Neste episódio, recebemos José e Sebastián Zuccardi para uma conversa franca sobre a identidade dos vinhos de montanha no Valle de Uco, em Mendoza. A jornada começa nas origens da família, quando a viticultura nasceu como desdobramento de um projeto de irrigação em pleno deserto andino. A partir daí, curiosidade, método e respeito ao lugar passaram a guiar cada decisão no campo e na adega.
Avançamos para a visão atual da terceira geração: altitude, calcário e leitura minuciosa de microparcelas redefiniram o estilo da casa. Falamos sobre Finca Piedra Infinita e vinhos de parcela como Gravascal e Supercal, sobre o uso de recipientes de concreto para preservar frescor e textura, sobre colher no ponto e reduzir maquiagem de madeira e extração. O Malbec aparece como linguagem do terroir — mudando de sotaque conforme o paraje — enquanto os brancos de altitude ganham protagonismo, muitas vezes com malolática contida para manter tensão.
No pano de fundo, uma empresa familiar profissionalizada, que pensa no longo prazo e trata a Cordilheira como personagem central da taça. Entre bastidores de pesquisa paciente, precisão cartográfica e histórias que conectam montanha, gente e safra, fica o convite: dar o play para provar com os ouvidos como o Valle de Uco se tornou um dos territórios mais vibrantes do vinho.
Destaques
🍇 Origem no deserto de Mendoza
Como a família parte de soluções de irrigação para transformar uma região árida em vinhedos referência. O enraizamento técnico e afetivo explica escolhas consistentes: viticultura adaptada ao clima continental, luz intensa e solos pedregosos.
🏔️ Vinhos de montanha, altitude e calcário
O impacto direto da Cordilheira na temperatura, insolação e drenagem. Altitude traz amplitude térmica, maturação lenta e acidez firme; o calcário adiciona textura, salinidade e sensação de talco na boca, favorecendo precisão aromática.
🧭 Pirâmide de origem: vale, povoados, parajes, fincas e parcelas
A organização da linha como um mapa de leitura do território. Quanto mais se sobe na pirâmide, mais o vinho fala do lugar específico e menos de técnicas de adega — foco na microexpressão de solos e geomorfologia.
🪨 Finca Piedra Infinita e os vinhos de parcela
Estudo detalhado de um único sítio desdobrado em subáreas com personalidades distintas. Vinhos como Gravascal e Supercal mostram como pequenas diferenças de pedra, profundidade e carbonato mudam textura, energia e final.
🧱 Concreto para transparência
Menos madeira nova e extração, mais recipiente neutro. O concreto preserva frescor, realça vegetação nativa no nariz e coloca o solo no centro da experiência, entregando vinhos tensos, longos e com ótima capacidade de guarda.
🍷 Malbec como linguagem do terroir
Mais que uva emblemática, o Malbec funciona como tradutor do lugar: muda acento conforme altitude, exposição e composição do solo. De estrutura e fruta nos povoados mais quentes a nervo e verticalidade onde o calcário domina.
👨👩👧👦 Empresa familiar, gestão profissional
Três gerações, decisões de longo prazo e equipe alinhada a valores. A combinação de legado e profissionalismo permite experimentar, errar pouco e manter uma linha evolutiva clara nos vinhos.
🌎 Argentina hoje e amanhã
Mercado interno forte, consumidores curiosos e uma trajetória de qualidade em ascensão. O futuro aponta para comunicar com precisão o lugar — mais cartografia líquida, menos rótulos genéricos.
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Agradecemos à Grand Cru pela parceria e pela acolhida impecável: este episódio foi gravado na Grand Cru Jardins, em São Paulo, um espaço que respira vinho e boas conversas.
