Lemos em Deuteronômio 21
Quando for achada uma pessoa assassinada caída no campo, na terra que o Eterno, teu Deus, te der para herdá-la, sem saber quem a matou, 2 então os teus anciãos e os teus juízes sairão e, dali, medirão o espaço até as cidades que estiverem ao redor do morto, 3 e da cidade mais próxima ao morto, os anciãos tomarão daquela cidade uma bezerra que não tenha trabalhado nem tenha puxado com o jugo, 4 e os anciãos daquela cidade farão descer a bezerra a um ribeiro forte, a lugar que não se lavra nem se semeia, e ali, no ribeiro, quebrarão a nuca da bezerra. 5 E chegar-se-ão os sacerdotes, filhos de Levi, pois a eles escolheu o Eterno, teu Deus, para servi-Lo e para abençoarem em Nome do Eterno, e por sua sentença será resolvida toda demanda e toda chaga. 6 E todos os anciãos daquela cidade, os mais próximos do morto, lavarão suas mãos sobre a bezerra cuja nuca foi quebrada no ribeiro, 7 e protestarão e dirão: Nossas mãos não derramaram este sangue, e nossos olhos não viram. 8 (E os sacerdotes dirão:) Perdoa a teu povo Israel, ao que remiste, ó Eterno, e não ponhas a culpa do sangue inocente no meio de teu povo Israel! – e o pecado daquele sangue derramado lhes será expiado. 9 E tu eliminarás a culpa do sangue inocente do meio de ti, pois farás o que parece reto aos olhos do Eterno.
À luz da ideia de falta de Lacan fazemos aqui uma leitura de Deuteronômio 3:23, porção de Vaetchanán, para entender a mensagem dada por Deus ao Moisés ao lhe dizer que sua reza não seria atendida conforme o seu pedido, ainda que o seu clamor tenha sido respondido em forma de punição. Revisitamos o pecado de Moisés em Números 20:1. Terminamos fazendo uma distinção entre dois tipos de crenças na metafísica: a metafísica materializada e a a abstrata.
Explorando a passagem de José na prisão do Egito, o Ishai Mevorach propõe uma nova forma de se entender e praticar a fé em Deus. Este é um ensinamento pode ser aplicado na educação dos filhos e nas relações amorosas.
Continuamos a leitura do livro 'A Teologia da Falta' de Ishai Mevorach.
Lemos em TB Chulin 65ª: "Estudamos que disse Rabi Eliezer: Não foi de graça que o estorninho se juntou ao corvo (mas) apenas [i.e. apesar] porque é de sua espécie, [mas havia outro interesse]".
Traremos o entendimento básico do Talmud e ofereceremos uma leitura desconstrutiva, oposta à primeira, que nos fará questionar o conceito de amizade e a política identitária.
Em homenagem ao dia 3 de Tamuz, data do falecimento do Rebe de Lubavitch, lemos a Guemará em Taanit 5b, e tentaremos entender as raízes da negação deste episódio por parte de alguns de seus chassidim
“Rav Nachman e Rav Itschak estavam sentados à mesa. Disse Rav Nachman para Rav Itschak: Diga, o senhor, algo. Disse a ele: Assim disse Rabi Iochanan: Não se fala no meio de uma refeição, pois talvez antecipará o esôfago à laringe e se colocará em perigo.
Depois que comeram, disse a ele: Assim disse Rabi Iochanan: O Jacob, nosso pai, não morreu. Respondeu a ele: E foi à toa que o choraram, exumaram e enterraram? Respondeu a ele: Um versículo eu interpreto, pois foi dito (Jeremias 30:10) “Por isto, não temas, ó Jacob, Meu servo – diz o Eterno – nem te desesperes, ó Israel, pois hei de salvar-te, e contigo tua semente, do lugar longínquo onde estás; e Jacob voltará a estar tranquilo e ninguém lhe causará temor” – compara Jacob à sua descendência; do mesmo jeito que sua descendência está viva assim também ele está vivo.”
Qual pode ser a saída de quem vive a tensão de estar em múltiplos mundos? Lemos nesse trecho de 'A Teologia da Falta' uma alternativa dada pelo Rabino Shagar Z''L que relê um conto de Rabi Nachman e o filme Matrix de modo a iluminar o caminho de quem não possui um fio de Ariadne para sair de seu labirinto particular.
Faremos e Compreenderemos
Masséchet Shabat 88a
[Sobre o que foi dito (Êxodo 19:17)]: “E estiveram ao pé do monte”, disse Rabi Avidami filho de Chama filho de Chassa: Ensina que que Deus inverteu (forçou) a montanha como uma banheira e disse a eles: “Se vocês receberem a Torá, bom; se não, lá serão enterrados”.
