Em julho de 2025, o governo brasileiro deixou a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, conhecida como IHRA, na sigla em Inglês. O país era membro observador desde 2021. A medida não foi anunciada de forma pública pelo governo, mas causou indignação em alguns setores da comunidade judaica. O que a IHRA representa globalmente e de que forma a decisão do governo impacta o combate ao antissemitistmo no Brasil? Para falar do tema, convidamos o Carlos Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto em Curitiba e que é delegado da IHRA - e até o momento não foi oficialmente comunicado dessa desvinculação.
No dia 30 de julho, aconteceu o lançamento da pesquisa "Percepções e narrativas da população brasileira sobre os judeus, o Estado de Israel e o conflito entre Israel e Hamas", no Museu Judaico de São Paulo. Esse estudo inédito é um retrato de como os brasileiros veem a situação no Oriente Médio e também os judeus.
A pesquisa foi realizada em parceria com o Instituto de pesquisa Ideia, com amostra quantitativa em todo o país e monitoramento das redes sociais.
Para falar um pouco sobre as principais descobertas e conclusões a partir dessa pesquisa, convidamos o Karl Schurster, que é doutor em história comparada pela UFRJ e pós-doutor em história pela Universidade Livre de Berlim. Professor livre docente em história contemporânea da Universidade de Pernambuco e investigador Maria Zambrano da Universidade de Vigo/Espanha. Autor de diversos artigos e livros sobre o Holocausto e os Fascismos, tendo vencido o prêmio Jabuti de ciências humanas em 2014.
No último dia 1º de julho, pela primeira vez desde o início da guerra, um jornalista em língua portuguesa cruzou a fronteira e entrou na Faixa de Gaza. Hoje, ele está aqui para contar sobre essa experiência.
Convidamos o jornalista Henry Galsky, editor do portal Israel de Fato, que é brasileiro e vive em Israel, para contar o que viu em Gaza, após um ano de insistência para que isso acontecesse.
O que você sabe sobre os drusos? Sabia que essa é uma das minorias que vivem em Israel? Mas não só. Os drusos são uma minoria árabe e vivem em uma região que abrange o Líbano, a Síria, Israel e as Colinas de Golã. Recentemente, os drusos entraram em pauta por serem alvo de perseguição pelo novo regime da Síria. Israel mantém laços estreitos com os seus 150 mil cidadãos drusos. Historicamente, os homens drusos servem nas Forças de Defesa de Israel, e esse é um dos motivos do crescente envolvimento israelense na Síria. Isso faz deles cidadãos israelenses como qualquer outro? Qual a situação dos drusos em Israel? Para compreender melhor o tema, convidamos Danny Zahreddine, bacharel em Relações Internacionais e doutor em Geografia pela PUC Minas, atua no Departamento de Relações Internacionais e na Academia da Polícia Militar de Minas Gerais. Como professor do Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais da PUC Minas dedica-se ao estudo dos conflitos internacionais, geopolítica, política externa brasileira e o Oriente Médio. Atualmente é Diretor do Instituto de Ciências Sociais da PUC Minas e também coordena o grupo de estudos do Oriente Médio e Maghrebi.
O que acontece quando a gente olha para identidades que não costumam ser pensadas juntas? Como isso se transforma quando essa experiência é atravessada também pela negritude? Existe espaço, no debate público brasileiro, para pensar a judeidade e a negritude como experiências que se cruzam? A identidade judaica, muitas vezes associada a uma branquitude europeia, consegue abarcar histórias que também passam pela diáspora africana?
Quando falamos sobre interseccionalidade, estamos mesmo dispostos a enfrentar os desconfortos que surgem? Ou seguimos reforçando visões limitadas sobre o que é ser judeu, o que é ser negro, e quem pode ocupar determinados espaços?
No episódio de hoje, a gente abre espaço para pensar como essas duas experiências, ser judeu e ser negro, podem coexistir, se confrontar e se reforçar mutuamente, tanto no plano individual quanto no coletivo. Pra isso, a gente conversa com o professor Edilmar Alcantara dos S. Junior. Licenciado em Ciências Sociais (UFRJ). Bibliotecário e Mestre em Biblioteconomia (UNIRIO). Bibliotecário no Instituto Benjamin Constant. Membro do Grupo de Pesquisa Tecnologia Educacional e Deficiência Visual (GPTec). Pesquisa sobre relações sociais, religião, competência informacional, empoderamento do indivíduo, gênero e minorias e também coordenador do laboratório judeidade e negritude do IBI.
