguntar melhor…e a resistir à tentação das respostas fáceis.



YouTube https://www.youtube.com/@pergunta.simples?sub_confirmation=1 Spotify https://spoti.fi/3kb07qm Apple https://bit.ly/3i6P5a3 RTP https://www.rtp.pt/play/p7644/pergunta-simples www.perguntasimples.com



LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO








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3 weeks ago
1 hour 21 minutes 44 seconds

Pergunta Simples
Como Falar com Alguém que Pensa o Oposto de Ti









Como Falar com Alguém que Pensa o Oposto de Ti (Sem Entrar em Guerra)



Há conversas que são fáceis.— Gosto de cães.— Também eu.— Que bom.



E depois há as outras:— Gosto de cães.— Eu prefiro gatos.— Tu odeias cães??



Pronto. Já estamos em guerra. E nem falámos de política, vacinas ou futebol.



Hoje quero falar contigo sobre isso mesmo: como ter conversas com quem discorda de nós, sem perder a compostura. Ou a amizade.



Quando alguém diz algo que nos irrita profundamente, nem sempre é pela ideia em si. Muitas vezes é pelo tom. Pela certeza. Pela provocação. E o nosso cérebro entra logo em modo combate. Já não estamos a ouvir. Estamos a preparar um contra-ataque.



Mas aqui vai uma pergunta simples:Quero ganhar esta conversa… ou quero compreender esta pessoa?



Há estratégias práticas que podem evitar o confronto direto e abrir espaço para o diálogo:



1. Respira antes de responder.Parece um conselho zen — e é. Mas funciona.Se alguém grita “o sistema é corrupto!”, respira.Não para concordar, mas para evitar responder “tu é que és burro”. Isso não ajuda ninguém.



2. Troca o ataque por uma pergunta.Em vez de “isso é absurdo!”, tenta “como chegaste a essa ideia?”.Mas diz com curiosidade verdadeira — não com aquele ar de julgamento que se nota logo na sobrancelha levantada.



3. Usa a frase mágica:“Vejo isso de outra forma.”É uma maneira de abrir espaço sem ceder e sem agredir.Por exemplo, alguém diz: “O mundo está pior por causa dos imigrantes.”Tu podes responder: “Eu vejo isso de outra forma. Posso explicar?”Se a pessoa não quiser ouvir — tudo bem. Nem toda a gente está disponível para conversar.



E às vezes, a melhor resposta… é não responder.Se alguém diz “tu não percebes nada disto”, talvez o melhor seja dizer: “Pode ser.”Depende do tom, claro. Mas manter a relação, por vezes, é mais importante do que ganhar o debate.



Eis cinco coisas a evitar numa conversa tensa:




* Interromper logo à primeira frase.



* Usar sarcasmo.



* Querer “ganhar” a conversa.



* Dizer “não tens razão” sem explicar porquê.



* Levar tudo para o lado pessoal.




E cinco coisas que ajudam uma conversa a correr bem:




* Começa com curiosidade.



* Reconhece um ponto válido do outro lado.



* Faz pausas — para respirar e ouvir.



* Pede licença: “Posso dar-te o meu ponto de vista?”



* Termina com respeito, mesmo sem concordar.




Quero partilhar também três segredos de comunicador:



Primeiro: ouvir com generosidade muda tudo. Quando alguém sente que foi mesmo ouvido, o tom da conversa muda.Segundo: quem domina o tom, domina a conversa. A tua voz é metade da tua mensagem.Terceiro: quanto mais preparado estás, mais simples consegues ser. E na comunicação difícil, a simplicidade é a chave.



Conversar com quem discorda de nós não é só uma questão de paciência. É uma questão de escolha.



Quero ter razão ou quero ter relação?Se quiseres as duas coisas ao mesmo tempo — bem-vindo ao clube. É difícil, mas é possível.



E tudo começa com uma pergunta simples. E com vontade de ouvir a resposta.


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1 month ago
10 minutes 8 seconds

Pergunta Simples
Inteligência Artificial: Ainda controlamos isto? Bernardo Caldas









A inteligência artificial chegou.Não é preciso ser técnico para perceber que alguma coisa mudou.Hoje, um motor de busca já acerta nos nossos desejos antes de termos tempo de os dizer.Um algoritmo sugere um vídeo, outro mostra um produto, outro escreve um texto inteiro — e tudo parece funcionar com uma espécie de magia silenciosa.Mas será mesmo magia?



O nosso convidado sabe que não. E sabe porquê.Bernardo Caldas é uma das pessoas mais lúcidas que conheço sobre o tema.Lidera equipas de dados e IA numa das maiores fintechs europeias, criou o projeto Data Science for Good, e tem pensado a fundo — com inteligência, mas também com alma — sobre os impactos reais da inteligência artificial no mundo onde vivemos.



Nesta conversa, começamos com uma pergunta simples, mas provocadora:E se a IA te conhecesse tão bem como o teu melhor amigo?Assustador? Fascinante? Ambos?



O Bernardo ajuda-nos a perceber porque é que esta tecnologia — que parece tão intuitiva — é, na verdade, o resultado de padrões.Padrões de linguagem, de comportamento, de atenção.A IA não “sabe”, não “sente”, não “pensa” no sentido humano — mas aprende a imitar tão bem que nós acreditamos.



E o problema começa aí.



Falamos do que distingue imitação de criatividade.Do que está por trás dos modelos generativos que escrevem, desenham e respondem com uma fluidez que nos desconcerta.E de como estes sistemas — criados para gerar conteúdo “credível” — não têm maneira de saber se estão a dizer a verdade.Podem escrever um disparate com toda a segurança de um professor catedrático.



Mais à frente, mergulhamos na questão da responsabilidade.Se a máquina erra — quem responde?Se um algoritmo toma decisões médicas, jurídicas ou políticas — onde está o humano no processo?



Discutimos o impacto da IA nas profissões: não só nos trabalhos manuais, mas nos intelectuais.Sim, programadores, consultores, copywriters, jornalistas — ninguém escapa.O Bernardo diz-nos que o trabalho que sobrevive é aquele onde há contexto, empatia e julgamento.Mas até os psicólogos estão em risco — e ele conta um estudo surpreendente que mostra como, em certos casos, as pessoas acham que um chatbot foi mais empático do que um terapeuta humano.



Depois passamos para o tema que mais me inquieta:a economia da atenção.Porque é que os nossos feeds estão cheios de raiva, medo e teorias da conspiração?Porque é que a moderação desapareceu do radar?



A resposta, segundo o Bernardo, está na forma como os algoritmos são treinados: não para informar, mas para prender.A verdade é irrelevante se a mentira for mais clicável.E isto coloca a democracia em risco real.



A certa altura da conversa, ele diz uma coisa que me ficou:



“O maior perigo da IA não é o apocalipse das máquinas.É deixarmos de acreditar em tudo.”



É esta a verdadeira crise: a erosão da confiança pública.Não sabemos o que é real. Não sabemos em quem acreditar.E se não confiamos em nada — também não conseguimos decidir nada em comum.A democracia desliga-se.



