Passamos tanto tempo preocupados em separar surfe do bodyboard que esquecemos fazer parte da mesma turma obstinada, salubre e salgada, curtida frente e verso nas areias escaldantes daqui e dali.
Júlio Adler, João Valente e Bruno Bocayuva receberam nesse episódio o Alexandre Iglesias (ex e eterno) editor da revista Style Bodyboard, hoje dedicado ao universo caótico dos documentários.
Versamos sobre os absurdos 62 do Mike Stewart, título mundial do Uri Valadão, estado atual do BB e Fela Kuti e David Lean.
A trilha teve de tudo, de When The Lights Gone Out (Jamaican Stylee) com Ziggy Marley And The Melody Makers, Black Times com Seun Kuti & Egypt 80 e Carlos Santana, Mangetout com Wet Leg e Tango Till They're Sore do bardo Tom Waits.
“Eu sou da América do Sul, eu sei vocês não vão saber”, assim anunciavam dois dos versos mais impactantes da música “Para Lennon e McCartney”, cantada na voz inigualável de Milton Nascimento.
Esta semana Bruno Bocayuva, Julio Adler e João Valente celebram a vida e obra de Lô Borges, um dos grandes obreiros do edifício artístico que se ergue na mais criativa esquina da música brasileira.
Os versos citados evocam tanto a influência dos Quatro Fabulosos de Liverpool na obra de Milton, Lô e companhia, como o descaso absoluto da WSL com as duas etapas chilenas do qualifying regional sul-americano e, por extensão, perante a totalidade do primeiro patamar da carreira de um competidor profissional.
Tem Imagem Falada, tudo ensanduichado por Buffalo Tom esquentando “Summer”, Lô Borges colhendo “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” e, pra fechar, nove minutos de viagem na “Rie’s Wagon” com o Gomez.
Um pé no bico e uma ideia na cabeça- duas baquetas nas mãos!
Malandro se diverte até quando sobe, urubuservando a turma aqui embaixo tecendo loas e vertendo lágrimas com birinaite pra amansar a saudade.
Os obituários do Boia são grandes celebrações de vida - e da vida vivida.
Reparem na repetição, jamais gratuita, quando escrita.
O Poetinha insiste em recordar que é uma só -Vida- mas eterna nos copos e corpos suados.
Julio Adler e João Valente (Bruno Bocayuva na Guarda do Embaú, trabalhando onde o pessoal passa férias) levantam o que resta dos cálices
para brindar ao impacto enorme que fizeram na terra azul, John Peck, mistura de Senhor Pipeline e Paramahansa Yogananda e o baterista Jack DeJohnette, sinônimo de ritmo.
A trilha ficou com Soft Cell (Ave Dave Ball!) com Bedsitter e John McLaughlin com a banda do Miles Davis, Jack DeJohnette - Dave Holland - Wayne Shorter - Chick Corea.
As recomendações para melhor audição do podcast são,
procure lugar silencioso e encontre uma posição confortável.
Feito isso, esfregue seu telefone delicadamente até que uma voz balbucie inutilidades solares sobre assuntos que podem variar do cinema russo do Tarkovsky até o piano de Satie, passando pela brutalidade do Gary Elkerton, sem perder a ternura jamais.
Nessa semana, Bruno Bocayuva, João Valente e Júlio Adler falaram das duas classificadas para o WCT 26, Tia Zebrowski e Yolanda Hopkins, ignoraram completamente o resultado do masculino e ouviram a sabedoria do Tito Rosemberg e Ricardo Bravo (Imagem Falada).
A trilha teve D'Angelo tocando Prince, Sometimes It Snows in April, no programa do Jimmy Fallon, os novaiorquinos do Geese com Cobra e Michael Kiwanuka com You Ain't The Problem.
A mão levantada já está cansada de acenar pro garçom, que finge não nos ver.
Cerveja barata, pedem apenas batatas fritas (prato mais barato do cardápio) e costumam reclamar da conta.
Julio Adler e João Valente (Bruno Bocayuva pulou esse!) simulam a atmosfera da birosca, cada um no seu quadrado, com o Atlantico no meio.
Discordamos na maior catiguria.
A trilha vem de Hiroshi Fujiwara com a (Re)mistura do clássico
We've Got A Good Thing Going (HF & K.U.D.O. Remix) e Mulatu Astatke com Nètsanèt.
Senta e fica à vontade.
