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Histórias de ter.a.pia
ter.a.pia
227 episodes
2 days ago
Histórias reais, de gente como a gente, para você ouvir e se inspirar.
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Documentary
Society & Culture
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Histórias reais, de gente como a gente, para você ouvir e se inspirar.
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Episodes (20/227)
Histórias de ter.a.pia
Fiquei dias sem tratamento médico após as chuvas destruírem meu bairro

Alice mora no bairro do Ibura, na periferia do Recife. Quando as chuvas fortes atingiram a comunidade em 2022, barreiras deslizaram e casas inteiras foram soterradas. Amigos e vizinhos de Alice morreram, e ela, que é cadeirante e depende de acessibilidade para se locomover, ficou sem acesso ao seu tratamento fisioterapêutico.

Mas foi justamente no meio do caos que Alice decidiu reagir. Junto a outros jovens da comunidade, começou a organizar doações, preparar refeições e visitar famílias que tinham perdido tudo.

O que começou como uma ação emergencial se transformou em movimento. Da união nasceu o Coletivo Arte na Favela, um grupo criado por ela para mobilizar e educar os jovens do Ibura sobre as mudanças climáticas através da arte.

Com o tempo, o coletivo virou espaço de escuta, aprendizado e reconstrução. Através da pintura, da música e do teatro, Alice e seus colegas passaram a falar sobre o impacto das mudanças climáticas, a importância do cuidado com o território e o direito de viver com dignidade, mesmo nas áreas esquecidas da cidade.

Para ela, o que aconteceu no Ibura não foi apenas uma tragédia ambiental, mas um retrato de como as mudanças climáticas atingem, primeiro e com mais força, quem vive nas margens.

Hoje, integrante do Conselho Jovem do UNICEF, Alice leva sua voz para além da comunidade, lembrando que cada enchente, cada deslizamento e cada vida perdida tem uma história por trás.

Para ela, “quando a natureza sofre, a gente sofre junto” porque cuidar da terra é cuidar da gente também.

A história da Alice faz parte da parceria entre o UNICEF e o Histórias de ter.a.pia para alertar sobre os efeitos das mudanças climáticas na vida de crianças e adolescentes no Brasil. As pessoas retratadas não necessariamente são beneficiárias de programas implementados pelo UNICEF ou por parceiros.

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3 days ago
7 minutes 1 second

Histórias de ter.a.pia
Não cuidei da saúde e infartei durante minhas férias

Vanderlei e a esposa tinham planejado alguns dias de descanso em Fortaleza, mas, no meio de um passeio na praia, ele começou a se sentir muito mal. A vista escureceu, a respiração faltou e a dor no peito se tornou insuportável. A cada passo, ele sentia como se o pulmão fosse esmagado.

A esposa correu em busca de ajuda, mas ouviu que ali só havia um pequeno posto de saúde. O hospital mais próximo ficava a quase três horas de distância de onde os dois estavam.

No caminho, o braço esquerdo de Vanderlei começou a doer como se estivesse sendo atravessado por um ferro em brasa. O medo maior, no entanto, não era da morte. Era da esposa voltar para casa com ele em um caixão.

No hospital, veio a confirmação: Vanderlei tinha sofrido um infarto. As artérias estavam quase totalmente obstruídas. Ele precisou passar por uma cirurgia de cateterismo às pressas.

Foram mais de vinte dias internado, entre fisioterapias dolorosas, crises de choro e a sensação constante de que poderia não resistir. Tudo isso longe de casa, já que os dois estavam em Fortaleza, mas moram em São Paulo.

O que o manteve de pé foi a presença da esposa. Ele não deixava que ela saísse nem por alguns minutos. Era a mão dela segurando a sua que lhe dava força para enfrentar cada procedimento, cada medo, cada madrugada gelada na UTI de hospital.

Sete anos depois, Vanderlei ainda se emociona ao lembrar do que viveu. O infarto deixou cicatrizes físicas e emocionais, mas também mudou como ele enxerga a vida.

Hoje, agradece por estar vivo e por ter sua esposa ao lado quando tudo parecia terminar. Ao olhar para trás, Vanderlei vê o quanto negligenciou sua saúde, sem ter uma rotina com alimentação saudável, exercícios e acompanhamento médico, e faz um alerta: saúde em primeiro lugar sempre!

A história do Vanderlei é uma parceria do Histórias de ter.a.pia com a Novartis para a campanha #OVilãoDoSeuCoração para conscientização dos perigos do colesterol ruim.

Saiba mais sobre o Vilão do Coração em saude.novartis.com.br/vilaodocoracao/

#OVilaoDoSeuCoracao #SaúdeCardiovascular #Prevenção #ControleDoColesterol #CuideDoSeuCoração #PubliNovartis BR-36281

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4 days ago
7 minutes 46 seconds

Histórias de ter.a.pia
A cama da minha filha fica em cima de tijolos pra fugir das enchentes

Toda vez que começa a chover, Ágata fica em alerta. Ela tem só 6 anos, mas já sabe o que precisa fazer: guardar os brinquedos, levantar os cadernos e separar suas roupas.

A água entra rápido na casa onde mora com o pai, Rafael, e eles aprenderam a reagir depressa para tentar salvar o que podem.

Rafael mora na Baixada da Sobral, bairro periférico e o mais populoso de Rio Branco, no Acre, em uma área que alaga quase sempre. Atrás da casa dele passa um córrego estreito, que recebe água da chuva e também a água suja liberada pela empresa de abastecimento. O resultado é sempre o mesmo: o córrego transborda, as ruas desaparecem e muitas famílias ficam ilhadas.

