
Pensamos em como, em vários níveis de práticas sociais e na organização burocrática do Estado, o quanto a nossa palavra é deslegitimada. O quanto no Brasil, por princípio, somos olhados e tratados como mentirosos e a presunção de inocência é sistematicamente violada (tanto mais quanto mais escuro for o tom da pele). Uma consequência perversa da colonização (deve-se desconfiar dos colonizados em submeter-se) que corrói relações e produz, em nós, marcas subjetivas adoecidas. Nosso inconsciente coletivo colonizado reproduz estruturas que se manifestam de forma palpável nas relações de desconfiança.