Mas nem tudo é distopia.O Bernardo também nos fala do lado esperançoso:De como a IA, se bem pensada, pode ser inclusiva.De como pode ajudar uma avó em Trás-os-Montes a resolver um problema complicado com linguagem natural.De como pode aliviar tarefas mecânicas e devolver-nos o que há de mais humano: a conversa, a atenção, o sentido.



No fim, voltamos às emoções.Pode uma IA sentir? Ter consciência? Vontade própria?A resposta dele é clara: não.E, curiosamente, isso até nos pode dar algum descanso.



Esta é uma conversa que não pretende fechar nada —mas que abre muit...
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1 month ago
57 minutes 38 seconds

Pergunta Simples
Qual é o sentido da vida? António Castro Caeiro


https://youtu.be/z-JeWTqvQOI




Perguntar, perguntar, perguntar.



Passar a vida a fazer perguntas.



Passar todo o tempo do mundo em busca de respostas.



Perguntas das mais difíceis.



Respostas que podem nem chegar.



É a vida dos filósofos.



E decidi convidar um dos melhores.



Eu faço perguntas. António Castro Caeiro traz respostas.



Vivemos num tempo acelerado, de respostas rápidas, notificações constantes e poucas pausas para pensar. A informação chega em excesso, a comunicação tornou-se instantânea e, muitas vezes, vazia. Perguntar parece ter-se tornado um ato quase subversivo. Questionar o mundo, o tempo, a vida, até a nós próprios, pode soar estranho, deslocado ou até incómodo. Mas talvez seja justamente esse desconforto que precisamos de recuperar. É nesse gesto simples e revolucionário — o de fazer perguntas — que entra a filosofia.



Neste episódio do Pergunta Simples, falamos com António Castro Caeiro. É professor universitário, tradutor, ensaísta e uma das vozes mais singulares da filosofia contemporânea em Portugal. Mas mais do que títulos, Caeiro é alguém que pensa o mundo com palavras, com o corpo e com uma atenção rara às perguntas certas. Convida-nos a desacelerar, a escutar, a habitar o tempo e a linguagem com mais cuidado. Nesta conversa, há espaço para dúvidas sem fim, para silêncios reveladores e para a beleza difícil das ideias que resistem à simplificação.



Ao longo da conversa, exploramos o papel essencial da pergunta. O que é uma boa pergunta? Por que nos incomodam as perguntas que não têm resposta imediata? Porque é que, muitas vezes, evitamos perguntar — como se a dúvida nos fragilizasse? Para Caeiro, a pergunta é mais do que uma forma de obter informação. É um exercício de atenção, uma forma de estar no mundo. Perguntar bem é escutar com rigor, pensar com tempo e resistir à facilidade de respostas prontas. Vivemos, como diz, entre o espanto e a dúvida — duas formas de nos abrirmos ao desconhecido, ao imprevisto, ao que escapa às fórmulas.



Mas este episódio vai muito para além das perguntas. Falamos de emoções, sentimentos e corpo. Num tempo em que nos pedem performance constante — em que se valoriza a eficiência, a imagem e a exposição — é urgente recuperar a dimensão sensível da existência. António Castro Caeiro defende que as emoções não são um desvio do pensamento, mas parte do próprio acto de pensar. Sentir é também uma forma de compreender. E o corpo — tantas vezes visto como mero suporte — é, na verdade, um centro de inteligência e perceção.



Nesta conversa, revisitamos o espanto original com que olhámos o mundo pela primeira vez: o primeiro mergulho no mar, o primeiro amor, o primeiro espanto perante uma paisagem. A vida, diz-nos, vai-nos calejando — e cabe-nos, através da filosofia, da arte ou da contemplação, reencontrar esse olhar inaugural. É esse o desafio: não viver em modo automático, mas reativar a atenção, a curiosidade, a capacidade de nos maravilharmos.



Também há tempo para refletir sobre o tédio — esse vazio que tantas vezes evitamos a todo o custo. Vivemos rodeados de ocupações, estímulos, distrações. Mas talvez o tédio, se escutado com atenção, seja um convite à criação, à escuta interior, ao reencontro com o essencial. Talvez seja no silêncio, na pausa, no vagar, que se abra espaço para a filosofia.



Não ignoramos os temas contemporâneos: as redes sociais, a exposição constante, a fragmentação da identidade. Falamos do eu digital e das versões idealizadas que projetamos ‘online’.
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1 month ago
54 minutes 34 seconds

Pergunta Simples
O que torna um professor inesquecível? José Oliveira

Todos guardamos a memória de um ou dois professores que nos marcaram.



Não nos lembramos das notas, nem dos nem do que projetaram ou escreveram no quadro, nem dos testes.



Lembramo-nos do olhar atento no dia certo.



Da pergunta inesperada.



Da confiança plantada como quem diz: “Tu consegues.”



São esses professores que ficam.



Porque nos viram antes de nós sabermos quem éramos.



Porque nos empurraram um pouco mais longe do que imaginávamos possível.



E, porque, mesmo sem saberem, mudaram a curva da nossa vida para sempre.



Esta conversa é, também, um tributo a todos eles.



Ensinar é uma arte enigmática. Incompreensível para mim. Importante para todos.



Uma arte feita de gestos invisíveis, sementes lançadas ao vento, perguntas que nunca terão resposta imediata.



Ensinar é um ofício de fé.



Acredita-se que, um dia, aquilo que hoje foi dito, desenhado, percebido — possa fazer sentido para alguém.



E que, talvez, esse alguém seja melhor por causa disso.



Hoje, no Pergunta Simples, sentamo-nos com um professor que leva essa arte a sério.



Sério como quem ri, como quem experimenta, como quem acredita.



José Oliveira, professor de Artes na Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo, em Leiria.



Mas, acima de tudo, um construtor de mundos.



Transformou uma disciplina técnica, aparentemente árida — a Geometria Descritiva — num laboratório de criação.



E foi por isso que este ano recebeu o prémio que distingue o melhor professor do país.



Mas esta conversa não é sobre um prémio.



É sobre aquilo que ninguém vê quando se fecha a porta de uma sala de aula.



É sobre como se cria um espaço onde cada aluno tem lugar, tempo, voz, desafio e superação.



Onde os erros não são falhas, mas parte do processo.



Onde os alunos aprendem com os colegas, e os professores aprendem com os alunos.



Onde se ensina com papel, com madeira, com palavras, com copos coloridos, com silêncios e com perguntas.



Onde a aprendizagem não parte de um programa, mas de um princípio simples:



Ensina-se a partir do ponto onde o outro está. E não onde um qualquer teórico dos programas escolaes imagina que estamos.



José Oliveira fala como quem pensa a escola com as mãos.



Fala da arte, da matemática e da tecnologia como instrumentos de pensamento.



Critica os exames, os programas, os formalismos — mas sem amargura.



Fala da educação com uma alegria serena, de quem sabe que ensinar não é cumprir um plano, é acender alguma coisa em alguém.



E, pelo meio, diz frases que ficam:



Que a geometria descritiva é uma matemática desenhada.



