
Segundo texto de Ferenczi que eu trago aqui. Sobre essa leitura, destaco a posição assumida pelo psicanalista húngaro em referência à análise das relações entre a família e a criança, ressaltando o modo como o desmame, asseio pessoal e a entrada da criança na vida adulta podem se constituir em traumas muito mais do que o momento proposto por Rank, o trauma do nascimento. Essa ideia já presente em Freud toma uma proporção inovadora em Ferenczi, na medida em que o autor questiona o movimento que a família poderia/deveria fazer para acolher essa criança e reduzir, assim, as possíveis incidências traumatogênicas no psiquismo. Ferenczi adota uma posição muito singular diante dessas relações de poder que são exercidas nas mais diversas relações, dentre as quais a dos pais e da criança. Interessante notar como ele denuncia os efeitos da mentira, da quebra de confiança e do desmentido na vida desses sujeitos em desenvolvimento. Enfim, não deixo de recomendar que escutem e acompanhem o texto. Caso queiram, escrevam-me para dizer das suas considerações e leituras.
FERENCZI, S. A adaptação da família à criança. In: FERENCZI, S. Psicanálise IV: Obras Completas. São Paulo: Martins Fontes, 1992.