Ele e a filha já perderam fogão, cama, armário. Hoje, vivem com tijolos empilhados em casa para levantar os móveis quando a água sobe. Mesmo assim, muitas vezes passam horas presos dentro de casa, sem luz, sem internet e sem como sair. Quando a escola de Ágata alaga, ela perde aula.

Cansado de ver a situação se repetir, ele começou a usar o humor como forma de protesto e transformar isso em ferramenta de denúncia. Gravou o primeiro vídeo satirizando as enchentes do bairro, o conteúdo viralizou e o tornou uma voz entre os vizinhos.

Rafael também organizou manifestações pacíficas para cobrar ações do poder público. Em uma delas, acabou sendo agredido e detido por um policial. No mesmo dia, à noite, o bairro voltou a alagar. Mesmo assim, ele não parou de cobrar.

Hoje, Rafael usa as redes sociais para mostrar a realidade das mais de 100 mil pessoas que vivem em seu bairro. Fala sobre os impactos ambientais, o descaso das autoridades e a falta de saneamento. E, no meio de tudo isso, tenta ensinar à filha que vale a pena continuar tentando.

A história completa do Rafael e da Ágata você assiste no site historiasdeterapia.com.

A história dos dois faz parte da parceria entre o UNICEF e o Histórias de ter.a.pia para alertar sobre os efeitos das mudanças climáticas na vida de crianças e adolescentes no Brasil. As pessoas retratadas não necessariamente são beneficiárias de programas implementados pelo UNICEF ou por parceiros.

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1 week ago
7 minutes 51 seconds

Histórias de ter.a.pia
Eu vi meu bairro pegar fogo por conta das mudanças climáticas

João já nasceu lutando pela vida. No seu parto, os médicos diziam que só poderiam salvar uma vida, a dele ou da mãe. Os dois sobreviveram e João veio ao mundo muito cheio de uma força que só cresceria com o tempo.

Sua mãe era uma mulher trabalhadora da periferia de Belém, no Pará, e enfrentava o sol escaldante diariamente indo para o trabalho, que a fez desenvolver um câncer de pele.

Quando João tinha 2 anos, sua mãe partiu por conta da doença que avançou rápido demais.

Crescer sabendo dessa história fez João entender o que muitos adultos ainda custam a perceber: as mudanças climáticas e as desigualdades sociais matam pessoas reais como a sua mãe.

Na Ilha de Caratateua, onde vive com os avós, João sente esses impactos todos os dias: o calor intenso na escola, os incêndios que cercam as casas e as chuvas que alagam as ruas.

João cresceu em meio à fé protestante e à consciência de que a Terra também precisa de cuidado. João entendeu, aos 13 anos, o quanto a mudança nasce quando as pessoas se unem.

A primeira vez que mobilizou a vizinhança foi por causa do lixo que tomava a sua rua. Ali ele reuniu alguns vizinhos, puxou o lixo pro meio da via, fechou as avenidas e chamou atenção das autoridades.

Depois disso, sua voz foi ficando mais alta. Quando foi convidado para ser Conselheiro Jovem do UNICEF Brasil, João entendeu que sua luta, antes local, agora ecoava em todo o país.

Representando a juventude amazônica, ele se tornou uma das vozes mais potentes na defesa do meio ambiente e na busca por justiça climática.

Hoje, aos 16 anos, ele é conhecido como João do Clima, um jovem que luta por sua comunidade, pelos rios, pelas florestas e pelas pessoas que, assim como sua mãe, sofrem as consequências da desigualdade e da crise ambiental.

A história de João faz parte da parceria entre o UNICEF e o Histórias de ter.a.pia para alertar sobre os efeitos das mudanças climáticas na vida de crianças e adolescentes no Brasil. As pessoas retratadas não necessariamente são beneficiárias de programas implementados pelo UNICEF ou por parceiros.

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2 weeks ago
9 minutes 50 seconds

Histórias de ter.a.pia
De vítima à policial: minha história ajuda outras mulheres vítimas de violência

A vida inteira da Rosany foi marcada por recomeços. Ela sobreviveu ao acidente que levou o pai, a avó e a irmãzinha quando tinha apenas dez anos. Passou um mês em coma, fez nove cirurgias no rosto e cresceu vendo a mãe tentar lidar com a dor tomando calmantes.

Aos quinze, engravidou e se casou. Trabalhou sem parar para sustentar as filhas enquanto o marido se perdia no alcoolismo. Até que um dia, depois de mais uma agressão, ela reagiu. Pegou a tábua de passar e quebrou o nariz dele. Era o eco do que o pai dizia: “criei vocês pra não apanhar de homem.”

Separada aos 23, Rosany voltou a estudar e decidiu prestar concurso para a Polícia Civil. Passou, enfrentando o preconceito por ser mulher, separada e policial. Na Delegacia da Mulher, encontrou histórias parecidas com a sua e fez delas um propósito. Criou uma brinquedoteca, trouxe psicólogas voluntárias e usava a própria história para encorajar outras mulheres a romper o ciclo da violência.

Mas a vida ainda a colocaria à prova. O segundo marido foi assassinado, e ela precisou reerguer as filhas sozinha mais uma vez. Depois veio a pandemia e a Covid, que quase a levou. Entubada por 30 dias, prometeu que, se saísse viva, faria algo com o tempo que lhe restava.

Com 60 anos, matriculou-se de novo na faculdade de Direito, o mesmo curso que havia abandonado décadas antes. Rodeada de colegas que poderiam ser seus netos, ela se sentiu acolhida e viva.

Rosany diz que todo conhecimento que a gente adquire aqui é pra eternidade. Que a vida pode até nos derrubar, mas nunca é tarde para recomeçar. Se ela conseguiu, você também consegue.