Que a escola não deve nivelar por baixo — nem por cima — mas puxar cada aluno para o seu máximo possível.



Que nem sempre quem chumba é quem menos sabe — às vezes é quem mais foi abandonado.



E que o grande erro da escola moderna é esquecer que cada cérebro tem o seu tempo, a sua forma, a sua origem.



Esta conversa podia ser ouvida numa sala de professores, numa oficina de serigrafia ou num comboio entre Setúbal e Leiria.



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1 month ago
55 minutes 10 seconds

Pergunta Simples
Como fazer rir? Gabriela Barros

Gabriela Barros faz-me rir. E quem me faz rir já me ganhou.



Há episódios em que se fala com a razão, em que se explicam coisas.



Outros com o coração, em que se descrevem emoções.



E há episódios raros em que sentimos que estamos a falar com uma pessoa inteira. A Gabriela Barros é dessas pessoas. E desconstrói todo o episódio deste o primeiro minuto. Chegou para tomar conta do programa, e sem pedir licença, montou a casa, transformou esta conversa em algo dela. Limitei-me a segui-la. Depressa que não temos tempo a perder



Ocorre-se-me agora a ideia que fiz de coelho perseguindo Alice na sua aventura pelo País das Maravilhas. Fui testemunha, só isso.



Gabriela Barros é atriz. Mas não só.



Mãe, comediante, improvisadora, cantora por dentro. Virá daqui o seu sentido de ritmo?



Uma mulher que entra num programa de humor como o Taskmaster e sai de lá campeã, não por estratégia, mas por instinto.



Uma atriz que se atira para a comédia com a mesma entrega com que representa o vazio, o silêncio, a alienação contemporânea numa série como Ruído.



Este episódio é isso tudo. E mais.



Falámos de improviso. De criatividade em estado de urgência.



Daquele momento em que não há nada — e ainda assim, é preciso entregar alguma coisa. E é aí que nasce o poema do pato.



Sim, ouvimos esse poema outra vez. Mas o mais bonito não é o poema. É o que ele revela: que há uma Gabriela que trabalha sem rede, que gosta do risco, e que acredita que fazer figuras parvas com dignidade é uma forma nobre de arte.



Falámos do Taskmaster, do concurso, sim. Mas também da sua arquitetura secreta — do segredo partilhado entre concorrentes que não sabem o que os outros fizeram, da magia de se rir em direto da catástrofe alheia.



Falámos do prazer de não saber, do improviso como regra e da frustração como combustível. E falámos do Nuno Markl, claro. E da relação de palco, de corte e costura, de quem faz rir por dentro e por fora.



Mas este episódio também mergulha noutro registo.



Ruído, a série escrita por Bruno Nogueira e realizada por Luís Araújo, é um espelho torto do nosso tempo.



Uma espécie de distopia realista onde as personagens andam perdidas, anestesiadas, com medo de parar.



E a Gabriela, que também lá está, entra nesse universo com a mesma coragem com que se mete numa coreografia de perucas no Pôr do Sol.



Sim, o Pôr do Sol também veio à conversa. Uma série que parecia novela, mas era paródia. Um fenómeno cultural onde Gabriela interpretou — no mesmo dia, às vezes na mesma cena — três personagens diferentes. Matilde. Filipa. Salomé.



E uma atriz que, como ela própria diz, chegava ao fim do dia em orgia emocional, com a sensação de estar a viver um daqueles projetos que acontecem uma vez na vida. Onde tudo bate certo. Texto, elenco, realização, tempo, intuição. E felicidade.



No meio disto tudo, falámos também do que não se vê.



Da dúvida. Da vaidade. Da insegurança.



Da sensação de que às vezes é preciso alguém de fora para dizer: “isso não está a funcionar.” Falámos do ego. E do trabalho com diretores de atores — esse papel muitas vezes invisível, mas fundamental. A Gabriela não foge a nenhuma dessas conversas. E fá-lo com uma lucidez desconcertante.



Há ainda espaço para o drama. Para o cinema. Para O Som Que Desce na Terra, o filme que lhe valeu o Prémio da Fundação GDA e a nomeação para os Globos. Um papel duro, silencioso,
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2 months ago
50 minutes 33 seconds

Pergunta Simples
Como fazer uma boa apresentação em público?

Há pessoas que falam. E há pessoas que, quando falam, fazem parar a sala. A diferença não está no tema — está na forma como se ligam ao público, como seguram o silêncio, como estruturam o que dizem. Todos, mais cedo ou mais tarde, temos de apresentar algo em público. E poucos aprendem verdadeiramente como o fazer bem.



Neste episódio, partilho convosco o essencial: como preparar, estruturar e apresentar uma mensagem com impacto. Com base na prática, na ciência e nas histórias de quem sabe falar para ser ouvido.



Falar em público dá medo. Simples. Mesmo para quem tem experiência. Mas a verdade é que comunicar bem é uma das ferramentas mais poderosas que existem.



Este episódio é um guia completo. Vamos falar de:



• Como preparar uma apresentação



• Como estruturar a mensagem



• Como ganhar confiança



• Como falar com naturalidade



• Como adaptar-se à audiência



• E o que fazer após sair do palco



No fim, como sempre, deixo uma lista prática com 10 erros a evitar e 10 boas práticas obrigatórias.



Vamos começar por onde tudo começa: a preparação.



Falar em público dá medo. Simples. Mesmo para quem tem experiência. Mas a verdade é que comunicar bem é uma das ferramentas mais poderosas que existem.



Este episódio é um guia completo. Vamos falar de:



• Como preparar uma apresentação



• Como estruturar a mensagem



• Como ganhar confiança



• Como falar com naturalidade



• Como adaptar-se à audiência



• E o que fazer depois de sair do palco



No fim, como sempre, deixo uma lista prática com 10 erros a evitar e 10 boas práticas obrigatórias.



Vamos começar por onde tudo começa: a preparação.



Preparação: a base de tudo



Nada acontece por acaso numa boa apresentação. A preparação é aquilo que ninguém vê, mas que faz toda a diferença. É onde se ganha (ou perde) a confiança, a clareza e a força da mensagem. Um bom comunicador começa a trabalhar muito antes de subir ao palco — e isso nota-se.



Neste bloco, falamos sobre como definir o objetivo da apresentação, conhecer bem o público, organizar ideias com clareza e ensaiar com método.



Antes de abrir a boca, há perguntas que tens de saber responder:



• Qual é a ideia principal que queres passar?



• A quem vais falar? O que valorizam?



• Porque é que esta apresentação importa — para ti e para eles?



Dica: escreve a tua ideia central numa frase. Se não consegues, ainda não está clara.



Prepara-te a sério:



• Estuda o tema



• Escolhe exemplos concretos



• Ensina como se estivesses a falar para alguém que quer mesmo perceber



Ensaiar é obrigatório. Steve Jobs ensaiava as suas apresentações como um maestro. A regra de Carmine Gallo: repete tudo em voz alta pelo menos 10 vezes.