Das primeiras sensações quando voce se descobre surfista é folhear uma revista ou livro de fotografias.
O transportar é imediato.
Fixando o olhar, voce já não está mais no mesmo lugar, se roubarmos a frase do Chico Science - livro é transporte.
No episodio 324 do Boia, Julio Adler, João Valente e Bruno Bocayuva te ajudam a ouvir Jair Bortoleto, um surfista que se descobriu fotografo e não se cansa de compartilhar sua arte.
Tambem temos Titus!
A trilha vem com Little Brother do Black Star, New Dawn (Participação da Neneh Cherry) do Marshall Allen, Banh Me do Curtis Harding e John Coltrane com o clássico A Love Supreme Part I Acknowledgement.
O que nos faz verdadeiramente diferentes de todo resto, sites, YouTube, Instagrão, podcasts e o escambau é essa nossa capacidade de passar muito mais tempo falando de Hermeto do que em Griffin, olhar com deslumbre exagerado para o impacto que Claudia Cardinale teve na vida dos mortais que ousaram encarar aquela beleza brutal ou até mesmo os delírios perdidos ao referir uma canção qualquer que não pode ser esquecida.
João Valente, Bruno Bocayuva e Júlio Adler teimam em trazer ,de bandeja, os acepipes que atiçam o seu paladar para tudo que não interessava antes e passou a interessar depois de ouvir o Boia.
A trilha traz, Hermeto, o Bruxo, com Quebrando Tudo, gravado ao vivo em Montreux, Crystal Method com Busy Child e John Martyn cantando (Danny Thompson no baixo!) Spencer The Rover.
Muita gente chama prancha de Boia, sabiam dessa?
Outros, usam ainda melhor o humor e reduzem tudo para Tocos (vamos com maiúscula!).
Esse objeto fálico que desperta seus instintos mais primitivos é central (sem trocadilhos) nas nossas escolhas como indivíduo que pega onda.
No episodio dessa semana, Júlio Adler conversa com Jasmim Avelino (Bi Campeã Brasileira de Pranchão) e Caio Teixeira (Tetra Campeão Mundial de gente-finice) sobre jeitos diferentes de ser e estar surfista.
Temos a volta do Pra Lá de Marrakesh com Tito!
E nas trilhas, ficamos com Whole Lotta Love do Led Zeppelin, Magalenha (Carlinhos Brown) com Sergio Mendes e Islands in The Stream (Bee Gees) com Kenny Rogers e Dolly Parton.
Almoço foi servido com fome de ouvir.
A mesa serve frequentemente como símbolo de união social e familiar, pode também ser confundida com religião, recebendo tanto o alimento físico quanto o espiritual.
Nesse episódio, Júlio Adler e Bruno Bocayuva tem sede pelas histórias do Tito e sorvem cada vírgula com atenção e embriaguez.
Celebramos as vidas extraordinárias do Bruxo, Hermeto Pascoal, e do Robert Redford, galã dos galãs.
A trilha traz Raindrops Keep Falling On My Head(Burt Bacharach and Hal David), da trilha do Classico do cinema, Butch Cassidy and the Sundance Kid, na voz do B.J. Thomas, Almost Blue, orginalmente escrita por Elvis Costello, cantada por Chet Baker e Hermeto Pascoal, com Airto Moreira e Flora Purim com uma música chamada Velório.
Todo grande feito é um convite à reflexão.
Yago é o primeiro a ganhar o título mundial para Volcom e também é o primeiro com as pranchas do shaper da Lost.
Na nossa opinião, ele surfa mais bonito que o queridinho Ethan Ewing, usa mais borda que Griffin, é mais completo que Jack ou Jordy.
Por que isso não é assunto?
O Boia não responde nada, apenas risca o fósforo e aguarda e proximo chope com os dois cotovelos na mesa.
A trilha da semana é com Angela Ro Ro, com Mares de Espanha e Quero Mais, duas canções autorais, passionais e homossexuais, acima de tudo, duas canções de Amor.
Terminamos com Rick Davies do Supetramp cantando e tocando From Now On do album Even in The Quietest Moments.
Saravá Silvio Tendler!
Se existe outro podcast sem vergonha de apontar e torcer pela vitória do Yagão, desconheço.
Aqui somos Yago desde pequeninos, antes mesmo dele pintar nesse mundo de rimas e sustos.
