Hoje falaremos da obra do alagoano Heckel Tavares. Ele estudou música, aprendeu a tocar piano, cavaquinho e violão e chegou ao Rio em 1925, pouco antes de completar 30 anos. Começou a compor em meados dos anos de 1920, inspirado pelos ares da Semana de Arte Moderna de 1922, equilibrando-se entre a música clássica e a popular. Na canção popular, seus maiores êxitos ocorreram entre 1927 e 1935. Provavelmente, ele nunca criou versos para suas melodias mas eles, quase sempre, eram focados em temas sociais, notadamente a escravidão, o preconceito racial e a seca nordestina. Suas canções que escutaremos hoje apresentam essa característica
Este programa é dedicado a dois compositores que deixaram uma importante marca na música latina com uma só obra. O uruguaio Matos Rodriguez, com o tango "La cumparsita" e o cubano Nilo Menéndez, com o bolero "Aquellos ojos verdes"
Nascido em 1950, violonista, intérprete e compositor, o argentino Omar Mollo, iniciou sua carreira pela trilha do rock pesado, por volta dos 20 anos. Com a chegada do século XXI, Omar faz uma inflexão em sua carreira, ao gravar, em 2003, o disco Omar Mollo tango, com um repertório de 12 temas clássicos do gênero, entre suas 13 faixas. Com o tango vieram o sucesso e as indicações para premiações.
Ouçamos.
Confesso que só recentemente tomei conhecimento da existência da cantora e atriz carioca Sanny Alves, nascida em 1969. O foco do programa de hoje é o Cd Samba e amor de 2009. Seu repertório mescla nomes consagrados, como Chico Buarque e Tom Jobim, com outros menos conhecidos, como Ruy Quaresma e Alvinho Santos.
Ouçamos com Sanny Alves, de “Henrique Vogeler, Luís Peixoto e Marques Porto, “Linda flor”, e de Sidney Miller, “Nós, os foliões”.
Augusto Mesquita, o Mesquitinha, nascido em 1913, não foi bem um personagem da música. Ele arriscava-se, vez por outra, a escrever versos para canções de amigos. Os poemas escritos por Mesquitinha, com frequência, tratam de uma feliz reconciliação amorosa que parecia impossível.
Caro ouvinte, escutemos “Molambo”, com Sanny Alves, “Porque perdoei”, com Silvia Telles, e “Insensatez”, com o Época de Ouro e vocal de Moska.
O amigo Eduardo, impressionado com a frequência de canções cubanas cujos versos abordam a culinária, me perguntou se eu tinha ideia do percentual dos temas cubanos com essa característica.
Ouçamos as músicas selecionadas com essa temática. E digam as músicas que relembram suas memórias gustativas.
Afirma-se que o choro brasileiro é primo do danzón cubano, pois ambos nasceram por volta de 1880 e carregam genes da Europa Ocidental e da África. Originalmente, gêneros instrumentais, ambos foram seminais na rica música de seus países: o tronco que abrigou frondosos galhos.
Caro ouvinte, escute as duas canções de hoje, ambas dos anos de 1940, o danzón “Isora Club”, de Coralia Lopez, com a Orquestra Aragón, e o choro “Naquele”, de Pixinguinha e Benedito Lacerda, com Paulo Moura e seu grupo, e veja se você concorda com o parentesco.
Voltamos hoje ao tema das belas canções esquecidas de gente famosa, falando de Carlos Gardel.
Ouçamos de Gardel e Le Pera, com Ariel Ardit, “Sol tropical” e “Rubias de Nueva York”, e, com Mirta Alvarez, “Caminito Soleado.”
O bolero chegou ao Brasil na adolescência. O primeiro èxito foi “Aquellos ojos verdes”, em 1931. Na década seguinte, o bolero iniciaria uma escalada de êxitos no Brasil, conforme informam Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo no livro A canção no tempo: 1901-1957. Mas, a influência do bolero sobre a MPB, durante décadas, foi considerada como nociva. Só a partir do final do século XX, ela começaria a ser reavaliada positivamente. Ouçamos, com Ivan Lins, “Jamais te esquecerei”, de Antônio Rago e Juraci Rago e, com Djavan, de Othon Russo, “Sabes mentir”.
Armando Oréfiche, pianista, diretor de orquestras e compositor nascido em Havana, em 1911, foi um cidadão do mundo. Oréfiche deixou um extenso repertório de canções, que, com o passar dos anos, foi sendo esquecido, particularmente no Brasil. Vamos apresentar 3 delas hoje.
Ouçamos, de Armando Oréfiche, com o Havana Cuban Boys, “Corazón para qué” e “Me voy pal Brasil”, a primeira com versos de Rodolfo Taboada, e, com Ana Margarita Martínez, “Corazón, para qué”.
Não são comuns, na canção Latina, temas que celebram uma reconciliação amorosa ocorrida sem mágoas e recriminações. Em geral, a reconciliação é celebrada também com mágoa e vergonha Procurar uma canção dessas no tango é como buscar uma agulha no palheiro.
