
Ela morava em uma mansão silenciosa do Paquistão, cercada por servos e jardins de jasmim. Seu nome era *Bilquis Sheikh*, e até então sua vida parecia perfeita — poder, respeito, tradição.Mas, à noite, os sonhos a perseguiam. Sonhos sobre um Deus que a chamava pelo nome.
Um dia, uma freira cansada e sorridente segurou suas mãos e disse algo impensável:
“Fale com Ele… como se fosse seu Pai.”
Aquilo a desarmou. Ninguém jamais tinha falado de Deus assim. No Islã que ela conhecia, o Criador era grande demais, distante demais. Mas naquela tarde, entre lágrimas e coragem, Bilquis se ajoelhou e sussurrou a palavra proibida: “Pai.”E o mundo dela nunca mais foi o mesmo.
A conversão de Bilquis é o retrato da parábola do tesouro escondido (Mt 13,44). O Reino dos Céus é algo que precisa ser buscado, encontrado — e comprado com tudo o que temos. É uma aventura pessoal, silenciosa e transformadora.O homem que acha o tesouro o esconde de novo, cheio de alegria, e vende tudo o que tem para comprá-lo.É assim também com quem encontra Deus: primeiro o vislumbre, depois a entrega.
Encontrar o tesouro é descobrir que o caminho da fé é mais íntimo que doutrina e mais arriscado que certeza. É seguir um chamado que ninguém mais escuta, vender os falsos confortos e correr o risco de perder tudo — para, enfim, ganhar o essencial.
E como Bilquis, cada um de nós precisa passar por essa travessia: da crença à confiança, da distância ao abraço, do “Deus lá em cima” ao “Pai que me ouve”.O tesouro continua escondido, sim, mas quem já o viu nunca mais consegue viver sem buscá-lo.
📌 “Alguém encontra um tesouro escondido num campo. Cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.” (Mt 13,44)
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📚 Referências