O episódio #95 está no ar!
O episódio desta quinzena aborda as leis, instituições e poderes locais na América colonial. As decisões tomadas pela Coroa espanhola para seus domínios ultramarinos enfrentavam diversos desafios até chegarem ao seu destino. As enormes distâncias que separavam as colônias americanas da metrópole europeia, além da falta de informações, as disputas de poder entre diferentes grupos locais e as particularidades de cada uma das regiões faziam com que a recepção às leis e decisões tomadas pelo poder central fossem recebidas de formas muito diferentes. Entre o cumprimento das ordens e a rebelião aberta, havia uma série de nuances, que exigem uma análise mais detida sobre o processo de estruturação da administração colonial em terras americanas.
Vice-reinos, audiências, cabildos, assim como instituições como a Casa de Contratação e o Conselho de Índias travaram entre si constantes conflitos, negociações e acordos que colocam em xeque a perspectiva de um império absolutista organizado de forma homogênea a partir de um centro metropolitano.
Quais foram as leis e instituições criadas pela coroa para tentar administrar seus territórios na América? De que forma, essas decisões eram recepcionadas nas diferentes colônias? Quais eram os papéis e espaços ocupados pelas elites locais dentro do Império espanhol? De que forma os historiadores vêm tentando interpretar a relação entre o Império e seus domínios? Para responder a essas e outras questões, temos o professor Anderson Roberti dos Reis, professor de História da América da UFMT.
Imagem do episódio: Códice Osuna: Vice-rei recebendo indígenas | https://cutt.ly/xr8drGsu
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Sabemos que o futebol está intimamente ligado ao cotidiano latino americano, tendo se tornado um traço identitário. Desde cedo, o esporte faz parte da vida de diferentes setores sociais e mesmo quem não tem um time do coração não escapa, vez ou outra, de se ver em meio a torcedores de clubes, ou de seu país durante a Copa do Mundo. Traçar uma história comum do futebol na América Latina é um caminho difícil, visto que o desenvolvimento do esporte possui aspectos particulares em diferentes países e regiões. No Cone-Sul, o futebol foi introduzido no final do século XIX, auge do imperialismo inglês, por funcionários de empresas britânicas que trabalhavam na região. As ferrovias, dominadas pelo capital inglês, tiveram papel preponderante nesse processo. De um lazer tido como benéfico, difundido para educar a mente e corpo dos trabalhadores urbanos, o futebol tornou-se um importante negócio e objeto de interesse político. Em paralelo, as comunidades em torno dos clubes logo colaboraram para a construção de fortes laços identitários e organizações de torcidas. Os vínculos econômicos, políticos e a eclosão de episódios de violência, passaram a marcar o noticiário em torno do esporte.A ascensão do futebol como fenômeno de massas ocorreu em um período marcado por intensos debates sobre as identidades nacionais e regionais. Assim, não demorou para que as discussões em torno do esporte passassem a associar estilos de jogo a características consideradas típicas de cada nação. A imprensa escrita e radiofônica assumiu então um papel central, repercutindo e pautando temas que atravessam as diversas dimensões do futebol, que iam muito além do que se passava sobre os gramados: dos debates sobre a nacionalidade, às discussões sobre a profissionalização, dos debates raciais aos de gênero, entre muitos outros. Assim, o futebol não deixa de ser uma das possíveis portas para o estudo de diferentes fenômenos sociais e históricos, além dele mesmo ter se constituído em um espaço particular de discussões, com sua linguagem própria e temas específicos.O que explica a popularização do futebol na América Latina? Qual a relação entre a fundação dos clubes de futebol e a industrialização? Como podemos entender a difusão desigual do futebol na América Latina? Quais fatores explicam o protagonismo dos países do Rio da Prata no início do século XX? Como o futebol se relacionou com o nacionalismo e a construção de identidades coletivas? Para respondermos essas e outras perguntas, convidamos Matias Pinto, historiador, jornalista e um dos criadores do podcast de política internacional Xadrez Verbal.Imagem do episódio: Ángel Zárraga - Dimanche | https://cutt.ly/0r0X9hDN |Hora Americana, seu podcast quinzenal de história das Américas. Acompanhe nossas redes sociais: @HoraAmericana
O episódio #93 está no ar!
Nosso tema para essa quinzena é o povoamento da América, com a participação de André Strauss, professor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.
Como os pesquisadores vêm apontando há décadas, vivemos em um período que, cada vez mais, será marcado pelos impactos causados pelas mudanças climáticas. Esse processo, no entanto, está longe de ser inédito, com a diferença que, desta vez, a ação humana é a principal causadora dessas transformações.
A história da colonização do nosso continente está diretamente relacionada às mudanças no clima ocorridas no que ficou conhecido como a última Era do Gelo. As baixas temperaturas, a formação de enormes massas de gelo e a diminuição do nível do mar foram elementos fundamentais no processo de migração e ocupação humana de nossas terras a partir do continente asiático.
