
A observação do céu sempre fascinou a humanidade. Com um pouco de prática, conseguimos identificar algumas constelações facilmente. As famosas “Três Marias” nos indicam a Constelação de Órion; a estrela mais brilhante do céu noturno, Sirius, compõe a Constelação do Cão Maior; e no hemisfério sul, talvez a constelação mais conhecida seja o Cruzeiro do Sul. Mas você já parou para pensar que as divisões do céu em constelações não são algo dado pela natureza, mas construído por nós? Não há separações físicas no céu que determinem quais estrelas pertencem a quais constelações. Isso nos leva à constatação de que diferentes culturas, em diferentes tempos e espaços, visualizam e interpretam o céu de formas distintas.
Se hoje a Física nos explica o movimento dos astros com base em modelos científicos aceitos, no passado, essas explicações eram bem diferentes. Outras comunidades, que não compartilham a visão da ciência ocidental, utilizam outros referenciais para compreender o céu e seus fenômenos. Como essas diferentes narrativas podem coexistir? De que forma podemos trazer uma perspectiva multicultural para o ensino de astronomia?
Para discutir essas questões, neste episódio, Bruna Schons, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física da UFRGS, recebe Igor Lovison, mestre pelo mesmo programa, que recentemente defendeu sua dissertação sobre narrativas sobre o céu em uma perspectiva multicultural. Ele tem eexperiências sobre o ensino de astronomia em comunidades indígenas e reflete sobre a diversidade de olhares que constroem nosso entendimento do céu.