Nesta conversa descobrimos que desde cedo a Sónia se interessou pelas ciências sociais, ainda que a Sociologia só tenha surgido no 12º ano. Nessa altura teve uma professora marcante, que acabou por contribuir para a escolha de Sociologia no ensino superior. No final da licenciatura começou a integrar projetos na área da avaliação de políticas públicas, pobreza e exclusão social. Desde aí a Sónia tem explorado estas temáticas, ora a partir de um prisma mais científico, ora a partir de uma abordagem mais política, em estreita articulação com estruturas de poder local e central e com organizações da sociedade civil, responsáveis pela implementação e monitorização de políticas públicas. Estes são mesmo os temas que mais a inquietam e nos quais pretende continuar a trabalhar. Afinal esse trabalho é essencial para permitir uma maior articulação entre os recursos, os serviços e as respostas necessárias face aos desafios constantes em áreas como as da habitação, saúde, segurança social, educação.
Nesta conversa descobrimos que o interesse do Ricardo pela economia vem da infância, vivida num período em que as memórias do 25 de Abril estavam ainda muito presentes. Em casa dos avós maternos os natais nunca corriam bem porque havia sempre discussões entre quem era de esquerda e quem era de direita. E as questões económicas estavam sempre muito presentes, porque Portugal estava a passar pela crise económica do início dos anos 1980. Por isso o Ricardo, ainda criança, queria perceber quem tinha razão, compreender os argumentos de ambos os lados, perceber de onde vêm as crises e porque há pessoas e países mais ricos do que outros. O seu percurso, profissional e académico tem contribuído para responder a estas questões. E no que ao trabalho de avaliação de políticas públicas diz respeito, este é um momento e um exercício importante, que ajuda os responsáveis, técnicos e políticos, a pensar na razão de ser das suas políticas e a melhorar o desenho e implementação das mesmas.
Nesta conversa descobrimos que o interesse do Eduardo pela psicologia muito se deve à influência de um professor de filosofia durante o ensino secundário e ao contacto com pessoas que, ainda no contexto do Estado Novo, se tinham inscrito no ISPA, o Instituto Superior de Psicologia Aplicada. O Eduardo fez o mesmo em 1973, sem saber se o Instituto teria condições para se manter aberto. Por essa razão inscreveu-se também na licenciatura em biologia. Nos primeiros anos frequentou os dois cursos em simultâneo, mas no final do 3º ano optou pela sua paixão inicial: a psicologia, a área onde desde então desenvolve o seu percurso académico. Este é bastante eclético: começa na psicologia clínica, passa pela psicologia cognitiva e chega à psicologia social e das organizações, a área em que se encontra a temática que hoje mais o inquieta: a ética nas organizações. Ao longo desta conversa ficámos a saber que numa organização, a existência de uma infraestrutura ética forte e de uma gestão de recursos humanos socialmente responsável favorece o bem-estar dos trabalhadores. E nesta área, o Eduardo relembrou-nos que um dos principais desafios será certamente compreender os impactos da inteligência artificial.
Nesta conversa ficámos a saber que a Ana sempre pensou seguir ciências, mas no último verão antes de começar o ensino secundário, decidiu escolher artes. E muito por causa de uma caixa de lápis coloridos à qual achava muita piada. O combinado com a mãe foi ir para uma turma com matemática e física, o que lhe permitiu o contacto com as ciências ditas exatas, mas também com uma componente artística. Na universidade, a arquitetura era a opção que tinha estas duas valências. O percurso da Ana como investigadora começou com a tese de mestrado, onde trabalhou a articulação entre o tempo e a cidade. Hoje os temas que mais a inquietam são os que se relacionam com os territórios metropolitanos, os territórios do quotidiano ou da normalidade, como a Ana lhes chama. Como é que estes territórios, e os seus espaços públicos, são desenhados, planeados, geridos e vividos? Uma das coisas que mais motiva o trabalho da Ana é apoiar a construção de políticas públicas, até porque acredita que os investigadores têm o dever de produzir conhecimento que seja útil a outros para que estes possam fazer o seu papel de uma forma mais informada.