No último século, as descobertas arqueológicas permitiram enormes avanços sobre esta questão. No Brasil, por exemplo, temos casos que ganharam grande atenção da imprensa, como o crânio de Luzia e os polêmicos achados na Serra da Capivara. No entanto, ainda que pareça paradoxal, as contínuas descobertas de sítios arqueológicos com vestígios de ocupação humana em diferentes partes do nosso continente têm aumentado as dúvidas sobre quando e como os primeiros humanos chegaram a essas terras.
Como as transformações climáticas e geográficas interferiram no deslocamento dos povos do leste da Ásia? Como os seres humanos se relacionavam com a megafauna existente na América? Quais são as principais teorias sobre a ocupação do nosso continente? De que forma descobertas recentes vêm alterando esses debates? Como é possível determinar a datação dos vestígios arqueológicos encontrados? Essas e outras questões são abordadas no programa. Não deixe de conferir!
Imagem do episódio: O crânio de Luzia | Museu Nacional | https://cutt.ly/BrNrtcB7 |
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O episódio #92 está no ar!O episódio de hoje traz como tema central o pensamento decolonial nas Américas. Muito relevante quando pensamos nas discussões históricas atuais, essa corrente de pensamento possibilita valorizar memórias, identidades e conhecimentos de povos que foram anteriormente silenciados e classificados segundo estruturas que os consideravam menores e menos importantes.Durante os séculos de colonização aos quais diversos povos foram submetidos, os resultados somam apagamentos de conhecimentos e saberes, assim como a imposição de práticas e ideologias que estavam dentro de padrões europeus, seguindo uma lógica colonizadora e hierarquizadora de culturas. A desobediência epistêmica proposta pelo pensamento decolonial é resultado da desconstrução de um saber eurocêntrico, buscando superar a submissão aos paradigmas e ideais europeus e do norte global. A ideia não é abandonar o conhecimento já produzido, mas mudar o padrão que tem sido construído por séculos e séculos.Por outro lado, algumas críticas apontam que o pensamento decolonial tem sido utilizado de uma forma muito superficial, às vezes reforçando uma tendência que generaliza o Ocidente, além de essencializar identidades quando opõe o Sul e o Norte. Aspectos como esses têm trazido à tona algumas discussões que nos mostram como as epistemologias não cessam sua caminhada.Mas afinal, o que é o pensamento decolonial? De que maneira a modernidade e a América estão relacionadas? Como as questões raciais aparecem na crítica decolonial? O que existe por trás dos diferentes termos utilizados para tratar o pensamento decolonial? Para responder a essas e outras questões, nossa convidada do episódio é Tereza Maria Spyer Dulci, professora da UFOP e UNILA.Imagem do episódio: Mural “Reflexo de si” - Nunca | 2016 | Heerlen, Holanda | https://cutt.ly/drXGprfw |Hora Americana, seu podcast quinzenal de história das Américas. Acompanhe nossas redes sociais: @HoraAmericana
O Episódio #9#91 está no ar!Para essa quinzena, nosso episódio traz como tema o herói negro das Américas, Toussaint Louverture, conhecido por sua importante participação na Revolução Haitiana. No século XVIII, o Haiti era a colônia mais produtiva das Américas e tornou-se a segunda a conquistar a Independência nacional, em 1804. Além de produções agrícolas como o café, anil, cacau e algodão, o Haiti produzia o açúcar em larga escala, utilizando-se do trabalho de cerca de meio milhão de escravizados, em sua maioria africanos. Esses escravizados eram dominados por trinta mil brancos, que os submetiam às mais severas extorsões e agressões, o tratamento era cruel, com castigos e condições de vida miseráveis.Em 1791, quando se iniciou a rebelião dos escravizados, não existia uma liderança centralizada, isso só ocorre três anos depois, quando Toussaint Louverture entrou no processo rebelde, resultando na liderança e luta organizada. Louverture era filho de um chefe tribal africano que foi transferido como escravo para a ilha de São Domingos, onde foi comprado por um senhor que lhe deu a condição de capataz de uma turma de trabalhadores, casou-se e teve 8 filhos, entre eles, o personagem do nosso episódio. A partir da instrução de Pierre Baptiste, que morava na fazenda, Toussaint foi alfabetizado e aprendeu a ler e falar francês. Quando mergulhou na batalha, em 1794, três anos depois de iniciada, Toussaint não encontrou grandes obstáculos para ganhar ascendência entre eles e aglutinou um exército sob seu comando, derrotando exércitos franceses e espanhóis. Morreu na França em 1803 e as notícias contribuíram para a continuidade das lutas contra a metrópole. A independência foi proclamada em 01 de janeiro de 1804 por Jean Jacques Dessalines. A importância da Revolução Haitiana vai muito além dos limites territoriais que o Estado haitiano estabeleceu, e Toussaint Louverture foi um importante participante desse processo. Quem foi Toussaint Louverture? Qual a sua importância para a história haitiana e, por extensão, para a história do continente americano? Que valores defendia? Quais são seus legados hoje? Para responder estas e outras perguntas, trouxemos Bethânia Santos Pereira, doutoranda em História pela Unicamp.Imagem do episódio: Toussaint Louverture; Chef des Noirs Insurgés de Saint Domingue, Paris, Jean de Beauvais, 1800-1899 | Source: The New York Public Library Digital Collections | https://cutt.ly/BrKz8rKz |Hora Americana, seu podcast quinzenal de história das Américas. Acompanhe nossas redes sociais: @HoraAmericana
No episódio #31 do Hora Americana, conversaremos com o professor da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Natalino dos Santos sobre Mesoamérica antes dos europeus.
