A maioria dos artistas influenciados pelo mangue beat pode desconhecer essa história, mas, quando Chico Science & Nação Zumbi e Mestre Ambrósio surgiram na década de 1990 com suas releituras das tradições, os cocos já acumulavam quase 170 anos de existência documental. O compositor, arranjador, produtor musical, violeiro, percussionista e pesquisador pernambucano (radicado em São Paulo) Caçapa apresenta um detalhado panorama dessa história que conhece profundamente. A manifestação cultural (de dança, música e poesia, cultivada por mulheres e homens negros, quilombolas, mestiços, indígenas e outros) é mencionada pela primeira vez em 1829. No século XX, chega à indústria fonográfica, é registrada pela equipe de Mário de Andrade na Missão de Pesquisas Folclóricas, faz sucesso com artistas como Jackson do Pandeiro e permanece hoje em transformação. Tudo está contado aqui por Caçapa, que ilustra com muitos trechos de fonogramas.
Texto, seleção de fonogramas, locução, gravação, edição e mixagem: Caçapa
Programação da série Música Negra do Brasil: Bernardo Oliveira
Trilha da vinheta: Mbé
Programação visual: Mariana Mansur
Caçapa é compositor, arranjador, produtor musical, violeiro, percussionista e pesquisador, nascido no Recife (PE) em 1975 e radicado em São Paulo (SP) desde 2014. Lançou o seu primeiro disco solo, “Elefantes na Rua Nova”, em 2011, com patrocínio do Programa Petrobras Cultural. As composições incluídas nesse disco foram criadas em 2009, por meio do Programa de Bolsas de Estímulo à Criação Artística (Categoria Música – Composição Popular), promovido pela Funarte. Em 2012 recebeu o Prêmio Especial na categoria Inovação, no Voa Viola: Festival Nacional de Viola. Atualmente desenvolve o projeto O Coco-Rojão e as Violas Eletrodinâmicas: Pesquisa e Criação, iniciado através do programa Rumos Itaú Cultural 2015-2016. Desde 2017 desenvolve pesquisa para subsidiar a escrita da série de artigos Por Uma Discografia Nordestina, publicada inicialmente no site Outros Críticos. Em março de 2021 ministrou o curso online Por Uma Discografia Nordestina: 1902-1932, a convite do Sesc Santo Amaro, São Paulo (SP), e em 2022 voltou a realizar este curso, desta vez com produção própria.
Fonogramas utilizados:
Coco Dub (Afrociberdelia)
(Chico Science, Lúcio Maia) – Chico Science & Nação Zumbi
Da Lama ao Caos / Chaos Recordings, 1994
Rios, Pontes & Overdrives
(Chico Science, Fred Zero Quatro) – Chico Science & Nação Zumbi
Da Lama ao Caos / Chaos Recordings, 1994
Usina (Tango no Mango)
(Chico Antônio, Paulírio) – Mestre Ambrósio
Mestre Ambrósio / Rec-Beat Discos, 1996
Rojão Nº01
(Caçapa) – Caçapa
Elefantes na Rua Nova / Garganta Records, 2011
Apresentação por Ascenso Ferreira
Bailados Populares do Nordeste / Gravação Especial, [s.d.]
Depoimento de Ana do Coco
ACESA – Ana do Coco – web série #2 / Alessandra Leão, Garganta Records e Acesa Produções, 2019
Bolimbalacho – lundu
Bahiano
Zon-o-phone, 1902
Bolimbolacho – lundu
Eduardo das Neves
Odeon, 1908
Modinha de Pernambuco da Revista Fado e Maxixe
Raul Soares e coros com orquestra
Disque Pour Gramophone, 1910
Samba do Norte
Artur Castro e coro
Favorite Record, 1911
Cabocla de Caxangá – batuque sertanejo
(João Pernambuco, Catulo da Paixão Cearense) – Bahiano, Júlia Martins e o Grupo da Casa Edison
Odeon, 1913
Samba Roxo
Eduardo das Neves
Odeon, 1915
A Espingarda – embolada alagoana
(Jararaca) – Bahiano
Odeon, 1922
Vamos ‘imbora, Maria – samba sertanejo do norte
(Jararaca) – Jararaca com Turunas Pernambucanos
Odeon, 1922
Passarinho Verde – coco nortista
(Jararaca) – Jararaca com Turunas Pernambucanos
Odeon, 1922
Indurinha de Coqueiro – samba
(Augusto Calheiros) – Turunas da Mauricéa
Odeon, 1927
O Pequeno Tururu – samba
(Luperce Miranda, Augusto Calheiros) – Turunas da Mauricéa
Odeon, 1927
Ai, Maria – embolada
(Luperce Miranda, Minona Carneiro) – Grupo Voz do Sertão
Odeon, 1928
Samba da Meia Noite – samba
(Luperce Miranda, Minona Carneiro) – Grupo Voz do Sert
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