Meu nome é Frederico Pessoa e sou músico, artista sonoro, mestre e doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais, onde integro um grupo de pesquisas no Departamento de Comunicação Social denominado ESCUTAS – Grupo de Pesquisa e Estudos em Sonoridades, Comunicação, Textualidades e Sociabilidade. Em 2020, pesquisamos o impacto da pandemia de covid-19 sobre o mercado da música em Belo Horizonte. A partir das questões que o ESCUTAS discutia naquele momento e dos dados levantados pela pesquisa, me propus a investigar os caminhos que os músicos belorizontinos trilharam para enfrentar a pandemia e a migração de nossas vidas para o meio digital. Desfrutamos da música através dos meios digitais como nunca antes havíamos feito. Mergulhamos nas redes e na indústria do streaming. Mas e os músicos? Aqueles que estavam criando todo esse “conteúdo” digital, o que estavam fazendo para se manterem ativos em suas carreiras? Que soluções encontraram para driblar os reveses do momento e continuarem criando, ensinando, tocando e tentando levar suas vidas de forma normal? As entrevistas ocorreram no decorrer de 2021 e no início de 2022, e tiveram, como um de seus resultados, este texto. Nossas conversas foram gravadas e podem ser escutadas - e suas transcrições lidas - a partir de links disponíveis em nosso perfil no Instagram: @paraalemdaslives. A proposta deste audiolivro é relatar alguns aspectos das experiências das pessoas com quem conversei e que poderão nos ajudar a entender melhor as questões que surgem quando músicos utilizam a internet como ambiente de trabalho full time, bem como compartilhar atitudes, práticas, ações e escolhas que os fizeram enfrentar e atravessar de maneira criativa a situação pandêmica e o universo das redes naquele momento.
Hoje converso com Rodrigo Magalhães, baixista, mestre em música e cultura pela UFMG, que integra diversos grupos em Belo Horizonte, como o Assanhado Quarteto, o Sem Receita, o Choro do Jura, as Havaianas Usadas, o bloco Juventude Bronzeada, entre outros… Rodrigo nos fala sobre a descoberta de novos caminhos, sobre os aprendizados que a pandemia lhe trouxe, a experimentação de campos paralelos à música e como a tecnologia pôde ajudá-lo a realizar projetos durante esse período.
Hoje a conversa é com o músico Fernando Monteiro, o Feijão. Baterista, professor e músico atuante em diversos projetos na cidade, como a Orquestra Atipica de Lhamas, o Iconili, o Sem Receita, o bloco Juventude Bronzeada e por aí vai… Feijão conversou comigo sobre como foi a adaptação a pandemia: a passagem das aulas de bateria do presencial para o virtual, a atualização tecnológica, os novos aprendizados necessários para essa transição e sua busca pelo estabelecimento de uma relação saudável com as redes sociais.
Marcos Catarina é o nosso convidado de hoje: cantor, compositor, violonista, Marcos tem uma longa trajetória que já conta com 3 CDs autorais: Entre Canções, Leve e Marcos Catarina 10 anos.Além da carreira autoral, Marcos está à frente do projeto Românticos São Loucos, bloco de carnaval que homenageia seu falecido irmão Vander Lee. Ele nos falou sobre como buscou formas alternativas de apoio para realização de shows online durante a pandemia, formas que podem ser acionadas também no presencial. Além disso, nos contou sobre a ampliação de redes de contato que o meio virtual propiciou nesse período. Conversamos ainda sobre a necessidade de políticas culturais bem elaboradas e eficientes para apoiar os músicos e outros profissionais da cultura, principalmente em períodos de crise.
Nesse episódio, conversamos com Marcela Nunes, flautista premiada pelo BDMG Instrumental de 2019, mestre em performance musical pela UFMG, e que tem uma grande atuação no choro de BH, não só com seu grupo Choro Nosso, mas também em outros projetos musicais. Marcela é musicista, compositora, arranjadora e professora. Em 2015 lançou o disco Em Casa, composto em parceria com seu companheiro, o músico Renato Muringa. Conversamos sobre as dificuldades da migração para o virtual, principalmente com as aulas que ministrava presencialmente, e como a tecnologia ainda carrega entraves que limitam seu uso pelos músicos.
Neste episódio, conversamos com Rafael José, músico com mais de 15 anos de estrada e que recentemente lançou o single de sua canção Aurora, já disponível em diversas plataformas. Rafael fala sobre a versatilidade necessária para enfrentar períodos de incerteza como a pandemia. Além disso, conversamos sobre o que ele conseguiu extrair de positivo desse momento tão difícil. Rafael se voltou para seu trabalho autoral, resgatando ideias, composições e experimentações musicais e se dedicou à produção de um álbum com suas músicas, o Momento, que pretende lançar em breve.