Imagem do episódio: Códice Telleriano-Remensis.
O ensino de História desempenha um papel fundamental na construção de uma identidade latino-americana. No Brasil, currículos, livros didáticos e práticas em sala de aula frequentemente refletem uma escassa identificação dos brasileiros com seus vizinhos, e vice-versa. Esse distanciamento é muitas vezes reforçado por uma narrativa nacionalista predominante na disciplina, o que exige reflexões sobre como superar essa narrativa e o desconhecimento das histórias compartilhadas com outros países da região para que se construam identidades mais inclusivas e abertas, que não alimentem xenofobia ou racismo.
Nas últimas décadas, o ensino de História das Américas no Brasil tem enfrentado desafios significativos, como a rigidez do currículo e as limitações impostas pelo “Novo Ensino Médio” e pela plataformização do ensino, que dificultam ainda mais a abordagem de temas que antes já eram marginalizados. Nesse contexto, é crucial compreender como a História das Américas é ensinada nos diferentes países da América Latina e do Caribe, promovendo uma visão mais integrada e comparativa, que favoreça a construção de um entendimento compartilhado sobre a região.
Neste episódio discutimos o espaço ocupado pela História da América Latina nas salas de aula brasileiras. Apresentamos um projeto de pesquisa que envolveu investigadores de sete países e que fez uma análise comparativa do ensino de História na região. Procuramos conhecer o nível de interesse dos estudantes latino-americanos pela História da América Latina, investigando não apenas os temas, eventos e personagens que mais se destacam, mas também se há diferenças de gênero ou de interesse político entre eles. Outro ponto importante abordado é o impacto das novas fontes de informação, como a internet, sobre o interesse dos estudantes pelo tema. E, para encerrar, conversamos sobre a metodologia quantitativa utilizada nesse projeto, sua importância para as pesquisas históricas e os desafios que surgem ao aplicar esse tipo de abordagem.
Nosso convidado foi Luis Fernando Cerri, professor associado da Universidade Estadual de Ponta Grossa e pesquisador de cultura histórica, didática da história, consciência histórica, identidade social e ensino de história.
Imagem do Episódio: Fotografia de Mariana Yampolsky | Disponível em: https://cutt.ly/UeGP7XAl
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No episódio #32 do Hora Americana, conversaremos com a professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Keila Grinberg sobre o conceito de segunda escravidão.
Imagem do episódio: Family of African American slaves on Smith’s Plantation, Beaufort, South Carolina, circa 1862. © Timothy H. O’Sullivan | learnnc.org
Em 2020, os Estados Unidos assistirão à 59ª eleição presidencial de sua história. A disputa envolvendo o republicano Donald Trump, que tenta a reeleição, e o democrata Joe Biden, ex-vice de Barack Obama (2008-2016), marcará um ritual que vem sendo experimentado pela república norte-americana desde fins do século XVIII.
Podemos dizer, sem exagero, que o contexto eleitoral evoca uma série de símbolos, práticas e instituições que, embora se apresentem hoje como elementos consolidados na vida política daquele país, foram, na realidade, resultados das intensas disputas que se seguiram à Declaração de Independência em 1776.
Buscando se distanciar do sistema monárquico predominante na Europa do século XVIII, as antigas 13 colônias britânicas "inventaram", livremente inspirados na Roma Antiga, nas Cidades renascentistas italianas e no período dominado por Oliver Cromwell na Inglaterra do século XVII, uma nova forma de República.
Voltar aos primeiros anos dos Estados Unidos da América, nos ajuda a compreender como a criação da figura do Presidente e a elaboração de uma Constituição para servir como diretriz da vida política nacional, que hoje parecem caminhos óbvios, não eram necessariamente assim à época em que foram concebidas.
Da mesma forma, a consolidação paulatina de um sistema bipartidário e a eleição do líder do Poder Executivo por meio de um Colégio Eleitoral e não pelo voto direto nos mostram ainda duas facetas da organização republicana daquele país: a busca por uma espécie de moderação conservadora do sistema político e a importância atribuída aos Estados na escolha do líder do poder executivo.
É importante ressaltar ainda, o caráter excludente da República norte-americana na maior parte de sua existência. Negros, indígenas e mulheres, por exemplo, foram apartados por muito tempo das instâncias decisórias nos Estados Unidos e, ainda hoje, permanecem lutando por maior participação.