Disse Rabi Acha filho de Iaacov: há aqui uma grande exposição à Torá! [Pois os judeus não a receberam por vontade própria].
Disse Rava: Ainda assim, receberam depois [por vontade própria], nos dias de Achashverósh, conforme foi dito (Meguilát Ester 9:27) “Cumpriram e receberam o que haviam iniciado”. ‘Cumpriram’, [então], o que já haviam recebido [no Monte Sinai, razão pela qual a ordem foi invertida, constando que ‘cumpriram’ antes de ‘receberam’].
Tossafót: E apesar de os judeus já tivessem dito “faremos e compreenderemos”, [Deus inverteu a montanha sobre eles] pois talvez viessem a se arrepender ao ver o grande fogo, momento que suas almas se desprenderam do corpo.
Disse Rabi Elazar: na hora em que anteciparam o “faremos” ao “compreenderemos” saiu uma voz celestial e disse a eles: “Quem revelou a meus filhos o segredo usado pelos anjos de serviço”, conforme está escrito (Salmos 103:20) “Bendizei o Eterno, ó vós que sois Seus anjos, valorosas criaturas que cumprem Sua palavra para escutar Sua palavra”. Antes, fazer; depois, cumprir.
Disse Rabi Chama filho de Chanina: o motivo de ter sido escrito (Cântico dos Cânticos 2:3) “Como uma maçã entre as árvores da floresta etc. [assim é o meu amado entre os rapazes]” foi para dizer a você que tal qual a maçã o fruto brota antes de sua folha [em uma inversão da ordem normal das coisas], assim Israel anteciparam o “faremos” ao “compreenderemos”.
Tossafót: Perguntou Rabeinu Tam: vemos que as maçãs crescem como as outras árvores? E explica que “maçã” se trata de “etróg” conforme a tradução tradicional ao aramaico indica em outro versículo (CdC 7:9) O etróg fica o ano inteiro na árvore, logo habita com folhas mais novas que ela. Mas é difícil entender por que trouxe o presente versículo [Em CdC 2:3)] em que a “maçã entre as árvores da floresta” é comparada a “meu amado” que alude a Deus, e não a Israel.
Aquele saduceu que viu o Rava se aprofundando em seu estudo enquanto apertava seu dedo que sangrava [sem que o rabino percebesse], disse a ele: Um povo precipitado que antecipou sua boa a seu ouvido continua sendo precipitado. Primeiro deveriam perguntar o significado, se gostassem, recebam-no; e se não, recusem-no.
Respondeu a ele [o Rava]: Nós que seguimos com integridade foi dito sobre nós (Provérbios 11:3) “A inocência dos íntegros os guia”, ao passo que aqueles que se contentam com as conspirações foi dito (ibid.) “e as distorções dos traiçoeiros os destroem”.
Continuando as leituras anteriores no livro de Ishai Mevorach, utilizamos o personagem de Bashevis Singer para descrever algo sobre os sujeitos aos quais se destinam a Torá Caída.
Lemos neste encontro o início do livro 'A Teologia da Falta' de Ishai Mevorach onde é apresentada a ideia de autoria do Rabi Nachman de Breslav sobre a "Torá caída" proferida pelo sábio demoníaco-judaico. Inútil para alguns, indispensável para outros.
Aula sobre a introdução da Teologia da Falta de Ishai Mevorach e a sua teoria sobre um judaísmo pós holocáustico.
O sobrevivente do Holocauso Leon Menashe conta sua história familiar de sobrevivência ao Holocausto que também atingiu os judeus gregos.
O Rabino Alexandre Leone faz uma exposição sobre o pensador Abraham Joshua Heschel.
Estudamos em Shabat 119b a fonte da canção Shalom Aleichem
"Disse Rabi Iossi, filho de Rabi Iehuda: Dois anjos de serventia acompanham a pessoa na noite de Shabat ao voltar da sinagoga, um anjo bom e um ruim. Quando chega à casa e encontra a vela acesa, a mesa posta e a cama arrumada, o anjo bom diz: "Tomara que assim seja o próximo Shabat", no que o anjo mal responde "Amen" compulsoriamente. Mas caso não [e a casa não está pronta para o Shabat], o anjo mal diz: "Tomara que assim seja o próximo Shabat, no que o anjo bom responde "Amen" compulsoriamente.
