Sem qualquer exposição doutrinária ou sequer menção à obra salvífica de Cristo, esta pequena carta pessoal de Paulo a Filémon acabou por entrar no cânon bíblico. Porquê? Uma explicação é que ela testemunha da transformação radical que ocorre nos relacionamentos entre pessoas que seguem a Cristo - ela transforma escravos fugidios e rebeldes em cooperadores no trabalho missionário e derruba barreiras entre estratos sociais, tornando cada seguidor de Cristo num irmão. Outra possível explicação é que Onésimo, escravo que um dia fugiu do seu senhor e se converteu aos pés de Paulo, pode bem ter acabado por se tornar no mui estimado bispo da igreja de Éfeso décadas mais tarde. Não sabemos, mas seja como for esta é uma carta cheia de graça, restauração e esperança!
Nas cartas pastorais do apóstolo Paulo em geral, e nesta a Tito, em particular, lemos várias instruções práticas acerca de como os crentes se devem comportar no seu dia-a-dia. Há uma grande preocupação pelo testemunho cristão junto daqueles que ainda não crêem e há uma forte convicção de que Cristo voltará e, portanto, o crente deve estar preparado para a chegada do Rei dos reis. Efectivamente, quando esperamos a chegada de alguém importante, limpamos, decoramos e colocamos tudo em ordem para receber essa visita especial. Quanto mais prontos devemos estar para a vinda de Cristo!
Também esta é uma carta de encorajamento! Provavelmente as últimas palavras escritas do apóstolo Paulo antes do seu martírio em Roma, elas têm o propósito claro de animar o jovem Timóteo na sua missão de pastorear uma igreja cheia de desafios. Elas recordam-no da herança de fé recebida da sua avó e de sua mãe, da confiança que Paulo também depositara nele e, acima de tudo, do Espírito de Deus que o acompanhava sempre, um espírito de coragem, amor e moderação.
Retomamos os Ritmos Sagrados com uma meditação sobre um trecho de uma das cartas pastorais do apóstolo Paulo. Ele escreve a Timóteo, seu colaborador chegado e líder da igreja de Éfeso, encorajando-o e estabelecendo orientações práticas para fazer face aos desafios de uma comunidade cristã emergente. E se há uma prática que Paulo enfatiza sempre nas suas cartas é a da oração. É através da oração que nos colocamos no centro da vontade de Deus e é a partir dela que podemos participar na missão de anunciar o Evangelho a todos!
Na jovem comunidade cristã de Tessalónica havia a ideia que a 2ª Vinda de Cristo estaria para breve e que, assim sendo, não haveria necessidade de continuar a trabalhar ou a cuidar dos deveres quotidianos. Paulo escreve esta segunda carta aos Tessalonicenses para contrariar essa concepção errada, motivando-os a viverem as suas vidas com diligência e responsabilidade. Afinal, a fé nunca deve ser justificação para nos retirarmos da vida, antes deve ser exercitada e aprofundada na nossa vivência diária ao trabalharmos, ao caminharmos uns com os outros, ao construirmos o Reino de Deus na Terra como no Céu!
Num dos textos mais antigos do Novo Testamento, o apóstolo Paulo aborda uma das questões mais relevantes para os primeiros cristãos - a segunda vinda de Cristo. Para a comunidade em Tessalónica, o retorno de Jesus à terra estaria para breve e, portanto, questionavam-se o que aconteceria com aqueles que já tinham morrido. Paulo sublinha que nem a morte pode separar o crente de Cristo e que, tal como o Senhor, também eles ressuscitarão e farão parte do Reino que será estabelecido na terra como no Céu.
Nesta epístola paulina, encontramos a afirmação reiterada de que Cristo é tudo e está em tudo, n'Ele estamos completos e por ele todas as coisas foram criadas e reconciliadas. Ele é a imagem do Deus invisível, primogénito de toda a Criação, fonte, sustentador e propósito de tudo e cabeça da Igreja. Ele, "que é a nossa vida" (Col. 3:4), é a razão porque nos vestimos das virtudes da compaixão, bondade, humildade e paciência, porque perdoamos os outros e procuramos a paz e a reconciliação.
Filipenses é a carta da alegria cristã, na qual esta palavra é mencionada cerca de 15 vezes. Teresa d'Ávila alertava: "Deus nos livre de santos tristes!" Efectivamente, a alegria é um fruto do Espírito Santo e deve ser um reflexo da presença de Deus na nossa vida - presença esta que não é macambúzia, mas radiante, cheia de consolação e esperança.
Cristo é a nossa Paz. E esta paz não é simplesmente a ausência de guerra ou conflito, mas é shalom, é propósito, é gozo, é completude, é unidade, é missão. Em Cristo e perante a Sua cruz não pode haver mais lugar para inimizades e ódios. N'Ele os muros ruem e constroem-se, em vez, caminhos de amor, de perdão e de união. Ser Cristão é ser um construtor da paz!
