
Mães que são filhas, mães de filhas que são mães, mulheresque não querem ser mães, mães solo, mães em situação de vulnerabilidade, mães que perderam seus filhos, mães de muitos filhos,mães de um único filho, mães que sempre quiseram ser mães, mães pressionadas pela idealização damaternidade, mães que odeiam a maternidade…
Na época de Freud, a maternidade era vista como um sinal dematuridade sexual e emocional da mulher, afinal o único destino cultural previsto para as mulheres era o casamento. A capacidade de ter filhos e cuidar deles era uma expressão da feminilidade alcançada. Assim, nos escritos de Freud, a maternidade é concebida como uma dimensão central da feminilidade, articulando sexualidade, identificações e cuidado.
Quais são as maternidades possíveis hoje? Como a clínica escuta as mães e seus dilemas? Como a cultura, o feminismo e os arranjos familiares contemporâneos colocam em questão a visão clássica da maternidade? E ainda: como a literatura — com sua capacidade de nomear o indizível, de atravessarafetos e criar mundos — pode trazer alguma luz para as sombras dessa experiência?
Para conversar sobre as maternidades não como destino, mascomo experiências vivas, singulares, marcadas por desafios, ambivalências e invenções, convidamos as escritoras Rhaina Ellery e Rafaela Degani.