O que são esses anjos, qual a releitura que o autor desconhecido desta canção empreendeu, e o que isso diz a gente. Estes e outros são os assuntos deste episódio.
Uma leitura de Daniel Caldeira que toca em alguns assuntos ao trabalhar a convivência entre os paradigmas religiosos e científicos na vida do sujeito judeu contemporâneo.
Vamos tentar entender, com uma remota ligação com o Talmud, o que explica a dantesca piada de Jair Bolsonaro a respeito da repórter Patrícia Campos Mello em Fevereiro de 2019.
Estudamos aqui um trecho de Eiruvin 100a sobre a proibição de subir, descer e permanecer em uma árvore durante o Shabat.
O que deve fazer a pessoa que já se encontra sobre a árvore? Deve descer, e infringir a proibição de descer da árvore, ou deve permanecer a infringir essa proibição?
Por um lado, se descer, ela diminuirá o tempo em que permanecerá cometendo uma infração. Por outro lado, se permanecer na árvore estará cometendo uma infração desprovida de ato, o que não ocorreria caso descesse da árvore deliberadamente.
A Guemará tenta apoiar essa discussão em uma discussão anterior de dois sábios da Mishná, a respeito de um caso parecido, sem sucesso.
Leremos esse trecho à luz de uma explicação do Rabi Tsadok de Lublin sobre a halachá de Pessachim 86b que diz “Tudo que o dono da casa mandar, cumpra; exceto se ele mandar que você se retire”.
Essas leis, e de certa medida precisam, ser lidar de forma alegórica. Elas contém um ensinamento e uma relevância que extrapolam em muito a situação de quem subiu em uma árvore no Shabat ou de quem está na casa de alguém e deve obedecê-lo.
Nesse episódio leremos o seguinte aforismo de Eiruvin 86:
“O espaço para a iguaria é encontrado”
Faremos o contraponto com a seguinte piada.
“Um homem passava mal por ter comido muito. Quando lhe sugeriram a introduzir 2 dedos na boca pra resolver seu problema, disse: "Se tivesse espaço pra mais 2 dedos, eu comeria o último pedaço que sobrou"”.
Lemos neste encontro as porções de Vaietse e Vaishlach à luz da literatura de Franz Kafka.
Uma reflexão sobre o papel dos ricos na sociedade a partir de uma leitura do Talmud.
Estudamos em Massechet Eiruvin 85:2
Disse Rabi Yehuda [na Mishná]: Se o dono da casa [ocupada por outrem] tem ali uma pegada de mão, ele não está proibido de transportar desta casa no Shabat.
[Pergunta a guemará]: Como se parece uma ‘pegada de mão’? É como o pátio de Bunias.
Rashi: O Bunias era rico, e emprestava as casas de seu pátio a várias pessoas, e dada a sua grande quantidade de pertences, ele deixava uma série de utensílios nas casas que emprestava.
Uma vez ocorreu de o filho do Bunias ter chego diante do Rabi, que disse aos seus: “Abram espaço para este ‘filho de cem’ (rico) que chegou.
Vieram outras pessoas, e o Rabi disse: “Abram espaço para este filho de duzentos (milionário) que chgou”.
Disse diante dele o Rabi Ishmael filho do Rabi Iossi: “O pai deste que havia chegado anteriormente possui mil navios no mar e mil cidades na superfície” [ou seja, ele era bilionário].
Respondeu a ele o Rabi: “Quando você chegar diante do pai dele diga a ele para não mandar o seu filho com essas roupas” [que não eram caras o suficiente para expressar a sua riqueza].
O Rabi dava honra aos ricos; o Rabi Akiva dava honra aos ricos.
E isso conforme foi ensinado por Rava filho de Mari sobre o que foi dito nos Salmos (61:8) “Que lhe seja permitido sentar sempre em seu trono em Tua presença. Que bondade e verdade lhe sirvam sempre de proteção”: “Quando é que se sentará para sempre em Tua Presença? Quando a bondade e a verdade provenham alimentos-sustento de proteção”.
Em homenagem à morte do Rabino Sacks, traremos uma leitura sobre as testemunhas desclassificadas e uma parábola contada pelo Rabi Nachman de Breslov
Eiruvin 82:1
Estes são os que não podem testemunhar: o que jogam com os dados; os que emprestam com juros; quem faz voar suas pombas; e quem comercializa as frutas do ano sabático. Disse Rabi Iehuda: quando incide essa lei? Quando essa pessoa não tem outra profissão além destas atividades, mas se possui uma profissão – ela pode testemunhar”.