Nós nem sabíamos ainda, mas já sonhávamos com um surfista brasileiro que faria caminho inverso, das telas pros pódios, da estética antes da performance e dos resultados de coração aberto.
Fugimos correndo do "Nós contra eles" e abraçamos o "Eu e Voce, voce e eu", juntinhos!
Pickles é também parte desse sonho que rasga o mapa e une todos num só desejo.
O surfe em 2025 ficou mais humano e sorridente.
Quem não está feliz, é ruim da cabeça ou doente do pé.
Quando te perguntarem por que escutar o Boia, rebata sem pestanejar, por nada.
Não há motivo mais nobre.
Inutilidades solares são algo perto da nossa especialidade, não fugimos, no entanto, do lado escuro da força, onde voce tropeça nas pessoas mais interessantes que atravessam as nossas vidas.
Nossa vocação inequívoca é falhar acintosamente a cada episódio e falhar ainda melhor no seguinte, Sammy ficaria orgulhoso.
No 318, bebemos na fonte para celebrar Jaguar, recomendamos os prediletos do Terence Stamp e nos escondemos das previsões fáceis para Fiji.
Querendo obviedades, procurem outra freguesia.
Bruno Pesca vai parar na novela das 8 no Imagem Falada Alinhado com e pelo Maxime.
A trilha é aquele toque de 3 dedos do Arrasca, começa com The Afghan Whigs e My Enemy, Chaz Bundick Meets The Mattson 2 com Son Moi e terminamos acompanhados dos Sun City Girls com Sev Acher.
Nem parece, mas Já são 9 anos te fazendo companhia nas mais diferentes situações.
Passamos mais tempo conversando com voce do que muita gente melhor habilitada e mais querida, pode chamar de consistência, substantivo feminino que nos traz algum orgulho.
Quando gravei o primeiro Boia em agosto de 2017, chamei o Marcelus Viana para fazer companhia numa ideia com pés e cabeça, sem juízo nenhum, absolutamente despretensioso.
Nada mais justo, reconvidar nessa data querida, porque o Boia (e a vida, de muitas formas diferentes) é exatamente isso, a arte do encontro - embora haja tanto desencontro nessa vida, ensinou o Poetinha.
Usamos o surfe como desculpa para tratar de assuntos sérios, esvaziamos completamente a intenção de fazer esse passatempo inútil se passar por elevação espiritual e removemos todo verniz que lambuzou a atividade nas últimas décadas.
Júlio Adler, Bruno Bocayuva e João Valente, tres surfistas sem alma, teimam em voltar, todas terças, apaixonadamente como Peri.
A trilha desse episodio é, Strong Reaction dos punks de Chicago, Pegboy, Orange Crush da maravilhosa turma de Athens, Georgia, os R.E.M., Love com as meninas de Brighton, Lambrini Girls e, tasquipa!, a voz inebriante do Bobby Womack, com The Bravest Man in the Universe.
Um texto inteiro do Steve Shearer traduzido para o deleite e irritação do ouvinte resiliente e fiel.
Faz parte da nossa curadoria, sabida(eba!) e sapeca(Opa!), reconhecer e contextualizar aquilo que ainda respeita a técnica ancestral de escrever resenhas sobre eventos desimportantes como campeonatos de surfe.
Dessa feita, João Valente está de volta, reunido com Bruno Bocayuva e Julio Adler para tentar resumir em menos de duas horas dois dias inteiros de surfe em Teahupoo.
Ozzy reencarna no Imagem Falada!
Trilha por conta do Fuzzy Duck com A Word From Big D, Planet Hemp com Biruta e Butthole Surfers com Sweat Loaf.
Um Boia farto, opíparo e redundante.
Sentamo-nos, Julio Adler, Bruno Bocayuva e Daniel Rangel (ou Foamball Unicorn pra ti que não fala ingles), numa nublada tarde de agosto para celebrar Ozzy, Herdy, Teahupoo e sombras do Black Sabbath.
Nesse episódio ninguém mordeu a cabeça de animais vivos, mas toda trilha foi com morcegos e pombos decapitados, começamos com Ukandanz e a versão insana de War Pigs em amárico, idioma oficial da Etiópia, seguido do soul puro do Charles Bradley interpretando Changes e encerramos com o trio Bad Plus, tocando Iron Man e emprestando um peso sem guitarras ao clássico dos Sabbath.
Não existe maior trivialidade que citar Jorge Amado para falar da Bahia, é exatamente o que farei.