No próprio dia:



• Dorme bem



• Respira fundo



• Lembra-te: não estás ali para impressionar, estás para ser útil



Agora que estás preparado, vamos estruturar a tua apresentação para que a mensagem seja clara e envolvente do princípio ao fim.



Estrutura: início, meio e fim


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2 months ago
17 minutes 21 seconds

Pergunta Simples
Como Fazer Boas Perguntas?

Há perguntas que mudam tudo.



Mudam o rumo de uma conversa.



Mudam uma decisão.



Às vezes, mudam mesmo uma vida.



A tua. Ou a de alguém que te ouviu perguntar no momento certo.



Mas o que é, afinal, uma pergunta poderosa?



Não é uma pergunta para parecer esperto.



É uma pergunta que cria espaço.



Espaço para o outro pensar.



Para se ouvir.



Para ver com mais nitidez.



Vivemos rodeados de respostas apressadas, diagnósticos de bolso e certezas com prazo de validade de 30 segundos.



Mas talvez o mais transformador — hoje mais do que nunca — seja isto:



Fazer uma pergunta com verdadeira curiosidade.



Hoje falo-te disso.



Do poder da pergunta certa.



De como se faz.



E do que ganhamos quando deixamos de querer saber tudo — e começamos a querer entender melhor.



O que é uma pergunta poderosa?



Não é técnica.



Não é estratégia.



É uma forma de estar.



É uma pergunta que não invade, não obriga, não empurra.



É leve no gesto, mas profunda no efeito.



Não tenta mostrar o que tu sabes.



Tenta revelar o que o outro ainda não tinha visto.



Ou o que talvez já soubesse — mas ainda não tinha dito em voz alta.



E quase sempre… são perguntas simples.




– O que é que ainda não foi dito?



– O que te parece que te está a travar?



– O que mudou, desde que começaste a pensar nisto?




São perguntas que, quando bem feitas, não assustam.



Desarmam.



E o mais curioso é que não têm resposta imediata.



Porque fazem pensar.



Queres experimentar?



Pensa numa decisão recente em que hesitaste.



Agora, pergunta-te:



“Se eu não tivesse medo… o que faria?”



Fica aí.



Vê o que aparece.



Não forces.



Só escuta.



Este é o efeito de uma boa pergunta.



Não resolve. Mas revela.



E às vezes, é tudo o que precisamos.







As perguntas que puxam por nós… e as que nos encolhem



Já estiveste numa reunião onde alguém pergunta:



“Porque é que ainda não trataste disto?”



O ambiente muda.



O corpo encolhe.



A resposta encolhe.



A conversa fecha.



Agora imagina o mesmo momento, mas com outra pergunta:



“O que te está a bloquear?”



Ou:



“O que é que ainda precisas para avançar com isto?”



O conteúdo pode ser o mesmo.



Mas o tom, o impacto e a disposição do outro… são totalmente diferentes.



Há perguntas que abrem.



E há perguntas que fecham.



E depois, há aquelas perguntas que parecem neutras — mas são só julgamentos com ponto de interrogação no fim:



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2 months ago
14 minutes 48 seconds

Pergunta Simples
Como nasce uma mentira com cara de verdade? Filipe Pardal

No mundo novo, a verdade e a mentira parecem valer o mesmo.As falsidades travestidas de notícia contaminam a nossa confiança e a manipular as nossas formas de ser e estar.Um programa cujo mote principal é: ver, entender e resistir.E não, não são simples boatos ou pantominas.São atos deliberados de comunicação para manipular, para enganar.Há que estar atento. A ameaça é séria.



Há coisas que só acontecem quando tudo se apaga. Quando o mundo à nossa volta fica em silêncio. Quando as luzes falham. Os dados caem. Os telefones deixam de dar sinal. E o ecrã — esse ecrã sempre aceso — de repente fica negro.



Há um par de semanas. Um apagão elétrico, nacional, deixou milhões de pessoas sem energia. Durante horas. Sem rede, sem ‘internet’, sem televisão, sem rádio. E foi precisamente nesse vazio — nesse momento em que todos esperávamos respostas — que alguém decidiu criar uma mentira.



Não uma daquelas que costumam vir de fora. Importadas, traduzidas, adaptadas. Não. Pela primeira vez, nasceu aqui. Uma fake news portuguesa. Made in Portugal.



Com uma estrutura clássica: citava a CNN Internacional, punha palavras falsas na boca da presidente da Comissão Europeia, falava de um ataque cibernético russo. E o mais impressionante: funcionava. Porque parecia verdadeira. Porque tinha fonte. Porque tinha aspas. Porque aparecia bem escrita. E porque o momento era propício. O país estava vulnerável. E a mentira encontrou o espaço perfeito para crescer.



A desinformação não precisa de muito para se espalhar. Só precisa de parecer plausível. De encaixar na emoção do momento. De tocar naquele nervo exposto. E isso basta.



Este episódio começa aqui.



Com Filipe Pardal, diretor de operações do Polígrafo e dirigente da rede europeia de verificação de factos, a European Fact-Checking Standards Network, fazemos a autópsia dessa notícia falsa. E de muitas outras. Desmontamos a anatomia de uma mentira. E tentamos responder à pergunta que não quer calar: por que é que acreditamos nisto?



A conversa é tudo menos técnica. É direta, desassombrada, útil. O Filipe conhece o fenómeno por dentro. E partilha connosco um conhecimento raro: o de quem passa os dias a ler frases suspeitas, a verificar factos, a desmontar falácias — e a lidar com o ódio que isso provoca.



Falamos do termo fake news — que, é uma contradição em si mesmo. Porque uma notícia, para o ser, tem de ser verdadeira. E o que é falso… não é notícia. É desinformação. Ou, se quisermos, um boato — palavra antiga, que talvez descreva melhor o que enfrentamos hoje.



Mas o que enfrentamos, afinal?



Falamos de plataformas de desinformação profissional, com ligações a interesses geopolíticos. De fábricas de trolls ( uma espécie de robôs da internet, ou excertos de pessoas, que operam como agências — com orçamento, estratégia e objetivos. De vídeos falsos criados por inteligência artificial. De notícias recicladas com novos títulos. De imagens antigas vendidas como atuais. De WhatsApp s de família onde as mensagens falsas correm mais rápido do que em qualquer rede aberta.



E falamos de outra coisa: da nossa fragilidade emocional. Porque o problema da desinformação não é só tecnológico. É humano. É psicológico. A mentira cola porque é simples. Porque confirma o que queremos acreditar. Porque nos poupa o esforço de duvidar.



Vamos aprender como se combate isso. Com factos, sim. Com verificação. Mas também com literacia digital. Com transparência. Com ética jornalística. E com uma ideia clara: quem afirma um facto tem de o poder provar.



Falamos também do preço de dizer a verdade. Do assédio, das ameaças, das pressões. E do cansaço de ser,
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2 months ago
1 hour 7 minutes 34 seconds

Pergunta Simples
Que histórias ainda não ousámos contar? Filipa Martins

Filipa Martins esteve na Ucrânia em plena guerra.



Decidiu lá ir, há poucas semanas.



