
"Aí eu falei com o médico e ele falou: 'Ó, eu já tô pedindo a sua internação, porque o seu pulmão tá de 25 a 50% comprometido". Do nada. E só tava eu, porque não pode entrar acompanhante né. E eu: 'Como assim?'. Nisso já comecei a chorar né. [O médico falou] 'Não, calma. Isso é mais por prevenção, pra você ter um acompanhamento. Aí depois de sair, o enfermeiro já vem te buscar'. Não deu tempo de falar com ninguém. Aí o enfermeiro já chegou, me colocou numa salinha de espera, aí eu liguei para o Fê, ele fez uma mala e levou para lá. Eu nem vi ele, nada. Eu não conseguia comer. Eu não perdi o olfato nem o paladar, porque eu não conseguia. Só o cheiro da comida me dava enjoo. E era bizarro, [eles falavam:] 'você tem que comer, você precisa beber água'. Mas eu não bebia água, porque quando me dava vontade de ir ao banheiro, me dava desespero. Porque se eu colocava o pé no chão, eu já ficava sem ar. E a cada ida ao banheiro era uma eternidade pra mim. Era o pior desespero da vida".
JÚLIA TOLEDO, 25 anos, em conversa no dia 24 de julho de 2021.