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3 weeks ago
6 minutes 38 seconds

Histórias de ter.a.pia
CONTEÚDO SENSÍVEL: Fui abusada dentro de casa por ser lésbica

ATENÇÃO. CONTEÚDO SENSÍVEL. Aos 12 anos, Thaysa viveu seu primeiro selinho com uma colega da escola. O que poderia ter sido uma lembrança bonita de descoberta se transformou em um pesadelo.

Um homem da família testemunhou a cena e, pouco depois, disse que ela precisava “aprender a ser mulher de verdade”. A partir daí, vieram três anos de abuso e uma vida marcada pelo silêncio cúmplice de quem deveria protegê-la.

Quando buscou ajuda dentro da família, Thaysa encontrou apenas desconfiança e julgamentos. “Será que não provocou?”, “será que não gostou?”.

A falta de acolhimento doeu mais do que os próprios atos. Além do do abuso físico, Thaysa suportou anos de violência emocional, vivendo sob o mesmo teto de quem a destruía por dentro.

Aos 15 anos, ela reuniu coragem para enfrentá-lo. Aos 20, o expulsou de casa. Mas as marcas já estavam profundas. Vieram bloqueios de memória, autoagressões, o refúgio na comida e o ódio de si mesma por ser uma mulher lésbica.

Durante muito tempo, a Thaysa acreditou que sua orientação era a causa do seu trauma, carregando uma culpa que não era dela.

Foi somente com o encontro de Andreia, que se tornaria sua esposa, que o mundo começou a recuperar as cores.

Aos poucos, Andreia ajudou a Thaysa a enxergar que não precisava viver aprisionada na dor. Dessa força nasceu a decisão de transformar sua própria história em acolhimento.

Thaysa entrou na faculdade, se formou em psicologia e se especializou em traumas. Hoje, no consultório, recebe pessoas que chegam carregadas de vergonha e culpa, assim como ela.

Para Thaysa, quem deve carregar o peso da vergonha não é a vítima, mas quem escolheu praticar o mal. E é por isso que repete, com firmeza e cuidado, a quem atende: ninguém precisa passar por isso sozinho.

🚨 Se você souber de situações de violência contra crianças e adolescentes, denuncie! Ligue para o Disque 100. A denúncia é anônima e pode salvar vidas.

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1 month ago
7 minutes 9 seconds

Histórias de ter.a.pia
Aos 91 anos realizei meu sonho de ser cantora

Aos 91 anos, Dona Margarida realizou um sonho que parecia ter ficado no passado: lançou seu primeiro disco, assinado com o nome artístico que um dia sonhou carregar, Maria Piedade.

O que foi interrompido pelas imposições de uma época, renasceu agora pelas mãos de seus filhos e netos, que transformaram sua história em música e memória.

Desde pequena, Margarida cantava na igreja e em programas de calouros das rádios do interior, chegando a dividir bastidores com Ângela Maria e Carlos Galhardo.

Em São Paulo, foi eleita “estrela do quarto centenário” da Rádio Nacional entre centenas de candidatos. Parecia o início de uma carreira promissora. Mas o pai a alertou sobre os riscos do ambiente artístico, e um locutor lhe disse que, para vencer, seria preciso “ceder”.

Margarida não aceitou esse destino, então decidiu deixar os palcos, voltar para Itapetininga, reatar o namoro com seu ex-companheiro e se dedicar à família.

Virou professora de música, mas logo a maternidade ocupou seu tempo. Só que a música nunca saiu de sua vida porque ela a apresentou para os filhos e netos, que se tornariam músicos também.

Inclusive, foi deles a ideia de resgatar as canções que ela entoava nas rádios e gravar um álbum em sua homenagem.

Quando o disco chegou à rádio e à igreja de Avaré, cidade onde a família mora, Dona Margarida se emocionou ao ouvir pessoas comentarem: “Margarida, ouvi seu CD!”.

Entre as faixas, está “Menino Grande”, música que dedicava ao marido. Inspirado, o filho Juca compôs também “Meu Menino Grande”, celebrando o amor dos pais.

Hoje, aos 91 anos, Maria Piedade deixa para sua família e para o mundo um registro eterno. Um disco que carrega não só as músicas, mas a prova de que sonhos podem adormecer, mas nunca desaparecem.

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1 month ago
6 minutes 20 seconds

Histórias de ter.a.pia
Seu filho vai ser um anão de circo: foi o que o médico disse para minha mãe depois do parto

Desde o nascimento, a vida de Pedro Henrique foi atravessada por olhares e palavras que tentaram reduzir quem ele poderia ser. Sua primeira experiência com o capacitismo havia sido poucas horas depois dele nasceu, quando o médico disse à sua mãe, ainda na maternidade: “ele vai ser tipo um anão de circo”.

A frase marcou o início de uma trajetória em que sobreviver significou enfrentar, diariamente, um mundo que insiste em não enxergar pessoas com deficiência como iguais.

Prematuro de oito meses, Pedro foi direto para a UTI. Sua mãe o reencontrou cheio de tubos e, assustada com os diagnósticos duros, chegou a pensar que talvez fosse melhor o filho não sobreviver a tanto sofrimento.

Mas o Pedro sobreviveu e logo descobriu que viver com deficiência seria enfrentar o capacitismo em cada espaço.

Na infância, seu primeiro contato com a representação do nanismo foi com os anões da Branca de Neve, retratados como adultos infantilizados. Na escola, o preconceito foi ainda mais cruel quando ele muda de um colégio de bairro, onde todos o conheciam, e vai para uma escola muito maior.

