alar que Giorgio Armani é o maior símbolo do Made in Italy e o rei da elegância é um exercício de tautologia. Seu olhar revolucionário — capaz de desconstruir literalmente a jaqueta de alfaiataria masculina e transpor a fórmula para o vestuário feminino —, aliado a uma sofisticação simples, mas nunca simplista, transformou o mercado, que sem ele teria tomado outra direção.
No episódio 126 da sexta temporada do Self-Portrait, Renata Brosina e Paula Jacob analisam o surgimento desse nome que, ao longo de meio século de carreira, conquistou visibilidade global ao vestir Richard Gere em O Gigolô Americano, construiu um reinado fiel à sua visão estilística e, até seu último dia, manteve as rédeas de sua narrativa. Armani faleceu em 4 de setembro, deixando em andamento suas coleções para a Emporio Armani, a celebração dos 50 anos da Giorgio Armani e a curadoria de uma exposição especialíssima na Pinacoteca de Brera, intitulada Per Amore.
Considerando que a temporada de Cruise costuma apresentar temáticas envolventes – para justificar o deslocamento de desfiles para diversos destinos do planeta –, a Chanel não foi tão longe geograficamente desta vez. O Lago de Como, um dos cartões postais mais encantadores da Itália, serviu de pano de fundo para o show que, talvez, sem a narrativa baseada na relação entre a fundadora da maison, Coco Chanel, e o diretor italiano Luchino Visconti não teria sido tão interessante. Afinal, em tempos de espera pela estreia de Matthieu Blazy, que acontece em outubro deste ano, a roupa não pode ser considerada o único elemento a ser analisado do show. Para o episódio 125 do Self-Portrait, Renata Brosina e Paula Jacob analisam o histórico da marca, a conexão entre Gabrielle Chanel e Visconti, além de, claro, destacar a participação de grandes nomes do cinema contemporâneo que fizeram parte do front row que, para a ocasião, eram as mesas do hotel Villa d'Este.
Mesmo com tanto a dizer em suas narrativas, a temporada de Inverno 2025 — que reuniu os calendários de prêt-à-porter femininos e masculinos — foi envolta por uma névoa que desviou as conversas tradicionais de uma fashion week para outra direção. Embora haja um esforço para destacar as propostas estéticas — das cores aos materiais que revivem os dias do luxo em um contexto urbano —, os rumores de mudanças, futuras ou iminentes, afastam a moda de uma busca por análises, questionamentos e, sobretudo, pela evolução de causas trabalhadas ao longo da última década, como a diversidade de corpos. No episódio 124 do Self-Portrait, Renata Brosina e Sylvain Justum discutem os pontos que, de fato, estão transformando especulações em pautas consistentes — e relegando temas tão relevantes à sombra da incerteza.
ão muitos os assuntos que podem se desdobrar a partir da minissérie “Adolescência”: desde o sábio uso do plano sequência para gravar a história até os efeitos do uso das redes sociais na vida de crianças e jovens. Neste episódio, Paula Jacob (@pjaycob) e Fabiane Secches (@fabianesecches) analisam as características que fizeram a produção da Netflix ser um hit instantâneo e os temas importantes levantados por ela.
Nesse episódio, Fabiane Secches e Paula Jacob conversam sobre dois filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional, entre outra categorias: o superestimado "Emília Pérez" e o primor que é "Ainda Estou Aqui", fenômeno do cinema brasileiro que está conquistando o mundo.
Com um calendário mais curto, mas não com menos impacto. É assim a temporada de Alta-costura. O segmento mais precioso da moda reúne os melhores nomes do mercado em uma categoria que exige excelência extrema na construção de uma coleção.
Para a temporada de Verão 2025, as grifes, que seguem à risca os mandamentos Chambre Syndicale de la Haute Couture, destacaram suas raízes na passarela, mostrando criações que levaram centenas de horas para serem feitas – à mão, como determina o regulamento do sindicato – em encontro às narrativas que, de diversas maneiras, tratam de conectar o presente com o passado e o futuro. Para o episódio 123 do Self-Portrait, Renata Brosina e Paula Jacob analisam o movimento da agenda de Couture, com direito a estreia mais aguardada nos ateliês da Place Vendôme, em Paris. Afinal, chegou o dia de Alessandro Michele apresentar sua versão one-of-a-kind para a Valentino.
Série da Apple TV, “Bad Sisters” foca na relação das irmãs Garvey, que, desde muito cedo, mantêm um laço inseparável. Diante do casamento de uma delas com o desprezível John Paul, Becka, Bibi, Eva e Ursula decidem tramar possíveis jeitos de tirar Grace da vida marcada por abusos. Apesar da temática densa, tratada com profundidade e delicadeza, o roteiro da produção cria momentos de alívio cômico com personagens muito bem trabalhados e um corpo de atores em sintonia. Neste episódio, Paula Jacob (@pjaycob) e Fabiane Secches (@fabianesecches) analisam os elementos que fazem da primeira temporada uma das séries mais interessantes do nosso tempo.
