
Na véspera do Natal de 1915, Albert Einstein recebeu uma carta vinda da lama das trincheiras da Primeira Guerra Mundial. O remetente era Karl Schwarzschild — físico, astrônomo, soldado. Dentro, rabiscos quase ilegíveis, escritos entre explosões e febres. Entre aquelas linhas, Einstein encontrou algo extraordinário: a primeira solução exata para suas equações da relatividade geral.
Mas o que ele não sabia era que o autor já havia morrido.Morrido com o corpo queimado por gás tóxico e a alma aflita pela própria descoberta: a “singularidade” — o que hoje chamamos de *buraco negro*. Um ponto onde o tempo se curva sobre si mesmo, o passado e o futuro se tocam e até a luz parece prisioneira.
A morte se parece um pouco com isso: um limite invisível, o medo de ser tragado pela escuridão. “Venit nox” — vem a noite, dizia Jesus. E, de fato, a noite vem para todos nós. Mas a fé transforma essa mesma frase.
Porque Cristo desceu até o buraco negro da morte — e explodiu ali dentro uma luz mais forte que mil sóis.
A Ressurreição foi a explosão divina que quebrou a gravidade da morte, abrindo uma passagem para a eternidade.O túmulo vazio é a prova de que a noite não é o fim — é apenas o instante que antecede o amanhecer.
E é por isso que os cristãos, desde os tempos antigos, aprenderam a *zombar da morte. A véspera de Todos os Santos — o antigo *All Hallows’ Eve — nasceu como um riso sagrado diante da escuridão.
Não se trata de negar o mal, mas de proclamá-lo vencido. De afirmar que os demônios foram derrotados, que o medo foi acorrentado, e que o amor é o único poder que permanece.
Por isso, diante da morte, o cristão não se desespera: ele espera.
Sabe que “vem a noite”, mas pede com fé: “Mane nobiscum, Domine — fica conosco, Senhor, porque o dia declina.”
E escuta, em resposta, a voz do próprio Cristo: “Aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.”📌 A morte não é o fim. É apenas a porta por onde a eternidade começa.
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📚 Referências