Neste episódio, eu e o José Travassos conversamos com o Paulo Ventura, um consultor e gestor de empresas que vive em Leiria. Licenciado em economia pela Universidade de Coimbra, e com uma pós-graduação em Finanças e Controlo Empresariais pelo ISCTE em Lisboa. Actualmente o Paulo desempenha funções de desenvolvimento de negócio e de gestão em empresas que operam na área ambiental. O Paulo Ventura é também conselheiro nacional da IL, eleito nas últimas eleições internas, e ainda o candidato da IL nas próximas eleições autárquicas à Câmara de Leiria.
Em 2012, o Paulo teve, nas palavras do próprio, “a oportunidade de se pôr à prova” indo para a Alemanha montar uma empresa em conjunto com outro sócio, também português. A experiência permitiu-lhe comparar a realidade portuguesa com a alemã, chegando à conclusão de que não existem países bons ou maus. Pelo contrário, cada país tem os seus pontos positivos e negativos, e o que importa é trabalhar, partindo do que temos, para que consigamos reduzir os aspectos negativos.
Durante a conversa, abordámos alguns destes pontos, como por exemplo a liberdade de escolha na saúde, o funcionamento dos serviços públicos e também o sistema de ensino. Em todos, o Paulo deu exemplos de coisas que funcionam melhor na Alemanha do que em Portugal, e vice-versa. O que reforça a ideia de que Portugal não é um caso perdido.
Regressou a Portugal em 2019, por várias razões. Por um lado porque já tinha partido para a Alemanha com a ideia do regresso, e por outro surgiu a oportunidade de vender a empresa. E também ajudou à decisão que o Paulo, que é pai de dois filhos já nascidos na Alemanha, os queria acompanhar e ajudar ao longo do seu percurso escolar.
A parte final da conversa centrou-se no que o motivou a entrar na vida política activa, e em particular a aceitar o desafio de ser candidato à presidência da Câmara de Leiria. Uma cidade que, apesar dos rumores que circulam na internet, existe mesmo. A região oeste, da qual Leiria faz parte, é mal servida por transportes públicos e não tem tido a capacidade de atrair grandes empresas, que contribuam com oportunidades de trabalho na região. Se é correcto que os municípios não podem tudo fazer, também é certo que são um importante fulcro para alavancar as vantagens da região. A começar pela mobilidade, que vai ser fortemente impactada com a futura paragem do TGV em Leiria.
Neste episódio, eu e o Carla Rei conversamos com o Paulo Costa, um engenheiro formado em telecomunicações e informática. O Paulo tem uma longa carreira, que começou como investigador no Laboratório de Nacional de Engenharia Industrial e continuou no desenvolvimento de software em vários domínios, desde a administração pública, passando pela banca e os serviços web da Amazon. Actualmente é o presidente da associação Também Somos Portugueses, um grupo que promove a cidadania activa de todos os portugueses, com especial destaque para os que vivem no estrangeiro.
A Também Somos Portugueses (ou TSP) foi criada em 2015, por portugueses residentes em Londres que tentavam convencer os seus compatriotas a participarem nas eleições portuguesas e também nas eleições locais inglesas. Foi graças ao empenho desta associação, que em 2018 foi feito recenseamento automático de todos os emigrantes, facilitando o processo de votação. O resultado, o número de votos na diáspora aumentou quase dez vezes, de 30 mil para 270 mil.
A nossa conversa rodou em torno de essencialmente, três tópicos. O trabalho da TSP e a interação com a administração pública portuguesa, a facilitação do processo de votação aos emigrantes e, claro, a emigração. Na qualidade de presidente da TSP, o Paulo interage frequentemente com a administração pública, aconselhando e oferecendo sugestões para melhoria dos processos. Embora o funcionalismo público tenha alguma má fama em Portugal, o Paulo elogia o trabalho feito por algumas entidades como a Comissão Nacional de Eleições e a Agência para a Modernização Administrativa. E realça alguns dos problemas que enfrentam, como sejam o envelhecimento dos funcionários, a falta de conhecimento especializado, os incentivos errados e as limitações orçamentais. Tudo somado, estes problemas estão na origem de muitas das ineficiências que vemos na administração pública.