Neste episódio recebemos a Joana Pestana Lages e ficámos a saber que, apesar de não ter nenhum arquiteto na família, gostava muito de desenhar e sempre cresceu a querer ser arquiteta. A sua primeira memória como investigadora faz-nos recuar ao período do liceu e a uma aula de História da Arte na qual viu um episódio do programa do arquiteto Manuel Graça Dias – Ver Arquitectura – sobre o crescimento da periferia de Lisboa e a forma como não arquitetos procuravam resolver os seus problemas ligados à habitação. Esta ideia foi “guardada na gaveta do futuro” e mais tarde transformada numa das suas principais inquietações, que a Joana tem explorado nos vários projetos de que tem feito parte. Para além gerarem conhecimento essencial à definição de políticas públicas sobre o acesso à habitação, estes projetos têm permitido trabalhar em grande proximidade com associações locais e com pessoas que vivem situações de maior precariedade habitacional, tendo impactos muito concretos no seu dia-a-dia.
Rolando Volzone é o convidado desta edição e explica-nos desde cedo desenvolveu uma paixão pela arquitetura, o que provavelmente está ligado ao seu interesse pelas artes plásticas, que é aliás partilhado com a mãe. A sua primeira memória enquanto investigador remonta ao período da licenciatura, em Roma, e à sua pesquisa sobre a história da arquitetura, bem para lá daquilo que, na altura, os professores pediam. Hoje o que mais o inquieta são as questões do acesso ao património e de como podemos aproximar a comunidade ao património cultural. Num cenário como o português, onde existiram mais de 400 conventos franciscanos, mas hoje apenas cerca de 2% espaços são utilizados com as funções originais, um dos principais objetivos da investigação do Rolando é perceber qual pode ser o futuro do património religioso e como pode ele contribuir para o desenvolvimento sustentável e para uma sociedade mais justa e inclusiva.
Neste episódio conversámos com a Catarina Mateus que nos contou que o seu interesse pelas zonas rurais se deve, entre outras coisas, ao facto de ter familiares que vivem fora das grandes cidades. Mas para além desta ligação afetiva, sempre a inquietou o abandono e a desertificação que caracterizam o interior de Portugal e as áreas rurais. E o ponto de partida para a investigação que tem atualmente em mãos foi precisamente procurar uma solução. Uma solução não só para a desertificação das zonas rurais, mas também para a sucessão de crises que vivemos nas últimas décadas. Para isso, a Catarina está agora focada em conhecer outras formas de vida e perceber como é que estas práticas, que tentam distanciar-se do sistema capitalista, podem criar alternativas. Ao longo da conversa deu-nos alguns exemplos concretos, tanto de Portugal, como do Equador. O seu objetivo é que esta investigação possa ter impactos nas políticas públicas que são pensadas e implementadas nas zonas rurais, no sentido de promover estilos de vida mais sustentáveis.
Nesta conversa descobrimos que o envelhecimento urbano é um tema que o Gustavo Sugahara herdou. A mãe, psicóloga, fazia investigação sobre envelhecimento. O pai é arquitecto, daí a ligação ao urbanismo. E há ainda a avó, que contradiz tudo o que habitualmente se associa ao envelhecimento. Por isso, desde a licenciatura que o envelhecimento é o seu foco de interesse. O seu projecto de vida é, por um lado, reaproximar economia do envelhecimento e, por outro, re-fundar a relação da sociedade com o processo de envelhecimento e a velhice. Ao longo da conversa aprendemos também o que é o idadismo e o que são cidades amigas do envelhecimento e percebemos como este processo é uma consequência do contexto em que vivemos e das políticas públicas.
Nesta conversa o Nuno Bento explicou-nos como ocorrem e quanto tempo demoram as mudanças tecnológicas até terem aplicabilidade: entre duas a três décadas. Ficámos também a saber o significado de granularidade neste contexto, ou seja, que as tecnologias mais pequenas conseguem difundir-se muito mais rapidamente. Ao mesmo tempo, do ponto de vista das estratégias de descarbonização, agir do lado da procura permite chegar mais fácil e rapidamente aos objetivos pretendidos. Estes são resultados muito importantes que a investigação do Nuno e da sua equipa tem revelado e que têm permitido enformar políticas públicas. Afinal, e como o Nuno nos explicou, o objetivo final da investigação é sempre procurar estratégias para melhorar o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas o que, em termos energéticos e no caso português, passa por exemplo por encontrar e implementar soluções para a pobreza energética, que caracteriza muitas das nossas casas.