Foi no dia 13 de dezembro, às vésperas da publicação do episódio 121 do Self-Portrait que Matthieu Blazy foi anunciado como o novo diretor criativo da Chanel. A aguardada confirmação, que estava prevista para ser divulgada no dia 16 de dezembro, finalmente trouxe o rosto que era esperado desde junho de 2024, após a saída de Virginie Viard do cargo. Ao longo de meses, uma série de nomes foi mencionada como possíveis candidatos à assinar as coleções da maison. No entanto, o estilista parisiense, que, até então comandava as criações da Bottega Veneta, parecia carta fora do baralho. Para o episódio 122 do Self-Portrait, Renata Brosina (torcedora calorosa de Hedi Slimane para a posição) e Paula Jacob analisam a escolha da maison e a demora (necessária) para a decidir quem sucederia títulos que já foram de Virginie Viard e Karl Lagerfeld. E, claro, a dupla compartilha também o porquê, um mês após o anúncio, o episódio foi ao ar – porque ele também precisou de tempo.
No seu primeiro longa-metragem em língua inglesa, o cineasta espanhol traz do livro “O Que Você Está Enfrentando” (Instante), de Sigrid Nunez, a inspiração para o roteiro. Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton) eram amigas na juventude e se reencontram, após anos, em uma situação extrema e agridoce. Neste episódio, Paula Jacob e Fabiane Secches observam as proximidades com a literatura, o tom do roteiro, as cores de Almodóvar e a intertextualidade das imagens que compõem as cenas.
“O Quarto ao Lado” tem distribuição da Warner Bros.Pictures Brasil.
Citações do episódio
Livro: “O Último Sonho” (Companhia das Letras)
Reportagem: Brutalism in film: the beautiful house that forms the backdrop to The Room Next Door – https://www.wallpaper.com/art/the-room-next-door-brutalist-house
Entrevista: Julianne Moore e Tilda Swinton na Vogue Espanha – https://www.vogue.es/articulos/la-habitacion-de-al-lado-entrevista-portada-tilda-swinton-julianne-moore-pedro-almodovar
Foi no último dia 3 de dezembro que a Chanel apresentou sua coleção de Métiers d’Art, uma das mais importantes criações da maison, em Hangzhou, na China. O West Lake, locação escolhida para as modelos atravessarem a passarela noturna, nada mais é um dos cenários que decora o escritório do apartamento da fundadora da grife, Gabrielle Chanel, na Rue Cambon 31. No entanto, a figura que, na verdade, é um coromandel tradicional do século XIX, composto por madrepérolas e fios de ouro. Foi a partir dessa peça (a mais importante da coleção que conta com cerca de vinte itens) que tanto o diretor Wim Wenders, responsável pelo filme que dá um gostinho do mood da estação, quanto o estúdio criativo da marca desenvolveu a narrativa da temporada conhecida por enaltecer o sublime trabalho artesanal dos ateliês pertencentes ao Le 19M. Dos bordados e tweeds desenvolvidos pelo centenário Lesage às botas decoradas do Massaro, a coleção contou com criações que prometem conquistar o coração das suas consumidoras fiéis – mas e como fica a construção estética da maison com a ausência de um nome na cadeira de criação criativa? Para o episódio 121 do Self-Portrait, Renata Brosina e Paula Jacob analisam essa conexão entre a narrativa cinematográfica, dirigida pelo cineasta alemão e estrelada pela embaixadora da Chanel, Tilda Swinton, o destino em solo chinês e o que foi desfilado no lago que hipnotizou Gabrielle Chanel e parece tê-la feito viajar em um sonho a esse cenário. Pelo menos, isso, Wim Wenders conseguiu realizar.
Foi no último dia 18 de outubro que Sr. Armani apresentou seu Verão 2025 em Nova York. Pela primeira vez, o estilista não apresentou uma coleção durante o calendário milanês de moda para levar ao outro lado do oceano suas criações, desta vez, repletas de referências cinematográficas. Além da inauguração da Armani Residences, edifício residencial que leva sua assinatura, com suas lojas e restaurantes nos primeiros andares, a celebração em solo nova-iorquino também remete ao início da sua carreira – neste caso, o cinema norte-americano foi o grande holofote do estilista para o cenário fashion internacional. Se em 1975 Sr. Armani fundou a sua grife homônima, a Giorgio Armani, ao lado do seu sócio e parceiro Sergio Galeotti, foi cinco anos mais tarde que suas ideias de silhueta e alfaiataria masculina foram vistas como disruptivas para o guarda-roupa. Isso porque, em 1979, o diretor de cinema Paul Schrader voou acompanhado de John Travolta para encontrar o estilista em Milão e descobrir o que o italiano poderia desenvolver para o figurino do filme “O Gigolô Americano”, de 1980. Para o episódio 119 do Self-Portrait, Renata Brosina e Paula Jacob analisam a forma como Giorgio Armani revolucionou o estilo do personagem Julian Kay, interpretado por Richard Gere, em um exemplo de sofisticação e, claro, como o próprio estilista se transformou no rosto símbolo da elegância italiana.