A TSP propõe que o voto electrónico, não presencial, seja pelo menos testado nos círculos da emigração. Embora eu não seja a favor desta modalidade, o Paulo contrapõe com alguns bons argumentos. Nomeadamente que facilitar o processo de votação também é aproximar os portugueses, e os seus descendentes, de Portugal. E dá o exemplo da França, onde meio milhão de franceses votam remotamente sem qualquer prejuízo para a legitimidade das eleições.
E finalmente, no que respeita à emigração, o Paulo contrasta a mudança de hábitos na emigração portuguesa. Actualmente é mais jovem, mais móvel e não tão presa a um determinado país ou região. A interação online também mudou radicalmente, com o abandono de plataformas abrangentes como o Facebook e a mudança para grupos de discussão fechados, como por exemplo o WhatsApp. Estas mudanças tornam difícil a formação de associações cívicas em torno das quais os emigrantes se possam reunir e discutir os seus problemas. E complica também o contacto das embaixadas com os emigrantes, sendo que o Paulo critica a inércia do Ministério dos Negócios Estrangeiros em se adaptar a esta nova realidade.
Neste episódio, eu e o José Travassos conversamos com o João Gaspar, que de formação é engenheiro químico mas que trabalha como analista do mercado em Londres, na empresa Argus Media. É o responsável pelo relatório semanal que a empresa publica sobre o mercado da soda cáustica, e seus derivados, aqui na Europa. Anteriormente ocupou posições semelhantes na IHS Markit e na Dow Jones.
Esta foi uma conversa leve e bastante eclética. Começamos por falar sobre o mercado da soda cáustica, e a vantagem de haver entidades externas que tentam prever o preço de comodities. Daqui continuámos para as razões que levaram o João a emigrar, e que por enquanto o mantêm em Londres. Infelizmente, Portugal tem para oferecer aos seus jovens licenciados uma má combinação: baixos salários, cargas elevadas de trabalho e poucas ou nenhumas perspectivas de progressão na carreira. Não estranha assim que tantos recém-licenciados escolham tentar a sua sorte fora do país.
O Brexit e a má fama da culinária inglesa foram os tópicos seguintes, que serviram de entrada para as instituições inglesas e a sua resiliência ao longo de já vários séculos. E por contraste, a dificuldade que o Portugal democrático tem tido em criar instituições independentes dos governos, que defendam o interesse público.
Naturalmente a conversa evoluiu para a falta de incentivos para que Portugal tenha políticos de qualidade. Para esta situação contribui a aversão ao risco dos portugueses, que conduz a que as mudanças sejam quase sempre impostas de fora, e acompanhadas por drama e sofrimento. E terminámos com a dificuldade que muitas vezes, nós emigrantes, sentimos ao explicar aos nossos amigos e familiares em Portugal de que é possível fazer melhor.
Neste episódio, eu e o José Travassos conversamos com a Clara Gomes, uma jovem médica de Vila do Conde. Desde 2014, quando terminou o curso de medicina, trabalhou no SNS em Portugal e fez também um internato de três meses no outro lado do Atlântico, no Instituto do Coração em São Paulo. Em 2020 começou como internista no IPO do Porto, altura em que decidiu fazer um doutoramento na área cardio-oncologia. Começou os estudos na Faculdade de Medicina do Porto, mas decidiu continuar na Universidade de Amsterdão, porque aqui encontrou uma equipa de investigação mais focada na sua área de investigação.
A experiência da Clara nos Países Baixos tem sido enriquecedora, apesar das diferenças culturais com Portugal. E durante a conversa a Clara menciona o gradiente cultural que existe do Brasil aos Países Baixos, passando por Portugal. Simplificando e resumindo, mais emocional no Brasil e mais pragmático nos Países Baixos, sendo que Portugal estará a meio caminho entre os dois.
A conversa girou em torno das diferenças entre Portugal e os Países Baixos, e como seria de esperar, os respetivos sistemas de saúde. Novamente a diferença reside na forma de gestão, e como realça a Clara, na utilização de enfermeiros e técnicos de diagnóstico para acompanhar e encaminhar as pessoas nos seus cuidados de saúde. Parece quase óbvio dizê-lo, mas crianças e grávidas saudáveis não requerem acompanhamento médico, basta enfermeiros e técnicos especializados que em caso de necessidade encaminham para o médico ou hospital.
