João Santos, nascido em 1991, em Coimbra, é o mais jovem membro da direção da companhia. Formado em gestão, João Santos estreou-se pelo Teatrão em 2011. Dois anos depois, passa a ser ator da companhia. Ao longo de uma década, representou em quase 20 espetáculos e fez também assistência de encenação em várias peças que foram a cena. Os talentos de João Santos não se ficam pelo palco. É também o responsável pela gestão financeira da companhia, em conjunto com a direção, dando uso à licenciatura que tirou. Apesar de ter apenas 32 anos, João Santos tem já uma ligação bem antiga ao Teatrão. Tudo começou em 2006, como aluno das classes. Durante uma hora, falamos desses primeiros passos, de momentos de crise da companhia e da precariedade que marca o setor.
José Caldas, natural de Minas Gerais, no Brasil, é encenador, professor e crítico de teatro que começou a sua carreira em 1968, como ator. Em 1974, pouco antes da Revolução dos Cravos, chega a Portugal. Estudou em Londres e em França, ajudou a fundar várias companhias e trabalhou com muitos grupos de teatro portugueses, entre os quais o Teatrão, assumindo um papel importante na consolidação do teatro para a infância no país. Encenou em Portugal, mas também em Itália, França, Galiza e Brasil. Autor de vários livros, é, atualmente, diretor artístico da Quinta Parede. Nesta conversa, falamos da criança enquanto público que precisa de ser respeitado, do que será bom teatro para a infância e da relação entre a escola e o teatro.
Filipa Malva, de 47 anos, trabalha com o Teatrão há dez anos, como cenógrafa e figurinista. Formada em arquitetura em Lisboa, especializou-se mais tarde, em 2005, em cenografia, na Universidade de Kent, no Reino Unido, país onde voltou em 2008 para trabalhar na Royal Opera House, em Londres. Ao longo do seu percurso, teve também passagens pelo Bando e pelo Teatro Nacional de São Carlos. Doutorada em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra, Filipa Malva tem também investigado e lecionado sobre o tema. Ao longo de uma hora, falamos daquilo que mais falta para se criar e pensar - tempo -, do teatro enquanto trabalho coletivo, de rascunhos e da história, aliás, das duas - com 'H' grande e 'h' pequeno.
Cláudia Pato Carvalho, que nasceu em Coimbra em 1977, é formada em sociologia e é atualmente investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Antiga membro da direção do Teatrão, Cláudia Pato Carvalho foi também uma espécie de braço científico de muitos dos projetos da companhia de ligação a diferentes comunidades, com especial destaque para o Rede Artéria, em que esteve responsável pela coordenação académica do projeto. Ao longo dos anos, esteve envolvida em diferentes iniciativas como o Bando à Parte, A Meu Ver ou De Portas Abertas. Nesta conversa, falamos desses projetos, da ideia de inclusão, de acessibilidade e de proximidade, no contexto da cultura.
Marco Antonio Rodrigues é encenador brasileiro e diretor artístico do Folias, um coletivo teatral de São Paulo. Especialista no sistema de Stanilavski e detentor de vários prémios pelas suas encenações, Marco Antonio Rodrigues tem levado a cena dezenas de peças no Brasil, desde o final dos anos 70. A sua relação com o Teatrão começou em 2005 e, desde essa altura, já encenou dez peças para a companhia de Coimbra, a última das quais, “Ti Coragem”, de Bertolt Brecht, estreada em 2023. Ao longo de uma hora, falamos do percurso de um paulista há muito enamorado por Portugal e pelo 25 de Abril, da relação entre o teatro e a política e de como a arte pode ou não desestabilizar sistemas de poder.
