A gente ama quando o cinema e a música se juntam, nos clipes, para contar histórias e falar sobre os lugares. A combinação imagem + música mostram novas formas de existir no mundo, outros caminhos, outras caras… Para nos ajudar a entender melhor as vivências dos negros ao redor mundo, escolhemos clipes que nos mostram quais as questões levantadas para a construção da cidade, lugar ocupado e identitária das pessoas que estão nela. • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Cold Apartment de Vagabon e nossa marca.
Dessa vez a gente pegou o timing perfeito da parada, parabéns pra gente. Mas quem tá de parabéns mesmo é o filme Marighella, dirigido pelo (voz macia) Wagner Moura que, com sua experiência como ator, conseguiu um resultado eletrizante com parte da história do inimigo número um da ditadura no Brasil. Não é mais uma biografia, nem um documentário, é a imagem do desespero frente as imposições severas que do regime militar, que ainda assombra o nosso presente, de maneira muito sorrateira. O elenco é um apanhadão de gente foda, eles entregam tudo em cena. A fotografia é muito dinâmica, o movimento das câmeras, os ângulos, closes... E não tem como deixar de falar da trilha sonora que já chega arregaçando com o Chico Science e Nação Zumbi! Vale muito a pena ver, super indicamos, e é um filme necessário para o nosso contexto atual. • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Cena do filme Marighella e nosso logo.
Nem só de acervos deixando o país vive o Brasil! No melhor dos movimentos, tem gente de país do primeiro mundo vindo morar aqui! O que? Você não conhece ninguém? Nem a gente. Por que será? • Georgia Louise Harris Brown foi a segunda mulher negra licenciada arquiteta nos EUA, mas ela escolheu vir morar aqui no Brasil-zil-zil! Georgia Louise foi essencial para a construção e projeto de grandes fábricas em São Paulo, e a gente nem sabe que esses prédios existiam, e nem quem era o responsável por todos eles. E essa mulher tinha um cv de peso, tudo pra aparecer nas nossas aulas de história da arquitetura. Seria lindo demais se o Brasil tão sedutor não tivesse sido o mesmo que apagou sua existência por aqui. Então precisamos falar mais dessas personagens tão deixadas de lado em uma sociedade que ainda engatinha em relações a preconceitos seja de gênero ou racial. • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Lakeshore Drive Apartments e nossa marca.
É, não tem outro jeito de ser mais claro: levaram nosso ouro e continuam levando. A síndrome de vira-lata late muito alto quando o assunto é preservação de acervo. Primeiro foi o PMR, em vida, doando todo o seu acervo para a Casa da Arquitectura, em Matosinhos (pois é, nem a gente sabia onde era, é perto do Porto). Pensamos bem, e não superamos! E agora a filha e neta do Lúcio Costa saíram fazendo a mesma presepada. Olha, se não ficou claro, ainda somos colônia, aparentemente. • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Casa da Arquitectura e nosso logo.
Quem disse que concurso de Miss não tem nada a ver com arquitetura? Tá aí a Exposição Internacional para provar que arquitetura, inovação e tecnologia seriam os desfiles de gala dos representantes de cada país. A gente sabe que não exatamente representa o país, tem uma cara meio padrão demais, e nem sempre tem os melhores discursos... Mas tem a pompa toda, e dá sempre para experimentar com projetos e aumentar o portfólio. Esse ano, que era pra ser ano passado mas a pandemia não deixou ser, a Expo acontece em Dubai, e claro que a gente não ia perder a oportunidade de ir, RI-SOS! Ficamos por aqui mesmo, ligamos nossos computadores e resolvemos dar aquela geral nesse grande e bizarro evento. • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Pavilhão da Itália na Expo Dubai 2020 e nossa marca.
Nunca diga que dessa fonte nunca beberás, porque de vez em quando, não só a gente bebe, mas ainda acha que a fonte vai combinar perfeitamente com esse logo, afinal, salão de beleza sempre combinou com serifa! A gente quer sim usar a fonte zoada, ou aquela que não combina com mais nada e a gente ama. As famílias tipográficas, os tipos, as letras, fontes, ou como quiserem chamar, estão presentes em absolutamente tudo da nossa vida: no celular, cartazes, placas de sinalização, e claro, em maravilhosos logos com diversos usos de algumas fontes mais que famosas. Tá em todo lugar e não tem regra clara na utilização, tem que depender do bom senso, bom gosto e bom tom. O massa mesmo, independente do resultado, é entender como algo que simplesmente passa por nossos olhos, consegue transmitir tanta coisa além da palavra escrita! • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Nosso logo com aplicação da maravilhosa família tipográfica da Disney.
