Neste Sessão Extra do Cinematografia Podcast, Flávia Arielo e Jason Baroni mergulham no último filme de Andrei Tarkovsky, O Sacrifício (1986) — uma obra-prima filmada na Suécia que encerra a trajetória de um dos maiores cineastas de todos os tempos.

A conversa aborda como Tarkovsky transforma o cinema em poesia ao usar planos longos e contemplativos para esculpir o tempo, explorando a espiritualidade, a fé e a angústia diante do apocalipse. O episódio discute o protagonista Alexander, um escritor cético que, diante do iminente fim do mundo, assume um pacto transcendental de sacrifício.

Os hosts exploram em profundidade os símbolos do filme: a árvore ressequida como metáfora de esperança, a figura enigmática de Maria como bruxa ou mística, e o carteiro Otto como mensageiro angelical. Também analisam como Tarkovsky dialoga com a tradição cristã e filosófica, evocando Santo Agostinho, o Evangelho de João e o papel do artista como profeta da humanidade.

Outro ponto marcante é a análise da estética de Tarkovsky: o uso da natureza como personagem, a cor dessaturada contrastando com o verde da esperança, e o impacto visual de planos-sequência que exigem contemplação. Os hosts comentam a atuação intensa de Erland Josephson, a relação entre fé e arte, e o dilema universal do protagonista entre salvar sua vida ou manter sua palavra.

O episódio também destaca a história real das filmagens, como a célebre cena do incêndio da casa — registrada em um único plano, e que se tornou símbolo do sacrifício físico e artístico do próprio Tarkovsky. A conversa culmina na análise da cena final, em que a criança, até então muda, pronuncia a frase bíblica: “No princípio era o Verbo… Por quê, papai?”, consolidando o filme como uma meditação sobre fé, silêncio e legado.

✨ Se você busca reflexões sobre cinema autoral, filosofia, espiritualidade e simbolismo, este episódio é um convite a redescobrir Tarkovsky como um cineasta que fez de seus filmes verdadeiras orações visuais.

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