
No 48º episódio do projeto Vivendo o Mês da Bíblia2025: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5), seguimos com São Paulo em suareflexão sobre o mistério de Israel e a salvação. Hoje, ele aprofunda ocontraste entre a justiça que vem da Lei e a justiça que vem da fé,revelando como a recusa de muitos judeus abriu as portas da salvação para todasas nações.
Paulo começa com uma constatação paradoxal:
“Os pagãos, que não buscavam a justiça,alcançaram a justiça – a justiça que vem da fé. Israel, que buscava uma lei dajustiça, não chegou à lei.” (Rm 9,30-31)
O que isso significa?
Significa que os gentios, que não tinham a Lei, acolheram o Evangelho com fé.
Enquanto isso, os judeus, que tinham a Lei, buscavam a justiça comorecompensa de suas obras, e não acolheram a salvação gratuita oferecidaem Cristo.
Paulo explica:
“Tropeçaram na pedra de tropeço, como está escrito: Eis que ponho em Siãouma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo” (Rm 9,33).
Essa pedra é Cristo crucificado.
Para quem espera uma justiça baseada no mérito, o Cristo que salvagratuitamente é escândalo.
Mas para quem crê, é salvação.
No capítulo 10, Paulo expressa seu desejo ardentede salvação para seu povo:
“O desejo do meu coração e a minha súplicaa Deus por eles é que se salvem.” (Rm 10,1)
E continua com um olhar profundo e doloroso:
“Eles têm zelo por Deus, mas semdiscernimento.” (Rm 10,2)
O problema, segundo Paulo, não é a falta dereligiosidade, mas o fechamento à novidade do Evangelho.
“Ignorando a justiça de Deus e querendo estabelecer a própria, não sesubmeteram à justiça de Deus.” (Rm 10,3)
A chave para entender tudo isso está na seguinteafirmação:
“Cristo é o fim da Lei, para ajustificação de todo o que crê.” (Rm 10,4)
Não que Cristo tenha abolido a Lei, mas Ele é suaplenitude, sua realização.
A Lei apontava para Cristo. Mas quem se agarra à letra e não acolhe aPessoa, fecha-se à salvação.
Paulo então proclama com beleza e clareza a universalidadeda salvação pela fé:
“Se com tua boca confessares que Jesus é oSenhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serássalvo.” (Rm 10,9)
Essa é a síntese do Evangelho: crer com o coração econfessar com a boca.
A salvação não é fruto de ritos externos, mas de um encontro vivo com Cristoressuscitado.
E mais:
“Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Rm 10,13)
Aqui Paulo cita o profeta Joel para mostrar que não há distinção entre judeue grego — o mesmo Senhor é generoso para com todos.
Mas como crer sem ouvir? Como ouvir sem alguém quepregue? (Rm 10,14)
Paulo então valoriza a missão evangelizadora da Igreja:
“Como são belos os pés dos que anunciamboas novas!” (Rm 10,15)
A fé nasce da pregação, e a pregação nasce do envio.Por isso, a missão é essencial à esperança cristã.
Deus quer que todos ouçam, creiam e sejam salvos.
Aplicação à vida:
Você vive sua fé como uma conquista ou como um dom?
Tem acolhido a justiça de Deus com humildade ou tenta ainda “merecer” asalvação?
Lembre-se: a esperança não nasce do esforço humano, mas da graça recebidacom fé.
Palavra de esperança:
Deus é generoso com todos.
Acolher Jesus é entrar nessa nova justiça que liberta, salva e transforma.
Confesse com a boca, creia com o coração — e viva na esperança que nãodecepciona.
Oremos:
Senhor Jesus, Tu és o fim da Lei e o princípio da graça. Ensina-nos a confiarem Ti, a não buscar méritos, mas a abrir o coração ao Teu amor. Que a nossa féseja viva, humilde e missionária. Que o Teu Evangelho chegue a todos oscorações. Amém.
No próximoepisódio: “O mistério de Israel e o desígnio de misericórdia (Rm 11,1-36)”.Vamos contemplar a beleza do plano de Deus que envolve judeus e gentios namesma esperança. Até lá!