
Escrever crítica de cinema é um ato solitário e nem sempre o mais pacífico. São guerras interiores, ideias em combustão, a incessante procura por um espaço “silencioso”, longe dos ruídos e da vida urbana, que, ao contrariar a corrente, libertam a inspiração de que necessitamos… ou assim acreditamos. Foi numa dessas tardes solarengas, com vista para a serra da Arrábida, do outro lado da margem do estuário (engajando o episódio inaugural), que a crítica de cinema Susana Bessa se juntou para uma conversa sobre lutas quotidianas, emoções impressas em textos e representações positivas, como também sobre o inevitável ‘entrar’ na arena sob violência intrinsecamente cultural e o sacrilégio desse ritualizado encontro entre homem e animal. Filme, esse, que no seio desta pequena sociedade chamada “cinefilia à portuguesa”, acabou por gerar um debate politizado e até ético. Alguns lamentos acerca da nossa contemporaneidade emergiram, até porque não se combinou ser rigoroso nem seguir fórmulas (aqui não se fala de cartaz). Nelas revelámos o desgaste e, sobretudo, Vida. Porque escrever crítica é aproximar da nossa Humanidade.