Jorge Louraço Figueira é dramaturgo, encenador, crítico de teatro e professor. Nascido um ano antes da revolução, na Nazaré, Jorge Louraço Figueira estreou-se como dramaturgo em 2001, com a peça "Espantalho Teso". Um ano depois, começa a trabalhar com o Teatrão com a peça “Xmas quando quiseres”. No espaço de duas décadas, serão cerca de 40 peças, entre criações próprias e adaptações, que produz. Não bastasse a criação, passou também a lecionar na ESMAE, no Porto, e fez crítica de teatro no jornal Público. Recentemente, assumiu a direção do Teatro Municipal Constantino Nery, em Matosinhos, e passou a ser docente na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde concluiu a sua tese de doutoramento em 2022 sobre dramaturgia portuguesa e brasileira. Ao longo de uma hora, falamos do percurso que o leva ao teatro, do processo de escrita, da cena teatral contemporânea, do espaço que existe ou não para escolhas imprevisíveis, a partir do olhar de um crítico que a determinado momento começou a sentir que via sempre os mesmos temas, as mesmas fórmulas, o mesmo espetáculo.
Margarida Sousa é atriz ligada do Teatrão há quase duas décadas. Nasceu nos rescaldos do PREC, em 1976, em Ourém. Licenciou-se em comunicação na Escola Superior de Educação de Coimbra em 2002, mas antes de terminar o curso, já andava a namorar o teatro. Entrou numa das primeiras levas da licenciatura em teatro de Coimbra. A sua atividade como atriz começa em 2005 no Teatrão, onde se desdobra, ao longo dos anos, entre o trabalho de atriz, a produção e a pedagogia nas classes da companhia. Ao longo de uma hora falamos de interpretação, de ensinar teatro aos mais pequenos e da importância de uma boa história.
António Fonseca, natural de Santo Tirso, é ator desde 1977. Esteve ligado ao Teatro da Cornucópia, mas assumiu uma carreira de freelancer, com passagens pela televisão e pelo cinema. No teatro, participou em espetáculos encenados por Luís Miguel Cintra, António Mercado e Tiago Rodrigues, entre outros, numa carreira com mais de 40 anos. Pelo meio, lançou-se na odisseia de declamar de cor “Os Lusíadas”.
Para além da carreira artística, é também professor de teatro, tendo estado vários anos ligado à Escola Superior de Educação de Coimbra. Aliás, foi a partir do curso de Teatro e Educação que criou uma relação com o Teatrão, onde já participou em espetáculos quer como ator quer como encenador. Ao longo de uma hora, iremos à procura do olhar externo de quem acompanhou o percurso do Teatrão, falaremos dos problemas de companhias que se transformam em projetos pessoais e iremos problematizar o que é isso de ensinar teatro.
Isabel Craveiro é atriz, encenadora e diretora artística do Teatrão desde 2009. Nascida na Covilhã, em 1973, iniciou o seu percurso no TEUC – Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra. Mais tarde, trocou a geologia pela licenciatura em teatro na ESEC. Em 2001, estreou-se no Teatrão, iniciando uma relação que já tem mais de 20 anos. Ao longo de uma hora, falamos destas duas décadas na companhia, mas também, num sentido mais lato, de teatro, política e criação artística neste mundo onde o capitalismo parece ditar o ritmo dos passos de toda a gente.
Deolindo Pessoa é médico há muito ligado ao teatro na região de Coimbra. Fundou o CITEC, em Montemor-o-Velho, em 1970, e está também envolvido na criação do mais antigo festival de teatro do país ainda em atividade, o Citemor. Em 1994, juntamente com Manuel Guerra cria o Teatrão, em Coimbra.
É uma conversa sobretudo centrada nos primeiros dez anos de vida do Teatrão e no caminho feito antes de 1994 que levou à criação da companhia.
Manuel Guerra, 77 anos, natural de Lamego, é encenador e professor, com um percurso que se confunde um pouco com a história do teatro na região. Ajudou a criar o grupo de Teatro Infantil do TEUC. Mais tarde fez o mesmo no Centro Dramático de Évora, CENDREV, e depois na Bonifrates em Coimbra. Foi diretor artístico do TAGV e esteve na equipa fundadora da companhia A Escola da Noite de Coimbra, em 1992. Dois anos depois, fundou, juntamente com Deolindo Pessoa e mais oito amigos, O Teatrão - Companhia de Teatro para a Infância de Coimbra. Mais tarde, com a ajuda de António Mercado, impulsionou a criação da Licenciatura de Teatro e Educação na Escola Superior de Educação de Coimbra.
É uma conversa sobretudo centrada nos primeiros dez anos de vida do Teatrão e no caminho feito antes de 1994 que levou à criação da companhia.