Estamos na semana de início da COP30, em Belém, Pará, mas o novo massacre acontecido no Rio de Janeiro, com mais de 120 pessoas mortas, levanta a seguinte pergunta: há alguma relação entre os dois acontecimentos? Será que nos dois, entre os caminhos que levam à vida e os que levam à morte, prefere-se o da morte?
De fato, em relação ao massacre nas favelas do Alemão e da Penha, todas as análises de pessoas que estudam o que se deve fazer para enfrentar de fato os comandos do tráfico de drogas e das milícias, repetiram: o que o governo do Rio de Janeiro voltou a fazer, desobedecendo o que foi determinado pelo Supremo Tribunal Federal, é uma prática errada, não passa de enxugar gelo com pano.
Estamos cercados por tecnologias por todos os lados. E elas nos encantam, levando-nos a não examinar se servem ou não à vida.
Examinemos, por exemplo, o que vai acontecendo com a as grandes monoculturas de agropecuária. Quem não embarca na propaganda de que o agro sempre é pop sabe que esse tipo de produção não se dá bem com a saúde da Mãe Terra por ser o campeão de emissões de gases de efeito estufa que agravam as mudanças climáticas, de modo especial por causa do desmatamento, do alto consumo de água e da contaminação de tudo com produtos químicos.
Estamos na véspera de mais uma Conferência Mundial do Clima, a famosa COP30, que será realizada em Belém, no Pará. O que podemos esperar dela?
Se as decisões dela dependessem da vontade dos povos originários, das comunidades tradicionais e dos movimentos e entidades populares, como deve ser num mundo verdadeiramente democrático, com certeza esta COP seria o fim da vergonhosa incapacidade dos governos dos países, que não só não enfrentaram as conhecidas causas do aumento do aquecimento do Planeta e dos eventos climáticos extremos, mas tentaram dar impressão, com palavras e promessas vazias, que estavam levando a sério esse desafio para todas as formas de vida da Terra. Na verdade, com o pouco ou nada que fizeram, o que era um desafio há trinta anos, hoje é claramente um conjunto de ameaças à vida, e pior, ameaças com sinais de não retorno, isto é, com a probabilidade de que não se conseguirá recuperar o que foi destruído.
Notícia do Observatório do Clima indicou estudo que revela possibilidades de produzir mais biocombustíveis sem aumentar o desmatamento. Bastaria usar de 20 a 35 milhões de hectares de pastos degradados disponíveis em nosso país. Na verdade, como os pastos degradados ocupam 56 milhões de hectares, o estudo mostrou que haveria mais 21 a 36 milhões de hectares que poderiam ser usados para a produção de todo tipo de alimento.
Comecemos com notícias que alimentam nosso esperançar: em primeiro lugar, o gesto corajoso de amor ao povo palestino, que luta pelo seu direito de existir como povo e é vítima de genocídio, pelas 400 pessoas dos 43 barcos que tentaram furar o criminoso bloqueio do estado de Israel a Gaza para levar mantimentos a quem enfrenta fome e sede.
Em segundo lugar, a solidariedade ao povo Palestino em muitas cidades de todo o mundo, com destaque merecido aos mais de dois milhões de italianos que ocuparam ruas e praças exigindo o fim do genocídio.
Estamos na semana de São Francisco, o santo protetor de todas e todos que cuidam com carinho da Casa Comum, a Mãe Terra, e é nela que se encerra o Tempo da Criação, promovido pelo Movimento Laudato Sí como um “tempo de oração, ação e comunidade para todos os cristãos que reconhecem que cuidar da Casa Comum é expressão da nossa fé”.
Quem disse que mulheres aposentadas, com mais de 70 anos, não podem ter iniciativa de lutar por seus direitos? Na Suíça, país de 1º mundo, elas demonstraram que podem, sim, e são capazes de vencer e condenar o seu governo nacional.
Nesses tempos politicamente tristes - com práticas imperiais de governantes, com uma Câmara de Deputados capaz de aprovar mudanças da Constituição para evitar que seus membros sejam investigados por crimes de todo tipo sem a sua aprovação, e capaz de dar prioridade a uma proposta de anistia em favor de pessoas e governantes condenados por tentativas de golpe de Estado pelo Supremo Tribunal Federal, e por isso, tratando a Constituição como se fosse um caderno de brincadeiras de sua propriedade - festejar vitórias destas “Anciãs pelo Clima” é como contemplar um fim de tarde sereno depois de um vendaval assustador.
Para quem leva a experiência da vida e os conhecimentos a sério, a nova pesquisa de cientistas brasileiros não traz nenhuma novidade. Mas, para quem tem juízo e se preocupa com a vida dos filhos e filhas, netos e netas, é mais um aviso sério de que a destruição das florestas já está cobrando a conta.
Todo mundo sabe que o planeta todo está ficando mais quente, com ondas de calor que já levam à morte, e que, por isso, também a elevação da temperatura da Amazônia tem, em boa medida, essa origem. Mas atenção, amigas e amigos: 16% do calor acima da média é provocado pelo desmatamento deste bioma, e a notícia mais assustadora da pesquisa é essa: o desmatamento já feito da Amazônia é responsável por 74% da diminuição das chuvas.
De tempos em tempos, volta a pergunta desafiadora: chegamos ao fundo do poço? Será que o Congresso Nacional deu o pior passo ao aprovar a “lei da destruição” do meio ambiente, e o governo teria feito o pior ao realizar o “leilão da morte”, negociando mais poços de petróleo na foz do Amazonas?
Na Semana da Pátria, precisamos olhar como vivem todas as pessoas do Brasil, alegrando-nos com elas por aquilo que está bem e prestando atenção e ouvindo os clamores das que estão sofrendo e são deixadas de lado.