Apesar da boa experiência nos Países Baixos, a Clara e a família decidiram voltar para Portugal. No final, tudo pesado, o custo de vida e o apoio familiar que têm em Portugal resultaram na decisão de voltar. E na bagagem, a Clara leva de volta as boas práticas de organização e de trabalho que experienciou nos Países Baixos. Sendo certo que não se podem todas copiar cegamente, há muita lição de gestão que Portugal pode aprender com os Países Baixos.
Neste episódio, eu e o José Travassos conversamos com o Pedro Pereira, um jovem médico de 28 anos nascido no coração da Beira Alta. O Pedro estudou medicina em Coimbra, e durante os estudos fez dois Erasmus. O primeiro na Polónia, em Wroclaw, e o segundo, um estágio na capital da Eslovénia, Ljubljana. Depois dos estudos, começou por exercer na Figueira da Foz mas ao fim de um ano rumou ao norte, para a ULS do São João no Porto, onde está a fazer o internato.
Os membros da IL mais atentos certamente reconhecerão o Pedro. Foi um dos fundadores do núcleo de Viseu, foi conselheiro nacional e é actualmente membro da Comissão Executiva, com o pelouro pelo Conhecimento Internacional.
Ora, como não podia deixar de ser, a nossa conversa começou pelo Serviço Nacional de Saúde. De acordo com o Pedro, o SNS sofre de vários problemas, a começar por uma má gestão e um pior planeamento, algo que também já tinha sido realçado pelo Alfredo Vieira num dos primeiros episódios que fizemos. Outra enfermidade do SNS é o uso e abuso das urgências hospitalares para substituir a falta de prestadores de cuidados primários, porque os cidadãos não têm outra opção. E por fim, o SNS parece incapaz de atrair e manter profissionais, sem os quais não pode haver SNS.
O Pedro reconhece que as reformas necessárias serão longas e duras, o que explica em parte que nenhum governo a inicie. Mas empurrar os problemas com a barriga é pior porque aumenta os custos das mudanças que terão que ser feitas.
Os detractores da IL ficarão desiludidos com o Pedro, porque ele não defende a extinção do SNS (a IL também não, diga-se de passagem) e até dá bons exemplos de gestão da coisa pública. Por exemplo, o Hospital de Gaia e as urgências metropolitanas no Porto, em que os vários hospitais públicos se coordenam para que a população tenha sempre todos os serviços de urgência abertos na região.
Na segunda parte da conversa, aproveitando a deixa dos Erasmus feitos pelo Pedro, falámos sobre a Europa e a actual emigração portuguesa. Mais jovem, mais qualificada e menos provável que retorne a Portugal. E o Pedro deu até o exemplo da Albânia, um país a braços com um êxodo de gente jovem, como um dos cenários possíveis para o futuro de Portugal. É possível que parte dos jovens portugueses que agora emigram, retornem e contribuam para uma mudança da mentalidade portuguesa. Temos exemplos de países europeus bastante pobres que conseguiram ultrapassar a pobreza crónica em poucas gerações. O Pedro dá o curioso exemplo da Finlândia, que Portugal ajudou nos anos 40 com uma recolha de alimentos e hoje é mais rica, e um exemplo recorrente de boas práticas públicas para Portugal.
Antes de terminar, gostaria de avisar que algumas partes da conversa têm uma má qualidade de som. Tentamos fazer o nosso melhor para limpar o som, mas nem sempre o pudemos fazer sem introduzir cortes significativos na conversar.
Neste episódio, eu e a Carla Rei conversamos com o Pedro Rupio, um luso-descendente de 40 anos e que trabalha no departamento de marketing de uma empresa financeira em Bruxelas. O Pedro faz parte da segunda geração de emigrantes portugueses, e o bichinho do activismo levou-o desde cedo a envolver-se no associativismo luso em Bruxelas. Integrou a direcção da Associação dos Portugueses Emigrados na Bélgica, e foi eleito Conselheiro das Comunidades Portuguesas, cargo que ocupou durante quinze anos. Pelo meio tirou um mestrado em Ciência Política, onde abordou a fraca participação cívica dos emigrantes portugueses, e foi também o primeiro luso-descendente eleito em Bruxelas para uma assembleia municipal na capital belga.