Para discutir essas e outras questões, convidamos para a entrevista o professor Marcos Sorrilha Pinheiro, especialista em História dos Estados Unidos e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Franca-SP.
Esperamos que aproveitem a entrevista e nos sigam em nossas redes sociais.
Imagem do episódio:
George Caleb Bingham. The County Election. 1852. Óleo sobre tela, 96,5 cm x 132 cm. Saint-Louis, Missouri, Saint Louis Art Museum.
Em tempos de #blacklivesmatter e de uma série de protestos envolvendo a questão do racismo nos Estados Unidos, se faz urgente e necessária uma profunda discussão sobre a História da participação dos negros na política norte-americana.
Reforçada no século XIX com a ampliação da produção de algodão pelos Estados do Sul para venda no mercado internacional, a escravidão esteve no centro do maior conflito armado ocorrido no interior dos Estados Unidos, a Guerra Civil ou Guerra de Secessão (1861-1865). A vitória da União nesse confronto bélico, resultou na aprovação da 13ª emenda à Constituição norte-americana, garantindo a abolição da escravidão.
Entretanto, o fim do cativeiro não resultou necessariamente em uma incorporação efetiva em termos políticos, econômicos e sociais das populações negras no período seguinte, a chamada Reconstrução.
Para evitar uma maior participação desses grupos na política norte-americana, leis segregacionistas (também conhecidas como Leis Jim Crow) foram aprovadas em diversos Estados, em especial do Sul dos Estados Unidos. Muitas das quais, revogadas somente na segunda metade do século XX com as lutas em favor dos Direitos Civis.
Embora a presença dos negros na política dos Estados Unidos tenha crescido nas últimas décadas, inclusive com a eleição recente de um presidente afro-americano, Barack Obama (2008-2016), as tensões raciais, como os eventos recentes demonstram, ainda se mantem de forma muito evidente na sociedade norte-americana.
Para discutir essas e outras questões, o podcast Hora Americana tem o prazer de convidar para sua primeira entrevista o professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Flávio Thales Ribeiro Francisco, especialista na história dos negros na política norte-americana.
Desejamos a todos que aproveitem a entrevista!
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Imagem do Episódio:
A imagem utilizada como emblema desse primeiro episódio foi captada pelo fotógrafo afro-americano Don Hogan Charles, em Newark, no Estado de Nova Jersey, em 14 de julho de 1967, e publicada posteriormente pelo New York Times. Em primeiro plano, um garoto negro com as mãos para o alto é seguido por uma tropa armada da Guarda Nacional, convocada para debelar uma manifestação que ocorria no local. A fotografia produz um grande impacto por contrastar as forças repressivas do Estado e a população civil, majoritariamente negra e pobre. Além de um documento histórico de grande valor, é uma imagem que não perdeu sua contundência na denúncia das desigualdades raciais existentes ainda hoje nos Estados Unidos.
No episódio anterior abordamos os antecedentes e o desenvolvimento da Guerra Civil Americana, e agora vamos discutir o pós-guerra nos Estados Unidos, conhecido como período da Reconstrução. Após quatro anos de conflito que resultaram na vitória da União, como ficou a região Sul considerando os impactos políticos, sociais, econômicos e estruturais da derrota? Como reconstruir uma região e reintegrar uma nação diante das disputas políticas entre o governo central e as autoridades locais? Como conduzir a incorporação da população negra após a 13ª ementa?
Questões como estas são discutidas ao longo do episódio e podem nos ajudar a entender as implicações deste período. O processo da Reconstrução impôs reformas sociais como a criação da cidadania nacional e o direito de voto aos negros. Porém, culminou em uma reação supremacista que deu origem a leis segregacionistas e organizações como a Ku Klux Klan. A criação de uma memória cívica positiva, nostálgica e idealizada do passado escravista permanece atual através do resgate da bandeira dos Estados Confederados.
Em nossa conversa passamos por diversos tópicos, como o governo de Andrew Jackson, o perdão aos confederados, a atuação do Estado Nacional, as relações do Estado com os grupos indígenas, os impactos na região norte, as repercussões da guerra fora dos Estados Unidos, a imigração de norte americanos para o Brasil, entre outros.
Nosso convidado é o professor Dr. Vitor Izecksohn, professor do Instituto de História e do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Imagem do Episódio: Freedmen Voting in New Orleans | Janeiro de 1867 | Disponível em: https://cutt.ly/Seu9tTFZ
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No episódio #72 o nosso convidado é o professor Dr. Marcos Sorrilha Pinheiro, docente da Universidade Estadual Paulista e autor do projeto de divulgação científica e histórica Canal do Sorrilha. A entrevista discute como os Estados Unidos da América chegaram à Guerra Civil Americana, ou Guerra de Secessão, um dos eventos fundamentais da história norte-americana. Procuramos entender o cenário político que levou à Guerra Civil, a questão de equilíbrio de poder entre os estados e o papel da instituição da escravidão, além do desenvolvimento inicial da guerra e a figura de Abraham Lincoln.
