A crítica de cinema Susana Bessa também ainda não tinha visto o épico de 1960 realizado por Luchino Visconti, uma espécie de ponte entre o neorrealismo e a melancolia dos filmes posteriores, antes do cineasta se virar para os belos colossos como "O Leopardo". Uma conversa sobre as múltiplas personagens da narrativa (interpretadas por ícones como Alain Delon, Annie Girardot, Renato Salvatori e Claudia Cardinale) e os temas que transporta, alguns que coincidem com certos aspectos da cultura portuguesa.
Joana Mosi, autora de BDs como "O Mangusto" e "A Educação Física", também nunca tinha visto a estreia de Leos Carax na realização, lançada em 1984 e traduzida como "Paixões Cruzadas". O filme com Dennis Lavant e Mireille Perrier é um objecto de culto que nos levou para vários tópicos ao longo da conversa: do valor de uma obra e da integridade de um artista (e da dificuldade em mantê-la) à polarização da sociedade (não só política, mas também cultural), passando ainda pelas dinâmicas de trabalho, o desejo de arriscar e os rótulos que nos são colocados pelos outros.
O realizador, repórter de imagem e podcaster Paulo Fajardo (co-autor do VHS) também nunca tinha visto este filme de Billy Wilder. Lançado em 1964, juntou Kim Novak e Dean Martin numa comédia de enganos atrevida e muito divertida. O filme deu azo para passarmos por outros marcos da carreira de Wilder, mas falámos também de outros realizadores (como David Lean e Stanley Kubrick), de filmes improváveis que este nos fez lembrar, a dinâmica dos cineclubes (um mundo que o Paulo tem explorado mais recentemente), do acesso ao cinema de outros tempos e de um filme do convidado: "A Almería de Leone".
O podcaster Daniel Reifferscheid ("Prestes a Ver"), que agora tem o substack Reifferlog, também nunca tinha visto "Les Uns Et Les Autres" (já têm a música a tocar na vossa cabeça?), este épico de 1981 realizado por Claude Lelouch que marcou uma geração - que o amou ou odiou, com idêntica intensidade. Retrato de várias famílias ao longo de décadas, foi um objecto tão marcante naquele início de oitentas um pouco por toda a Europa - e em Portugal, há muitas casas que têm um exemplar da banda sonora em vinil. Por ser um filme tão falado por essa geração que o viu, a curiosidade foi aumentando, e foi então o motor de uma conversa em que se abordaram outros temas, como o cinema popular de vários países e de como ver vários tipos de filmes é o ideal para a dieta cinéfila.
Ninguém conhece uma das primeiras obras de Ken Loach no cinema, estreada originalmente em 1969, pelo seu título português: "Os Dois Indomáveis". O podcaster António Araújo ("Segundo Take" e "Universos Paralelos") também ainda não tinha visto este clássico do cinema britânico, uma adaptação fiel do romance de Barry Hines. Uma conversa sobre os temas da história (protagonizada por um impressionante David Bradley), a injustiça de comparar livros a filmes e outras temáticas.
O filme "Sedotta e Abbandonata", do realizador e actor Pietro Germi, lançado em 1964, é um dos melhores exemplos da "comedia alla italiana": retrato dos contrastes sociais, das quezílias e manias dos habitantes de um país, provocando o riso mas também alguns momentos para engolir em seco. Quem protagoniza é Stefania Sandrelli, uma jovem rapariga no centro de uma discórdia que denuncia o machismo e conservadorismo daqueles que a rodeiam. É o mote para o regresso da segunda temporada, marcada por um monólogo com algumas considerações sobre o percurso do podcast ao longo de 40 episódios e esta ideia de imperdoável... mas em que também se falam de outros filmes italianos imperdíveis.
O filme de Francesco Rosi lançado em 1962 mantém-se um retrato impressionante das consequências dos actos de uma pessoa numa comunidade, filmado num espantoso preto e branco. Vi o filme gravei uns 27 minutos sobre ele, mas também sobre outros realizadores italianos e outros filmes do próprio Rosi. É um episódio a solo que serve para anunciar uma pausa de temporada: os restantes 11 episódios começarão a sair em Setembro ou Outubro. Até lá!
O podcaster Daniel Louro (do VHS e da página The World is a Set) voltou a este antro de imperdoáveis porque ainda não tinha visto o filme que valeu a Palma de Ouro em 2013 a Abdellatif Kechiche. Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux protagonizam esta história "coming of age" que deu muito que falar, com várias polémicas na altura da sua estreia. Doze anos depois, o que fica deste filme em quem o vê? É o que vamos descobrir nesta conversa, juntamente com outras considerações sobre sexo, relações e outros tabus.
O argumentista e podcaster Tiago Laranjo ("Na Gaveta") também nunca tinha visto "The Prestige", um dos filmes mais célebres de Christopher Nolan. Estreado em 2006, é uma adaptação do romance de Christopher Priest em que Christian Bale e Hugh Jackman são dois mágicos em constante competição. Sucedem-se os truques, as surpresas e os desnortes narrativos, num filme pontuado também pelas presenças de Scarlett Johansson, Michael Caine e David Bowie. Um pretexto para o duo dinâmico tecer comentários nada politicamente correctos e falar da sua relação com outros filmes de Nolan, aquelas caixas de magia para crianças com um nome facilmente parodiável, e o que separa a arte e o seu artista das circunstâncias da vida.