O Pedro é um convidado diferente dos que tivemos até ao momento. Não só é socialista, e membro PS belga, como é também um português de segunda geração que continua a manter uma forte ligação com Portugal. Os luso-descendentes não costumam aparecer nas estatísticas, por exemplo não são contabilizados pelo Observatório da Emigração nos cerca de 2 milhões e meio de emigrantes portugueses. Esta invisibilidade leva a que as instituições portuguesas ignorem boa parte da riqueza e diversidade que compõe as comunidades portuguesas por esse mundo fora. O Pedro dá o exemplo, entre outros, da comunidade portuguesa em Buenos Aires que em que portugueses de terceira e quarta geração mantêm viva a cultura e a língua portuguesa. A que eu acrescentaria a final do Euro de 2016, que teve quatro filhos de emigrantes portugueses em campo. O Adrien, o Raphael Guerreiro e o Cédric por Portugal e o Griezman pela França.
A conversa com o Pedro Rupio oscilou entre a sua experiência de campanha como candidato pelo PS nas recentes legislativas belgas de 2024, os longos anos em que foi conselheiro do Conselho das Comunidades Portuguesas, e, como não podia deixar de ser, sobre o que é ter dois países no coração. Ou como diz o Pedro, gostar tanto de bacalhau como de moulles frites.
Neste episódio, eu e o José Travassos conversamos com a Mariana Monteiro, uma jovem de 27 anos que reside em Londres. A Mariana é uma engenharia química, formada no Instituto Superior Técnico, que após o curso trabalhou numa consultora na área. No entanto, um par de anos depois decidiu voltar ao meio académico, e está neste momento a fazer um doutoramento, em sistemas aplicados a bioprocessos, no Imperial College em Londres.
É membro da Iniciativa Liberal desde 2018, e participou na campanha para as legislativas de 2019 que culminaram na eleição do primeiro deputado da IL.
A Mariana, tal como muitos outros jovens diplomados hoje em dia, vê a emigração como a forma de ter, e progredir, na carreira. Se na geração dos pais da Mariana, o elevador social ainda funcionava com estudo e trabalho, hoje sente que tal não é possível. Como ela afirma logo ao início, voltar para Portugal seria abrandar a carreira que quer ter. Por outro lado, a Mariana é crítica da hierarquia na universidade portuguesa, que não troca pela liberdade de acção e pensamento que goza no Imperial College. Ou não fosse a Mariana uma liberal.
Embora tenha ido para o Reino-Unido imediatamente antes do Brexit, a Mariana não considera que o país esteja mergulhado no caos que a imprensa por vezes descreve. As instituições no Reino Unido são bastante resilientes, e a Mariana não notou que as sucessivas mudanças de governo tenham tido qualquer impacto na vida do dia a dia. E Londres, apesar dos seus 10 milhões de habitantes, continua a ser uma cidade segura e funcional.
É certo que o Brexit tornou a emigração, qualificada ou não, um processo mais difícil. Os candidatos agora necessitam que uma empresa patrocine o visto de trabalho, o que lhes limita a capacidade de negociar melhores salários ou mais tarde, de mudar de empregador. Ironicamente o Brexit conseguiu tornar o Reino Unido menos atractivo para o talento internacional. Ainda é cedo para avaliar as consequências do Brexit, mas como diz a Mariana, por um lado as instituições no Reino Unido são bastante resilientes e por outro continuam a existir necessidades de mão-de-obra que terão, em parte, que ser supridas pelo exterior. O normal, portanto é que o Reino Unido volte a ser atractivo após este período de adaptação às novas regras.
Neste episódio, eu e o José Travassos conversamos com o António Pais Vieira, que reside no Dubai. Um portuense, o António estudou Gestão e Administração de Empresas na Católica do Porto. O curso foi terminado já em Lisboa como trabalhador-estudante, para onde se tinha entretanto mudado. O António trabalhou em várias empresas da área tecnológica, como por exemplo a IBM e a Novabase, até que foi trabalhar como consultor na telecom da Cisjordânia, em Ramalah. Gostou tanto da experiência, que foi repeti-la no Dubai, onde ajudou a criar a primeira telecom local. E por lá foi ficando, onde trabalha em projectos de telecom e governo.