Imagem do Episódio: Come and Join Us Brothers, by the Supervisory Committee For Recruiting Colored Regiments | Janeiro de 1865 | Disponível em: https://cutt.ly/eetp4RJb
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O episódio #90 está no ar!Já é conhecido o fato de que o século XX marcou a América do Sul com um considerável número de regimes autoritários. É importante lembrar que a onda de golpes que atingiu a América Latina teve participação direta dos Estados Unidos, e levou ao poder o militarismo, a perseguição política e a repressão contra aqueles que os regimes acreditavam ser inimigos.A partir de 1964, os regimes ditatoriais surgidos no Cone Sul adotaram a Doutrina de Segurança Nacional (DSN), sendo o Brasil o país pioneiro no estabelecimento desse modelo. O exemplo brasileiro foi seguido pela Argentina em 1966 e 1976, pelo Chile, em 1973 e pelo Uruguai, nesse mesmo ano. Na sequência, com exceção de Venezuela e México, quase todos os países da região foram submetidos a regimes autoritários. Foram as Forças Armadas que deram o tom ao período, acompanhadas por membros da sociedade civil e setores políticos da direita. A colaboração entre as ditaduras sul-americanas se concretizou na Operação Condor (1975). Ainda que o Brasil negue sua participação formal, o país teve um papel ativo na articulação da repressão transnacional, por meio do Serviço Nacional de Informações (SNI) e os vínculos com serviços de inteligência dos outros países. As ditaduras no Cone Sul trouxeram diversas violações aos direitos humanos. Ao contrário do que aconteceu na Argentina e Chile, o Brasil protegeu os militares e civis envolvidos nos crimes de Estado. A história desses regimes continua pairando sobre as democracias sul-americanas, cujas instituições ainda enfrentam desafios quanto à impunidade dos envolvidos, a violência, e negação da memória histórica como um meio de resistência. De que modo o golpe, e posteriormente, o regime militar brasileiro foram absorvidos pelas demais ditaduras do Cone Sul? Como se dava a cooperação entre os serviços de inteligência militares na região? Nos anos 1980, como cada um dos governos autoritários saiu de cena no processo de transição à democracia? Para discutir essas e outras questões, tivemos a satisfação de entrevistar Samantha Viz Quadrat, da Universidade Federal Fluminense.Imagem do episódio: João Baptista Figueiredo e Jorge Videla | https://cutt.ly/3rY9FtbK | Hora Americana, seu podcast quinzenal de história das Américas. Acompanhe nossas redes sociais: @HoraAmericana
Nessa semana abordamos alguns aspectos do maior e mais letal conflito armado ocorrido na América Latina: A Guerra do Paraguai, ou Guerra da Tríplice Aliança. O conflito ocorreu entre os anos de 1864 e 1870, envolvendo o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
As principais causas do conflito estão relacionadas à disputas territoriais por interesses econômicos. O Paraguai estava buscando uma saída para o mar para uma maior influência regional, enquanto haviam fortes tensões relacionadas ao controle das rotas comerciais e à navegação dos rios da Bacia do Prata, considerados estratégicos para os países envolvidos.
Em 1864, a partir da ação de Francisco Solano López, presidente do Paraguai no período, ocorreu a invasão do território brasileiro para chegar ao Uruguai. Diante desse e outros eventos, houve a formação da Tríplice Aliança pelos governos do Brasil, Argentina e Uruguai, que buscavam defender seus interesses e se impor como potências regionais.
A Guerra impactou profundamente todas as nações beligerantes. No entanto, foi o Paraguai que sofreu as piores consequências, com uma derrota nacional de grandes proporções, converteu-se em um espaço de intervenções em sua política e economia por parte do Brasil e Argentina.
Atualmente o conflito possui variações interpretativas. Porém, o que não podemos deixar de reconhecer é que foi uma guerra longa e muito violenta, sendo responsável por cerca de 280 mil combatentes paraguaios mortos. Grande parte dessas mortes foi causada por doenças que atingiram os soldados e a população durante o conflito, mas também pelos ferimentos das violentas batalhas.
Como o Paraguai era antes da eclosão da guerra? O que foi a guerra do Paraguai? Como os países envolvidos saíram do conflito? Quais memórias existem a respeito do maior conflito bélico ocorrido na América do Sul no século XIX? Para responder essas e outras questões, temos a honra de conversar com a professora Ana Beatriz Ramos de Souza, Doutora em História pela UERJ.
