
Mulheres de fronteira são apresentadas no livro de Números como protagonistas na conquista de direitos para si e para todas as gerações que lhes sucederão. A história de cinco mulheres sediada na fronteira da terra de Canaã, isto é, nas planícies de Moab, é, sem dúvida, uma das joias preciosas das Sagradas Escrituras. Voltando-se, portanto, às filhas de Zelofeade, o presente estudo pretende refletir sobre a incidência de sua iniciativa em seu contexto sociopolítico e cultural, e como a iniciativa destas mulheres migrantes pode inspirar a abertura de sistemas jurídicos de todos os tempos na busca pela justiça. Desde o início, a narrativa sobre as filhas de Zelofeade chama a atenção do leitor, pois essas cinco mulheres são nomeadas uma a uma, são a maioria em uma família e provêm de um ambiente histórico-cultural onde a liderança feminina ganha expressão; sendo assim, essas mulheres se sentem no direito de questionar certos aspectos da lei relativos à herança da propriedade de terra e à preservação do nome do pai. A atitude das cinco mulheres é um modelo emblemático de iniciativa moral para obter direitos reconhecidos de modo justo, tanto na esfera divina quanto na esfera humana.