Ouçamos, com Elizeth Cardoso, de Tom e Vinícius, “Janelas abertas”, com Elena Burke, de Vicente Garrido, “En tu lugar”, e, com Carlos Gardel, dele e Le Pera, “Volver”.
Eles são raros, mas existem. Falo dos tangos de carnaval. O carnaval existiu em Buenos Aires, com seus desfiles de comparsas, enquanto a memória da cidade negra ainda era forte e desapareceu, à medida que esta memória se eclipsou. Na outra margem do rio, que ainda abriga considerável população de pretos e pardos, as comparsas persistem.
Ouçamos, de Aieta e Jiménez, com Adriana Varela, “Siga el corso”, de Osvaldo e Emílio Fresedo, com Agustín Magaldi, “Siempre es carnaval” e, de Troilo e Manzi, com Roberto Goyeneche, “Vals de carnaval.”
Sandra Luna, uma das mais destacadas damas do tango na atualidade gravou seu mais recente disco em 2023. O Cd tem o título “De sur a sud” e seu repertório centra-se em belos temas do cancioneiro tanguero, ainda nenhum deles é ou foi grande êxito. Há, entretanto curiosidades em seu repertório que me faz pensar que o Cd pretende prestar uma homenagem às origens do tango.
Ouçamos com Sandra Luna, de Charlo e Homero Manzi, “Oro y plata, e, de Juan Carlos Cáceres, “Tango negro."
Obsesión e obsessão, vocábulos com grafias e significados similares em espanhol e português, significam uma fixação profunda, até mesmo doentia, em algo ou alguém. A canção latina inclui vários temas cujos títulos e/ou versos contemplam esses vocábulos. Este é o nosso tema hoje.
Ouçamos, com Diego Cigala e Bebo Valdés, de Pedro Flores, “Obsesión” e, com Nelson Gonçalves, de Herivelto Martins e David Nasser, “Pensando em ti."
O programa de hoje, para o qual tive a colaboração do amigo Marcus Vinícius, trata de canções que refletem sobre o trabalho de quem cria canções com versos. Como elas só chegam até nós por alguém que as interpreta, podem ser referidas como canções do “ofício do cantor”.
Meu interesse hoje é mostrar canções, de diferentes épocas, muito pouco conhecidas em geral, que tratam desta temática.
Ouçamos com Paulinho Pedra Azul, “Cantar”, de Godofredo Guedes, com Mercedes Sosa, de Miguel Angel Morelli, “Cantor de Ofício” e, com Yaima Sáez, de Juan Formell, “A través de mis canciones”.
Músicas de Ary Barroso em outras interpretações.
Herivelto Martins chegou ao Rio de Janeiro em 1930, com 18 anos. De origem humilde e sem ocupação definida, foi barbeiro, palhaço e começou a se aventurar no cenário musical. Herivelto conheceu a paulista Dalva de Oliveira. A vida profissional foi um sucesso; a conjugal, um fracasso, após um breve momento de felicidade. A separação do casal originou uma batalha musical entre Dalva e Herivelto. Ouçamos, de J. Piedade e Oswaldo Martins, com Dalva de Oliveira, “Tudo acabado”; de Herivelto Martins e David Nasser, com o Trio de Ouro, “Caminho certo” e, de Ataulfo Alves, com Dalva de Oliveira, “Errei sim”.
Duas canções recentes, de países de distintos continentes, prestam homenagem a duas destacadas personagens da música da América Hispânica, ambos boleristas que nunca tiveram parceiros. Dois boleros modernos, cujos versos foram construídos com a mesma concepção, certamente por coincidência: foram tecidos a partir de títulos das canções dos homenageados ou de uma referência clara a eles.
Ouçamos, de Paola Lorenzi e Pedro Mena Peraza, com os autores, “A Marta um bolero” e, com Berenice Girón e Louis Lara, de Louis Lara, “Armando una ilusión”.
A canarina Olga Cerpa, sobrenome grafado com C, nascida em Las Palmas, 1965, é uma cantora cujo prestígio ultrapassou em muito as fronteiras de sua ilha natal, território autônomo, vinculado à Espanha.
Ouçamos os boleros, com Olga Cerpa, “En un Bote de Vela”, de Rául Rosado; “Soy Guajiro”, de Senén Suarez; e “Un compromisso”; dos irmãos García Segura.
Orquestra Típica foi a denominação usual de orquestras cujo repertório centrava-se no tango. Seu auge ocorreu nos anos de 1940 e 1950. Em geral, eram integradas por naipes de violinos e bandoneons, contrabaixo, piano, às vezes flauta ou violão e voz. No final dos anos de 1960, começam a desaparecer.
Mas, parece que as Típicas estão voltando ao cenário portenho. Hoje falaremos de 3 outras Típicas.
Ouçamos, com a Típica Andariega, “Al compás de um corazón”, de Federico e Expósito; com a Típica Villa Urquiza, “Barrio de tango, de Troilo e Manzi; e com a Típica Auténtica Milonguera, “Cristal”, de Mores e Contursi.