Imagem do episódio: Igreja São Carlos Borromeu | https://cutt.ly/ZrESNhUk |
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No episódio desta semana abordamos o imperialismo estadunidense na América Central e Caribe, trazendo pontos como as intervenções, golpes e ocupações nessas regiões. Um dos aspectos mais marcantes nas discussões é a ideia tão difundida da América Latina como um quintal dos EUA. Sabemos que a hegemonia do país sobre a região foi marcada por ocupações militares, ações políticas e econômicas. Essas ocupações resultaram no enraizamento de traços culturais, aprofundamento das relações econômicas e contatos militares.Amparado pela Doutrina Monroe (1823) e o famoso lema “América para os americanos”, o governo estadunidense tentou justificar sua interferência nos assuntos dos países latino-americanos sob o pretexto de proteção da influência européia. Porém, sabemos que a política, na verdade, serviu aos interesses econômicos e geopolíticos norte-americanos.Em meados do século XIX, os Estados Unidos, impulsionado por uma série de fatores, se expandiu, alcançando a dimensão continental da qual ainda se caracteriza na contemporaneidade. Foi em meio a um cenário de inúmeras transformações políticas, sociais e intelectuais, que a América Central e o Caribe tornaram-se palco do imperialismo externo ao subcontinente norte-americano. Nesse período também houve uma importante atuação dos flibusteiros para a criação de colônias privadas na América Central.O estabelecimento de zonas de influência e a obtenção de terras que garantissem o acesso a áreas econômicas estrategicamente importantes - como o Canal do Panamá -, tanto quanto a ação política para viabilizar tais aspectos, foram fundamentais para o imperialismo. No episódio, falamos sobre como os interesses dos EUA na América Latina não são estáveis, mas mudam a partir da política interna do país e dos processos políticos latino-americanos. Mas, como se deu essa atuação dos EUA ao longo dos anos? Quais são os marcos fundamentais dessa longa e diversa história de intervenções? Como ocorreu o processo que levou à construção do Canal do Panamá? Afinal, Porto Rico pode ou não ser considerado uma colônia dos EUA? Como podemos entender o status deste território em relação aos Estados Unidos? Qual o papel que imigrantes e descendentes de latino-americanos exercem hoje em dia na sociedade e na política dos EUA? O historiador Filipe Figueiredo, responde à essas e outras questões.Imagem do episódio: Gloriosa Vitória (1954) | Diego Rivera | https://cutt.ly/QrmS6n8o |Hora Americana, seu podcast quinzenal de história das Américas. Acompanhe nossas redes sociais: @HoraAmericana
O episódio 87 está no ar!No episódio desta semana abordamos a escravidão nas Américas, um longo processo, marcado por extrema violência e exploração, que durou séculos e foi uma das principais bases econômicas da colonização europeia no continente.Ainda que existisse grande concentração de população indígena na Mesoamérica, nos Andes e em outras regiões, o emprego de africanos no trabalho forçado também é fundamental para compreendermos a formação das sociedades na América Hispânica. Apesar de os espanhóis terem menos acesso aos mercados africanos do que portugueses e, assim, adquirirem escravizados de traficantes de outras nacionalidades, em diferentes momentos e regiões, a escravidão negra configurou-se em um regime de trabalho essencial para o funcionamento da ordem colonial espanhola. Dessa forma, na América Hispânica, a mão-de-obra escravizada africana conviveu com a exploração do trabalho indígena, que se dava em outras modalidades, como a mita e a encomenda. Assim como ocorria em outras partes, a escravidão na América Hispânica se sustentava em complexos arranjos de costumes e leis. Enquanto administradores coloniais, religiosos ou leigos, buscavam regulamentar o regime escravocrata, senhores resistiam, defendendo que a autoridade senhorial não podia ser contestada pelas ações do Estado. Esse choque entre senhores e administradores coloniais gerou faíscas regularmente, o que em diferentes oportunidades ocasionou conflitos e disputas. Por outro lado, a ação dos escravizados em busca da liberdade e de melhores condições de vida, marcou a trajetória do escravismo também na América Hispânica. A formação de palenques, como ficaram conhecidos os quilombos entre os espanhóis, foi constante. Em alguns casos, lideranças negras conseguiram negociar com autoridades espanholas que, em certos casos, acabaram aceitando a existência de comunidades autônomas de africanos e descendentes no interior do Império.Como a escravidão na América espanhola se desenvolveu? Qual o papel da legislação nesse processo? Quais são suas particularidades e o que tem em comum com o Brasil? Para responder a essas e outras questões, trouxemos Waldomiro Lourenço da Silva Jr, professor da Universidade Federal de Santa Catarina. Hora Americana, seu podcast quinzenal de história das Américas. Acompanhe nossas redes sociais: @HoraAmericana