Nos últimos meses, o mundo viu Israel no centro de um dos conflitos mais traumáticos de sua história recente. Ao mesmo tempo, dentro e fora do país, vozes críticas se multiplicaram, não necessariamente contra a existência do Estado judeu, mas contra os rumos tomados pelo governo, o prolongamento da guerra e o esvaziamento de valores democráticos que deveriam sustentar a sociedade israelense.
É nesse contexto que o Instituto Brasil-Israel inicia um novo ciclo. Um ciclo que quer reafirmar que defender Israel não é repetir slogans, mas enfrentar dilemas. Que ser sionista, hoje, é mais do que uma identidade, é um compromisso ético. E que o pluralismo, mesmo quando incômodo, é a única base sólida para uma comunidade democrática. Nosso convidado de hoje é o Pedro Kelson, o novo diretor-executivo do IBI. E essa entrevista não é só uma apresentação: é uma conversa sobre o que está em jogo quando se decide, conscientemente, ocupar esse lugar, com responsabilidade, escuta e coragem política.
A gente perguntou pro ChatGPT o que é o conceito de assimilação dentro do judaísmo. E a resposta dele foi a seguinte: Assimilação é o processo pelo qual judeus abandonam práticas religiosas, culturais, tradições e identidade judaica, adotando os costumes, valores e modo de vida da sociedade majoritária (geralmente não judaica). É um assunto delicado, sem respostas certas ou erradas.
Nós somos três pessoas que tinham tudo pra estar fora da comunidade judaica, mas estamos dentro. Bastante dentro. Essa conversa vai ser divida em três perguntas: Por que ficamos? E o que nos faz pensar em sair? E o que projetamos para o futuro?
Nos últimos anos, o papel dos Estados Unidos nos conflitos no Oriente Médio tem sido cada vez mais questionado. Seja em Gaza, onde Israel mantém uma ofensiva militar desde outubro de 2023, seja nas tensões mais recentes com o Irã, os EUA continuam sendo peça-chave, seja por apoio logístico, por pressão diplomática ou até por envolvimento militar direto. Mas afinal, o que os EUA ganham com isso? E o que essa atuação diz sobre sua política externa, seus limites e seus interesses estratégicos?
Pra entender o papel dos Estados Unidos no atual cenário geopolítico do Oriente Médio, a gente conversa hoje com Karina Stange Calandrin, assessora do IBI, professora de Relações Internacionais, pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais da USP e colunista da Revista Interesse Nacional.
No último feriado prolongado, aconteceu em São Paulo a Marcha para Jesus. O evento tem como foco o público evangélico - mas, quem via de longe, poderia pensar que se tratava de uma manifestação pró-Israel. E de certa forma, podemos até dizer que era. Por que essas bandeiras estavam ali e qual a relevância dessa associação feita entre Israel e evangélicos?
Daniel Douek, assessor do IBI e cientista social, esteve na Marcha para Jesus e traz hoje pra gente um pouco das percepções que ele teve do evento e de toda essa conjuntura que associa o conservadorismo com o Estado judeu.
Falar sobre a escalada de tensão entre Israel e Irã é mergulhar em uma das histórias mais complexas e estratégicas do Oriente Médio contemporâneo. Por trás das manchetes sobre ataques aéreos, mísseis e drones, existe um histórico de alianças, rupturas e rivalidades que moldam a geopolítica da região há décadas. A relação entre os dois países, que hoje parece marcada apenas pela hostilidade, já foi de intensa cooperação. E entender como esse cenário mudou, e o que está em jogo agora é fundamental para interpretar os riscos de uma guerra regional.
A diferença entre olhar esse conflito à distância e acompanhar de perto, com fontes dentro de Israel, é gigantesca. A leitura dos fatos passa a ganhar nuances que nem sempre aparecem no noticiário internacional. Para isso, o podcast "E eu com isso?" desta semana recebe Henrique Cymerman, jornalista, correspondente internacional há mais de 30 anos.
