
No terceiro episódio desta temporada perguntamos: ainda há espaço para o amor romântico num mundo dominado por algoritmos e swipes? Numa altura em que os algoritmos decidem quem vemos ou não nas apps, a ideia de alma gémea ainda faz sentido ou estamos a viver um novo paradigma amoroso?
Para responder a estas e outras perguntas e conversar sobre o ideal do amor em tempos de love on demand, convidámos um dos maiores românticos em Portugal – Pedro Rodrigues – para nos ajudar a debater se o amor romântico ainda existe ou se estamos apenas a viver uma versão digitalmente editada dele.
Segundo a pesquisa The Green Flags Study feita pelo próprio Tinder (2024), 68% das mulheres e 53% dos homens solteiros entre os 18 e os 34 anos, dizem querer uma relação romântica. No entanto, 94% das mulheres e 91% dos homens admitem que o panorama atual dos encontros é mais difícil do que nunca. Numa altura em que o estado do mundo parece menos previsível e menos seguro do que no passado, será que esta falta de previsibilidade e segurança resulta numa maior necessidade de encontrar um parceiro ou numa maior hesitação em tomar decisões e assumir compromissos?
Entre dados, filosofia e desilusões, tentamos perceber se a ideia platónica da alma gémea ainda sobrevive. Será que é possível ser-se romântico sem se ser um clichê? E será que as apps de online dating podem ser um bom paliativo para um coração partido? Num episódio recheado de romance percebemos que este conceito está cada vez mais idealizado e falamos do impacto das apps nas nossas projeções, da diferença entre amor e codependência e de como a quantidade - de matches, opções e estímulos - pode estar a matar o encanto da descoberta.
Num momento em que vivemos entre o ideal do amor romântico e o love on demand, quisemos perceber qual é afinal o meio-termo entre o amor épico dos filmes e os encontros rápidos e descartáveis das apps, enquanto tentámos encontrar uma possibilidade de reconciliação em que a procura do amor se torna ela própria uma forma de resistência amorosa. Num tempo em que basta um swipe para encontrar o amor e outro para o apagar, a promessa do amor romântico parece ser ainda difícil de abandonar, levando-nos a questionar se esta ideia será mesmo saudável e até que ponto as nossas projeções matam as relações.
Terminámos esta conversa a perceber que estamos todos um bocadinho viciados nisto do amor, que os nossos Greatest Hits amorosos não são diários – nem devem ser! – e de como é que a banalidade e a rotina do dia-a-dia representam, elas próprias, o ideal do amor. Afinal de contas, são os pequenos gestos que nos trazem a felicidade que tanto desejamos. Discutimos ainda o papel da literatura e da cultura pop na perpetuação do mito do “felizes para sempre”, e refletimos sobre como é que demonstrar interesse e disponibilidade é o novo desafio do amor num tempo de dating apps.
Se alguma vez sentiste que és o único romântico vivo que ainda acredita no amor, este episódio é aquilo que precisas de ouvir. Acompanha a Miss Lolita von Tease, o Sargent Picky e o Pedro Rodrigues nesta conversa sobre vulnerabilidade, idealismo e a difícil arte de amar no século XXI num mundo que não se divide entre o amor romântico ou o amor por encomenda.
Este podcast foi produzido com o apoio da Rádio Metropolitana do Porto, consultoria técnica de Rita Sepúlveda, a edição é de Ana Azevedo, o design e logótipo de Joana Lírio e voz de Pedro Cadavez.
Livros Mencionados:
Pessoas Normais - Sally Rooney
Taludes Instáveis - José Carlos Barros