Na escola nova, que era religiosa, ele ouviu de professores e colegas que era um karma para os pais. Ao mesmo tempo, assistia à TV transformar pessoas como ele em piada, e nas ruas sofria agressões físicas e verbais. Lembra do “pedala Robinho” popularizado pelo Pânico na TV?

A tudo isso se somava ainda a homofobia. Ainda criança, Pedro sabia que se interessava por meninos, mas estudava em uma escola religiosa que dizia que isso era pecado. Imagina uma pessoa com deficiência, que já é vista como uma provação para família, se assumir homossexual? Impossível.

Foram quase trinta anos até ele conseguir se assumir como homem com deficiência e como homem gay. Só então começou a se reconhecer digno de existir, de se olhar no espelho e se sentir desejado.

Mas no campo afetivo, as marcas do capacitismo persistiam: “fica, mas não assume”, “fica, mas não leva pra família”. Para o Pedro, a exclusão aparece nas relações, nas festas, nos trabalhos que nunca chegam.

Hoje, ele é diretor, roteirista, ator, jornalista e influenciador. Vai com medo, mas vai. Porque acredita que pessoas com deficiência não só produzem arte como também transformam as narrativas de um país que insiste em não incluí-las.

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1 month ago
7 minutes 2 seconds

Histórias de ter.a.pia
Minha criança é uma menina e um menino ao mesmo tempo

A Rosana descobriu que a vida de sua criança não seguiria os caminhos esperados quando um exame revelou uma síndrome rara: higienesia gonodal mista, que mostrou que a criança tinha cromossomos masculinos (XY) mas genitália feminina.

A partir dali, a compreensão da Rosana sobre identidade e gênero mudou para sempre.

Desde cedo, os sinais estavam presentes na criança. Durante muito tempo, a mãe acreditou que fosse apenas teimosia. Até que, em uma festa de Ano Novo, a criança passou a noite inteira parada, emburrada com o vestido que lhe vestiram.

No fim, pediu para trocar de roupa: “essa roupa de menina é meu inimigo”. E com shorts e camiseta que lhe vestiram depois, correu e brincou como nunca. Ali ficou claro que não era birra, mas identidade.

A rotina da mãe e da criança passou a incluir longas viagens para exames e acompanhamento. Por conta da sua síndrome, a criança não desenvolveu o crescimento e, por isso, toma diariamente hormônio do crescimento, enquanto médicos observam se seu corpo responde mais a estímulos masculinos ou femininos.

Nesse momento, nem a mãe, nem a equipe médica se preocupam em definir se ela será menino ou menina, mas garantir saúde e um futuro.

Nesse processo, Rosana que não tinha conhecimento nenhum sobre o que acontece com sua criança, entendeu que seu papel é ser seu alicerce. Hoje, ela entende que seu papel não é impor escolhas, mas apoiar.

No mercado, quando alguém chama a criança de “menininho”, ela apenas observa o sorriso de alegria no rosto da criança. Em desenhos, a filha liga seu coração ao da mãe, reconhecendo nela o apoio para ser quem deseja ser.

A história da Rosana e sua criança mostra que não se tem respostas para os mistérios da vida, seja ele identitário ou genético.

E a partir disso, tudo que uma mãe ou um pai pode fazer é condicionar à sua criança amor, aceitação e respeito. Porque o mais importante é que essa criança cresça livre, feliz e sendo exatamente quem ela é.

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1 month ago
8 minutes 3 seconds

Histórias de ter.a.pia
Eu não sou meu prontuário. Eu preciso que antes você me olhe nos olhos

Sandra descobriu o câncer de mama em um momento em que já não havia mais como esconder os sinais. Mas, diferente do que muitos poderiam imaginar, ela não deixou que o diagnóstico apagasse quem ela é. Tudo começou com um caroço que não deram muita importância e somente após algumas consultas, veio o diagnóstico: câncer de mama avançado

No cuidado paliativo, Sandra encontrou qualidade de vida para fazer o que gosta, amar quem ama e ser quem é. Desde 2013, entre cirurgias, quimioterapias e renascimentos, ela encontrou um jeito de ajudar outras pacientes que cruzam seu caminho e de continuar vivendo. E vivendo com intensidade! Ela mesma diz “quando a morte chegar, vai me encontrar viva”.

A história de Sandra não é sobre desistir, mas sobre continuar. Ela nos lembra que existe vida após o diagnóstico e que falar sobre o câncer de mama é essencial para ampliar o acesso à informação. Em muitos casos, o tratamento adequado no momento certo pode fazer toda a diferença e, até mesmo, a cura.

Converse, informe-se e cuide de quem você ama. Conheça mais sobre essa causa da Campanha #AVidaEuTragoNoPeito: www.lilly.com/br/avidaeutragonopeito

#WeAreLilly

PP-AL-BR-1660 – JULHO 2025 – Material destinado ao público geral

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2 months ago
7 minutes 39 seconds

Histórias de ter.a.pia
Ele descobriu que o pai é gay quando se assumiu gay

“Eu descobri que meu pai era gay depois que eu me assumi gay.” Foi assim que Gabriel entendeu que sua história não era apenas sobre coragem individual, mas sobre como a verdade, quando finalmente aparece, pode transformar uma família inteira.

Pai e filho se assumiram quase juntos, e o que poderia ter sido motivo de ruptura virou um laço ainda mais forte.

Desde muito cedo, Gabriel sabia que era diferente. Cresceu em uma família católica, ouvindo que amar outro homem era pecado, que poderia levá-lo para o inferno. Aos 17 anos, começou a se relacionar com um garoto, sempre escondido, até que os comentários e as fofocas chegaram à sua mãe. O medo de contar a verdade foi maior do que a coragem naquele momento.

