
A Constituição Federal define o patrimônio cultural como o conjunto de bens portadores de referência à memória, identidade e ação dos grupos sociais brasileiros. Identificar, reconhecer e valorizar o patrimônio passa necessariamente, portanto, pelo contato e diálogo com a memória das pessoas que detêm e vivem cotidianamente o patrimônio. Esta memória, contudo, não pode se limitar àqueles tidos como personagens notáveis ou associados aos eventos e instituições célebres: tão importante quanto esta memória (ou talvez ainda mais relevante) é aquela memória cotidiana, vivida e construída pelo dia-a-dia de pessoas anônimas.
O bairro do Bexiga — onde se concentram um terço dos bens tombados do município de São Paulo — ainda é associado por quem não compartilha de seu cotidiano a um passado quase exclusivamente ligado à herança da imigração italiana. No entanto, trata-se de um bairro complexo, marcado pela presença de grupos das mais variadas origens. Trata-se, inclusive, de um importante território negro da cidade de São Paulo.
O Coletivo Negros do Bixiga vem pautando a memória negra do bairro, promovendo entrevistas sistemáticas com moradores e ex-moradores do bairro ligados à memória negra. Desse trabalho resultou o documentário Negros do Bixiga, cujo lançamento lotou o Teatro Sérgio Cardoso em junho de 2024.
Para falar sobre essas memórias cotidianas e anônimas fundamentais para a formação da memória coletiva, conversamos nesta edição do Patrimoniar com Wellinton Souza, membro e um dos fundadores do Coletivo.
Complementos
Acompanhe o trabalho do Coletivo Negros do Bixiga em seu canal no Youtube: @negrosdobixiga
Ouça também outros de nossos programas que tematizam o bairro do Bexiga, seu patrimônio e memórias: Patrimoniar #09, com Fernanda Vargas, sobre o Bexiga nordestino; Patrimoniar #05, com Welita Caetano, sobre os movimentos de moradia do bairro; Patrimoniar #04, com Cláudia Alexandre, sobre a relação entre o bairro e a escola de samba Vai-Vai e Patrimoniar #02, com Gisele Brito, sobre a memória negra do Bexiga e as disputas em torno do sítio arqueológico do Quilombo do Saracura.
Acompanhe a programação do CPC em usp.br/cpc e no perfil @cpcusp no YouTube, Facebook, X e Instagram.
Créditos
O programa foi produzido por Eduardo Kishimoto e Gabriel Fernandes em novembro de 2024. A edição é de Eduardo Kishimoto.