Mais um episódio a solo, desta vez para ver o mais famoso filme mudo de Alfred Hitchcock. "The Lodger", de 1927, tem já muitas das marcas que valeram ao realizador a alcunha-cliché de "mestre do suspense", e resiste, com quase cem anos, como uma peça de engenhosa narrativa visual. Um filme que deu azo a revisitar outras obras do cineasta, e também tocar noutros temas como as bandas sonoras que se fazem para filmes mudos, o livro de entrevistas conduzidas por Truffaut, entre outros.
O blogger e podcaster Pedro Cinemaxunga (Nalgas do Mandarim, Rádio Cinemaxunga) regressa para falar do filme de 2007 realizado por Anton Corbijn que traça o percurso de Ian Curtis, o músico que mudou uma era com os Joy Division e teve uma vida curta, mas intensa. Além do filme, falámos do impacto da banda na actualidade, do biopic das Doce, t-shirts dos Ramones, telediscos portugueses, há opiniões desagradáveis sobre outros artistas e uma análise do passado musical do convidado.
(entretanto já vi o documentário dos Led Zeppelin e é ok)
O realizador e fã de cinema de terror Ricardo Machado também nunca tinha visto este filme de culto de Vincenzo Natali. Estreado em 1997, tornou-se rapidamente uma referência maior da segunda metade da década, com muita a gente a especular o que significavam, afinal, aquelas personagens e o dilema em que se encontram na narrativa. Falámos do filme, de outros sustos do cinema, e da carreira do convidado.
Depois de três semanas de inusitada ausência, regressa-se com um novo episódio a solo, depois das boas reacções da primeira experiência. Esta foi mais difícil, já que entrei num território menos confortável, já que fui tecer um monólogo à volta do filme de Aleksandr Sokurov que é uma viagem pelos tempos e salas do Museu Hermitage. Um marco do início deste século por ter sido feito num único plano sequência, contando com centenas de figurantes e uma reflexão sobre a História mais ou menos escondida nas paredes do belo palácio. Um episódio gravado em dois takes sobre um filme de apenas um.
O André Pereira da Renascença regressa a este podcast para falar do celebérrimo filme de 2000 que valeu ao mui jovem Jamie Bell um BAFTA, a ser o rapaz que descobre a dança e que quer fazer dela a sua vida. Um filme de Stephen Daldry que marcou o início do milénio e que, um quarto de século depois, ainda tem muito por onde pegar. Por aqui se falou das várias temáticas da narrativa, de dançar em aulas de educação física e do passado do convidado no mundo da topografia.
A Luísa Quinta regressa ao podcast porque também nunca tinha visto o filme que David Cronenberg tirou do "Naked Lunch" de William S. Burroughs, numa alucinação constante que se tornou numa das obras de referências do realizador. Um mistério cinematográfico de 1991 que deu pano para mangas, numa conversa por onde se passou por outros pontos da obra de Cronenberg, outros filmes que nos dão cabo da cabeça e o flagelo da droga.
O senhor do teatro David Lucas Carrão regressa para falar de outro vencedor dos Oscars dos anos 90 que também ainda tinha visto: desta vez a adaptação do romance de Michael Ondaatje realizada por Anthony Minghella e com um elenco de luxo: Ralph Fiennes, Juliette Binoche e Kristin Scott Thomas são apenas três das várias estrelas que abrilhantam este épico de Hollywood. Passámos por alguns temas importantes da narrativa, mas também falámos de um certo episódio de "Seinfeld", de como confundimos filmes com outros, e ainda escrutinamos sobre como lidar com o facto do nosso cérebro não aceitar a maneira correcta de pronunciar o nome do actor-protagonista.
A jornalista Joana Moreira também ainda não tinha visto o filme que David Lynch lançou em 2006. Uma conversa que é uma tentativa de exploração dos múltiplos enigmas de um pesadelo protagonizado por Laura Dern, em que se passa por outros filmes do realizador, dinâmicas de bastidores e outras temáticas.
O crítico de cinema Hugo Gomes (podem lê-lo no Substack e no blog Cinematograficamente Falando) também nunca tinha visto o épico de 1964 realizado por Cy Endfield que hoje associamos a Michael Caine... mas em que o actor não é o protagonista, mas sim Stanley Baker. Talvez não seja um grande Imperdoável para a cultura portuguesa, mas é um filme que deixou marca no cinema britânico e, como fã de Caine, era uma falha do autor deste podcast. Muito celebrado no seu tempo, será que hoje, mais de sessenta anos depois da sua estreia, tem alguma coisa por onde pegar? Este filme também deu azo a uma passagem em revista de momentos marcantes de Michael Caine e outras considerações cinematográficas.
Uma ida à Cinemateca para ver este filme de John Ford levou-me a perceber que este seria um óptimo Imperdoável. E foi o pretexto para algo inédito (e por isso, extremamente amador e com um som insuportável): fiz um episódio a solo. É um monólogo gravado com o telemóvel, ao frio e com tosse, no percurso a pé que vai da Cinemateca até a um estabelecimento lisboeta que tem bons pregos durante a noite. Uma experiência em que tentei deitar cá para fora tudo o que este filme me deixou.
O realizador e montador Ricardo Gonçalves também ainda não tinha visto este épico de Edward Yang e que é um dos seus filmes mais celebrados. Foi o pretexto para o convidado fazer um ciclo à volta do cinema de Taiwan, ficando mais a par desse mundo do que o apresentador deste podcast. A conversa passou por aí, pelos vários temas de "Yi Yi", os bons tempos dos DVDs, salas de cinema desaparecidas e um tema que estava a marcar a actualidade quando gravámos (que, apesar de entretanto ter sido resolvido, esse segmento foi mantido aqui para memória futura, até porque não perdeu relevância).