A nossa conversa focou-se no Médio Oriente, começando pela história dos Emirados Árabes Unidos, passou pela Palestina e voltou aos Emirados dos nossos dias. O Médio Oriente é frequentemente representado nos média com base em estereótipos. E quase sempre em notícias relacionadas com violência. Mas durante a nossa conversa com o António, foi possível escavar um pouco para além da superfície e conhecer melhor a região, que como nós na Europa, está a tentar perceber como navegar num mundo globalizado e em mudança.
Para quem tiver curiosidade em conhecer melhor a sociedade emirati, o António sugeriu o livro “Letters to a Young Muslim”, de Omar Saif Ghobash. Que foi embaixador dos Emirados em vários países do mundo, por exemplo na Rússia, e nestas cartas aos seus filhos discute como conciliar a fé a tradição com a liberdade de expressão e até a homossexualidade. E quem estiver interessado em conhecer mais da história da região, o António sugeriu o “From rags to riches: the story of Abu Dhabi”, de Mohamed Al Fahim. Um relato na primeira pessoa de como a região, em 30 anos, passou da pobreza extrema para se tornar numa das zonas mais ricas do mundo.
Fiquem então com o Alhos e Bugalhos !
Neste episódio, eu e a Carla Rei falamos com o José Travassos, que reside na Polónia. Um portuense nascido em 1993, licenciou-se em Economia pela Faculdade de Economia do Porto em 2014. Logo nesse ano mudou-se para Cracóvia, onde ainda vive faz 10 anos. Começou por trabalhar primeiro em departamentos de finanças sendo que posteriormente trabalhou em gestão de projetos e agora está em consultoria.
Desde os tempos da faculdade que identificava como extremamente liberal, tendo na altura como referências favoritas Milton Friedman e Frédéric Bastiat. Desligou-se da política nacional quando emigrou, mas em 2019 fez um exame de posicionamento político e viu que as suas posições políticas acertavam em cheio em cima de um novo partido chamado Iniciativa Liberal. A partir daí foi acompanhando mais o partido, e durante a campanha para as presidenciais do Tiago Mayan decidiu que já que gasta dinheiro em coisas como a Netflix e a Spotify, que também poderia pagar quotas para apoiar um projeto político no qual ele verdadeiramente acredita e contribuir assim com a sua muito diminuta parte para a sua visão de um Portugal com futuro, mais liberal e mais como o resto da Europa.
O percurso do José será muito semelhante ao terço dos jovens portugueses que já emigraram, de acordo com Observatório da Emigração. Munido de um curso superior e do cartão de cidadão, é extraordinariamente fácil para um português emigrar para qualquer um dos países ricos da Europa. E se o José admite que arriscou ao escolher a Polónia, o facto é que dez anos depois tem um salário e oportunidades de carreira que Portugal só se tem em sonhos.
Os últimos vinte minutos foram passados a discutir a política nacional, e o José mostra-se confiante no futuro. Mesmo com a previsão de uma elevada votação no PS, e do Chega como terceira força, o José acredita que o país está a ganhar consciência de que é preciso mudar. E que vai mudar para melhor.
Neste episódio, continuamos a conversa com o Alfredo Vieira. E tocamos no ponto mais sensível de todos: a saúde é um negócio. Eu sei que estamos fartos de ouvir o contrário, que é um direito e não um negócio, mas o facto é que os profissionais de saúde também precisam de pagar o almoço, a prestação da casa e de vez em quando fazer umas férias. O que um médico, um enfermeiro ou um auxiliar fazem, é aquilo que todos nós fazemos: trocamos o nosso trabalho por um salário.
Não espanta por isso que os médicos, enfermeiros e auxiliares, prefiram emigrar para não só lhes pagam mais, como também têm melhores perspectivas de carreira.
Fiquem então com o Alhos e Bugalhos !
Nesta edição, abordamos as diferenças entre os sistemas de saúde da Bélgica e de Portugal. Por experiência própria, sei que o acesso aos cuidados de saúde é muito mais fácil na Bélgica do que em Portugal. E para tentar perceber porquê, conversei com o Alfredo Vieira, um médico intensivista de 49 anos de idade. O Alfredo licenciou-se, com o mestrado integrado em 99 pela Universidade Nova de Lisboa. Depois trabalhou em Évora, nos hospitais civis de Lisboa, em Portalegre e na Arábia Saudita, em Riyad. Actualmente reside em Mons, no sul da Bélgica, onde é Chefe de Serviço Adjunto da Unidade de Cuidados Intensivos do CHR Mons-Hainaut.