Hoje mergulhamos em Gálatas 5 e na profunda verdade da liberdade em Cristo. O contexto desta carta de Paulo é bastante específico, mas a realidade e a tentação não são muito diferentes das nossas. Ainda agora preferimos optar pela segurança das regras e dos rituais religiosos em detrimento da verdadeira liberdade do Evangelho!
A vida cristã é repleta de paradoxos e um deles é resumido pelo apóstolo Paulo na passagem de hoje: "Quando estou fraco, então é que sou forte." A nossa fragilidade é exactamente o lugar onde o poder de Deus mais se manifesta. É nestes vasos de barro que o Senhor derrama o Seu tesouro e faz transbordar a Sua graça.
Hoje mergulhamos no hino ao amor de 1 Coríntios 13 — uma das passagens mais sublimes da Escritura. Nele o apóstolo Paulo apresenta o amor (ágape) como o caminho mais excelente, acima de qualquer dom ou virtude. É um convite a reflectirmos também sobre os limites do amor centrado no ego e a redescobrir o amor cristão como dom, maturidade e compromisso. A Palavra nos convida não apenas a sentir, mas a escolher amar.
O Apóstolo Paulo conhecia bem a cultura judaica e a cultura grega do 1º século. A primeira ansiava por um messias poderoso, à semelhança de Moisés ou Davi. A segunda buscava a lógica, a beleza e a eloquência. Ora o Evangelho vem desafiar ambas. Com a sua ênfase na cruz, ele é escândalo para uns e loucura para os outros. O poder e a sabedoria definem-se agora pelo amor sacrificial de Deus em Jesus Cristo.
"Somos todos experiência do inacabado, indagação no incompleto... A esperança não o nega ou contradiz. Trata-se de uma gestação espiritual que ocorre precisamente nessas circunstâncias. É ela que entreabre, que faz ver, para lá das duras condições, possibilidades ainda escondidas. A nossa existência é, do princípio ao fim, o resultado de uma aprendizagem da esperança, e só ela é capaz de dialogar com o futuro e de o aproximar." (José Tolentino Mendonça in Metamorfose Necessária) Para o apóstolo Paulo, a esperança cristã exprime-se e consolida-se em ações concretas que são os sinais do Reino, a nossa participação presente na "nova criação" futura.
"Quem nos separará do amor de Cristo?" é a pergunta que o apóstolo Paulo faz de várias formas e com diferentes ênfases nesta passagem. Não é, contudo, uma pergunta que procure uma resposta lógica, mas uma entrega da nossa parte.
Alguns anos antes de ser levado cativo para a capital do Imério Romano para aí ser julgado e morrer, o Apóstolo Paulo escreve esta maravilhosa carta à comunidade cristã de Roma. Trata-se de um tratado teológico soberbo, mas - mais importante ainda - de um hino à graça e ao amor de Deus, em quem podemos colocar a nossa esperança vindoura e presente, a qual nunca desilude!
Na passagem de hoje encontramo-nos com Saulo, que virá a ser o grande apóstolo e missionário aos gentios, a caminho de Damasco. Esta "estrada de Damasco" tornou-se ao longo dos séculos muito mais do que uma localização geográfica ou uma simples referência bíblica. Ela é o lugar, físico ou espiritual, onde Deus nos interrompe, questiona e transforma!
De um momento para o outro, os discípulos que fugiram assustados e se esconderam temerosos após a crucificação de Jesus emergem como os missionários mais corajosos e destemidos. O que é que aconteceu?
Jesus tinha ressuscitado! E, mesmo quando ascendeu aos Céus, o Seu Espírito permaneceu dentro de cada um dos seus discípulos, capacitando-os a eles (e a nós) a prosseguir no anúncio e na concretização do Reino de Deus!
Chegados à Sexta-feira santa, chegamos também ao momento mais dramático do Evangelho e, direi mesmo, da história da Humanidade. Jesus, o Filho de Deus, é entregue às autoridades do seu tempo acusado de blasfémia. Jesus, o Mestre, cuja missão fora curar os enfermos, proclamar a salvação e ensinar o verdadeiro alcance do amor, é condenado, torturado e, por fim, crucificado. Que tal coisa tenha podido acontecer é escândalo. Que essa humilhação e essa morte nos traga a libertação e a vida, é um mistério sobre o qual devemos meditar com reverência e gratidão. Que essa história não termine na cruz, é motivo de alegria e celebração! Uma Santa Páscoa!
Se encontrasses pela primeira vez uma carta de alguém muito querido, que todavia já tinha partido, e essa carta ainda por cima fosse dirigida a ti, não prestarias atenção a cada palavra ali escrita? Nesta passagem do Evangelho, podemos não só escutar as últimas palavras de Jesus dirigidas aos seus discípulos, como também a sua oração por nós - por mim e por ti! E o que pede Ele? Pede ao Pai que sejamos UM!