Quando tentou conversar, sentiu o peso do julgamento nos comentários dela, e preferiu escrever uma carta para o pai e a avó: dizia que não ia mudar, porque aquela era a sua verdade. A reação da avó foi simples: “O importante é você comer, não importa a sua orientação”. Já o pai só foi descobrir pessoalmente, dentro do carro, enquanto levava o filho para encontrar o namorado.

Pouco tempo depois, a vida deu uma reviravolta. Assim que Gabriel se assumiu, seus pais iniciaram o divórcio. Foi a mãe quem revelou: “Seu pai é igual a você. Ele também é gay.”

A frustração dela, que vinha de anos de casamento de fachada, começou a se transformar em aceitação. Se o marido que viveu 20 anos ao seu lado era gay, como negar a verdade do próprio filho? A partir dali, os três puderam começar a viver de forma mais livre.

O que poderia ter acabado em rompimento se transformou em um novo tipo de família. Separados, mas próximos. A mãe arrumou um namorado, que era amigo do pai.

O pai, aos 50 anos, apresentou o namorado para a ex-esposa, para o filho e até para a sogra. Os Natais, os almoços e as conversas continuaram juntos, mas agora sem a fachada da mentira.

Gabriel lembra com orgulho de quando percebeu que sua família, vista por tantos como “moderna demais”, na verdade, só estava sendo sincera. Sem o peso da religião, sem a obrigação da aparência, restou o que sempre deveria ter sido o centro: amor e respeito.

O casamento acabou, mas a família não se desintegrou. Pelo contrário: ficou mais inteira do que antes. Pai e filho puderam sorrir livres, viver seus afetos sem medo, e descobrir que a verdade, mesmo que tardia, liberta.

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2 months ago
6 minutes 15 seconds

Histórias de ter.a.pia
Meu pai é gay, minha mãe é hétero e os dois decidiram me ter juntos

"Esse é meu pai. Ele é gay. Essa é minha mãe. Ela é hétero. Eles são amigos". É assim que Alyce costuma se apresentar quando alguém pergunta sobre sua história.

Não é uma resposta que costuma vir sozinha. Ela geralmente vem acompanhada de um olhar curioso, confuso ou até chocado.

Mas, pra Alyce, tudo sempre foi muito simples: ela nasceu de um desejo comum. E de um afeto verdadeiro.

Os pais de Alyce se conheceram num churrasco na casa do tio dela, que também era gay, embora ninguém soubesse ainda.

No meio dessa festa, nasceu uma amizade entre a mãe de Alyce e seu futuro pai. Uma amizade tão forte que fez com que ele passasse a frequentar a casa com frequência.

O tempo foi passando, a amizade foi ficando mais sólida, e ele começou a brincar que queria ter um filho com ela. No começo, ela achava que era só piada.

Até que, cinco anos depois, eles decidiram que sim: iriam tentar. Naturalmente, sem inseminação, sem processo médico. Com afeto, confiança e consentimento.

Foram três tentativas até que desse certo. E quando a notícia da gravidez chegou, por meio de uma cólica que parecia ser renal, mas era só a Alyce dizendo "cheguei", ele ficou eufórico. Ligou pra todo mundo. Queria contar ao mundo que ia ser pai.

Muitos achavam que por ele ser um homem gay, não seria presente. Pelo contrário: ele sempre esteve lá. Acordava de madrugada, se preocupava com os cuidados, foi presente em todas as fases. Foi acolhido pela família da mãe dela, morou com elas, e nunca escondeu quem era.

Alyce cresceu ouvindo que seu pai era gay. Cresceu indo à Parada com ele no colo. Viu de perto o que era diversidade. Viveu, em casa, a experiência do respeito.

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2 months ago
5 minutes 46 seconds

Histórias de ter.a.pia
Mãe de 3 filhos autistas, ela encontrou a felicidade dos filhos na Cannabis

Quando Rebeca conta que é mãe de três meninos com autismo, as pessoas reagem com pena. Mas ela aprendeu que não existe espaço pra coitadismo quando se escolhe ser feliz, e foi a cannabis medicinal que mudou tudo.

O primeiro diagnóstico veio com o Gabriel. Ele não falava, não olhava nos olhos, batia a cabeça na parede. Não saía de casa, não comia, não dormia. A família inteira se fechou junto com ele.

Rebeca tentou de tudo: terapias, remédios, esperança. Mas a cada nova medicação, o filho piorava. Até que, no desespero, encontrou um doador de óleo artesanal de cannabis. Três meses depois, Gabriel disse sua primeira palavra. Aos nove anos.

O segundo filho, Rafael, veio carregado de projeção: ela sonhava que ele ajudaria o irmão. Mas os sinais se repetiram. Com o novo diagnóstico, veio um luto ainda mais pesado, e uma culpa que quase a destruiu.

Rafael chegou a ter cirrose medicamentosa por conta de um tratamento. Naquele dia, Rebeca decidiu parar com todos os remédios. E iniciou o uso da cannabis também com ele. Aos poucos, ele floresceu.

Miguel, o terceiro, nasceu prematuro e também teve atrasos. Hoje, com nove anos, ainda não é verbal. Mas Rebeca já não esperava só o diagnóstico, esperava alegria. E encontrou.

Com o óleo, veio o sono, o apetite, os passeios, a vida. A cannabis virou aliada diária. Mesmo com todo o preconceito que enfrentou até dentro da própria família.

A rotina, antes caótica, virou possível. Ela, que já pensou em desistir, hoje acampa com os filhos, vai a carnaval, encara a 25 de março com leveza.

