
6ª conferência gravada no dia 18 de novembro 2023.
A revolução socialista na China que instaura em 1949 a República Popular da China, tem 3 características que a individualizam historicamente. A primeira, é que foi a mais longa revolução do século XX: estende-se praticamente por toda a primeira metade do século passado numa sucessão de guerras civis e de guerras anti japonesas que culminam com a tomada do poder, em 1 de outubro de 1949, pelo Exército Popular de Libertação e o Partido Comunista Chinês (fundado em 1921). É esse processo que analisaremos sinteticamente na presente conferência. A segunda, reside na circunstância de ser a primeira revolução socialista que não parte dos centros urbanos, mas da revolta do campesinato, realizando a estratégia desde cedo defendida por Mao Tsé-Tung (mesmo contra a linha dominante do PCC) do «cerco das cidades pelos campos» e da «guerra popular prolongada». A terceira, resulta da decisiva influência política e militar que o sucesso dessa estratégia, em 1949, vai ter, após a II Guerra Mundial, nas guerras independentistas e anticoloniais que varrem as colónias francesas, holandesas e inglesas do extremo Oriente e do sudoeste asiático (Indochina, Indonésia, Malásia, etc.) na primeira vaga de descolonização após o conflito mundial. Essa originalidade da revolução na China marcará mais tarde, no início dos anos 60, o cisma estratégico sino-soviético e do movimento comunista internacional. Mas mais do que isso condiciona o debate interno no PCC cobre a estratégia de construção do socialismo no decurso do qual se repetem as iniciativas (por vezes desastrosas) de Mao Tsé-Tung retificar o rumo considerado burocrático, elitista e de influência soviética da construção económica e política da China Popular conduzida pela maioria da direção do PCC. O que culminará na Revolução Cultural desencadeada pelo líder histórico do PCC em 1966, uma verdadeira guerra civil que varre a China e culminará, já após a morte de Mao, com a derrota dos seus seguidores. – Fernando Rosas