Dormiu num bunker, ouviu sirenes de bombardeamento, escreveu com o corpo em sobressalto e regressou com uma história para contar. É a partir dessa experiência — descrita num texto publicado na revista Visão — que começa esta conversa, mas o que se segue vai muito além da crónica de uma viagem a um país em conflito.



Filipa Martins é escritora, jornalista e argumentista.



Publicou romances, ensaios, argumentos televisivos e, até uma biografia: O Dever de Deslumbrar, dedicada à vida e à obra de Natália Correia — um projeto de seis anos de investigação e escrita, que reconstitui o percurso de uma das figuras mais complexas e livres da cultura portuguesa do século XX.



Neste episódio do Pergunta Simples, Filipa Martins fala sobre tudo isso: o processo criativo, o método, as viagens, os limites da exposição pessoal na escrita, sobre a responsabilidade de narrar vidas reais, nas biografias..



Mas fala também — e com contundência — sobre o estado da democracia, o espaço das mulheres na cultura e na sociedade, e o modo como certos retrocessos se tornam visíveis nas estatísticas, nos discursos, e até nos algoritmos das redes sociais.



Ela assinou o argumento das séries Três Mulheres e Mulheres às Armas, onde a ficção histórica serve como espaço de reconstrução de memórias silenciadas — em particular, as histórias de mulheres que tiveram um papel ativo em momentos decisivos da história portuguesa, mas que a narrativa oficial nunca destacou.



Na conversa, há espaço para o rigor e para a emoção. A autora explica por que razão sente necessidade de “palmilhar” o território antes de escrever — uma herança do jornalismo que molda a sua literatura. Explica também por que razão vê a escrita como um gesto de observação e de resistência — mesmo quando isso significa abrir feridas ou reescrever memórias difíceis.



Falamos das notas tiradas em viagem, da organização caótica dos cadernos perdidos, da vida doméstica retratada nas redes, da romantização dos papéis tradicionais, do papel do medo e da intimidade na criação literária.



Filipa Martins está, presentemente, a terminar o seu próximo romance. Não é autobiográfico, diz — mas é, até agora, o mais pessoal. Um livro que volta à memória, à linhagem feminina e às marcas que se herdam.



Esta conversa é sobre tudo isto. Sobre escutar, observar e transformar o que se vive — em literatura, em pensamento, em matéria para não esquecer.



LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO


00:00:00:00 - 00:00:03:06

Filipa Martins, Jornalista, escritora.

00:00:03:06 - 00:00:11:04

Imagino que agora te sintas mais escritora do que jornalista. Um sim, mas um género com.

00:00:11:06 - 00:00:38:06

Esta conversa que é quase uma conversa de karma, porque a primeira vez que nós tentamos, ainda na nossa santa ignorância, descobrimos que não havia luz. Na verdade, houve um apagão ibérico, na verdade mais do que ibérico, certo? Creio que esta luz não diz tudo, ainda mais sabendo que falar contigo era um enorme gosto. Mas só hoje de manhã, sabendo que vinha cá hoje na rádio, eu estava a temer que houvesse outro cataclismo que nos separasse.

00:00:38:07 - 00:01:11:01

E aí passávamos então a ser banco. Como é que tu vives? Tu paga um. Olha, na verdade foi muito agradável. Eu sei que houve situações muito complexas, mas a minha versão dos acontecimentos foi foi,
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2 months ago
54 minutes 6 seconds

Pergunta Simples
Estamos a ouvir verdadeiramente os adolescentes? Tânia Gaspar

Está tudo à beira de um ataque de nervos.



Adolescentes, pais, professores.



Já repararam que quase ninguém anda feliz com a vida que leva?



Pode ser uma mera perceção minha.



Mas há já múltiplos estudos que evidenciam sintomas de que o nosso bem-estar está abalado. E ninguém parece saber a receita para reequilibrar isto.



Decidi assim ir em busca de respostas, com Tania Gaspar, psicóloga clínica, autora e coordenadora de múltiplos estudos sobre a saúde mental dos jovens ou o bem-estar dos pais, enquanto trabalhadores.



E os resultados não são nada animadores.



A saúde mental dos jovens em Portugal está sob uma pressão silenciosa, mas cada vez mais evidente. Apesar de viverem numa era de oportunidades aparentemente infinitas, muitos jovens sentem-se perdidos, sobrecarregados e emocionalmente fragilizados.



Na nossa conversa Um dos temas que mais destacou foi o sistema educativo e a sua incapacidade de apoiar os alunos mais vulneráveis. Para Tânia Gaspar, a escola tornou-se um ambiente que, em vez de promover crescimento, muitas vezes contribui para o aumento da ansiedade e do insucesso.



Este ciclo de exclusão começa cedo e afeta, sobretudo, os jovens de contextos socioeconómicos mais frágeis. Sem suporte emocional e estratégias de recuperação, muitos acabam por abandonar os estudos.



A pandemia veio agravar estas dificuldades. As crianças que estavam no 1.º e 2.º anos durante o confinamento sofreram um corte drástico no desenvolvimento das suas competências básicas. Um estudo piloto conduzido pela equipa de Tânia Gaspar em escolas públicas demonstrou que, com intervenção personalizada e apoio emocional, grande parte dos alunos conseguiu recuperar a literacia e as competências sociais.



Será que estamos a perceber os sinais?



Os jovens estão emocionalmente mais frágeis. Tânia Gaspar descreve um cenário preocupante, onde as expressões emocionais muitas vezes se manifestam através de comportamentos disruptivos — agitação, agressividade ou, no extremo oposto, retração silenciosa.



Estes comportamentos são frequentemente interpretados como problemas de disciplina, mas podem esconder questões emocionais profundas. O ambiente escolar, em vez de integrar essas crianças, tende a isolá-las, criando um ciclo de exclusão e retração emocional.



E depois há a família.



A família é um dos pilares fundamentais para o equilíbrio emocional dos jovens. No entanto, Tânia Gaspar reconhece que nem sempre existe um acompanhamento adequado. Cito uma frase que podem ouvir a seguir: “Os pais estão exaustos, sobrecarregados com o trabalho, e isso reflete-se na capacidade de ouvir e apoiar os filhos”



Para a psicóloga, é urgente investir em literacia parental, para os pais compreenderem melhor os ciclos de desenvolvimento e os desafios específicos de cada idade.



Ser jovem acabadinho de entrar no mercado é uma carga de trabalhos.



A transição para o mercado de trabalho tem sido marcada por um misto de incerteza económica e falta de propósito. Muitos jovens sentem-se pressionados a encontrar um rumo rápido, sem espaço para experimentar ou errar.



Vale aprender um conceito que se está a tornar comum entre os jovens trabalhadores: o "boreout" — o tédio crónico associado à falta de estímulo no trabalho.



Além disso, muitos jovens rejeitam o modelo tradicional de carreira. Para esta geração,
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3 months ago
1 hour 7 minutes 32 seconds

Pergunta Simples
O que se faz na primeira hora de uma crise? Mariana Victorino

Na segunda-feira em que Portugal ficou sem eletricidade durante várias horas, muitos portugueses fizeram a mesma pergunta: “O que se passa?”