Neste episódio, a conversa é com a Luciana Gomes, também conhecida como DJ Black Josie, cravista, cantora, arranjadora, professora, produtora musical, compositora e DJ, com uma longa história na música, desde a Camerata Lusitana, tocando cravo, cantando, escrevendo arranjos, até seus sets na noite de Belo Horizonte, que colocam até os mais resistentes para dançar. Luciana falou sobre o seu interesse pela tecnologia e do papel central que a rede tem em sua profissão, bem como sobre a importância das questões raciais e do trânsito por diferentes territórios da cidade na construção de sua trajetória musical.
Hoje a conversa é com Henrique Iwao e Matthias Koole, os músicos que criaram e realizam o QI, Quartas de Improviso há 10 anos. Com uma longa trajetória de formação, criação e prática musical na improvisação, o duo se viu obrigado a lidar com a migração dos eventos para a internet durante a pandemia e buscou soluções para transpor a experiência de improvisação coletiva ao vivo do Quartas de Improviso para esse meio. Não foi fácil, mas a experiência pode indicar caminhos para a música no espaço virtual. Detalhe, o Matthias já estava morando na Alemanha na época dessa conversa e participava do QI a distância. Hoje, ele não participa mais dos eventos. Por isso, pedi para o Henrique falar um pouco mais sobre a história do Quartas de Improviso e como está sendo o retorno para o presencial com novas parcerias. O áudio está no final do programa.
Hoje, nossa convidada é a Analu Braga, percussionista, professora e Mestre em Artes pela Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG, com a dissertação: "Eu organizo o movimento, eu oriento o carnaval: mulheres regentes no carnaval de Belo Horizonte". Analu possui uma extensa trajetória na cena belo-horizontina, tendo integrado diversos grupos musicais, como O 4 na Roda, o Batuque Beauvoir, o Choro da Mercearia, o Corta Jaca, e tocado com diferentes artistas, como Wilson das Neves, Elza Soares, Zé da Guiomar, entre outros. Conversamos sobre esse campo novo que explorou durante a pandemia, a pesquisa acadêmica atrelada a suas práticas musicais, bem como sobre as dificuldades que ela enfrentou, e os diferentes caminhos e soluções que encontrou para sua carreira nesse período sem eventos presenciais.
Hoje a conversa é com Du Macedo, músico, compositor, arranjador, cavaquinista e professor da Escola Livre de Música, com uma longa trajetória que começa com o Copo Lagoinha, há mais de 20 anos, passa pelo Corta Jaca e continua com sua presença em diversos grupos de choro de Belo Horizonte. Ele conversou comigo sobre sua adaptação ao circuito virtual durante a pandemia, como reformulou sua presença online, construiu uma adesão orgânica à sua rede, criou e realizou cursos e aulas e cativou um grande número de ouvintes para seu trabalho. Além disso, falou da retomada dos projetos autorais e da construção cuidadosa do seu recém-lançado disco, o Malinganado.
Hoje, a conversa é com a Camila Menezes, multinstrumentista, compositora, cantora, arranjadora, maestrina e produtora musical. Além de integrar diversos projetos, como o Tutu com Tacacá e o Dolores 602, Camila também participa da organização da Mostra Mana de mulheres autoras, cantoras, compositoras e instrumentistas. Ela lançou sua carreira solo em 2021, em plena pandemia, com o EP Bença, produzido por ela mesma e gravado em casa e recentemente, lançou o single Samba pra Iemanjá. Em nossa conversa, Ela fala sobre a transformação que a pandemia exigiu e ao mesmo tempo propiciou em seu trabalho, sobre achar caminhos e estar aberta para experimentar e se reinventar.
Hoje a conversa é com o DJ Bill, músico, DJ e pesquisador de registros fonográficos, discos que contam uma parte da história da música brasileira que poucos conhecem.. com uma trajetória mais do que consolidada, conhecido no país e no mundo não só através do Brasil Profundo mas também pelos seus sets, sempre com discos de vinil, DJ Bill nos fala sobre como transitou pelo espaço virtual durante a pandemia e ampliou sua inserção em redes nacionais e mundiais a partir de sua atuação online.
Rafael Dutra é músico, engenheiro de som e produtor musical, com uma história longa, que começa lá na Casa Azul, e que continua hoje no estúdio Acústico Motor, produzindo, mixando e masterizando inúmeros artistas. Ele conversou comigo sobre sua experiência durante a pandemia, como encontrou formas de gravar com alta qualidade à distância, que usou em suas produções, e como ele imagina o futuro dessa relação entre música e tecnologias de comunicação