No episódio dessa semana, falamos sobre os Maias, um dos povos mais citados em sites, documentários ou livros didáticos que abordam a América pré-colombiana, mas, ao mesmo tempo, muito desconhecido.A região em que se desenvolveu a Civilização Maia corresponde ao que hoje é a Península do Iucatã, no México, entre outras partes da chamada Mesoamérica. Os primeiros sinais do que poderíamos denominar como cultura maia remetem há cerca de 2000 a.C e se estendem até hoje.O desenvolvimento de cultivos como o milho e os contatos com diferentes culturas fizeram com que as cidades se multiplicassem ao longo do tempo. No período denominado por alguns autores como “clássico”, a região chegou a ter centenas de cidades, algumas delas com várias dezenas de milhares de habitantes. Apesar disso, não houve um processo de centralização do poder. Ainda que houvesse alianças e outros tipos de relação entre diferentes cidades, nunca existiu algo que poderia ser identificado como um “reino” ou um “império” maia, com as comunidades se organizando em cidades-Estado.Com o tempo, muitas dessas cidades foram abandonadas ou diminuíram de tamanho e importância. Esse processo levou alguns autores a identificar um “colapso maia”, imagem que, apesar de ainda ser muito difundida, vem sendo cada vez mais questionada por pesquisas recentes, levando os historiadores a substituir a noção de colapso pela de transformação.A ideia de colapso também é problemática por sugerir o desaparecimento dessa cultura séculos atrás. Contudo, é preciso estar atento ao fato de que, ainda hoje, existem grupos que se denominam como maias em regiões dos atuais México e Guatemala, por exemplo, o que reforça a ideia de transformações ao longo do tempo, ao invés de um desaparecimento.Quais são as principais características dos maias? De que formas eles se organizavam e relacionavam entre si e com outros povos? Como se deu o contato com os europeus a partir do período colonial? Para essas e outras perguntas, conversamos novamente com Eduardo Natalino dos Santos, professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo.Imagem do episódio: Cerimônia de vestimenta de um sumo sacerdote | Murais de Bonampak | https://cutt.ly/arzYEVhK |Hora Americana, seu podcast quinzenal de história das Américas. Acompanhe nossas redes sociais: @HoraAmericana
No episódio dessa semana, falamos sobre os jesuítas, ordem religiosa fundada por Inácio de Loyola em 1534, dentro do contexto das reformas religiosas.
A Companhia de Jesus exerceu um papel muito importante nos esforços de evangelização em territórios como a China, o Japão, a Índia e as Américas. No Brasil, os jesuítas chegaram em 1549, liderados por Manuel de Nóbrega. Nas décadas seguintes, começaram também a atuar em diferentes partes das colônias espanholas.
Apesar de não serem os únicos religiosos a estabelecerem este tipo de organização social, os jesuítas foram muito conhecidos pelas missões, fundadas em regiões como a Amazônia, o norte do México e territórios da Argentina, Paraguai e do sul do Brasil.
A Companhia também exerceu um papel central em relação à educação durante o período colonial. As primeiras instituições de ensino no Brasil foram criadas por membros da ordem. A cidade de São Paulo, por exemplo, foi fundada a partir de um colégio jesuíta.
Ao longo de sua trajetória, os jesuítas tiveram confrontos com diferentes grupos, como bandeirantes, funcionários da Coroa ou mesmo membros da própria Igreja. A visão negativa sobre a sua atuação se ampliou durante o século XVIII, relacionada ao acúmulo de poder e terras controladas pela ordem, o que gerou reações por parte das coroas ibéricas. Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e suas colônias. Poucos anos depois, em 1767, decisão semelhante foi tomada pelos espanhóis.
A reabilitação dos jesuítas só ocorreu ao longo do século XIX, com membros da ordem voltando a atuar em solo americano, de onde saiu o primeiro integrante a ser eleito Papa: Jorge Mario Bergoglio, que adotou o nome de Francisco.
Como e quando surgiu a Companhia de Jesus? Qual foi a sua atuação na América durante o período colonial? Como foram criadas e funcionavam as missões jesuíticas? Para responder a essas e outras questões, temos a honra de conversarmos hoje com Maria Cristina Bohn Martins, professora da Unisinos.
Imagem do episódio:
Sete Povos das Missões | As ruínas jesuítas de São Miguel das Missões, na Região das Missões. Patrimônio da Humanidade desde 1983 no estado do Rio Grande do Sul | https://cutt.ly/4rjRgdqG |
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No episódio dessa semana falaremos sobre a História de El Salvador. Atualmente, temos visto diversas notícias que retratam o Estado salvadorenho como violento e repressor, principalmente se considerarmos que o país possui hoje uma das maiores taxas de encarceramento do mundo. Porém, é preciso estarmos atentos ao que essas notícias escondem, visto que El Salvador tem uma história e um povo que merecem ser conhecidos para além das lentes que reduzem sua diversidade e complexidade.
O território, colonizado por espanhóis no séc. XVI, conquistou sua independência em 1821, integrando-se em seguida à chamada República Federal da América Central; mas foi apenas em 1841 que o país se tornou soberano de fato. Desde o final do século XIX, sua economia foi baseada na produção e exportação do café, tendo sido consideravelmente abalado pela crise de 1929. Em 1931, tentando estabelecer uma dinâmica liberal-democrática, El Salvador celebrou eleições presidenciais que elegeram Arturo Araujo, porém, ele só ocupou o cargo durante um curto período devido ao golpe de Estado que levou ao poder ao general Maximiliano Hernández Martínez.
