
Neste episódio, eu e o José Travassos conversamos com a Mariana Monteiro, uma jovem de 27 anos que reside em Londres. A Mariana é uma engenharia química, formada no Instituto Superior Técnico, que após o curso trabalhou numa consultora na área. No entanto, um par de anos depois decidiu voltar ao meio académico, e está neste momento a fazer um doutoramento, em sistemas aplicados a bioprocessos, no Imperial College em Londres.
É membro da Iniciativa Liberal desde 2018, e participou na campanha para as legislativas de 2019 que culminaram na eleição do primeiro deputado da IL.
A Mariana, tal como muitos outros jovens diplomados hoje em dia, vê a emigração como a forma de ter, e progredir, na carreira. Se na geração dos pais da Mariana, o elevador social ainda funcionava com estudo e trabalho, hoje sente que tal não é possível. Como ela afirma logo ao início, voltar para Portugal seria abrandar a carreira que quer ter. Por outro lado, a Mariana é crítica da hierarquia na universidade portuguesa, que não troca pela liberdade de acção e pensamento que goza no Imperial College. Ou não fosse a Mariana uma liberal.
Embora tenha ido para o Reino-Unido imediatamente antes do Brexit, a Mariana não considera que o país esteja mergulhado no caos que a imprensa por vezes descreve. As instituições no Reino Unido são bastante resilientes, e a Mariana não notou que as sucessivas mudanças de governo tenham tido qualquer impacto na vida do dia a dia. E Londres, apesar dos seus 10 milhões de habitantes, continua a ser uma cidade segura e funcional.
É certo que o Brexit tornou a emigração, qualificada ou não, um processo mais difícil. Os candidatos agora necessitam que uma empresa patrocine o visto de trabalho, o que lhes limita a capacidade de negociar melhores salários ou mais tarde, de mudar de empregador. Ironicamente o Brexit conseguiu tornar o Reino Unido menos atractivo para o talento internacional. Ainda é cedo para avaliar as consequências do Brexit, mas como diz a Mariana, por um lado as instituições no Reino Unido são bastante resilientes e por outro continuam a existir necessidades de mão-de-obra que terão, em parte, que ser supridas pelo exterior. O normal, portanto é que o Reino Unido volte a ser atractivo após este período de adaptação às novas regras.