Chegou o mo(nu)mento! Nem se a gente quisesse e fizesse um podcast inteiro apenas para os monumentos, ainda não seria suficiente. Esses fantasmas de bronze que assombram nossa cidade e sociedade tiveram seus dias de glória, mas eles que esperem os dias de luta, porque daqui pra frente não será nada fácil para eles. História oficial vs história relativizada, escultura comemorativa vs reforço de autoritarismo, tudo isso fica em jogo quando falamos de monumento. Não dá pra deixar quietinhas essas imagens que não apenas não representam a nossa sociedade, tentam apagar a história de minorias, dos povos originários e contar apenas uma versão da história. Aqui não, meu bem! A história tem muitas e infinitas maneiras de serem contadas, e tem muita gente massa mudando esses personagens e narradores! E a gente quer mais é pegar carona nessa cauda de cometa! • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Monumento às Bandeiras com tinta e nossa marca.
Vinte anos se passaram e a gente ainda tá colhendo frutos (quase todos bem podres, inclusive) dos ataques às Torres Gêmeas, no fatídico 11 de setembro de 2001. Não foram só prédios derrubados, mas vidas perdidas. A imagem dos Estados Unidos como fodões também ficou bem abalada e eles estão tentando lidar com isso até hoje! De arquiteturas feias até as mais diversas problemáticas sobre segurança e vigilância, várias são as análises e abordagens possíveis para esse dia, e claro depois dos fatos, vem a reconstrução, junto com baphão, e... pega a cervejinha e acompanha com a gente esse misto de acontecimentos históricos, novela mexicana e BBB. • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Memorial do World Trade Center e nossa marca.
O tempo passou, a gente nem percebeu e aqui estamos para preencher uma lacuna importantíssima na arquitetura. Sair do contexto ocidental faz bem de vez em quando, ajuda a gente a ver coisas diferentes, e a entender o porquê dos japoneses fazerem projetos e construções que são tão únicas e altamente reconhecíveis. A arquitetura tradicional japonesa do jeito que a gente entende nem é tão antiga assim, quase a idade do Brasil – pasmem, e influencia diretamente como esses novos edifícios contemporâneos se referem ao passado e conseguem se manter firmes no presente! É lindo demais, desculpa aí japoneses por termos deixado passar batido esse tempo todo. A gente ama vocês, e vai se falando! • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Yusuhura Wooden Bridge Museum de Kengo Kuma e nossa marca.
Estamos de volta e daquele jeito, só conversa fiada. A luz dá forma à tudo que conhecemos, damos nome e estudamos. Já que a gente não tem tanto conhecimento sobre ela, pelo menos em matéria de física, ondas e lentes, vamos divagar sobre algumas aplicações que esse fenômeno produz em arquitetura, arte e claro, cinema e fotografia. É drama, emoção, cor e até saúde! Vem, vitamina D, e vem verão! • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Foto da exposição Cruz Diez: a liberdade da cor (por Helena Tourinho) e nossa marca.
Por que choras, The Carters?! O grupo carioca Heavy Baile viu a brecha perfeita para criticar arte e ainda dar close! No clipe da música Noturno 150, o dançarino Ronald Sheick é transportado para dentro dos quadros do acervo do museu, que são disponibilizados pelo Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque (MET, para os íntimos). Ele dança passinho, reage e interage com as obras ao som do funk 150 BPM. A gente percebe que o decolonialismo ficou ali mandando um "oi" pra gente o tempo todo. É incrível, é absurdamente lindo, e nos lembra a arte é mais do que a gente acha que é, ela é muitas coisas. E nem precisa ressaltar que o funk finamente confronta o que é chamado "erudito". • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Cena do clipe Noturno 150 do Heavy Baile e nossa marca.
p.s.: O insta do doutorando em música na USP é o @canaldothiagson
Boteco fechado para reposição de estoque. Reabriremos dia 15 de agosto. Grata, a gerência!
"Fessora, pode fazer o trabalho em um trio de quatro?" E foi assim que nasceu a santíssima trindade da arquitetura moderna brasileira: Lucio (pai), Oscar (filho), Athos (espírito) e o santo é ninguém menos que o primeiríssimo santa cecílier: Roberto Burle Marx. O nome pode até ser estrangeiro, mas o cara era muito brasileiro! Ele soube juntar o melhor do Brasil (com o Egito) com o restante de produção arquitetônica, artística e paisagística do mundo, afinal o que tem nesse país é planta pra sair colocando em tudo que é jardim que aparecer. Se hoje podemos ser pais e mães de plantas tropicais, lindas, coloridas, que fogem da monotonia do verde, é graças à esse cara. Ele reutilizava materiais de demolição, fez expedição amazônica pra aprender tudo da flora brasileira, advogou contra o desmatamento e ainda por cima, era artista plástico. E tudo isso há 60 anos! E você aí tirando onda de santa cecílier... vai vendo! • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Desenho do Burle Marx e nossa marca.