Com a viralização de ódio nas redes e o impacto da guerra desde 7 de outubro, o antissemitismo tem se normalizado em memes, debates e narrativas. Hoje, mais do que nunca, dá para dizer que se tornou aceitável, e até requisito em algumas bolhas, disseminar ódio contra judeus mesmo que na forma de “piada”. Será que agora o antissemitismo é pop? Para falar com a gente sobre o tema, convidamos a Gabriela Franco, que é jornalista especializada em cultura pop, cineasta, graduanda em Filosofia e Relações Públicas da StandWithUs Brasil.
Israel vive uma das fases mais delicadas de sua história recente. O país está imerso em conflitos externos, dividido internamente, e tomado por discursos de ódio que parecem ganhar cada vez mais espaço. Mas, mesmo nesse cenário, há quem se recuse a ceder ao medo ou à radicalização. O movimento Omdim Beyachad, em hebraico, ou “Standing Together” em inglês, tem crescido como um dos principais espaços de resistência política, no qual judeus e palestinos cidadãos de Israel lutam, lado a lado, por uma alternativa: uma sociedade mais justa, igualitária e solidária.Em vez de aceitar a lógica da separação, da ocupação e da desigualdade, o Standing Together propõe uma política radicalmente diferente, baseada na escuta mútua, na dignidade para todos e na construção de um futuro compartilhado. Eles estão nas ruas protestando contra a guerra, nas universidades combatendo o racismo, e nas periferias de Israel lutando por justiça social. Qual a relevância dessa aliança entre judeus e palestinos cidadãos de Israel por um futuro diferente? Pra conversar com a gente hoje, nós convidamos o Rafael Arkader, brasileiro que mora em Israel e militante do Standing Together.
No dia em que gravamos este episódio, 26 de maio de 2025, acontece o Iom Ierushalaim, em Israel. Ou, o Dia de Jerusalém. Um dia em que religiosos ultranacionalistas costumam realizar a famigerada marcha das bandeiras.
Essa data, que há muito tempo é palco de violência e demonstrações anti-árabes, adquiriu ainda mais nuances pós 7 de outubro e diante de uma democracia israelense a cada dia mais fragilizada. Para falar desse tema, convidamos o João Koatz Miragaya, que é historiador, educador, editor e podcaster no podcast Do Lado Esquerdo do Muro, e assessor do IBI.
Donald Trump voltou a colocar o Oriente Médio no centro de sua estratégia internacional. Em uma das primeiras viagens do segundo mandato, ele passou por Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes, mas deixou Israel de fora. Enquanto negocia acordos bilionários e costura uma nova arquitetura regional, o presidente estadunidense mostra que sua prioridade continua sendo clara: os interesses dos Estados Unidos acima de tudo. Mas o que isso revela sobre suas intenções?
Trump retirou exigências que antes eram fundamentais para os aliados, como o reconhecimento de Israel pelos sauditas e fechou acordos com grupos como os houthis sem avisar Tel Aviv. Também atuou diretamente na libertação de um refém com cidadania americana, prometendo ao Hamas um cessar-fogo mais longo. Tudo isso sem consultar o governo israelense. O que isso nos diz sobre o novo papel dos EUA na região, e sobre o futuro das relações com Israel?
Para nos ajudar a responder essas perguntas e entender os bastidores dessa diplomacia nada convencional, a gente recebe Hussein Kalout, cientista político, conselheiro do CEBRI, ex-conselheiro de assuntos estratégicos da Presidência da República.
A arte sempre foi atravessada por disputas políticas. Seja nas ruas, nos palcos, nas telas ou nos muros, a arte comunica, provoca e incomoda .Em tempos de guerra, de crise política ou de colapso climático, apontar uma câmera, ou pintar um quadro, pode ser também tomar partido. Mas quem tem o direito de contar uma história? Nosso convidado é Guigo Gerber, fotógrafo, jornalista e documentarista. Ele atua há mais de uma década como produtor audiovisual, com foco em jornalismo documental e narrativas visuais que abordam temas sociais, culturais e humanos. Guigo é diretor de The Next Minute, documentário premiado que retrata o conflito entre Israel e Hamas, e também desenvolve curtas-metragens autorais com uso de inteligência artificial.
As ideologias de ódio contra as minorias se reinventam. Na história e no tempo, sempre há um suposto grande culpado por tudo - o famoso bode expiatório. Em um período importante da história, esses foram os judeus, essa é a tônica do antissemitismo. Mas, é possível falar de uma gramática antissemita, por exemplo, sem falar de judeus? Pode haver um contexto em que há uma lógica antissemita, mas que as principais vítimas não sejam judeus?
