
Em várias cidades do mundo ocidental verifica-se desde meados do século 20 a instalação de bairros cenográficos alusivos a determinadas culturas asiáticas (especialmente as nipônicas, chinesas, coreanas, entre outras). Conhecidos como “Chinatowns”, tais bairros materializam na paisagem urbana um conjunto problemático de signos oriundos de contextos distintos, colaborando para a consolidação de estereótipos das populações consideradas “amarelas” por parte das culturas ocidentais. Trata-se de uma forma particularmente perversa de racismo, na medida em que tais paisagens estereotipadas contribuem com formas fetichização e diminuição do outro ao mesmo tempo em que parecem, paradoxalmente, valorizar sua presença. A cidade de São Paulo tem no bairro da Liberdade um desses casos: a construção de um bairro turístico repleto de signos alusivos à presença nipônica no bairro (como pórticos e luminárias estilizadas) está associada não só a esta forma de racismo urbano como colabora também com o apagamento da memória e do patrimônio cultural de outros grupos sociais igualmente invisibilizados no espaço urbano, como as populações negras e indígenas que também ocuparam aquele território.
Para discutir questões ligadas à memória e ao patrimônio cultural da amarelitude em São Paulo, no Brasil e nas Américas conversamos nesta edição do Patrimoniar com o pesquisador e ativista Poroiwak, criador do perfil Amarelitude nas redes sociais. Poroiwak vem pautando nos últimos anos questões ligadas ao preconceito contra grupos amarelos e os mecanismos e dispositivos de promoção do racismo e do silenciamento de memórias ― não só da amarelitude mas também desses vários outros grupos apagados no mundo ocidental.
Conheça o perfil Amarelitude nas redes sociais.
Ouça também nossa edição do Patrimoniar em que conversamos com Abílio Ferreira sobre a memória negra no bairro da Liberdade.
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