No meio do caminho, reencontrou o amor, se reergueu, teve mais um filho, o Arthur. E quando perguntam se ele também será autista, Rebeca responde sem hesitar: não importa. O que importa é que ele seja feliz.

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2 months ago
8 minutes 23 seconds

Histórias de ter.a.pia
Expulso de casa aos 13 anos por ser gay, ele encontrou uma família no Candomblé

Expulso de casa aos 13 anos por ser gay, Rodrigo encontrou uma família no Candomblé.

Rodrigo nunca conheceu a mãe biológica. Foi criado pela avó paterna, a quem chamava de mãe. Foi ela quem tentou protegê-lo do pai alcoólatra e violento. No hospital, pouco antes de partir, ela avisou: “Você vai sofrer. Vai passar um inferno. Mas seja forte como sua mãe.”

E foi. Um dia depois, Rodrigo virou peso morto pra família. “Quem é que quer ter um viado em casa?”, disseram. E ele foi embora, aos 13 anos, com uma mochila nas costas. Dormiu na rua, sentiu fome, apanhou, achou que ia morrer.

Até que viu uma mulher fazendo uma oferenda para Iemanjá na beira da praia. Rodrigo não sabia o que era aquilo, mas imitou tudo o que a mulher fez: bateu palma, jogou flor sobre a cabeça, apagou as velas só pra acender de novo. E rezou. “Pelo amor de Deus, Nossa Senhora Iemanjá, eu não aguento mais. Só não me deixa morrer.”

No mesmo dia, foi até um quiosque onde uma senhora o ajudava. Ela olhou pra ele e perguntou se ele sabia fazer faxina. Rodrigo abraçou aquela oportunidade na hora, ganhou dinheiro, tomou banho, comeu, dormiu numa cama pela primeira vez em meses.

Essa conquista foi o primeiro milagre da sua vida depois dele pedir para Iemanjá. Ali ele voltou a ser gente.

A faxina virou sua profissão ali nos quiosques da praia. Com o dinheiro, ele voltou para sua cidade natal e alugou um quartinho. Em frente tinha um terreiro de Candomblé, e foi ali que descobriu que aquele lugar era seu lugar.

Hoje, já com uma história dentro da religião, ele construiu o próprio terreiro com o marido, Felipe. E foi Iemanjá de novo quem enviou mais um milagre: a filha adotiva do casal, Maria Padilha.

E se no passado Rodrigo não tinha nada, nem família, nem um teto, nem perspectiva de futuro, hoje ele tem tudo.

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3 months ago
8 minutes 26 seconds

Histórias de ter.a.pia
Minha irmã tirou a própria vida por conta do vício no Jogo do Tigrinho

A irmã da Jéssica tirou a própria vida por conta do vício no jogo do tigrinho. Angela era mãe de três filhos, e acabou se afundando em dívidas, vergonha e desespero, até não encontrar mais saída.

A Jéssica só soube da dimensão da tragédia depois do enterro, ao ouvir os áudios e ler as mensagens deixados no celular: eram mais de 50 páginas de depósitos, empréstimos feitos no nome de outras pessoas, dívidas que passaram de 600 mil reais.

A dor maior veio quando o sobrinho de 7 anos foi visto no cemitério, deitado sobre o túmulo da mãe, levando bolacha e água. Disse que ela devia estar com fome, já que não voltava mais pra casa. Fazia 15 dias que Angela tinha partido tragicamente.

Essa imagem fez Jéssica entender que o julgamento não cabia mais. Não era fraqueza, era vício. Então, ela decidiu transformar a dor da perda da irmã em acolhimento a outras pessoas que passam pelo mesmo.

Hoje a Jéssica coordena 21 grupos com quase 10 mil membros, todos com histórias parecidas: vergonha, dívidas, recaídas. Muitos não pedem ajuda nem para pessoas próximas por medo de serem julgados. E Jéssica deixa o alerta: talvez alguém da sua casa esteja jogando e se calando por medo da sua reação.

A Jéssica acompanhou de perto a CPI das Bets no Congresso e se frustrou, como grande parte da sociedade. Todo mundo esperava ao menos a regulamentação da publicidade das BETs, que são o principal gatilho das recaídas. Em vez disso, viu parlamentares fazerem selfies e ignorarem os relatos de histórias como a sua. Pra Jéssica, as Bets são uma pandemia digital que só vai piorar.

Hoje, sem a irmã, sem a empresa porque largou tudo para resolver a vida da família no Ceará, vivendo numa casa precária, Jéssica diz que pelo menos encontrou um propósito. A cada família que acolhe, sente que salva uma nova Ângela. E faz, pelos outros, o que não conseguiu fazer por sua própria irmã.

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3 months ago
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Histórias de ter.a.pia
Casal com Síndrome de Down que se conheceu na balada! <3

Duda e Felipe se conheceram na Baladown, uma festa feita especialmente para pessoas com Síndrome de Down. O lugar, criado para ser um espaço de diversão, socialização e acolhimento, acabou virando cenário de algo que nenhum dos dois esperava: o início de um namoro e, quem sabe, de uma vida juntos.

Duda chegou na balada curiosa, animada, querendo se enturmar. Logo de cara, se encantou por Felipe. Foi ela quem tomou a iniciativa e puxou conversa. Ele respondeu do jeito dele, meio tímido, meio direto. Quando ela menos esperava, Felipe pediu à própria mãe permissão para beijá-la. Depois, pediu autorização à mãe de Duda. E quando tudo foi aprovado, veio o selinho e o namoro começou ali mesmo.

Desde então, eles não se desgrudam. Os dois estão juntos há um ano de relacionamento, cheio de carinho, áudios de saudade trocados o tempo todo e muitos planos para o futuro.

