
Os livros de Esdras e Neemias trazem relatos sobre a vida e a organização do povo judeu na volta do exílio. São importantes fontes históricas sobre o processo de reorganização e recuperação da comunidade judaica por volta de 520 a 400 AC.
As atividades de Neemias e Esdras abrangem desde a organização da política, da sociedade e da religião. Para isso convocam uma assembleia para que o povo também se sinta responsável e participe dessa organização.
Os sacerdotes, que desempenharam papel importante durante o exílio e no primeiro período do pós-exílio, começam a perder a importância. Já não eram os únicos a opinar sobre questões religiosas. Muitas lideranças leigas assumem a tarefa de estudar e interpretar a torá (Pentateuco) e assim “colocar” a Bíblia nas mãos do povo.
Por volta de 445 AC, Neemias, descendente de uma família de deportados, vem a Jerusalém com a autorização do rei persa para colocar a casa em ordem.
A primeira tarefa de Neemias foi a reconstrução dos muros da cidade para protegê-la dos vizinhos intrusos.
Tarefa nada fácil, pois houve resistências internas e externas, e Judá encontrava-se dividida entre ricos exploradores e pobres despojados. Além disso, havia certo sincretismo religioso por causa do casamento com mulheres estrangeiras. Mesmo diante dessas dificuldades, Neemias não desanimou e em pouco tempo conseguiu reconstruir as muralhas. Depois de doze anos atuando em Jerusalém, voltou para a Babilônia. Mais tarde retorna a Jerusalém com a tarefa de continuar organizando a comunidade.
Esdras, sacerdote e escriba, procedente da corte persa vem a Jerusalém para dar continuidade ao trabalho de Neemias e resolver certos problemas religiosos. Junto com ele, trouxe donativos régios no templo e celebrou o sacrifício dos repatriados. É considerado o promotor da lei, do templo e do culto.
Algumas de suas decisões: proibição de casamento com mulheres estrangeiras, separação de quem estivesse casado com elas e sua expulsão da comunidade. Ele é o “homem do livro” na época em que Israel passa a ser o “povo do livro”, pois, nessa época, visto que a voz dos profetas está cada vez mais escassa, cresce o prestígio dos escritos, que passam a se chamar “palavra de Deus”.
Neemias e Esdras foram bastante habilidosos em lidar com questões práticas e concretas. Unindo esforços, os dois contribuíram para “consolidar as bases sociais e religiosas judaicas” após o exílio.