Que tipo de ‘frutos’ os pais de hoje estão ‘produzindo’ diariamente? Vale esta pergunta porque inquestionavelmente o ambiente familiar tem forte influência, desde cedo, no desenvolvimento, nos filhos, de uma série de competências valorizadas no mercado de trabalho.
A formação de um sucessor de uma empresa familiar começa desde cedo, já na infância e adolescência, uma série de atitudes como disposição para aprender continuamente, proatividade, automotivação, capacidade de planejamento e de gestão do tempo e flexibilidade para atuar em equipes. E não há como ensinar só falando, há que se fazer junto, de perto ou ... no jargão acadêmico, há que se ... compartilhar o ‘Conhecimento Tácito’, pois, afinal, “o mais elevado tipo de homem é o que faz antes de falar e pratica o que professa” (Confúcio, 551 a.C.-479 a.C).
Em uma empresa familiar, o grande valor do ‘Conhecimento Tácito’ está na transmissão dos valores essenciais da família empresária para enfrentar com competência, ética e resiliência o mercado cada vez mais acirrado, recusando a presença da preguiça, insolência, desrespeito e, acima de tudo, ‘corpo mole’, ou seja, evitando criar um sucessor ‘frouxo’ no esforço.
Na Empresa Familiar a passagem de poder e de gestão entre sucedido e sucessor, é um processo que precisa ser gerida de forma profissional e não emocional.
É preciso um pacto de relacionamento e/ou convivência entre pioneiro da empresa (Patriarca) e sucessor da empresa (Filho), baseado em sabedoria e humildade pois a teoria e a prática andam lado a lado, o conhecimento vivenciado e o conhecimento teórico se complementam.
As lições dos patriarcas refletem inevitável e diretamente no ambiente de uma família empresária, sendo o trabalho realizado dentro da família fundamental para a ‘caminhada’ dos filhos, como futuros sucessores de sucesso no negócio ou competentes profissionais sólo em outras atividades ou empresas.
É importante que o sucessor viva perto do sucedido, frequentando muitos ambientes, desde pessoais, profissionais, comunitários, sociais e, até, políticos, não para o sucessor imitar o sucedido - pois cada qual tem que respeitar o seu estilo pessoal para ser mais eficaz - mas para, a partir de uma forma consolidada de ser e agir, adequá-la aos novos tempos e contextos, nunca, assim, ‘partindo do zero’. Aqui vale lembrar a máxima ‘filho de peixe, peixinho é’, destacando-se que ‘cada peixe tem uma forma diferente de se movimentar na água’.
Quando uma empresa tem um propósito verdadeiro, ela usa o dinheiro como recurso e não como fim.
Os bons líderes de negócios familiares têm sabido selecionar aquelas ‘pratas da casa’ que podem trazer sucesso (‘ouro’) para o empreendimento, preparando-os, desenvolvendo-os e integrando-os, ‘de corpo e alma’, aos propósitos da família empresária no triunvirato ‘Missão-Visão-Valores’ da empresa.
Confúcio (551 a.C.-479 a.C), pensador e filósofo chinês, rico em frases, textos, pensamentos, poesias e poemas, profetizava: “Diga-me e eu esquecerei. Mostre-me e eu lembrarei, envolva-me e eu entenderei.”
A empresa familiar, por menor que seja, precisa de uma estrutura profissional mínima, sem a qual ela, a empresa, não sobrevive e, muito menos, se desenvolve e proporciona resultados e orgulho para a família que a ela empresta seu nome e aplica sua pré-disposição, ação, vontade e determinação para deixar um legado.
O que deve valer, sempre, para o aceite da entrada de um familiar na gestão ou operação da empresa é a sua competência, ou seja, o somatório de seus conhecimentos, suas habilidades e suas atitudes...
A proximidade física, relacional e emocional entre os três subsistemas (família, empresa e gestão), que se interseccionam nas empresas familiares, pode, sim, eventualmente, abalar o que se chama de ‘princípios básicos’ ou ‘pilares’ da governança, relacionados neste episódio...
A profissionalização de uma empresa, por menor que esta seja, a partir dos pressupostos da governança, inclui a oficialização de um organograma, em cuja base, se encontram as três grandes áreas que sustentam uma organização com fins lucrativos: a comercial, a de operação e a de administração e finanças.
Voltando ‘aos tempos’ em que um ‘fio do bigode’ valia mais que um papel escrito, o sobrenome comum entre a empresa e a família empresária, significava emblematicamente um importante aval aos produtos e serviços prestados por esta empresa familiar.
A família que tem um negócio em comum, precisa evitar ser meramente ‘dona de uma empresa familiar’. Deve, sim, se manter, sempre, como uma ‘família empresária’, contribuindo efetivamente para a manutenção ou, bem melhor, para o crescimento e desenvolvimento do patrimônio, a partir da análise contínua das características do negócio, dos riscos envolvidos e dos objetivos de longo prazo, estes muito mais empresariais que estritamente familiares.
Ser representante de uma família em um negócio familiar, efetivamente, é um privilégio e uma situação pessoal e profissional que requer maturidade, preparo pessoal, técnico e gerencial deste membro da família.
O modelo de gestão governança, evita a mistura de assuntos da família com assuntos do negócio, reduzindo em muito as fontes de atrito familiares que possam expor, publicamente, a família e, pior, fazer com que o mercado e os parceiros comerciais passem a questionar a autoridade e a competência da família na gestão da empresa familiar.
Através do que se chama ‘governança’, definido como um modelo de gestão que envolve e respeita todos os stake holders, isto é, todos os envolvidos no negócio, passa a existir um novo jeito de acompanhar os negócios da família, sem se estar na gestão. Isto é possível através da constituição de um Conselho Consultivo, formado por sócios e profissionais independentes, e de um Conselho de Família, constituído exclusivamente por familiares consanguíneos, participantes ativos ou não na operação da empresa familiar.
É aconselhável que a Família Empresarial adote um modelo profissional de gestão, para isso é necessário dar o primeiro passo adotando o modelo de Gestão Colegiada.