Felipe é fã da Xuxa, Duda prefere doramas e o Mc Gui. Ela chama o namorado de “morzão”. Eles sonham com uma vida juntos, com casa, casamento, três filhas: Bruna, Duda e Cecília, e dias ensolarados à beira-mar, no Rio de Janeiro.

Nas conversas, os dois se divertem imaginando como será dividir as tarefas da casa, dar banho nas filhas, lavar a louça, ou deixar tudo para a sogra resolver rs.

Duda e Felipe falam de futuro como quem tem certeza do presente. E talvez seja isso que emocione tanto: não é sobre idealizar o amor, mas sobre viver ele com tudo que existe, da convivência ao cuidado, e ao companheirismo.

Felipe diz que o amor é isso: carinho e parceria. Duda completa dizendo que, além de namorado, ele é seu melhor amigo.

Os dois fazem planos, cantam juntos “Lua de Cristal” e assistem “Tapas & Beijos” pensando que a vida pode, sim, ser feita de um pouco dos dois: dos tapas da realidade e dos beijos da leveza.

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3 months ago
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Histórias de ter.a.pia
O Alzheimer fez eu me aproximar da minha mãe


O Alzheimer fez a Cláudia se aproximar da mãe, com ela tinha uma relação muito complexa.

Cláudia passou 63 anos sob o mesmo teto que a mãe, unidas quase só pela rotina. A infância foi dura: a mãe, criada num quintal onde havia até uma “cela” de castigo, reproduziu a rigidez que aprendera.

Quando o irmão preferido morreu, aos 14 anos, Cláudia carregou a sensação de ser a filha “errada”. Mesmo adulta, não saiu de casa: o cuidado permaneceu, mas o afeto nunca chegou por parte da sua mãe.

Já com a mãe idosa e uma relação distante, vieram os pequenos esquecimentos: despedidas repetidas, panelas queimadas, noites em claro. Quando foram procurar um médico, o diagnóstico de Alzheimer fez Cláudia perguntar se a mãe acabaria esquecendo dela. Ali nasceu a urgência de reconstruir um vínculo que nunca existiu.

A doença levou a mãe de volta a um tempo em que procurava a “Cláudia criança”. Para acalmá-la, a filha aprendeu a linguagem do toque e da música: mãos no rosto, olhos nos olhos, canções antigas.

Foi nesse espaço que, pela primeira vez, Cláudia ouviu “eu te amo” de quem nunca soube demonstrar amor. Secar louça dançando virou um ritual para as duas, e esses momentos foram parar na internet, no canal “O Bom do Alzheimer”, porque foi a partir da doença que veio a leveza entre elas.

Hoje, aos 90, a mãe fala pouco e depende de tudo. Os banhos antes cheios de gritos agora acontecem em silêncio, não por compreensão, mas pela progressão do Alzheimer. Cláudia encara cada dia como um ensaio para a despedida lenta, sem perder a ternura que finalmente brotou daquela relação entre mãe e filha.

Nas palestras e no livro que escreveu, ela repete o alerta: mudanças bruscas de comportamento não são “coisa da idade”. O Brasil esta envelhecendo, e reconhecer cedo sinais como esquecimento constante faz diferença. Foi assim que Cláudia transformou um diagnóstico em oportunidade de amor, mesmo que tardio.

Aproveitando, o Alzheimer não trouxe nenhum castigo divino; mas trouxe a chance de, antes do esquecimento completo, lembrar que ainda era possível dizer: mãe, eu estou aqui.

O livro da Cláudia "O Bom do Alzheimer" você compra aqui: https://amzn.to/3G9scPg

Foto da capa: Estadão

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4 months ago
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Histórias de ter.a.pia
68 anos casados: muito amor, samba e respeito

Há 68 anos casados, Ditinha e Valter vivem um amor simples e bonito: “Amamos como se fosse ontem que nos conhecemos.”

Tem gente que diz que amor de verdade resiste a tudo: ao tempo, às dificuldades, às perdas, às fases boas e às nem tão boas assim. Se isso é verdade, então o que Ditinha e Valter viveram e ainda vivem merece ser contado.

Foi no Rio de Janeiro que tudo começou. Ditinha tinha ido ajudar uma tia a cuidar de um primo pequeno. Um dia, brincava de roda com outras meninas quando viu Valter passando. E ele... parou para olhar.

As amigas logo começaram a rir e dizer que estavam namorando. Mas o que ficou mesmo foi a lembrança. Passou a semana pensando no tal moço que só tinha parado pra ver a brincadeira.

E não é que ele voltou? Quando viu Valter de novo, Ditinha decidiu que seria diferente. Ele se desculpou, puxou conversa. Para ela, ele era um gato.

E ali, entre conversas e olhares, veio o primeiro beijo, no portão de casa, com medo da tia ver. Não podia dar na vista.

E foi tudo tão rápido quanto certo: seis meses depois, ficaram noivos.

O casamento veio logo. Um ano depois, a primeira filha. Depois vieram mais três. Enquanto isso, a vida ia se ajeitando como dava. Moraram um tempo no Rio até que, com o desemprego de Valter, voltaram para Piquete, no interior de SP.

Foi ali que Valter conseguiu um emprego numa fábrica de dinamite. Ele nunca teve medo, mas ela rezava e pedia proteção toda vez que ele saía pra trabalhar.

A vida foi passando, os filhos crescendo e eles sempre juntos. Juntos em tudo: na escola de samba, nos bailes, nas rodas de amigos.