O que os escritores Annie Ernaux, Natalia Timerman, Tatiana Salem Levy e Édouard Louis têm em comum, apesar de diferenças importantes? No episódio de hoje, vamos conversar sobre escrita literária mais ou menos de natureza autobiográfica e suas muitas facetas na contemporaneidade.
Pisque duas vezes é o primeiro filme de Zöe Kravitz como roteirista e diretora, um longa autoral, que retoma alguns clichês do gênero — um suspense com humor — de forma espirituosa e original.
A tão aguardada estreia de Alessandro Michele no comando criativo da Valentino aconteceu. Assim como o retorno dos desfiles da Chanel ao Grand Palais e a suspeita da saída de Hedi Slimane da direção da Celine também se tornou realidade – e já foi anunciado o seu sucessor, Michael Rider, ex-Polo Ralph Lauren. Ainda que outros boatos estejam circulando pelos corredores, como a possível saída de Kim Jones para a entrada de Pierpaolo Piccioli na Fendi e o esperado "tchau" de Demna Gvasalia na Balenciaga, a temporada não trouxe muitas surpresas na passarela. Isso porque, as grifes que já prometiam boas coleções entregaram o seu melhor. Já as marcas que davam sinais de exaustão criativa só confirmaram o "mais do mesmo". Para o episódio 118 do Self-Portrait, Renata Brosina e Guilherme de Beauharnais destacam as principais passarelas da estação e analisam os impactos de tantas mudanças no mercado – e como isso afeta o mercado.
Foi em 1924 que Louis Cartier, neto do fundador da joalheria que leva seu sobrenome, lançou o primeiro anel Trinity. No sentido oposto à proposta estética rebuscada das joias da época, ele pensou em uma combinação minimalista composta por três faixas entrelaçadas feitas de platina, ouro rosa e ouro amarelo. Ao longo das décadas seguintes, a Cartier explorou todo o potencial criativo do design da peça, seja na interação de cores, materiais, texturas, volumes, pavimentação ou até mesmo adição de mais faixas. Para o primeiro episódio da série Icons, Renata Brosina e Guilherme de Beauharnais analisam o centenário da criação de Trinity e como esse ícone atravessou gerações, conquistou celebridades, como Lady Di, Grace Kelly e Alain Delon, além de, claro, a dupla de anéis no dedo mínimo ser protagonista dos principais retratos de Jean Cocteau.
Nesse episódio, Fabiane Secches e Paula Jacob conversam sobre o filme “A substância”, que acaba de estrear no cinema. Escrito e dirigido pela francesa Carolie Fargeat, o longa tem repercutido bastante na mídia e nas redes sociais por ser incômodo, um filme de body horror, e por levantar questões tão importantes sobre as opressões estéticas que sofrem as mulheres.
Foi durante o mês de junho que Hedi Slimane levou sua trupe de modelos à vila britânica de Holkham, no norte de Norfolk, para apresentar sua coleção de Verão 2025 para a Celine. No entanto, como há algumas temporadas, é uma produção cinematográfica feita pelo próprio diretor criativo – das captações e fotografia à seleção da trilha sonora para arrematar a sua narrativa. Neste caso, a composição Les Indes Galantes, de Jean-Philippe Rameau, acompanhou o vídeo de um pouco mais de treze minutos, rico em detalhes decadentes de uma geração jovem e glamurosa da década de 1920. Para o episódio 117 do Self-Portrait, Renata Brosina e Guilherme de Beauharnais analisam a escolha da temática feita por Hedi, assim como a sua paixão pela juventude e a anglomania que o acompanha desde os seus estudos na École du Louvre no final dos anos 1980.
Karl Lagerfeld tinha 38 anos quando trabalhava para Chloé, Fendi e uma quantidade significativa de outras marcas de maneira anônima. Na mais recente série "Becoming Lagerfeld", disponível no Disney +, uma narrativa que traz detalhes íntimos do grande estilista alemão que, antes de ser o inesquecível Kaiser da moda e comandar a maison Chanel por quase quatro décadas, viveu crises, seja de identidade ou amorosas (durante o seu relacionamento intenso com Jacques de Bascher). No episódio 116 do Self-Portrait, Renata Brosina e Guilherme de Beauharnais comentam a primeira temporada – sim, terá segunda! – da série e analisam os principais pontos de encontro entre a narrativa da produção e a vida real do estilista, que faleceu em fevereiro de 2019.
Com tantas mudanças na indústria da moda e no mercado editorial, será que Miranda Priestly, personagem de Meryl Streep em "O Diabo Veste Prada", ainda teria tanto poder quanto há 18 anos? Em breve, saberemos como a chefe da revista Runway se adaptaria aos movimentos tecnológicos em uma sequência do filme, que será lançada pela Disney, e contará com o olhar da roteirista original do longa, Aline Brosh McKenna. No episódio 115 do Self-Portrait, Renata Brosina e Paula Jacob discutem sobre as transformações que podem ser apontadas como destaque na narrativa, assim como as mensagens por trás de cenas importantes da primeira versão do filme de 2006 – algumas, de fato, ficaram no passado, mas outras seguem atemporais.