
“Justiça de transição?! Não. Justiça de transação”
Egípcio. Sim, Maurice Politi tem nome francês, nasceu em Alexandria, no Egito, e é decididamente brasileiro. Ele veio para o Brasil quando tinha 8 anos e por aqui ficou até ser preso, torturado e expulso do país pela ditadura militar, aos 21. As marcas que imprime na sua e na nossa história são, mais que tudo, marcas da verdade brasileira.
Sua militância política tem seu capítulo decisivo em um cursinho pré-vestibular, na USP. A Aliança Libertadora Nacional (ALN), da qual fez parte, visava ter o cursinho como uma ferramenta de formação e arregimentação política contra o governo ditatorial das forças armadas. É por sua atuação naquele espaço que Maurice é preso.
Após a anistia, já aposentado, passou a ser um dos protagonistas no esforço de inscrever as experiências do arbítrio e da monstruosidade como história coletiva nacional. Nesse sentido, trabalhou no governo federal na gestão Lula na área de direitos humanos e lá contribuiu, dentre outros esforços, para instauração da Comissão Nacional da Verdade. Também teve participação decisiva para que as antigas sedes do DEOPS e do DOI-Codi, em São Paulo, passassem a ser afrontas às tentativas de apagamento da violência discricionária perpetrada pelo Estado Militar.
Hoje, é diretor do Núcleo de Preservação da Memória Política, organização que se dedica a fazer circular os nomes, os atos e as consequências que não podem voltar a se repetir. A democracia não se negocia.
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