Se ontem o judeu era o principal alvo no imaginário nazista, quem são os judeus no imaginário neofascista hoje? E qual deve ser a principal pauta da luta antifascista?
Nosso convidado hoje, que tem debatido o tema em suas redes sociais, é o Renato Levin-Borges, mais conhecido como Judz, que é professor de Filosofia licenciado e bacharel pela PUC-RS, mestre em Educação pela UFRGS e doutor pela mesma instituição.
Israel completa 77 anos, e ainda há quem questione a legitimidade e o direito à autodeterminação do país. Quando uma delegação de jornalistas foram com o IBI para Israel, houve uma série de questionamentos. Como é, ao mesmo tempo, estar em Israel e ser alvo de ataques que colocam em xeque a existência do Estado Judeu? Muita coisa mudou nessas mais de 7 décadas, sobretudo após o 7 de outubro, mas a população israelense segue ocupando as ruas em defesa da democracia e pelo retorno dos reféns que ainda estão em cativeiro. Há quem se manifeste também pelo fim da guerra e fim da morte de civis palestinos. E há quem esteja dominado pela radicalização, produzida por este ciclo de violência. Onde Israel está hoje? E onde pode chegar?
Para debater sobre Israel hoje e as perspectivas de futuro para o país, convidamos o Pedro Dória, jornalista e fundador do Canal Meio, escritor, palestrante e colunista de O Globo e da CBN.
Em abril de 1943, no coração da Varsóvia ocupada pelos nazistas, um grupo de jovens judeus decidiu resistir diante do extermínio. Armados com poucas pistolas, coquetéis molotov e uma coragem quase inconcebível, eles enfrentaram o exército mais poderoso da Europa. O Levante do Gueto de Varsóvia foi a primeira grande insurreição urbana contra os nazistas e se tornou símbolo da resistência judaica durante a Shoá.
Neste episódio, a gente revisita o Levante do Gueto de Varsóvia pra entender como ele aconteceu, por que ele se tornou um marco da resistência judaica e o que essa história revela sobre as escolhas possíveis em contextos extremos. Qual o papel da memória quando ela nos confronta com o pior da humanidade? E como ela pode nos ajudar a pensar as formas de resistência no mundo de hoje?
Para falar sobre tudo isso e pouco mais, hoje, conversamos com Carlos Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba. Carlos é formado em Comunicação Social pela UFMG, estudou Relações Internacionais na Universidade Hebraica de Jerusalém e Geopolítica na Universidade Tuiuti do Paraná. Ele foi o responsável pela concepção pedagógica do museu, desenvolvendo materiais didáticos, ações educativas e curadorias de exposições.
O BDS é o movimento de boicote, desinvestimento e sanções que incentiva a prática de boicote econômico, acadêmico, cultural e político ao estado de Israel. Ele é pioneiro nesse tipo de estratégia, mas a tentativa de cortar laços com o mundo acadêmico israelense tem se expandido, em especial depois do início da guerra. Dentre as estratégias de movimentos que pregam o isolamento de Israel, está o boicote acadêmico, que muitas vezes cala vozes dissidentes, progressistas e ativas pela paz em no país. Para falar do tema, convidamos Bruno Szlak, que é Mestre e Doutor pela área de Estudos Judaicos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde também é colaborador e pesquisador. Seu campo de pesquisa está relacionado com o cinema e televisão israelenses e recentemente concluiu seu pós-doutorado.
Esse ano, enquanto milhões de judeus ao redor do mundo se reúnem para celebrar Pessach, a festa da liberdade, nos Estados Unidos, o discurso sobre liberdade está sendo distorcido em nome da repressão. O presidente Donald Trump anunciou medidas radicais contra manifestantes universitários, prometendo deportar estudantes estrangeiros que participarem de atos pró-Palestina. Tudo isso sob o argumento de “combater o antissemitismo”. Mas será que é disso mesmo que se trata?Hoje, a gente quer falar sobre como o antissemitismo, um fenômeno grave, real e histórico, vem sendo instrumentalizado por lideranças populistas de extrema-direita. Por que Trump está deportando manifestantes sobre essa justificativa? Pra conversar com a gente hoje, nós convidados o Rafael Kruchin, que é mestre em sociologia e em política pública internacional, trabalhou como coordenador executivo do IBI por 5 anos e há pouco voltou dos EUA, onde passou um período estudando e trabalhando.