"Os velhos amigos... tiraram os sapatos, sentiram o calor da areia. Conversavam, riam, bebiam cerveja gelada...; de vez em quando, mergulhavam no mar verde e calmo, voltavam com o corpo salgado, sentindo-se mais vivos do que nunca. Era a Bahia em sua plenitude: o calor, a preguiça boa, a conversa solta, a amizade antiga e o mar ao alcance da mão."
Podia ser, tranquilamente, a descrição de um dia de surfe - talvez seja.
O sincretismo(Oba!) baiano aceita um personagem como o escritor comunista que venera os orixás e adora os santos, por que recusaria ao velho, o mais pagão dos atos religiosos que é surfar?
Com a pele ardida e salgada, o Boia 314 foi gravado na companhia dos filhos da terra, Marcio Arjones e Lucas Passarinho, Bruno Bocayuva no frio do Rio e Júlio Adler torrado e febril de euforia depois duma manhã de ondas decentes.
A trilha ambienta o ouvinte com Bonecas Pretas da Larissa Luz, Anarquia do Ronnie Von, Praia do Futuro com BaianaSystem Participação do Seu Jorge e Antônio Carlos & Jocafi) e We've Got A Good Thing Going com Sugar Minott.
Nem tudo saiu de acordo com o esperado, o que é, portanto, esperado.
Ondas perfeitas, paredes longas e convidativas para desenhar a linha mais linda que os sobreviventes da penúltima etapa poderiam sonhar.
O problema é que essa turma sonha apenas com base e Lipe, notas e ranking, sem imaginação, sem curiosidade, sem elegância.
É o que temos pra hoje.
Pelo menos Yagão e Molly vestem amarelo e dificilmente perdem essa moleza em Teahupoo.
Nesse episódio, João Valente recebe David Prescott, enquanto Júlio Adler tem a companhia do Bruno Pesca, substituindo o Bocauyva nessa semana.
A trilha tem de tudo, os sul africanos Juluka com Scatterlings of Africa, os poloneses (polacos em Portugal) do Marcin Wasilewski Trio tocando o original dos Doors, Riders On The Storm, Radiohead com Optimistic e a Mahavishnu Orchestra com Vision Is A Naked Sword.
No Boia, menos é sempre mais, e é na falta de pauta que sobra assunto.
No episódio 312, Julio Adler, Bruno Bocayuva e João Valente celebram Jeffrey’s Bay, a tela mítica do surfe, onde gênios pintam linhas eternas e outros deixam borrões infames.
A prosa pega fogo com o reggae enfumaçado de Black Uhuru (“World is Africa”), o soul de guitarra visceral com Durand Jones & The Indications (“Now I’m Gone”) e a apoteose afro de The Last Poets com Tony Allen (“This Is Madness”).
Três manifestações distintas da mesma matriz africana, culminando num encontro entre a poesia crua das ruas americanas e as batidas nigerianas da família Kuti.
Estilo no surf não é julgado mas Maxime Rio esbanja disso na Imagem Falada e repercutimos o sucesso do episódio com o chef Nuande Pekel.
Boia na veia: papos derivantes de surfistas desalmados.
Uma coisa que gostamos de fazer no Boia mais do que falar é ouvir.
Adoramos quando os convidados tem paixão no jeito de expressar, mais ainda quando o entusiasmo é tanto que contagia o ambiente.
No episódio 311, Júlio Adler, João Valente e Bruno Bocayuva recebem Nuande Pekel para uma conversa tão boa que merecia mais tempo, mais registros e mais histórias.
As trilhas foram de Racionais MC com Vida Loka Parte 1, ao Lula Cortês e Zé Ramalho com Beira Mar do mítico álbum duplo Paêbirú, Donald Byrd com Where are we Going e Frank Zappa com St. Etienne.
Uma semana intensa de ativações e brindes.
Tudo das minas e nada deles, Molly e Lulu consertaram o que seria um evento pra ser esquecido.
Vitória incontestável de um misógino que, entre Dennis Rodman e Luke Egan, parece escolher o primeiro.
O genial argentino Lalo Schifrin em dois temas aqui nas trilhas da semana e no obituário.
A trilha é com,
Tema do filme Operação Dragão (Enter The Dragon), Free Ride do Dizzy Gillespie & Lalo Schifrin, encerrando com Gil Scott-Heron e B Movie.