Por 40 anos, foram foliões conhecidos no carnaval de Piquete. Ganharam até uma placa de prata e um samba enredo homenageando o amor dos dois pela escola de samba Império do Braz, de Piquete. Por onde passam, é assim: todo mundo conhece “o Valter da Ditinha” e a “Ditinha do Valter.”

Hoje, depois de tanto tempo, falam da vida a dois com simplicidade e carinho. Nunca brigaram, nunca se ofenderam. Se algo está bem ou não, conversam. Nada de esconder.

E se perguntam qual é o segredo para tanto tempo assim juntos, a resposta vem sem rodeios: amor. Amor é tudo. Sem amor você não vive. Amor de marido e mulher, amor nos filhos, amor na família, amor nos amigos.

E convenhamos, de amor, esses dois entendem.

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4 months ago
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Histórias de ter.a.pia
8 ANOS COM UM CÂNCER AGRESSIVO: A MORTE É INEVITÁVEL, MAS VOU VIVER ATÉ ELA CHEGAR

"As pessoas te enterram vivo se você deixar." Foi assim que Patrícia resumiu o sentimento de conviver com um câncer agressivo e incurável. Mas antes mesmo de lidar com a própria doença, ela já conhecia bem o que era estar perto dessa realidade.

Depois do diagnóstico de um câncer de pulmão, seu marido viveu exatamente seis meses e uma semana, tempo que Patrícia acompanhou com dor e cuidado.

Ela jamais imaginou que, anos depois, estaria enfrentando um diagnóstico ainda mais difícil. Quando começou a sentir fortes dores e fez exames, recebeu a notícia de que tinha cinco tumores na mama direita.

Era um câncer mais agressivo, em estágio quatro. No mesmo dia, ela chamou o então namorado para lhe contar a novidade, mas ele respondeu apenas: "Toma um calmante que amanhã a gente se fala."

Mas Patrícia não aceitou ser reduzida ao papel de vítima. O câncer mudou muita coisa na vida dela, mas não a capacidade de sonhar e viver plenamente.

E é assim que Patrícia enfrenta o tratamento paliativo. As pessoas confundem muito o tratamento paliativo com desistência, mas na realidade o cuidado paliativo é qualidade de vida.

Cura hoje para a Patrícia não é deixar de morrer, porque aí ninguém seria curado. Cura é viver sem dor, é viver feliz, do jeito que ela está fazendo.

Sobre a finitude da vida, Patrícia segue com bom humor. Fez seu testamento vital para garantir que suas vontades sejam respeitadas até o fim.

E como ela imagina seu próprio velório? Se pudesse, ela faria uma festa com piano de cauda e tudo, mas como provavelmente não vai dar, botar uma Alexa tocando música já será o suficiente.

Porque o que ela quer mesmo é que lembrem dela rindo, cheia de vida, exatamente como ela é agora.

Patrícia segue com coragem, humor e uma incrível vontade de viver, insistindo em ser feliz. Porque, segundo ela mesma diz: "A morte é inevitável. Mas até lá, a vida é minha e eu faço dela o que eu quiser."


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4 months ago
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Histórias de ter.a.pia
35 anos juntos: Toni e David foram o primeiro casal gay a casar no Brasil

Se hoje pessoas LGBTQIA+ podem casar e construir legalmente uma família, saiba que isso tem nome e tem história: a de Toni e David.

No final dos anos 80, Toni, um jovem assumidamente gay do interior do Paraná, decidiu mudar de ares. Foi pra Europa sem dominar outros idiomas, com coragem, fome de liberdade e o desejo de viver com dignidade.

Ele não sabia, mas estava a poucos degraus de encontrar o amor da sua vida. Literalmente.

Foi na estação de metrô mais profunda de Londres que ele cruzou o olhar com David, um inglês de terno, sobretudo e uma história escondida atrás de um casamento heterossexual.

Bastou um sorriso, um "do you wanna be my husband forever?" e, a partir dali, eles nunca mais se desgrudaram.

Mas viver esse amor não seria simples.

David teve que romper com o passado, se entender, se assumir. E, mais tarde, se mudar pro Brasil, onde juntos começaram uma vida e uma luta. Primeiro pelo direito de David ficar no país. Depois, para transformar o amor deles em um vínculo legal.

Os dois foram rejeitados e ridicularizados em cartórios. Tiveram o pedido de união estável negado. Mas também foram abraçados por uma rede de apoio que cresceu com eles: advogados, parlamentares, ativistas, jornalistas que queriam vê-los felizes.

O caso deles explodiu na mídia e acabou sensibilizando a opinião pública. De perseguidos, viraram símbolo. A mobilização foi tanta que permitiu, anos depois, a entrada do casal com um pedido no Supremo Tribunal Federal.

E foi assim, no dia 5 de maio de 2011, que eles ajudaram a fazer história: o reconhecimento da união homoafetiva como um direito constitucional.

Não parou por aí.

Eles também foram pioneiros na adoção por casais do mesmo sexo. Esperaram sete anos até conseguir, finalmente, o direito de serem pais juntos, com registro legal em nome dos dois.

Hoje, Toni e David seguem juntos, há mais de 35 anos. E não só venceram pelo próprio amor, mas abriram as portas pra que milhares de pessoas pudessem sonhar, amar e existir com dignidade.

No fundo, tudo começou com um espaguete e uma garrafa de vinho em uma sacola rasgada. Mas o que eles construíram foi muito maior: uma vida, uma família, e um legado.

O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Karine no podcast. O Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http://instagram.com/oxxobrasil. #VemProOxxo

Edição: Fábio de Azevedo (Nariz)

Roteiro: Luigi Madormo

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4 months ago
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Histórias de ter.a.pia
Histórias reais, de gente como a gente, para você ouvir e se inspirar.