
Eis um ossinho exemplar,
de perfeitos contornos,
rechonchudo, pele morena,
perfume de osmazoma
que entontece do
tanto que apetece.
— Paiva,
diga lá a estas bestas
o que é a osmazoma.
Osmazoma.
Do grego
osmé, cheiro,
mais
zomós, sumo.
Substância nutritiva da carne
que dá ao caldo o seu aroma.
Deve-se-lhe o
tostado do assado
e o costume dos antigos
de mergulhar
no molho o pão.
Foi o meu professor de
Comunicação e Difusão
e de Psicologia
que me ensinou a
usurpar o dicionário.
Outros mestres
que não tive
me ensinaram a
fisiologia do gosto
e a orogenia
do apetite.
— Paiva, explique lá
a estes broncos.
Orogenia.
...
Não, meu capitão,
deixai-os comer sem saber
e aprender como ordinário a
usurpar o dicionário.
Eis as palavras,
fritinhas, douradas,
salgadas, sequinhas.
Calha bem uma salada
e uma bebida fresca.
De picles, ainda não gostas.
Só faltam azeitoninhas.
Não as tivesses comido
todas ao pequeno-almoço!