As cidades famosas costumam ser unanimidade, né? Vontade de ir, todo mundo tem, mas e se fosse pra escolher entre uma ou outra? Se fosse pra ter uma batalha de cidades, como seria? A gente tem um exemplo legal: Vinícius já foi pra Nova Iorque, Helena para Paris, e nada disso importa, porque a gente mesmo não se lembra de quase nada dessas viagens! MAS, para nos ajudar, resgatamos um livrinho muito do simpático chamado Paris versus New York. O designer gráfico Vahram Muratyan criou essa espécie de novela Amigas e Rivais gráfica, em que cada uma das cidades apresenta um pouco da sua personalidade, por meio de desenhos simples e ideias gerais. Tem uns meio "pocas ideia", mas no geral a gente gosta como ele traduz as cidades sem precisar falar delas com palavras. 1, 2, 3, FIGHT! • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Recorte do livro Paris versus New York e nossa marca.
Nem só de desenho e projeto vive o arquitete. cá estamos nós de novo tentando ampliar nossa base de referências (bibliográficas). Como ganhamos um pouco de experiência, cada um escolheu só UM livro. Dessa vez, por sorte, ou não tanta, os livros escolhidos se tocam, abordando questões contemporâneas como a dominação por meio do sono e o falso conceito de "nuvem" que já contaminou até a arquitetura, que a gente achava que era sólida. Jonathan Crary (24/7: capitalismo tardio e os fins do sono) e Guilherme Wisnik (Dentro do nevoeiro: arquitetura, arte e tecnologias contemporâneas) nos ajudam a entender um pouco dos movimentos que a sociedade está fazendo, para se deprimir mais, porque deve estar pouco. Talvez vocês saiam que nem a gente, sem respostas (de novo) e com tudo meio nebuloso, mas é só assim que poderemos começar a entender esse mundo descompassado e cheio de complexidades que estamos vivendo. • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Blur Building e nossa marca.
Em tempos tão difíceis como o que estamos passando, é sempre bom lembrar que tem muita gente foda do nosso lado, e a Laerte é uma delas. E olha que nem precisava ser o mês do Orgulho LGBTQIA+ para estarmos falando dela. Com humor sutil e potente, ironia cirúrgica ou só retratando memórias queridas, a Laerte traz as questões mais atuais e/ou intrínsecas da sociedade contemporânea de um jeito que só os quadrinhos permitem. A arte que está presente no cotidiano, como as tirinhas de jornais, quadrinhos, músicas - e por que não os memes da internet - são responsáveis por questionar e refutar muitas das certezas que temos. Temos muito orgulho de ter essa mulher incrível na luta contra todos os tipos de absurdos e preconceitos que ainda existem nesse Brasilzão. Enquanto tivermos a Laerte, estaremos muito bem representados. • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Recorte de tirinha da Laerte e nossa marca.
Se preparem porque esse episódio vai ser confuso e tenso, mas vai dar certo! Quem já assistiu algum filme do Almodóvar deve ter reparado que ele gosta muito de tratar de assuntos que são considerados como "desvios" para a sociedade. Lacração é a denúncia em forma de entretenimento, como ele (mais ou menos) diz. É um "filme gay" para denunciar a fragilidade, marginalização, violência e desrespeito que corpos LGBTQIA+ sofrem, desde sempre. E claro que a gente ia ter que meter arquitetura no meio, afinal os espaços representados no filme traduzem muito bem os sentimentos e também caracterizam personagens. Filmaço, um clássico noir (vocês entenderão quando ouvirem o episódio), cheio de duplo-plot-twists-carpados! • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • La casa de trencadís e nossa marca.
Quase todos os grandes arquitetos fizeram uma "viagem de arquiteto", aquela depois de pegar o diploma, pra sair por esse mundão, desbravando as cidades para desenhar, observar, criar repertório, dar uma relaxada, beber nuns botecos diferentes, aprender a falar “cerveja” em outra língua... O que, Frank Lloyd?! Vai dizer que não fez isso? As nossas viagens não foram sempre super arquitetônicas, mas claro que conhecemos algum lugar que mexeu com as nossas fundações, quer dizer estruturas, quer dizer cabeças. • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Imagem retirada da internet e nossa marca
Para quem assim como a gente não aguenta mais ver nossos símbolos nacionais apropriados por grupos com discurso de ódio, esse episódio é especialmente para você. Já tem tempo que um certo grupo com um certo discurso anda usando símbolos, estilos arquitetônicos para diminuir e discriminar os outros. Nunca passaria na nossa cabeça que teríamos ranço de uma pessoa com a camiseta do Brasil, ou que pegaria mal defender um Aprendendo com Las Vegas por motivos outros que não apenas o cafona. E o buraco é muito mais embaixo, porque a questão é que a crise, antes de tudo, é estética (tá aí o véio da Havan para provar isso!). Vem com a gente retomar nossos movimentos arquitetônicos e falar mal dessa gente rasa e hipócrita, bebê! • Arquitetura de Boteco por Helena Tourinho e Vinícius Lopacinski • Bandeira do Brasil e nossa marca