A Campanha Mar de Luta, por exemplo, é um movimento dos pescadores e pescadoras artesanais atingidos pelo maior derramamento de petróleo nas praias acontecido em 2019, e um clamor exigindo que os causadores sejam identificados e responsabilizados e que os governantes reconheçam e garantam os seus direitos.
Quem não conhece, não ama – afirmaram participantes do Curso de Extensão Universitária da Unicap sobre Corredores Bioculturais e Direitos da Natureza rumo à COP 30.
Por que é tão importante falar sobre os corredores bioculturais, desconhecidos por muitos deles? Um dos motivos esse: é uma forma de avaliar as relações dos seres humanos com a natureza criada pela Terra em sua longa história. Os primeiros povos que viveram em cada bioma e suas relações com outros biomas, encontraram um sistema de interrelações entre ecossistemas que garantiam vida para todos eles. Eram os corredores biológicos entre florestas e outras coberturas vegetais, nascentes, córregos e rios, lagos, campos, solos, umidade, sol, chuvas, calor, frio...
Comecemos com uma notícia que o MapBiomas publicou como resultado de uma pesquisa em relação ao desmatamento e à perda de áreas naturais que a Mãe Terra tinha criado:
“O Brasil perdeu em média 2,9 milhões de hectares de áreas naturais por ano, entre 1985 e 2024, totalizando uma redução de 111,7 milhões de hectares. Essa área, que corresponde a 13% do território nacional, é maior que a Bolívia, país com cerca de 109,9 milhões de hectares. Os dados são da nova coleção do MapBiomas, que marca os 10 anos de atividades do projeto”.
Ao receber abraços na celebração do “dia dos pais”, cada homem teve oportunidade de retomar sua vida e agradecer por ter participado da renovação da vida. Ao mesmo tempo, contudo, muitos certamente lembraram que nem todos os pais viveram esse dia com alegria, de modo especial os que viram filhos e filhas morrerem sem ter condições de evitar sua morte. É o que acontece em tantos lugares, e até em nosso país, quando eles, junto com suas companheiras, não conseguem evitar que filhos morram por fome, e pior ainda, quando não conseguem alimentos para salvar a vida dos filhos que não foram mortos por armas de guerra, como acontece todos os dias com o povo palestino em Gaza, agredido por um genocídio mostrado a todo mundo por imagens de televisão.
É incrível o tempo em que vivemos: já existem todas as possibilidades para que todas as pessoas vivam sem se preocupar com o dia de amanhã, seguras e felizes, mas a maioria delas é impedida de realizar essa possibilidade por um sistema de vida comandado por um tipo de economia que, em nome de uma falsa liberdade, concentra de forma absurda quase toda a riqueza nas mãos e bolsas de poucos e condena a maioria das pessoas a viver na total insegurança, e muitas vezes, por não conseguir nem o mínimo para viver, a morrer por fome.
Aumentou nosso débito com a Terra desde o dia 24 de julho. Sabem por quê? Porque a humanidade, e de modo especial a pequena parte muito consumista, já retirou dela os bens naturais e energias que ela só conseguiria repor em todo o ano de 2025. Entramos num tipo de cartão de crédito, mas quem dará conta de pagar o tanto de juros cobrados em meio ano?
“Sr. Trump, por que o senhor decreta taxas de imposto aos países, e a mais alta delas ao Brasil?” “Porque eu posso. Simples assim.” “Mas o senhor não foi eleito só para ser presidente dos Estados Unidos da América do Norte?” Não, eu posso porque fui eleito para ser autoridade do mundo livre. E eu decretei 50% ao Brasil porque exijo que parem o processo contra o ex-presidente e deixem de controlar as grandes empresas de tecnologia estadunidenses.”
Ao prestarmos atenção às espiritualidades tradicionais de povos de longa história, nos damos conta da consciência que tinham, e continuam tendo, da unidade de todos os seres, formando uma única família. Para eles, nós, seres humanos, não fomos feitos para vivermos sós, separados, e sim para convivermos com todos os seres.
Com certeza, todas e todos se deram conta que as mídias sociais divulgaram nos últimos dias vídeos que falam da falta de justiça existente em nosso país. São injustiças que vieram à tona a partir da decisão do Congresso Nacional de derrubar um decreto do Presidente da República que aumenta um pouquinho o IOF de empresas financeiras e das que exploram loterias ligadas a jogos, para cobrir o que o governo deixará de arrecadar com a decisão de não cobrar mais imposto de renda de quem ganha até 5 mil reais por mês. O tal IOF é o imposto pago em operações financeiras, que sempre são feitas por bancos.
Nós nos comunicamos principalmente por palavras. Por isso, quando encontramos alguma coisa que não cabe nas palavras usadas, o jeito é criar uma palavra nova que dê conta do que desejamos dizer. No final do século passado, ao se dar conta de que o capitalismo neoliberal havia gerado uma situação nova para a vida dos trabalhadores - a das pessoas que só conseguiam trabalho volta e meia, sem a segurança de qualquer tipo de contrato - um cientista social criou a palavra precariado para definir o conjunto cada vez maior de pessoas que enfrentavam insegurança em relação à geração mínima de renda para viver.
O convite de hoje é para que abramos nosso olhar, vendo, ao mesmo tempo, o que está acontecendo em lugares muito distantes um do outro. Perto do Polo Norte, na Groenlândia e Islândia, seus povos já sofrem com o grande degelo que está avançando porque a temperatura aumentou 3ºC.
Já no sul do nosso país, apenas um ano depois da grande enchente que provocou estragos, sofrimentos e mortes em mais de dois terços de seu território, os povos irmãos estão novamente enfrentando uma enchente assustadora, com mais de 7 mil pessoas fora de casa, 3 mortas e 126 municípios afetados.