Nesta conversa com Paulo Marques vamos ficar a conhecer o seu interesse por temas que hoje são a sua área de trabalho. Estes interesse vem de uma experiência de intervenção social, que começou na escola básica e que foi influenciada pelo movimento associativo que caracteriza o Barreiro, a cidade onde cresceu. No fundo, o seu trabalho como investigador assenta na vontade de conhecer o mundo para nele intervir. Essa foi a razão que o levou a estudar ciências sociais: primeiro sociologia e depois economia. Hoje, os resultados da investigação que desenvolve juntamente com a sua equipa não só estão frequentemente presentes nos media, chegando a um público mais alargado, como também são já tidos em conta pelos decisores políticos.
Estamos em 2024 e 50 anos passaram desde a revolução que transformou para sempre o nosso país.
Nesta edição especial conversámos com alguns dos nossos investigadores, que em 1974 preparavam ou já estavam de alguma forma envolvidos na carreira académica.
Entramos numa máquina do tempo e quisemos saber como viveram o 25 de abril e todo período da revolução.
Perceber que impactos esta mudança teve nos seus percursos académicos e saber as suas opiniões sobre quais eram os grandes desafios que a sociedade portuguesa enfrentava nessa altura e fazer um balanço 50 anos depois.
Convidados neste episódio:
Estamos em 2024 e 50 anos passaram desde a revolução que transformou para sempre o nosso país.
Nesta edição especial conversámos com alguns dos nossos investigadores, que em 1974 preparavam ou já estavam de alguma forma envolvidos na carreira académica.
Entramos numa máquina do tempo e quisemos saber como viveram o 25 de abril e todo período da revolução.
Perceber que impactos esta mudança teve nos seus percursos académicos e saber as suas opiniões sobre quais eram os grandes desafios que a sociedade portuguesa enfrentava nessa altura e fazer um balanço 50 anos depois.
Convidados neste episódio:
Neste episódio recebemos Carla Duarte. Ficámos a saber que o seu interesse pelo caminhar pela cidade remonta à infância e aos longos passeios que dava com o pai pela cidade de Lisboa. Hoje uma das coisas que mais a motiva é o trabalho de consciencialização acerca daquela que entende dever ser a prioridade de qualquer rede de mobilidade: o caminhar. É para isso que a sua investigação e o seu trabalho enquanto arquiteta contribuem: para pensar, refletir e implementar o modelo de cidade que melhor se adequa aos dias de hoje, às nossas necessidades e às exigências que a sustentabilidade ambiental coloca diariamente na agenda de todos nós.
Neste primeiro episódio vamos conversar com Ricardo Barradas, Professor Auxiliar no Departamento de Economia Política do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa, Investigador Integrado do Centro de Investigação DINÂMIA’CET do Iscte e autor do livro Essays on the Portuguese economy: the era of financialisation, resultado do seu doutoramento.
Nos últimos anos tem investigado a financeirização e os seus efeitos negativos na economia portuguesa. Nesta conversa vamos conhecer o seu percurso e tentar perceber afinal o que é a financeirização e como se manifesta na vida quotidiana dos trabalhadores e das famílias.
No podcast Diário de um Investigador vamos falar de forma descomplicada sobre o percurso e o trabalho dos investigadores do DINÂMIA’CET – Iscte. Queremos perceber o que os inquieta e motiva a fazer investigação e de que forma as suas descobertas têm impactos no nosso quotidiano.
A cada episódio iremos conversar com um investigador ou investigadora do DINÂMIA’CET – Iscte para conhecer melhor o seu percurso e o seu trabalho. Iremos falar sobre as suas motivações, como começou a fazer investigação, como é um dia de trabalho e que desafios encontra, quais as metodologias e estratégias a que recorre, sem esquecer, claro, quais são os resultados a que tem chegado e de que forma estes podem contribuir para um mundo melhor.
Ficha técnica
Produção: DINÂMIA'CET-Iscte
Coordenação, realização: Ana Oliveira e Bruno Vasconcelos
Design/Ilustração: Catarina Sobral