
A mente mente. Nunca negoceies com ela, pois é excelente a contar mentiras convincentes, especialmente a ti próprio.
Cada vez que argumentas com a mente, cais no autoengano. Perdes tempo, claridade, força. Ela deve de seguir ordens, não comandar.
Se, num momento de dúvida, abrires a porta ao diálogo com a mente, não te estás a preparar para seguir em frente, mas para falhar.
Sabes como a negociação mental começa. Primeiro justifica, depois minimiza, encontra atalhos e, no fim, faz-te desistir.
A mente é persuasora. Conhece-te. Sabe como usar as tuas fraquezas com lógica.
Se a mente mente e boicota os teus objetivos todos os dias, porque confias nela?
Confias porque dá-te boas ideias. Inventa. É altruísta e orienta-te quando erras.
Confias na mente porque é tudo o que tens. Cria histórias para interpretar o mundo e os teus sentimentos. Mesmo que essas narrativas sejam distorcidas, dão-te direção.
No entanto, a mente é especialista em contradições. Diferentes partes têm desejos opostos e sem consciência, essas partes entram numa guerra silenciosa.
Deseja segurança com liberdade, amor sem intimidade. Quer ser autêntica, mas teme ser julgada. Apetece-lhe aventura, mantendo a rotina e a zona de conforto. Quer estar só, com espaço e silêncio, mas sente o vazio. Anseia por ser amada, mas sem mostrar vulnerabilidade. Sonha com independência, exigindo segurança. Anseia por paz e alimenta conflitos internos. Rumina, julga e comparar.
Estas contradições existem, porque a mente não é uma entidade única. É um conjunto de vozes, com desejos e medos contraditórios.
O segredo está em não confiar na mente. As armadilhas constantes, a que ela te sujeita, têm origem na evolução humana. Foi moldada para te proteger, não para te mostrar a verdade. Ela evita o desconforto para preservar a energia e garantir que o ser humano sobreviva numa sociedade com pouco alimento e com muito exercício, o que é completamente contrário ao que acontece nos dias de hoje.