Hernández, apoiado no Exército, inaugurou um estilo de governo diferente, sob um regime militar autoritário que reagiu brutalmente às oposições, reprimindo greves e protestos. Algumas medidas foram tomadas em relação à crise econômica, resultando em um alívio emergencial. Além disso, também foram criados o Banco Central de Reserva e o Banco Hipotecário, exemplos da reforma de longo prazo. Essas mudanças ajudaram a ordenar um sistema que visava proteger os interesses dos proprietários salvadorenhos.
Em 1944, Hernández Martínez renunciou à presidência. A junta civil que assumiu após sua renúncia foi derrubada em 1948. Oscar Osorio assumiu o Executivo em 1950 e durante os anos seguintes a economia cresceu, apresentando uma diferente configuração do modelo econômico. Até 1980, o Exército foi uma das peças principais do sistema político.
Na maior parte do século XX, El Salvador caracterizou-se por uma política interna conturbada e excludente, com fraudes eleitorais e um regime repressivo. O país também nutriu desavenças com nações vizinhas, exemplo disso é a Guerra das 100 horas, ou Guerra do Futebol, sem mencionar que os salvadorenhos passaram por sua própria Guerra Civil, que se estendeu até 1992.
A violência cotidiana e as guerras deixaram marcas no país, e as transformações ao longo do conflito interno e no pós-guerra foram notáveis. Diante disso, podemos perceber o quão complexo o território se mostra, com uma profusão de temas a serem abordados e questionamentos que podem ser levantados. Como El Salvador conquistou sua independência e se estabeleceu como Estado autônomo? Qual foi o papel das Forças Armadas em sua história? Ao longo do tempo, como o país centro-americano se relacionou com os EUA? Como a Guerra Civil nos anos 1980 ajuda a explicar o atual cenário político salvadorenho? Essas e outras questões foram discutidas pela nossa convidada do episódio #84, Vanessa Matijascic, docente do curso de Relações Internacionais na FAAP.
Imagem do episódio: Combatientes del Frente Farabundo Martí de Liberación Nacional, durante la guerra civil en El Salvador | Historia de la violencia en El Salvador”/ C. Dupuy | https://cutt.ly/drfB4oR5
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No episódio dessa semana iremos tratar sobre a Guerra do Chaco, seu contexto, causas e desdobramentos. Esta guerra teve como palco uma região que é considerada a maior floresta tropical seca do continente sul-americano. O Chaco é uma vasta planície que faz parte dos atuais territórios da Argentina, Bolívia, Paraguai e uma pequena parte do Brasil. Devido ao clima seco, calor sufocante e escassez de água, a região recebeu o apelido nada carinhoso de “Inferno Verde”.
A razão principal da guerra do Chaco foi a disputa pela posse do Chaco Boreal envolvendo Bolívia e Paraguai entre os anos de 1932 a 1935. As origens deste conflito remontam ao período colonial, quando a região permaneceu praticamente inexplorada pelos espanhóis por ser considerada inóspita e de difícil ocupação. Durante as independências, o Chaco se tornou objeto de disputa de diversas nações, como foi o caso da Argentina, Bolívia e Paraguai. Após o fim da Guerra do Paraguai, o litígio pela posse do Chaco se intensificou. A Bolívia reivindicava a posse do território chaquenho devido ao seu enclausuramento marítimo, situação semelhante a do Paraguai, que não tinha saída para o mar e contava com os vizinhos para acessá-lo.
O conflito boliviano-paraguaio recrudesceu devido à descoberta de reservas de petróleo na região e também por causa dos efeitos negativos que a crise de 1929 teve nas economias destes dois países. O estopim para o início da Guerra do Chaco foi o ataque boliviano contra o Fortim paraguaio “Carlos Antonio López”, nos arredores da lagoa Pitiantuta.
O conflito teve uma marcante dimensão geopolítica, envolvendo diversos países do continente, mesmo que indiretamente, como foi o caso de Brasil e Argentina, que disputavam a hegemonia da região. O Paraguai saiu vitorioso, obtendo 75% da área que foi reivindicada, enquanto a Bolívia ficou com os outros 25%. A guerra do Chaco deixou um saldo de 100.000 mortos e foi marcada por uma letal falta d’água, diversos atos de violência e inúmeros traumas que marcaram a vida e a memória das pessoas.
Neste episódio buscamos compreender os motivos que levaram Bolívia e Paraguai a um conflito armado em 1932. Também discutimos a importância do Chaco para os dois países beligerantes, bem como o posicionamento de outras nações durante o conflito. Abordamos as principais consequências da guerra para a Bolívia e o Paraguai e finalizamos com a análise de algumas questões negligenciadas sobre a disputa boliviano-paraguaia. Nosso convidado foi o professor Marcelo Pereira da Silva Berman, mestre em História pela USP.
Imagem do episódio: La Guerra del Chaco en la historia del Paraguay | Guerra del Chaco. Arquivo De Sanctis | Disponível em: https://cutt.ly/MraF4Blj |
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