Excepcionalmente nesse episódio não apresento uma entrevista ou debate e sim uma palestra minha apresentada no IX Ciclo Hannah Arendt na Universidade Estadual de Londrina. HANNAH ARENDT, O
ENSINO DE FILOSOFIA E O PROTAGONISMO DAS FILÓSOFAS - Meu trabalho consiste numa reflexão sobre minha prática como professor de Filosofia do CEFET/RJ e da Rede Estadual. Foco especialmente na construção do currículo e nas escolhas dos conteúdos e práticas mostrando como esse processo se deu a partir de um equilíbrio entre os aspectos normativos e pragmáticos do ensino. Em primeiro lugar, faço uma comparação entre o currículo do CEFET/RJ e da educação estadual. O primeiro estabelece conteúdos básicos, como Epistemologia no segundo ano, porém parte da autonomia entre professores e campi como seu princípio norteador. No caso da Rede Estadual existe o currículo mínimo que oferece também determinada liberdade na escola dos conteúdos e autores. Apresento depois algumas diferenças básicas no desenvolvimento da disciplina Filosofia no ensino técnico federal e no ensino básico estadual a partir de quatro eixos: espaço da Filosofia na grade curricular, formação prévia do aluno, condição de trabalho e fluxograma do curso. Em segundo lugar, descrevo uma análise diagnóstica que fiz com meus alunos. Pedi a partir de uma redação, desenho ou qualquer forma de expressão que os alunos respondessem a pergunta “quem sou eu”. O resultado mostrou que determinados contextos sociais e discursivos, como o problema da violência urbana e do papel da mulher na sociedade, se colocavam de forma mais urgente pros alunos. Minha proposta pra trabalhar filosoficamente essas e outras questões foi através do uso de técnicas dramáticas (a partir de jogos e mitos) e do desenvolvimento de um currículo centrado nos textos de filosófas, como Condição Humana de Hannah Arendt e no tema da mulher como uma questão filosófica fundamental, principalmente a partir da obra O Segundo Sexo. Esse processo durou um semestre e culminou na encenação de uma peça chamada Filósofas, que conta a história de Hipátia, Rosa Luxemburgo, Hannah Arendt e Simone de Beauvoir. Mostro como essa peça foi uma ferramenta poderosa para inclusão dos alunos com dificuldade de aprendizado, absorção dos conteúdos e dignificação do ensino de Filosofia no colégio. Depois analiso como essa proposta foi executada nas diversas turmas e sistemas de ensino e suas principais vantagens e desvantagens.
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