A conversa prolongou-se mais do que o previsto, e por isso foi novamente partida em duas partes. Nesta primeira parte, comecei por colocar várias hipóteses para explicar as diferenças entre Portugal e a Bélgica. Desde a qualidade dos profissionais, passando pela forma de gestão e ainda as diferenças de orçamento entre os dois países. Se é verdade que na Bélgica funciona melhor porque tem mais dinheiro para gastar, também não deixa de ser notável que a gestão dos serviços médicos é superior a Portugal. Ou dito de outra forma, em Portugal há dinheiro a menos e má gestão a mais.
Fiquem então com o Alhos e Bugalhos !
Este episódio contém a conversa completa com o Rui Salgueiro, um consultor que reside em Varsóvia, a propósito das últimas eleições polacas. Nestas eleições realizadas a 15 de Outubro, provavelmente pela primeira vez na memória recente, a oposição uniu-se e conseguiu derrotar nas urnas um partido populista, o Lei e Justiça, que governou a Polónia na última década. Apesar de o Lei e Justiça ter sido o mais votado, a coligação liderada por Donald Tusk conseguiu a maioria absoluta de lugares no parlamento polaco, o Sjem.
Quando gravámos a conversa, a oposição tinha um árduo caminho pela frente até conseguir efectivamente formar governo. Desde um presidente hostil a instituições minadas por nomeações do Lei de Justiça, o caminho adivinhava-se árduo. Só em meados de Dezembro, é que a oposição liderada por Donald Tusk teve finalmente a possibilidade de formar governo. Um evento de tal forma significativo, que um cinema em Varsóvia organizou uma festa para ver em directo a votação no parlamento polaco.
Fiquem então com o Alhos e Bugalhos !
Neste episódio, a Carla Rei conversa com Cláudio Costa, a propósito da experiência deste como investigador em Portugal e na Bélgica. O Cláudio está a concluir um doutoramento em Ciências Biomédicas na Universidade Católica de Leuven, e antes fez um mestrado em Biologia Molecular e Celular na Universidade de Coimbra.
Na opinião do convidado, em Portugal as universidades não pecam pela qualidade das instalações. E ao longo dos últimos anos, os governos têm tentado corrigir alguns dos problemas do sistema científico nacional.
No entanto, o muito baixo valor das bolsas de doutoramento, a instabilidade na carreira académica e a falta de oportunidades de emprego no sector privado são determinantes para a decisão de emigrar para quem quer fazer um doutoramento. No fundo, o emprego científico em Portugal sofre dos mesmos problemas que o resto do país.
Neste episódio, continuamos a conversa com o Rui Salgueiro sobre as eleições polacas de 2023. Se na primeira parte visámos sobretudo a campanha, as eleições e os resultados, nesta parte abordamos os desafios do novo governo, que deverá ser formado por uma coligação de três partidos: o Partido Cívico, de centro-direita, o Terceira Via também de centro-direita e a Nonva Esquerda, que como o nome indica se situa à esquerda. Esta coligação terá que lidar não só com as naturais tensões internas, mas também se terá de haver com instituições minadas por nomeações do partido cessante, e ainda um presidente que lhe é hostil. A união da coligação certamente será colocada à prova nestes próximos anos.
As recentes eleições polacas são o tema deste episódio, em que converso com o Rui Salgueiro, um português residente em Varsóvia.
À partida, este pode parecer um tópico pouco interessante para Portugal. No entanto, a Polónia é não só o terceiro maior país na UE e o líder natural na região do Báltico, como é também desde à quase uma década governada por um partido nacionalista, populista e nada amigo da democracia. Tal como sucede na Hungria de Viktor Órban, e se receia que venha a suceder na Eslováquia após a eleição de Robert Fico.
Com a ameaça do populismo a crescer também em Portugal, a Polónia fornece um exemplo de como ganhar eleições contra este tipo de partidos.
Artigo do Rui no Observador sobre as eleições polacas: https://observador.pt/opiniao/mudanca-na-polonia-a-democracia-venceu-mas-os-desafios-persistem/