
Autora: Bianca de Mattos
Pensar em Maria, traz ao coração diferentes experiências pessoais, a maioria delas têm como fundamento o texto bíblico. No Evangelho de São Lucas, capítulo 1, a partir do versículo 26, encontramos o relato do anúncio que o anjo Gabriel fez a Maria. O anjo lhe trazia uma mensagem da parte de Deus. Maria, logo que recebeu a mensagem, aderiu a ela, viveu-a em plenitude e permanece até hoje comprometida com as consequências dessa mensagem, e nós estamos implicados (graças a Deus) nestes efeitos!
Mas, e se pensamos também em todas as mensagens que Ela mesma anunciou ao mundo? Em Lourdes, Fátima, nos Alpes franceses, na cidade do México, em Paris e outros lugares encontramos suas palavras maternais, seus conselhos, sua intercessão. Como se nos repetisse várias vezes: “Fazei tudo o que Ele lhes disser” (Jo 2,5). Então, podemos dizer que Maria é uma verdadeira “Embaixadora de Cristo” na terra e em nossas vidas. Ou seja, podemos perceber a presença de Maria como uma mulher muito maternal, com uma autoridade única e incumbida da missão de, não só transmitir a mensagem de Cristo, mas também de nos convencer dela, de nos apaixonarmos por ela, a missão de nos ajudar a acolher esta mensagem especialmente por meio de seu exemplo.
Fazer essa experiência significa distinguir, basicamente, 2 realidades: “Quem é Maria?” e “Quem sou eu?” Um questionamento feito não como dúvida ou receio, mas como busca interior, para não nos conformarmos a significados apreendidos, às vezes somente memorizados. São perguntas que exigem respostas profundas e que podem ser encontradas, sobretudo, na oração pessoal.
Saindo do âmbito experiencial, podemos citar a belíssima Ladainha de Nossa Senhora, pois ali encontram-se títulos e significados sobre Ela: “Mãe do Salvador”, “Mãe do Redentor”, “Mãe Imaculada”, “Virgem poderosa”, “Virgem fiel”, “Causa de nossa alegria”, “Rainha assunta ao céu”, “Rainha dos apóstolos”, “Rainha da Paz” e vários outros. São invocações e, ao mesmo tempo, são respostas para nossa sede de sentido e de significado.
Outros também, ao longo da história, se permitiram a mesma pergunta. São Maximiliano Kolbe, por exemplo, meditando nas aparições de Lourdes, perguntou-se várias vezes: “Quem sois ó Imaculada Conceição?” E, em 1941, duas horas antes de ser sequestrado pela Gestapo na Polônia, escreveu essa resposta teológica, que chegaria a ser a mais importante da sua vida: a Imaculada Conceição criada, ou seja, Maria, está plenamente unida à Imaculada Conceição incriada, ou seja, o Espírito Santo. Ela, Maria, e o Espírito Santo são dois, mas numa só carne, fazendo aqui referência a Gênesis 2, 24 e Mateus 19, 6. O Espírito Santo está vivo na alma de Maria e a fecunda desde o primeiro instante de sua existência para sempre. E é o Espírito Santo quem concebe, imaculadamente, a vida divina, o Homem-Deus no seio da alma de Maria, sua Imaculada Conceição. Maria é a esposa do Espírito Santo.
Se algumas pistas já foram dadas para a primeira pergunta, resta apenas responder a segunda: “Quem sou eu?” Vamos nos transportar para a colina Tepeyac, 1531, e ali escutaremos, da boca de Nossa Senhora de Guadalupe, esse diálogo com São Juan Diego: “Ouve, meu filho, o que eu vou dizer-te: não te aflija coisa alguma, nem temas enfermidade nem outro acidente penoso. Não estou aqui eu, que sou tua Mãe? Não estás debaixo de minha proteção e amparo? Não sou eu vida e saúde? Não estás em meu regaço e não andas por minha conta? Tens necessidade de outra coisa? (…)”
Nossa Senhora de Guadalupe responde quem sou eu: Sou Filho, muito amado, de uma Mãe poderosa; que não precisa temer nada; sou protegido e amparado constantemente; recebo ternura, consolo, companhia, saúde, vida... O que mais eu necessitaria? Tudo muito simples, mas muito profundo...
Que ambas as perguntas e suas respostas possam abrir nosso horizonte de experiência e proximidade com Nossa Senhora!