E ficaram sem resposta. Sem redes sociais, sem tv, sem telemóvel.



Sobrou a rádio. Sempre no ar. A velhinha rádio provou que está pronta para responder à emergência. E isso é uma boa notícia.



A crise desta segunda-feira tem uma vertente técnica, sobre o que aconteceu, como se recuperou e como se previne o futuro. E outra, mais importante para o programa, de comunicação.



Como se comunica durante um evento inesperado e com potencial para provocar disrupção.



O apagão iluminou vulnerabilidades, como sempre acontece nas crises., mas também nos oferece um ponto de partida: como se deve comunicar quando acontece o inesperado? Que papel têm os líderes, as empresas e os media? E o que significa, afinal, estar preparado para uma crise?



Convidei a especialista em comunicação de crise Mariana Victorino, professora na Universidade Católica, que lembra:



“A crise não começa quando algo corre mal. Começa quando ninguém sabe o que dizer.”



Uma crise não é somente um problema técnico. É um momento de exceção, onde há risco para a segurança, para a reputação ou para a confiança numa organização ou país.



Pode ser um apagão, um acidente, uma falha grave de serviço ou até uma polémica pública.



E numa crise, o tempo conta. Há uma ideia chave em comunicação de crise: a golden hour - a hora de ouro — a primeira hora. É nesse intervalo que se decide muito do que virá depois: a confiança, a perceção pública, o tom da resposta.



Para Mariana Victorino, há três ingredientes essenciais para qualquer resposta inicial:



1. Reconhecer o problema — mesmo sem admitir culpa;2. Expressar empatia — sobretudo se houver pessoas afetadas;3. Explicar o que está a ser feito — mesmo que seja apenas “estamos a recolher informação”.



Quem deve comunicar? Depende. Mas alguém deve.



A comunicação de crise exige que haja uma estrutura definida, com papéis claros: quem decide, quem coordena, quem comunica.



Idealmente, o líder toma decisões e pode ser a cara pública em momentos-chave. Mas a figura do porta-voz — preparado, humano, credível — é central.



Esse porta-voz deve conhecer os media, os públicos, os canais. E deve conseguir manter a calma, reconhecer a realidade e inspirar confiança.



Fundamental é a preparação previa.



Preparar antes, agir durante, aprender depois.



A comunicação de crise começa muito antes da crise.



Implica treino, simulações, planos escritos e revistos, mensagens preparadas para diferentes cenários — e sobretudo uma cultura de responsabilidade e transparência.



Também é importante saber onde e como comunicar. Durante o apagão, por exemplo, muitos canais digitais falharam — mas a rádio manteve-se no ar. Era aqui que se se poderia ter investido mais.



E depois da crise? Avaliar. Aprender. Ajustar procedimentos. E comunicar também a recuperação.



A boa notícia: é possível fazer melhor



A conversa com Mariana Victorino é clara: não é preciso adivinhar o futuro.



Mas é preciso treinar o presente: preparar equipas, alinhar mensagens, construir confiança com o público — antes que a crise nos obrigue a improvisar.



E é possível fazê-lo bem.



E aproveitar a luz para prevenir a sombra.


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3 months ago
48 minutes 33 seconds

Pergunta Simples
Como se escuta um país em campanha eleitoral? António Gomes

Se há algo que não falta durante uma campanha eleitoral… são sondagens.



Diariamente somos bombardeados com gráficos, percentagens, setas para cima, setas para baixo, empates técnicos, surpresas, coligações imaginadas e quedas espetaculares.



A cada novo estudo, há quem se entusiasme e quem duvide. Quem diga “isto confirma o que eu já sabia” e quem desconfie: “isto tem dedo de alguém”.



Mas afinal… como se fazem as sondagens?



Como se escolhe quem é ouvido? Como se garante que aquilo que nos mostram é mesmo o que o país pensa?



E, mais importante ainda: o que as pessoas respondem… quando alguém lhes pergunta?



Neste episódio do Pergunta Simples, vou procurar respostas com quem sabe.



António Gomes, diretor-geral da GfK Metris e uma das pessoas que melhor conhece os bastidores da opinião pública em Portugal.



Há mais de 30 anos que António lidera equipas que estudam o que pensamos, o que desejamos, do que temos medo.



Faz sondagens eleitorais, estudos de mercado, inquéritos qualitativos e quantitativos. E já viu de tudo: vitórias inesperadas, derrotas mal digeridas, candidatos ofendidos com os dados, e eleitores a esconder aquilo que verdadeiramente pensam.



Nesta conversa falámos de tudo isso — com a calma de quem já passou por muitas campanhas e com o humor de quem sabe que, na política, nem sempre a lógica vence.



Começámos pelo princípio: como se faz uma sondagem séria?



António explicou-nos os diferentes métodos de recolha — por telefone, presencial, ‘online’ — e a ciência por detrás da construção de uma amostra representativa. Falámos de margens de erro, de amostras estratificadas, de critérios técnicos que, para o público, são muitas vezes invisíveis. E falámos do que acontece quando, apesar de tudo isso, a sondagem falha.



Falámos de erros estatísticos. Mas falámos, sobretudo, de erros humanos.



Das recusas. Das portas que não se abrem. Dos estratos difíceis de preencher. E das situações em que, por mais que se controle sexo, idade e região, saindo da amostra é… uma surpresa.



Uma dessas histórias inclui um ‘fax’, uma jornalista célebre de televisão, um resultado inesperado e um telefonema a dizer: “Isto só pode estar errado”. Mas estava certo. Ou, pelo menos, era aquilo que os dados evidenciavam naquela semana.



António também nos explicou o que é o fenómeno do votante envergonhado. Aquela pessoa que vota num partido, mas tem vergonha de o assumir. Que diz uma coisa ao entrevistador… e faz outra na urna. Já aconteceu um par de vezes em Portugal e voltar a acontecer com qualquer partido que, num dado momento, esteja no centro da polémica ou do julgamento social.



Mas será que as pessoas mentem mesmo?



“Não mentem por maldade”, diz António Gomes.



Muitas vezes, mentem a si próprias.



Porque o tempo passou, porque se arrependem, porque querem parecer coerentes.



Às vezes, quando lhes perguntamos como votaram há cinco anos, respondem com base no que gostariam de ter feito.



Não no que fizeram.



Este episódio é também uma lição de psicologia eleitoral.



Falámos do uso das sondagens pelos partidos. Não somente para medir intenções de voto, mas para testar ideias, frases, cartazes. Há uma parte do que vemos nas campanhas que vem diretamente dos dados. Desde o tipo de fotografia que se escolhe para um cartaz gigante na rua, até à linguagem usada num debate.



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3 months ago
52 minutes 26 seconds

Pergunta Simples
5 desafios ao noticiar uma campanha eleitoral na televisão? Nuno Santos











Até 18 de maio, e nas semanas seguintes, até tudo estabilizar, veremos a dança de vários tipos de comunicação: a política, a do ‘marketing’ e a institucional. Todas a rodar no palco mediático. Media que ora fazem o papel de observadores, ora de criadores de agendas públicas.



É neste contexto que convido Nuno Santos, jornalista e diretor do canal de notícias mais visto da televisão por cabo, a CNN Portugal.



Nuno Santos passou pela RTP, pela rádio pública, onde coincidimos, pela SIC e pela TVI.



Ora no lado das notícias, ora no lado do entretenimento.



Na dupla função de diretor de informação da TVI e do canal CNN Portugal, montar a gigantesca operação de cobertura eleitoral. Antes, durante e depois.



Como noticiar uma campanha eleitoral na televisão? Nuno Santos



Como noticiar uma campanha eleitoral na televisão? Nuno Santos



Os “5 desafios” discutidos na entrevista:




* Planeamento editorial antes da campanha



* Gestão de debates e critérios de imparcialidade



* Mudança dos hábitos de consumo informativo



* Pressões externas e internas sobre o jornalismo



* Concorrência entre redes sociais e media tradicionais




Esta edição contém boas pistas de como se organizam os debates entre os candidatos ao lugar de Primeiro-ministro. Como se escolhem os temas, como se negoceiam as regras comuns. Quais os interesses dos jornalistas mas também dos candidatos. 



Os debates já começaram, as equipas de reportagem estão na rua e as caravanas políticas também. As mensagens já enchem as redes sociais.



Estão aí as eleições. 



Mais uma vez, o país vai escolher um governo e, como sempre, a imprensa é chamada a cumprir o seu papel de relatar, explicar, analisar. 



Nada de novo, certo? Talvez não seja bem assim. 



Porque se há coisa que muda mais depressa do que as vontades do eleitorado, é a maneira como recebemos e consumimos informação.



E é aqui que as coisas se complicam. Porque a verdade, aquela verdade sólida, bem fundamentada e confirmada, tem hoje uma concorrência feroz. 



As redes sociais tomaram de assalto o espaço público.



 Opiniões, factos mal digeridos, "soundbites", teorias da conspiração… está tudo ali, à distância de um gesto de dedos. 



O jornalista deixou de competir com o seu camarada da estação concorrente  e passou a competir com o mundo inteiro. 



Gente que publica o que quer, quando quer, como quer. 



Sem editores, sem filtros, sem regras. Tantas vezes sem ética. Muitas outras de forma mal intencionada.



E depois há outra coisa: o público que mais cresce nas redes, e que já olha com desconfiança para o jornalismo tradicional, é publico o mais jovem. 



Aqueles que preferem ouvir uma notícia no TikTok, em 20 segundos, do que assistir a um telejornal completo. 



São milhões que consomem informação em pedaços soltos, descontextualizada, sem critérios claros. O ‘sexy’, panfletário ou incendiário é escolha do algoritmo para servir constantemente.



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4 months ago
59 minutes 43 seconds

Pergunta Simples
O que é a comida? Ricardo Dias Felner

Sim, chef, pronto chef. A sair, chef



Portugal é um país que come por prazer. Não tenho dúvidas.



Às vezes temos mais olhos que barriga. Outras vezes não temos barriga para tanta gula. Ou temos demasiada gula para tão pouco dinheiro para gastar restaurantes mais estrelados que os ovos.



Comemos e falamos do que comemos. Fazemos disso um ritual, uma celebração. E é fácil perceber por quê. Somos um país pequeno, com uma cozinha rica e variada, construída por séculos de encontros e desencontros com o mundo.



Cada povo que nos invadiu, cada imigrante que chega ou emigrante que regressa traz um livro de receitas. E os misturamos tudo e reenviamos sabores.



A comida, para os portugueses, é muito mais do que aquilo que se mete no prato. É aquilo que se conta à volta dele.



Dizem que nós, portugueses, somos bons a queixar-nos.



Digo que somos bastante bons a falar de comida.



Porque não há prato que não mereça um comentário, um elogio ou um desabafo.



Ao almoço falamos do que vamos comer ao jantar.



E todos sabemos que os grandes problemas do mundo resolvem-se não numa reunião, mas à volta dos comes e bebes.



Podemos estar na conversa mais séria do mundo — e de repente aparece alguém a dizer que descobriu um restaurante incrível numa aldeia perdida que faz o melhor cabrito de sempre. E toca a organizar uma expedição ao dito sítio.



Ou que o arroz de polvo da mãe é impossível de bater Que a carne de porco à alentejana que comemos na festa de aniversário do amigo do amigo era má, péssima, incomestível. Mas já que lá estávamos, comemos, claro..



E quando não é o prato, é o preço.



Ou como o serviram. Ou a espera, que foi longa demais.



Ou o facto de, naquele restaurante, não aceitarem reservas e termos ficado 40 minutos à espera, para depois nos sentarem numa mesa junto à casa de banho. Ou na porta. Ou, pior, ofenderem.nos descaradamente dizendo: já não há lugar para si,



Mas isto é Portugal.



E com jeitinho tudo se desenrasca.



Os portugueses falam de comida como falam do tempo ou do futebol. Porque a comida, para nós, é mais do que sabor. É identidade. É memória. É território. É desafio e tradição.



Há quem ache que, neste país, o bom e barato acabou.



Que agora se come bem, mas paga-se um balúrdio.



Outros defendem que as tascas continuam a existir, contudo é preciso procurar melhor.



O que é certo é que as referências mudaram.



Há 30 anos, um bom restaurante era o que servia muito e barato.



Depois passou a ser o que tinha um prato bem-feito, com sabor e sem grandes artifícios. Agora, é o que nos tira uma fotografia bonita para as redes sociais. Que nos serve um prato que queremos partilhar com o mundo, mas que vamos comentar com os amigos ao vivo, numa esplanada, enquanto pedimos um fino e uns tremoços.



Porque, se há coisa que o português gosta, é de contrariar a moda. Dizer que já foi a esse restaurante de que todas as pessoas falam e não gostou. Que a nova estrela Michelin o deixou indiferente. Que o menu de degustação não vale nem metade do que cobram. “Comia melhor na minha aldeia por metade do preço”, é uma frase que já ouvimos todos, mais do que uma vez.



E depois há as comparações. Porque o português gosta de medir. O melhor pastel de nata. A melhor bifana. O melhor arroz de pato. A melhor feijoada. A melhor chanfana. A melhor caldeirada.
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4 months ago
1 hour 4 minutes 17 seconds

Pergunta Simples
E se a empatia fosse obrigatória? Rui Marques

Susan Sontag escreveu no seu livro “A doença como metáfora”



“A doença é o lado noturno da vida, uma cidadania mais onerosa. Todos que nascem têm dupla cidadania: no reino dos sãos e no reino dos doentes.”



Quando Susan Sontag escreveu isto, em 1978, estava a falar de cancro. Mas podia estar a falar de solidão. De ressentimento. Daquela dor difusa de quem se sente por dentro fora de lugar. Porque a verdade é esta: há uma doença que não aparece nas radiografias, que não se vê ao microscópio, que não se trata como as outras.



É a doença da falta de relação. E essa, está em todo o lado.



Vivemos cercados de tecnologia, mas cada vez mais distantes.



Nunca estivemos tão ligados — e nunca estivemos tão sós. A produtividade sobe, os gostos digitais disparam, mas o silêncio entre duas pessoas que vivem na mesma casa, escritório ou aldeia, vai crescendo. Chamamos-lhe esgotamento, chamamos-lhe ansiedade, chamamos-lhe stresse crónico — mas muitas vezes é só isto: défice relacional. Falta de cuidado. Falta de olhar.



Rui Marques chamou-lhe saúde relacional. E dá-lhe corpo. E nome. E método.



Não é uma metáfora. É literal.



Há pessoas que adoecem porque não têm com quem falar.



Há pessoas que saram porque alguém lhes sorriu no momento certo.



E não é só uma intuição: é ciência. Um estudo de Harvard que há mais de 80 anos acompanha centenas de pessoas chegou à conclusão mais simples e mais desarmante de todas: o que mais contribui para uma vida feliz — e mais longa — é a qualidade das relações. Não o dinheiro. Não o estatuto social. São As relações.



É fácil esquecer isto. Sobretudo num mundo que corre. Que empurra. Que valoriza o fazer mais do que o estar. Que trata as pessoas como recursos. Como números. Como peças. Mas a verdade volta sempre. E a verdade é esta: sem relação, não há saúde.



As crises que vivemos — na educação, nas organizações, nas instituições públicas — são provavelmente e antes de tudo, crises relacionais. Não se resolvem somente com planos, orçamentos ou reformas estruturais. Resolvem-se na qualidade do vínculo entre as pessoas. No modo como se escutam. No modo como se respeitam. No modo como se reconhecem.



Rui Marques fala de literacia relacional. Como quem diz: isto aprende-se. Treina-se. Trabalha-se. Há oficinas. Há modelos. Há maneiras de regenerar relações que foram danificadas. Porque o que nos adoece não é só o conflito — é o conflito não resolvido, mal digerido, ignorado. E isso, sim, tem impacto direto na saúde física, mental e social. Há relações que nos elevam. E há relações que nos esvaziam.



E depois há o digital. Que entra na equação como uma espécie de perturbação crónica. Crianças que nunca treinaram o conflito real, que não subiram árvores nem discutiram cara a cara, e que agora são adolescentes ansiosos, hiperconectados e emocionalmente frágeis. Adultos que se refugiam a percorrer, com o dedo no écran, infinitivamente as últimas novas das redes sociais, para não ter de lidar com o desconforto do silêncio. Relações filtradas, encenadas, mediadas — mas raramente inteiras.



A saúde relacional também passa por aqui: por reaprender o toque, o olhar, o tempo partilhado sem agenda. Por aceitar o silêncio sem o preencher com barulho. Por ter conversas difíceis sem medo do erro. Por construir confiança — esse oxigénio invisível que sustenta qualquer equipa, qualquer família, qualquer sociedade.



E passa, claro, pelo cuidado. Cuidar não é uma palavra delicodoce. É uma palavra difícil.
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4 months ago
52 minutes 28 seconds

Pergunta Simples
O humor pode salvar-nos? Nuno Markl

Hoje vamos falar da magia da rádio.



Naquilo que posso definir como uma conversa entre duas pessoas analógicas, que usam palavras rebuscadas e até arcaicas, e nasceram profissionalmente na telefonia.



É a rádio. Para os mais distraídos, modernos e digitais.



Telefonia sem fios. E agora nesta versão moderna do seu nome podcast.



O mundo está a apagar as palavras portuguesas bonitas e a enchermos de palavras vindas de outros lugares, menos interessantes.



Convidei o Nuno Markl para se juntar à conversa. Trazendo na mochila os cromos da caderneta, na mochila ou na algibeira e conceitos tão lunáticos como os gravadores de fita.



Afinal, o pretexto da conversa era a magia da rádio.



Aviso: Esta conversa é anárquica, lunática, acelerada e autêntica.



Nuno Markl é uma das vozes mais reconhecidas da rádio portuguesa, com uma carreira que atravessa diferentes meios de comunicação. O humorista e guionista é um dos rostos das “Manhãs da Comercial”, onde, diariamente, dá forma a conteúdos que combinam humor, nostalgia e observação do quotidiano. Criador de rubricas como a “Caderneta de Cromos”, tem sido uma referência no modo como recupera memórias culturais e as transforma em entretenimento acessível ao grande público.



Além da rádio, Markl construiu um percurso sólido na televisão e no guionismo. Escreveu para programas de humor de grande impacto, como o “Herman Enciclopédia” e o “Último a Sair”, e mais recentemente tornou-se uma das figuras centrais do “Taskmaster Portugal”, na RTP. A sua capacidade de adaptação e reinvenção tem-lhe permitido manter uma presença relevante no espaço mediático, acompanhando a evolução das plataformas de comunicação e do consumo de conteúdos.



O impacto da sua comunicação vai além do humor. Markl tem abordado temas como ansiedade e saúde mental, tornando-se uma voz influente na forma como essas questões são discutidas publicamente. A sua atividade nas redes sociais reflete essa dimensão mais pessoal, mas também ilustra os desafios da exposição pública num ambiente digital. A entrevista pretende explorar todas estas facetas da sua trajetória, abordando o seu percurso na rádio, o seu processo criativo, a relação com o público e os desafios do humor no contexto atual.



LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO


0:12
Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação?
Hoje vamos falar da magia e da rádio naquilo que posso definir como uma conversa entre 2 pessoas analógicas, que usam palavras rebuscadas e até arcaicas, e que nasceram profissionalmente na telefonia.
0:30
É a rádio para os mais distritos modernos e digitais, telefonia sem fios a rádio.
E agora, nesta versão Moderna de seu nome podcast, o mundo está claramente a apagar palavras portuguesas bonitas e encher o dicionário de palavras vindas de outros lugares.
0:46
Algumas palavras menos interessantes.
Convidei o Nuno markl para se juntar a esta conversa, trazendo na mochila os cromos da caderneta e falando, claro, de algibeiras e conceitos tão lunáticos, estranhos e pouco modernos.
Como gravadores magnéticos de fita.
1:01
Afinal, o pretexto desta conversa é falar da magia da rádio.
Mas fomos por aí fora.
1:18
Aviso, esta conversa é anárquica, lunática, acelerada e autêntica.
O Nuno markl.
Aceitou mostrar se numa conversa profunda, onde cruzamos o humor, a comunicação,
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5 months ago
1 hour 46 seconds

Pergunta Simples
O Pergunta Simples é um podcast sobre comunicação. Sobre os dilemas da comunicação. Subscreva gratuitamente e ouça no seu telemóvel de forma automática: https://perguntasimples.com/subscrever/ Para todos os que querem aprender a comunicar melhor. Para si que quer aprender algo mais sobre quem pratica bem a arte de comunicar. Ouço pessoas falar do nosso mundo. De sociedade, política, economia, saúde e educação.